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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Até quando toleraremos tamanha injustiça? - Marcel van Hattem

Gazeta do Povo -VOZES


Manifestantes detidos na Academia Nacional de Polícia em Brasília. Imagem do local na terça-feira (10)| Foto: Reprodução / Redes sociais

Visitei na semana passada os presídios do Distrito Federal, tanto o feminino da Colmeia como o masculino da Papuda
Voltei de lá com muitos relatos do ocorrido no dia 8 de janeiro, pedidos de ajuda, dezenas de bilhetes a serem encaminhados a familiares e uma inelutável convicção: não há dúvida nenhuma de que os terríveis atos de vandalismo realizados aos Três Poderes em Brasília precisam ser investigados e os responsáveis punidos, mas as prisões efetuadas supostamente em decorrência das depredações são, senão todas, quase todas ilegais, inconstitucionais e abusivas. 
São quase mil presos hoje, praticamente nenhum com passagem anterior na polícia
São quase mil pessoas que provavelmente nunca pisaram em uma delegacia (a não ser, talvez, como vítimas da violência endêmica no Brasil) com suas vidas paradas, seus familiares e amigos aos prantos, seus empregos e negócios perdidos.

Sob o ponto de vista jurídico, é simplesmente inadmissível o que está acontecendo nesse momento no Brasil: no dia em que visitei a Colmeia, também esteve presente no presídio o oficial de Justiça para citar as detentas. Todas as citações que vi, sigilosas e de difícil acesso até mesmo para advogados, eram praticamente idênticas, um copia e cola de argumentos e narrativas sem provas da participação individual da pessoa citada.  

A individualização da conduta, característica básica do processo penal, inexiste por completo. As audiências de custódia, feitas anteriormente e que levaram um total de nove dias em lugar das 24h previstas em lei, foram apenas para dar verniz de processualidade. 
Os juízes escalados para realizá-las não tinham sequer o poder de decidir sobre a manutenção das prisões, pois o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é o único com poderes para, com sua caneta, definir o futuro de cada um dos detentos.

    O Congresso Nacional precisa agir, esclarecer tudo, fazer justiça a quem deve e corrigir as injustiças feitas a quem não deve.

Também assusta que o flagrante, tão necessário para que se efetue uma prisão naquelas circunstâncias, é duvidoso, quando não incerto, distorcido apenas para justificar as detenções ilegais. 
 Não se pode atestar, com base nas prisões realizadas na área dos Três Poderes, se as pessoas detidas ali e agora aprisionadas de fato concorreram para a depredação ou se, pelo contrário, tentavam impedir quem ali estivesse para quebrar tudo ou, até mesmo como alguns alegam, buscavam refúgio em lugar seguro, no interior dos recintos, no momento mais crítico da necessária ação das forças de segurança para conter a depredação.

Já as prisões realizadas no Quartel General do Exército, na manhã do dia 9 de janeiro, nas palavras do meu colega deputado federal Sanderson (PL-RS), foram todas ilegais. Todas. Não havia flagrante e, pior ainda, muitos dos que até hoje estão presos chegaram ao acampamento apenas na noite do dia 8, horas depois de terminados os atos de vandalismo. 

Conforme relato que escutei, até um motorista de aplicativo, que teria deixado um passageiro naquela noite de domingo no QG, ao descer do carro para observar como o acampamento teria ficado, foi impedido de sair como todos os demais que lá estavam. No dia seguinte, foi encaminhado, preso juntamente com os demais, incluindo crianças e idosos, em ônibus à Academia da Polícia Federal.

    No entanto, a falta de devido processo e a injustiça cometidas contra quem apenas protestava por um país melhor, ainda que discordemos das pautas defendidas, são inaceitáveis.

“Disseram-nos que nos levariam a um lugar seguro, ninguém anunciou prisão. Fomos enganados”, relatou-me um detento. Depois da triagem na Polícia Federal, que chegou a durar 72 horas em condições improvisadas e degradantes, em um ginásio sem as condições de receber presos, muito menos centenas deles, as mulheres que não foram liberadas foram levadas gradativamente à Colmeia; os homens, à Papuda. Registre-se: as prisões em massa determinadas pelo STF geraram um enorme excedente nos presídios. 
Na Papuda, passaram de 1,2 mil para mais de 2 mil presos. 
Na Colmeia liberaram presas por crimes comuns para cumprir pena domiciliar para dar lugar às detentas dos dias 8 e 9.

