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quarta-feira, 1 de março de 2023

O que o cocô quer dizer sobre sua saúde? Médica revela em 5 pontos, de cor a formato ideal - O Globo

 
Fezes revelam muito sobre a saúde Andre Melo/Editoria de Arte
Formada pela Universidade de Goethe, uma das mais prestigiadas da Alemanha, a médica alemã Giulia Enders acaba de lançar o livro O Discreto Charme do Intestino (Sextante) no Brasil. 
Considerada um dos maiores sucessos de venda sobre o assunto, com 6 milhões de exemplares vendidos no mundo, a obra esclarece de forma objetiva e sem preconceitos as principais dúvidas que temos sobre as fezes e como elas podem sinalizar as mais variadas doenças. 
A especialista também é um sucesso nas redes sociais, onde seus vídeos sobre o assunto já acumulam mais de 4 milhões de visualizações.

É um tema que as pessoas desconhecem e se conhecessem se importariam mais e gostariam de ouvir mais sobre ele. Todos nós temos um intestino e apesar de muitos terem vergonha, não se pode fingir que não vamos ao banheiro. Trata-se de uma necessidade básica dos seres humanos, diz ela ao GLOBO.

Qual é a melhor posição para ficar na privada?
A melhor posição pode parecer inusitada, mas é possível de ser praticada no dia a dia: de cócoras. Em estudo conduzido em Israel chamado “Comparação do esforço durante a defecação em três posições: resultados e implicações para a saúde humana”, o médico Dov Sikirov, pediu que os participantes evacuassem em três posições: sentados em um vaso sanitário; semiagachados em um vaso bem pequeno; ou agachados como se estivessem ao ar livre, sem um vaso embaixo.

O resultado confirmou que os voluntários, quando agachados, levaram em média apenas 50 segundos para evacuar e sentiam como se tivessem tirado tudo que havia dentro de seus corpos. Isso não foi sentido por aqueles que evacuaram sentados, que levaram 80 segundos a mais e não saíram totalmente aliviados. —Existe um músculo que, na posição sentada ou em pé, rodeia o intestino como se o enlaçasse, formando uma prega que freia o excremento. Assim, se estivermos em pé ou sentados, precisamos fazer mais esforço. Se o músculo se soltar, e isso ocorre quando estamos agachados, a prega desaparece, o caminho é reto e fica fácil a evacuação — diz Enders.

A médica conta que desde os primórdios da humanidade, a posição natural para evacuar é de cócoras. Parte da Ásia, África do Sul e Europa ainda utiliza o chamado “banheiro turco”, que é uma abertura no chão, sem um vaso sanitário, onde as pessoas obrigatoriamente precisam agachar para evacuar.

— A história de ficarmos sentados passou a existir apenas com a popularização do vaso sanitário doméstico. Mais de 1,2 bilhão de pessoas no mundo evacuam agachadas e não têm problemas, como hemorroidas e prisão de ventre — afirma a especialista.

O problema de ficarmos sentados é agravado pelo fato de passarmos horas no banheiro lendo e mexendo no celular. Enders explica, por fim, que é possível ficar de cócoras com um vaso sanitário, inclinando o tronco para frente e apoiando os pés em um banquinho.

Quais são as melhores consistências das fezes e o que cada uma significa?
Saber o que o aspecto quer dizer é importantíssimo para a saúde e pode fornecer sinais de problemas no organismo. 
 
Para isso, há uma escala com sete tipos de consistência das fezes. Por exemplo, uma digestão saudável é traduzida em fezes do tipo 3 ou 4, com bom teor de água
É importante observar também se elas afundam muito rápido na água. 
O ideal é não irem direto para o fundo do vaso sanitário (veja tabela completa ao final da matéria). 
 
Quais são as cores que podem indicar problemas de saúde?
A cor também é um indicativo de que algo errado pode estar acontecendo no seu organismo. A cor ideal é o marrom.