Na Papuda encontrei um “vendedor itinerante”, como ele próprio se intitula. Perguntei-lhe se viajou a Brasília de graça: “Não, paguei R$ 580 na passagem”. Ao lhe questionar se teria, financeiramente, valido a pena, retirou do bolso do uniforme branco fornecido pelo presídio maços de dinheiro. “Está aqui, R$ 4 mil”. O vendedor de bandeiras alega que veio a Brasília trabalhar e vender seus produtos a quem estava no QG. Agora, está preso. Várias foram às vezes em que externei minha opinião de que protestar diante de quartéis não era adequado. Contudo, jamais poderia imaginar que, no Brasil, simplesmente estar diante do principal prédio do Exército Brasileiro, protestando ou mesmo trabalhando, um dia poderia dar cadeia.

Durante minhas diligências,
em que pese a boa vontade das administrações e funcionários de ambas as penitenciárias em atender com a dignidade possível quem lá está, vi e colhi depoimentos de aberrações inexplicáveis. Na Colmeia, uma esposa de policial militar, visivelmente atordoada pelo uso de remédios, havia tentado poucos dias antes o suicídio; outra senhora, de 70 anos, pedia com os olhos cheios de lágrimas que intercedêssemos para desfazer o suposto mal entendido que a teria levado àquele lugar; uma professora, mãe de um filho de 7 e outro de 10 anos, pedia também ajuda para que saísse logo, pois, ainda por cima, era responsável pelo pai doente com quem, obviamente, agora não tem mais contato.

    O Supremo Tribunal Federal age como se a defesa da democracia no Brasil dependesse de ações coletivas de perseguição política e amedrontamento.

Um homem circulava na Papuda com bolsa de colostomia, vitimado por um câncer; outro, com quem conversei, é aposentado por invalidez, disse-me onde poderia encontrar seu laudo médico atestando a deficiência mental e me questionava se o seu auxílio-doença continuaria a ser pago. Na própria conversa foi fácil perceber que falava a verdade
Difícil mesmo era compreender como segue preso provisoriamente um senhor perto dos seus 60 anos que cuida na fronteira gaúcha do seu pai, de 84, portador de marca-passo, e que foi a Brasília numa “excursão" acompanhado de um amigo. “Por Deus, quero perder minhas duas vistas, não mereço estar aqui”, dizia com olhos marejados, em meio a soluços esparsos que dava enquanto ouvia outro preso, ao seu lado, relatando seu caso. A equipe de saúde local, resumida a um único médico acompanhado de uma equipe mínima em cada um dos presídios, claramente não dá conta das novas demandas surgidas com tantos presos a mais nas unidades, ainda mais considerando a idade média mais avançada das detentas e dos detentos dos dias 8 e 9 de janeiro em comparação com os criminosos que já estavam encarcerados antes de chegarem os novos hóspedes.
 
Repito: àqueles que depredaram, vandalizaram, profanaram com violência os palácios da nossa democracia, os rigores da lei e as premissas da nossa Constituição. No entanto, a falta de devido processo e a injustiça cometidas contra quem apenas protestava por um país melhor, ainda que discordemos das pautas defendidas, são inaceitáveis. 
 
O mesmo Supremo Tribunal Federal que por vezes tem sido brando, para dizer o mínimo, com a corrupção e a criminalidade, que solta bandidos condenados e concede habeas corpus a traficantes perigosos, agora age como se a defesa da democracia no Brasil dependesse de ações coletivas de perseguição política e amedrontamento. Age fora da lei, fora da Constituição. 
Com a complacência da maior parte da mídia brasileira e o silêncio obsequioso de instituições como a OAB, os abusos de autoridade se multiplicam. Até quando toleraremos tamanha injustiça?
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Diante de tantas irregularidades,
um grupo de parlamentares incluindo o deputado Sanderson (PL-RS), Adriana Ventura (NOVO-SP) – que também visitou os presídios – e eu, está atuando para que a lei seja respeitada. Ainda nesta semana apresentaremos ofícios à Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública para que todos os presos possam ter seu direito à defesa garantido. Já para a Procuradoria-Geral da República solicitaremos a individualização das condutas, conforme determina a legislação penal. Também estamos em contato com o Conselho Federal de Medicina e com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal para avaliar a possibilidade de atendimento dos presos com comorbidades por médicos voluntários já dispostos a auxiliar.

O Congresso Nacional precisa se posicionar em defesa do seu povo, da Justiça e da nossa Constituição
A instalação da CPI do Abuso de Autoridade do STF e do TSE, bem como a CPMI dos atos de 8 de janeiro, demonstram-se a cada dia mais importantes. 
A decisão do governo Lula de impor sigilo sobre as imagens das câmeras de segurança no Palácio do Planalto é, no mínimo, suspeita. 
Um dos pedidos mais vocais que me foi feito por muitos detentos presos ainda no dia 8 era de que todas as imagens de todas as câmeras nos Três Poderes fossem liberadas o quanto antes, pois, quem não deve, também quer ver esse pesadelo ter fim o quanto antes.  
O Congresso Nacional precisa agir e as Comissões Parlamentares de Inquérito, na falta de outro poder, esclarecer tudo, fazer justiça a quem deve e corrigir as injustiças feitas a quem não deve.

Marcel van Hattem, deputado federal - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Fiquem tristes, chorem! Ainda que se descabelem o presidente Bolsonaro vai sobreviver aos inimigos do Brasil

Bolsonaro faz exames em hospital para investigar soluços e dores abdominais; reunião entre chefes de Poderes é cancelada [para maior clareza: reunião entre o chefe do Poder Executivo, o chefe do Poder Judiciário, e o chefe do Poder Legislativo, foi cancelada.]

Segundo auxiliares, presidente está bem e passa por exames no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília 

O presidente Jair Bolsonaro deu entrada nesta madrugada no Hospital das Forças Armadas (HFA),  em Brasília, após sentir dores abdominais. Segundo auxiliares, o presidente passa por exames e está bem. Há dez dias, Bolsonaro vinha reclamando de soluço persistente. Em nota, o Palácio do Planalto informou que Bolsonaro, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no HFA para a realização de exames com o objetivo de investigar a causa dos soluços. "Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem", diz a nota.  

O Supremo Tribunal Federal (STF) comunicou que foi cancelada a reunião entre os presidentes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo que aconteceria nesta quarta-feira, às 11h. A  reunião do comitê de coordenação de combate à pandemia, que estava marcada para 8h, também foi cancelada, informou a presidência do Senado.

Bolsonaro demonstrou incômodo pela primeira vez no dia 5, quando, em sua tradicional conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, disse que estava falando pouco por ter feito dois implantes dentários no sábado anterior. Dias depois, durante uma entrevista na quarta-feira da semana passada, o presidente explicou que estava com soluço e afirmou que acreditava que a causa eram remédios:  — Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço — disse, em entrevista à rádio Guaíba.

A situação se repetiu na quinta-feira, durante transmissão ao vivo em redes sociais, quando o presidente pediu desculpas e disse que talvez não conseguisse se “expressar adequadamente”.  O soluço virou até pauta da reunião de Bolsonaro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na segunda-feira. Fux, de acordo com um interlocutor, sugeriu um remédio para Bolsonaro.

Histórico de internações e cirurgias
Desde que levou a facada durante ato de campanha em 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias, embora nem todas relacionadas ao atentado. Em abril deste ano, o presidente, em conversa com apoiadores, disse que deveria passar por mais uma intervenção cirúrgica para corrigir uma hérnia abdominal. Talvez, neste ano, mais umazinha (cirurgia). Mas é tranquilo, de hérnia. Eu tenho uma tela aqui na frente. Está saindo o bucho pelo lado. Então, tenho que colocar uma tela do lado também — disse.

O presidente foi operado pela primeira vez no dia da facada, ainda em Juiz de Fora. Dias depois, passou por uma nova cirurgia para desobstrução do intestino no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.  Após assumir a presidência, fez um procedimento para retirar a bolsa de colostomia. Em setembro de 2019, passou por uma cirurgia para retirada de uma hérnia na cicatriz de uma das operações anteriores, o que é normal em operações no intestino. Além disso em 2020, Bolsonaro foi submetido a duas outras operações que não tinham relação com o ataque. Em janeiro, o presidente realizou uma vasectomia, procedimento realizado por homens que não desejam mais ter filhos. Em setembro do ano passado, o presidente retirou um cálculo renal.