A médica numera três tipos de tons que podem significar problemas de saúde: de marrom-claro a amarelo, marrom-claro a cinza e preto ou vermelho. Marrom claro a amarelo pode sinalizar que temos enzimas trabalhando com apenas 30% de sua capacidade, o que faz chegar menos pigmentos ao intestino — explica Enders.

Afetando 10% da população, o problema não é grave, mas indica que se deve procurar um especialista. Outra possível causa para fezes amareladas são as bactérias intestinais, que, quando não trabalham direito podem não produzir o tom marrom.

Outros dois tons que merecem alerta é o marrom-claro a cinza. As colorações aparecem quando a conexão entre fígado e intestino sofre alguma interferência e o pigmento sanguíneo não consegue chegar ao cocô. Essas passagens obstruídas podem significar problemas de saúde mais sérios.

As fezes vermelhas podem indicar hemorroidas ou sangue. Segundo Enders, porém, o cocô na cor preta é mais alarmante, pois pode ser sinal de doenças graves, como úlceras, infecções de vasos sanguíneos e até câncer colorretal.

Como combater a prisão de ventre?
Configura-se como prisão de ventre quando a pessoa vai ao banheiro menos de três vezes por semana, quando a quantidade de fezes é um quarto menor do comum ou quando saem em pequenas bolinhas.

A gastroenterologista afirma ainda que há dois níveis de constipação, as passageiras, que ocorrem em viagens, períodos de doença ou fases de estresse, e as “obstinadas”, que tendem a se tornar um problema duradouro. — Quase metade das pessoas já sofreu constipações em viagens. As razões podem ser diversas, mas, na maioria das vezes, é porque o intestino tem hábitos. Quando saímos da nossa normalidade ou passamos por períodos de ansiedade e estresse, os nervos do intestino captam a situação excepcional e reduzem a atividade — explica Enders.

Mas pequenas atitudes podem ser tomadas para evitar a prisão de ventre. Aumentar o consumo das fibras, por exemplo. — Pode-se aumentar a ingestão um dia antes da viagem. Também vale comprar fibras em forma de comprimidos ou em pó. Bastam 30 gramas do produto, diariamente — diz a autora.

A médica sugere a ingestão de ao menos dois litros de água, pois a boa hidratação facilita o trabalho da musculatura do intestino e afirma que é importante tentar manter o horário habitual de ir ao banheiro.

Por último, os laxantes que ajudam a fazer o intestino mais preguiçoso funcionar. A quantidade deve ser discutida com o médico. Mas é importante saber que o efeito não costuma ser imediato. Em geral, são necessários três dias para o órgão voltar a receber uma quantidade suficiente de material para a próxima evacuação. Ou seja, não é preciso tomar mais remédios se ficar sem ir ao banheiro por alguns dias, pois isso pode provocar problemas mais graves no intestino e nos rins.

Qual é a composição das fezes?
Três quartos das fezes humanas consistem em água. Graças ao teor preciso dela, elas são macias o suficiente para transportar de maneira segura os restos de nosso metabolismo.

O restante é formado bactérias que atuaram como flora intestinal, fibras vegetais não digeridas e resíduos de medicamentos, corantes alimentícios e colesterol.

 Sete tipos de fezes — Foto: Editoria de arte/ O Globo Fezes revelam muito sobre a saúde Andre Melo/Editoria de Arte

 

 Saúde - Jornal O Globo 

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Fiquem tristes, chorem! Ainda que se descabelem o presidente Bolsonaro vai sobreviver aos inimigos do Brasil

Bolsonaro faz exames em hospital para investigar soluços e dores abdominais; reunião entre chefes de Poderes é cancelada [para maior clareza: reunião entre o chefe do Poder Executivo, o chefe do Poder Judiciário, e o chefe do Poder Legislativo, foi cancelada.]

Segundo auxiliares, presidente está bem e passa por exames no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília 

O presidente Jair Bolsonaro deu entrada nesta madrugada no Hospital das Forças Armadas (HFA),  em Brasília, após sentir dores abdominais. Segundo auxiliares, o presidente passa por exames e está bem. Há dez dias, Bolsonaro vinha reclamando de soluço persistente. Em nota, o Palácio do Planalto informou que Bolsonaro, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no HFA para a realização de exames com o objetivo de investigar a causa dos soluços. "Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem", diz a nota.  