Possíveis causas
O gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, explica que não é possível diagnosticar o paciente sem uma investigação médica. Entre as causas, há as mais variadas: a mais conhecida é a gastrointestinal, mas também pode ser estresse, ansiedade e alterações do sistema nervoso central, passando por diabetes, disfunção renal e chegando até mesmo a infarto e pneumonia.— O soluço não é uma doença, é um sinal de que há alguma alteração no organismo. Quando a gente tem mais de 48 horas (de sintomas), tem que investigar. (...) Quando passa de uma semana, é persistente. Passa a ser refratário, porque a gente não consegue controlar — afirma o médico.

Segundo o médico, é possível que os soluços sejam provocados pelo implante dentário, já que há relação com os nervos oral e frênico. Contudo, é pouco provável que haja relação com a facada que Bolsonaro sofreu em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, às vésperas das eleições presidenciais.

Na noite de segunda-feira, em nova conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente disse que não estava “aguentando falar mais” e relatou que o soluço já durava 12 dias. Recentemente, Bolsonaro afirmou que terá que passar por uma cirurgia para corrigir uma hérnia. Será o sétimo procedimento do presidente desde o atentado que ele sofreu na campanha de 2018, embora nem todos tenham sido relacionados ao ataque.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi procurada para comentar a situação médica do presidente, mas não respondeu. Na entrevista à rádio Guaíba, ao ouvir a sugestão de que precisaria tomar um susto para acabar com o soluço, Bolsonaro desconversou, rindo: — Por enquanto, não estou assustado com nada que acontece no governo.

Brasil - O Globo

 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Sem técnico, o jogo anda



Bolsonaro ficou de fora 


Depois de muitas cabeçadas, trombadas, idas e vindas, vindas e idas, na primeira semana de fevereiro o novo governo começou a mostrar a que veio. Colocou na mesa projetos arrojados de combate à corrupção e à criminalidade, reivindicados pelos brasileiros que foram às urnas no ano passado, e da reforma da Previdência, o mais necessário e polêmico de todos. Tudo certo, menos em um detalhe: faltou o titular.


Internado desde o dia 28 de janeiro para a reversão da colostomia a que foi forçado a se submeter depois de ser golpeado por uma facada, há cinco meses, durante ato de campanha, o presidente Jair Bolsonaro ficou de fora. Seu time não lhe reservou nem o chute inicial do que pode ser o jogo definidor do sucesso ou fracasso de seu governo.  A paternidade dos projetos contra a corrupção e o crime organizado é do ex-juiz da Lava-Jato, ministro Sérgio Moro, que em apenas três dias apresentou a proposta aos governadores, aos presidentes da Câmara e do Senado e aos líderes políticos. Embora fiel ao patrão, Moro lançou um pacote com assinatura pessoal e intransferível.


Até por cordialidade – e isso em nada diminuiria o seu protagonismo -, Moro talvez pudesse ter esperado o presidente sair do hospital. Ainda que sujeito a críticas de imobilismo por parte da imprensa, o atraso de uma ou duas semanas em nada mudaria o impacto ou a tramitação das medidas anunciadas enquanto a febre do chefe aumentava. E daria a Bolsonaro a chancela da proposta com a qual se comprometeu nas ruas e nas redes sociais.


Na reforma da Previdência o processo se deu de forma mais dissimulada. As ideias – algumas bastante inovadoras, como a do uso do FGTS para engordar a capitalização individual – foram “oficialmente” vazadas para que bodes pudessem entrar e sair da sala. No dia seguinte de o desenho da nova Previdência vir à tona, o ministro Paulo Guedes fez o mundo saber que o projeto era assim, mas não bem assim, ou que poderia ser algo parecido. E que tudo dependia do presidente Bolsonaro.


Uma pendência anunciada, mas não obedecida. Bolsonaro já havia demonstrado sua resistência à idade limite idêntica para homens e mulheres. Chegou a pregar uma reforma lenta e gradual. Mas para ele fazer valer o não gostar de uma ou outra coisa terá de cassar a carta branca dada a seu Posto Ipiranga. Um danado de um risco.

Ainda assim, Guedes poderia ter feito um gesto em nome do pronto restabelecimento do presidente e retardado por uns poucos dias o vazamento de itens de uma reforma que se arrasta há anos. Escolheu não fazê-lo.


Dirão alguns que os dois ministros queriam testar forças e poupar Bolsonaro do desgaste que propostas dessa natureza suscitam. É fato. Mas o outro lado da moeda é diabólico. Ainda que o intuito possa ter sido resguardar o presidente – o que é pouco crível em se tratando do ego das personas envolvidas -, a repentina pressa para debater projetos cruciais para o país exatamente na semana de convalescença do presidente incentiva intrigas e deixa brechas para elucubrações. Não por outro motivo proliferam ensandecidas teorias de conspiração como as que, com aval da prole do presidente, passaram a assombrar o vice Hamilton Mourão.


Dão margem ainda a pensamentos confessáveis ou não de gente chegada ao governo que viu na internação do presidente uma oportunidade para colocar em debate as propostas sérias. Nesse grupo estão os que consideram mais prudente deixar economia e segurança nas mãos das estrelas maiores, reservando a “banda b” do governo ao presidente, que continuaria a travar – preferencialmente via Twitter – os embates ideológicos em prol do extremismo conservador. E, assim, manter uma galera fidelizada.


Uma hospitalização mais longa do que a prevista desenhou uma situação inusitada. O governo Bolsonaro começou, ele não.

Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Saúde, presidente!

Febre e pneumonia nunca é bom, muito menos para presidente recém-empossado

 Elogiável o presidente Jair Bolsonaro manter a sociedade informada sobre o seu quadro clínico, com boletins e entrevistas do porta-voz, Otávio Rêgo Barros. Dito isso, não é possível achar que a situação está absolutamente sob controle, após dez dias no hospital Albert Einstein. Não é tão tranquila e reconhecer isso não é “sensacionalismo”, como advertiu Bolsonaro pelo Twitter, mas sim trabalhar com a realidade.  Normalmente, fechar uma colostomia é um procedimento rápido, de baixo risco, sem complicações. Não é o que vem ocorrendo no caso do presidente, esfaqueado grave e covardemente num comício em que era carregado pela multidão.

A bolsa seria retirada em dezembro, mas adiaram para janeiro. A cirurgia era estimada em três horas, mas durou sete. Ele sairia do hospital na quarta-feira passada, mas os médicos adiaram a alta, sem nova previsão. Primeiro, enjoo e vômitos. Depois, febre. Em seguida, volta ao semi-intensivo. E, ontem, a notícia de que, apesar dos antibióticos, os exames de tórax detectaram pneumonia. Bom não é.Do ponto de vista do governo, o impacto é quase imperceptível, já que Bolsonaro vem recebendo todas as informações no hospital, os dois ministros-chave, Paulo Guedes e Sérgio Moro, estão a mil por hora e o Planalto e o próprio governo estão sob o controle do ministro Augusto Heleno, do GSI.

Guedes cumpre uma agenda cheia, com governadores, presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, assuntando, sentindo o ambiente político, vendendo a reforma da Previdência. E Moro repete o script, estreando inclusive numa seara que não costuma ser muito fácil para neófitos em política: o corpo a corpo com parlamentares, para ouvir mais do que falar e garantir viabilidade ao seu pacote – que, na verdade, são dois em um, contra a corrupção e contra o crime organizado.
 Assim, o que incomoda na internação de Bolsonaro, mais longa do que o previsto e mais difícil do que o desejável, é que ele continua sendo coadjuvante no seu governo, assim como na sua campanha à Presidência. Após a facada, a campanha andou sozinha e Bolsonaro se limitava a posts pelas redes sociais e a entrevistas pontuais à mídia mais camarada. Com a terceira cirurgia, ele está comandando o País a partir do hospital e do Twitter e o governo também anda sozinho.

Na campanha, o resultado foi a forte entrada em cena de seus trs ilhos mais velhos, Flávio, agora senador, Eduardo, o deputado metido em política externa, e Carlos, o responsável pela imagem do pai. No governo, o resultado é um constrangimento: a desenvoltura do vice Hamilton Mourão.  General de quatro estrelas, bem preparado, com opiniões fortes sobre tudo e sem papas na língua, Mourão deu de ombros à ordem de Bolsonaro para todos calarem a boca durante as eleições e também dá de ombros à sugestão (em falta de uma palavra melhor) de Augusto Heleno, seu colega de farda e de Alto-Comando do Exército, no mesmo sentido. Não calou a boca na campanha, não cala agora no governo.