O Supremo Tribunal Federal (STF) comunicou que foi cancelada a reunião entre os presidentes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo que aconteceria nesta quarta-feira, às 11h. A  reunião do comitê de coordenação de combate à pandemia, que estava marcada para 8h, também foi cancelada, informou a presidência do Senado.

Bolsonaro demonstrou incômodo pela primeira vez no dia 5, quando, em sua tradicional conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, disse que estava falando pouco por ter feito dois implantes dentários no sábado anterior. Dias depois, durante uma entrevista na quarta-feira da semana passada, o presidente explicou que estava com soluço e afirmou que acreditava que a causa eram remédios:  — Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço — disse, em entrevista à rádio Guaíba.

A situação se repetiu na quinta-feira, durante transmissão ao vivo em redes sociais, quando o presidente pediu desculpas e disse que talvez não conseguisse se “expressar adequadamente”.  O soluço virou até pauta da reunião de Bolsonaro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na segunda-feira. Fux, de acordo com um interlocutor, sugeriu um remédio para Bolsonaro.

Histórico de internações e cirurgias
Desde que levou a facada durante ato de campanha em 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias, embora nem todas relacionadas ao atentado. Em abril deste ano, o presidente, em conversa com apoiadores, disse que deveria passar por mais uma intervenção cirúrgica para corrigir uma hérnia abdominal. Talvez, neste ano, mais umazinha (cirurgia). Mas é tranquilo, de hérnia. Eu tenho uma tela aqui na frente. Está saindo o bucho pelo lado. Então, tenho que colocar uma tela do lado também — disse.

O presidente foi operado pela primeira vez no dia da facada, ainda em Juiz de Fora. Dias depois, passou por uma nova cirurgia para desobstrução do intestino no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.  Após assumir a presidência, fez um procedimento para retirar a bolsa de colostomia. Em setembro de 2019, passou por uma cirurgia para retirada de uma hérnia na cicatriz de uma das operações anteriores, o que é normal em operações no intestino. Além disso em 2020, Bolsonaro foi submetido a duas outras operações que não tinham relação com o ataque. Em janeiro, o presidente realizou uma vasectomia, procedimento realizado por homens que não desejam mais ter filhos. Em setembro do ano passado, o presidente retirou um cálculo renal.

Possíveis causas
O gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, explica que não é possível diagnosticar o paciente sem uma investigação médica. Entre as causas, há as mais variadas: a mais conhecida é a gastrointestinal, mas também pode ser estresse, ansiedade e alterações do sistema nervoso central, passando por diabetes, disfunção renal e chegando até mesmo a infarto e pneumonia.— O soluço não é uma doença, é um sinal de que há alguma alteração no organismo. Quando a gente tem mais de 48 horas (de sintomas), tem que investigar. (...) Quando passa de uma semana, é persistente. Passa a ser refratário, porque a gente não consegue controlar — afirma o médico.

Segundo o médico, é possível que os soluços sejam provocados pelo implante dentário, já que há relação com os nervos oral e frênico. Contudo, é pouco provável que haja relação com a facada que Bolsonaro sofreu em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, às vésperas das eleições presidenciais.

Na noite de segunda-feira, em nova conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente disse que não estava “aguentando falar mais” e relatou que o soluço já durava 12 dias. Recentemente, Bolsonaro afirmou que terá que passar por uma cirurgia para corrigir uma hérnia. Será o sétimo procedimento do presidente desde o atentado que ele sofreu na campanha de 2018, embora nem todos tenham sido relacionados ao ataque.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi procurada para comentar a situação médica do presidente, mas não respondeu. Na entrevista à rádio Guaíba, ao ouvir a sugestão de que precisaria tomar um susto para acabar com o soluço, Bolsonaro desconversou, rindo: — Por enquanto, não estou assustado com nada que acontece no governo.

Brasil - O Globo