Bolsonaro e seu entorno providenciaram um “gabinete de emergência” no hospital, mas as visitas estão vetadas, as videoconferências não deslancharam e eles não estão conseguindo evitar o protagonismo do vice-presidente.
Se mudança houve, foi no tom de Mourão. Na eleição, conservador e polêmico. No governo, equilibrado e até surpreendente. Já falou com naturalidade sobre aborto, embaixada em Israel e ameaças contra o ex-deputado Jean Wyllys. E, ontem, recebeu a CUT, nada mais nada menos. Mourão politicamente correto?
Homem saudável e razoavelmente jovem, Jair Bolsonaro deve estar louco para ter alta logo e assumir, de fato, a Presidência. Bons votos!

domingo, 27 de janeiro de 2019

O paciente

Bolsonaro quer abreviar o período de repouso, após cirurgia de retirada de colostomia, o que não é recomendado pelos médicos; pretende montar um “gabinete presidencial” no próprio hospital


Inspirado no livro de investigação médica O paciente (Editora Cultura), do historiador Luís Mir, o filme de Sérgio Rezende sobre a morte de Tancredo Neves, o presidente da República que não chegou a tomar posse na redemocratização do país, é uma boa pedida para o fim de semana. Mostra o que não deve ser feito com um paciente quando ele é o mandatário da nação. Isto é, dar mais relevo às contingências políticas e ao seu papel na História do que ao tratamento médico adequado para a enfermidade que o acomete.

É óbvio que a referência ao filme decorre do fato de que o presidente Jair Bolsonaro será internado hoje, no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, para ser operado amanhã bem cedo. O objetivo é a retirada da bolsa de colostomia implantada devido à complexa cirurgia pela qual passou em setembro, depois de ser esfaqueado durante ato de campanha eleitoral em Juiz de Fora. O episódio dramático comoveu o país e teve um papel decisivo na eleição. A cirurgia está programada desde dezembro, quando deveria ter sido realizada. Durante dois dias, o vice-presidente, Hamilton Mourão, assumirá o comando do Palácio do Planalto. Sua interinidade durante a recente viagem de Bolsonaro a Davos, na Suíça, mostrou que está muito à vontade no cargo.

Bolsonaro goza de excelente situação clínica. Tem demonstrado até grande vigor físico, apesar das limitações impostas pelo colostomia, haja vista a sua carregada agenda presidencial. Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Rego Barros, após a cirurgia, “os médicos indicam e iluminam a necessidade de restrito descanso de 48 horas”. Mourão já anunciou que deverá comandar uma reunião do conselho de governo na próxima terça-feira, no Palácio do Planalto. Bolsonaro viaja acompanhado da primeira-dama, Michelle, do ministro Augusto Heleno (GSI) e do próprio Rêgo Barros. Vai direto do aeroporto para o hospital.

Bolsonaro e seus assessores mais próximos tentaram abreviar o período de repouso absoluto, o que não é recomendado pelos médicos, e ainda pretendem montar um “gabinete presidencial” no próprio hospital. Ao contrário de Tancredo, que escondeu a doença enquanto pôde, Bolsonaro sempre tratou com transparência a sua real situação de saúde. Além disso, o contexto é completamente diferente: Tancredo se elegeu num colégio eleitoral, desafiando o regime militar; Bolsonaro foi vítima de uma tentativa de homicídio em plena campanha eleitoral, por muito pouco não morreu, e foi eleito pelo voto direto.

Caso Tancredo
O filme, como o livro de Mir, é pedagógico. O drama de Tancredo começou três dias antes da posse, quando sua saúde se tornou muito frágil e a capacidade de sobreviver até a cerimônia de posse ficou ameaçada. Othon Bastos faz uma interpretação esplendorosa, com a grande atriz Esther Góes no papel da primeira-dama Risoleta. Os atores Otávio Müller, Leonardo Medeiros, Eucir de Souza e Paulo Betti interpretam a confusa equipe médica, que se deixa pressionar pelos políticos, pela fogueira de vaidades e pelo estrelismo individual.

A grande contradição exposta no filme é o tratamento dado ao Tancredo paciente versus o dedicado ao Tancredo presidente, dois pesos e duas medidas que fazem a diferença. O Paciente denuncia erros de diagnóstico, picuinhas e muito ego à margem da ética profissional. Instala-se uma tremenda crise no centro cirúrgico, com desfecho trágico. Nada a ver com a condução dada ao caso de Bolsonaro até agora, com destaque para a equipe médica da Santa Casa de Juiz de Fora, que o salvou da morte. Os médicos dizem que o período de recuperação deve durar dez dias. A Presidência montou uma estrutura em São Paulo para que Bolsonaro receba seus ministros e possa “estabelecer governo efetivo e eficaz”, a partir do terceiro dia de pós-operatório. É aí que está o problema: o mais sensato seria Mourão permanecer como presidente interino até a alta hospitalar. Durante a viagem a Davos, o vice-presidente provou que pode exercer a interinidade sem provocar abalos sísmicos no governo.

Renan e Simone
Líder do MDB, Simone Tebet (MS) conta apenas com os votos dos senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Dario Berger (SC) na sua bancada, de um total de 13 senadores, para disputar a Presidência do Senado. Os demais estão com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que ainda dissimula o jogo, mas é candidatíssimo ao cargo, pela quinta vez. Simone anunciou, porém, que pretende disputar o comando da Casa mesmo que seu nome não seja apoiado pela maioria dos emedebistas. Dos 54 senadores recém-eleitos — de um total de 81 —, apenas 14 são novatos; os demais são políticos escolados. Além de Renan e Simone, Álvaro Dias (Pode-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Esperidião Amin (PP-SC), Major Olímpio (PSL-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) sonham com o comando da Casa. Hoje, Renan teria mais de 45 votos entre os pares. Para enfrentá-lo e reverter a situação, a oposição teria que chegar a um candidato único. A aposta do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é Davi Alcolumbre, não é Simone. Meteu a mão nessa cumbuca como um macaco novo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Bolsonaro não receberá um cheque em branco

Divulgada a dez dias do segundo turno, a nova pesquisa do Datafolha deu à sucessão presidencial uma aparência de jogo jogado. O staff de Jair Bolsonaro mal consegue conter a euforia. Como sua liderança não chegou a ser colocada em xeque por Fernando Haddad, o capitão aproxima-se do Planalto como se recebesse um cheque em branco do eleitorado. Engano.  O principal atributo de campanhas como a de Bolsonaro, que irradiam um imaginário forte, é ter rompido com a situação anterior, dando a impressão de que nada será como antes. Não é pouca coisa. Foi à cova no primeiro turno aquele PSDB que se oferecia como polo de poder há seis sucessões. Vão à lona no segundo round o petismo e, sobretudo, o lulismo.

No momento, o eleitor mostra-se pago e satisfeito com a retórica de Bolsonaro, feita de probidade, segurança e prosperidade. Mas a situação é mais complexa. Tão complexa que ficou simples como o ABC. A, o programa aguado de Bolsonaro produz alta expectativa; B, a boa vontade virará cobrança em janeiro; C, a corrosão da legitimidade do eleito crescerá à medida que o eleitor for percebendo que o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é o dicionário.  Bolsonaro coleciona no Datafolha 59% das intenções de votos válidos, contra 41% atribuídos a Haddad. O petismo já se dedica à produção de teorias para explicar a derrota. O exercício é tão inevitável quanto inútil, pois não produz a hecatombe que seria necessária para engolir até 28 de outubro os 18 pontos percentuais que separam o substituto de Lula do seu algoz.

Um detalhe potencializa o desafio de Bolsonaro. O resultado da eleição será marcado não pela preferência, mas pela rejeição do eleitorado. Subiu para 54% a taxa de eleitores que declaram que jamais votariam em Haddad. Quer dizer: o capitão será empurrado para a cadeira de presidente pela maior força política da temporada: o antipetismoO índice de rejeição a Bolsonaro diminuiu. Mas continua enorme: 41%. Significa dizer que não haverá na plateia muita gente com disposição para aplaudir um governo que não entregue rapidamente a mudança que prometeu.  Do ponto de vista econômico, a aura de Bolsonaro já tem dono: o liberalismo do economista Paulo Guedes. Que esbarrará no fisiologismo do Legislativo. Do ponto de vista político, seu governo precisa virar o sistema do avesso. Fácil de prometer. Difícil de executar.

Em condições normais, o eleitor talvez se esforçasse para distinguir políticos melhores e piores. Mas os gatunos ficaram ainda mais pardos depois que a Lava Jato transformou a política em mais uma ramificação do crime organizado. Depois que o governo empregocida de Dilma Rousseff foi sucedido pela cleptogestão de Michel Temer, a ideologia do eleitor tornou-se uma espécie de radicalismo retrógrado, movido a fúria, desinformação e inconsequência. Deu em Bolsonaro.  Jogando parado, Bolsonaro avisou que não irá a nenhum debate, embora os médicos o tenham liberado. [deixaram  ao critério do candidato mas destacando a limitação advinda da colostomia.] Segundo o Datafolha, 73% dos eleitores avaliam que ele deveria duelar com Haddad diante das câmeras. Entretanto, 76% declaram que não cogitam modificar o voto por causa de debates. [para o poste e toda a corja petista a melhor notícia, o melhor dos mundos, seria uma recaída ou mesmo a morte de Bolsonaro.]  Nesse contexto, a fuga parece um grande negócio para o favorito. Mas essa percepção só é válida até certo ponto. O ponto de interrogação.

É verdade que há algo de sádico na forma como os candidatos são expostos, questionados, insultados e até ridicularizados nos debates. Neste segundo turno de 2018, a perversão ganharia nova dimensão, pois um dos contendores convalesce de duas cirurgias provocadas por uma facada.  Mas o sadismo não seria necessário apenas para o esclarecimento de eleitores que parecem dar de ombros para o contraditório. Valeria mais pela educação democrática que propiciaria a um candidato com pendores autocráticos. O mesmo Datafolha que coloca Bolsonaro a um milímetro da poltrona de presidente da República já revelou que sete em cada dez brasileiros enxergam a democracia como o melhor sistema de governo.  É mais uma evidência de que, eleito, Bolsonaro não vai dispor de um cheque em branco do eleitorado. Tiros para o alto ou murros na mesa não serão aceitáveis. O capitão terá de aprender a negociar. Algo que jamais fez nos seus quase 28 anos de Parlamento.

Blog do Josias de Souza

 

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Médico diz que cabe a Bolsonaro decidir sobre participação em debates

[candidato Bolsonaro, vale a pena arriscar sua saúde, correr risco de uma recaída (retardando sua recuperação ou mesmo causando sua morte) para ir debater com um poste? um pau mandado de um analfabeto que está preso?

Pense bem. Seus milhões de eleitores o querem ocupando o cargo de Presidente da República e trabalhando por um Brasil melhor. 

Ignora as provocações do poste petista e não vá a debates.

Afinal, quem conversa com poste é bêbado - o que não é o seu caso.]

Cirurgião divulga nota informando que candidato apresenta boa evolução clínica. Mas acrescenta que colostomia 'permanece como fator limitante relativo'

Após uma nova avaliação clínica nesta quinta-feira, o médico responsável pelos cuidados do candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro , voltou a afirmar que a participação em debates de TV e em agendas públicas depende do próprio presidenciável. O deputado se recupera de um ataque a faca durante ato em Minas Gerais, em 6 de setembro, mas tem retomado compromissos de campanha em público. 

A informação foi confirmada ao GLOBO pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, médico do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, por um mensagem de WhatsApp, após ele ter deixado a casa de Bolsonaro sem falar com a imprensa. Questionado se o candidato poderia ir a debates e atos de campanha, o cirurgião respondeu: "depende dele."
Um nota oficial, divulgada nesta quinta-feira após a visita de cerca de duas horas, informou que Bolsonaro foi submetido a uma avaliação médica multiprofissional, de exames de imagem e laboratoriais, que se mostraram estáveis. "Apresenta boa evolução clínica e a avaliação nutricional evidenciou melhora da composição corpórea, mas ainda exigindo suporte nutricional e fisioterapia", registra o comunicado. A nota foi complementada quarenta minutos depois informando que a colostomia ainda "permanece como fator limitante relativo". 

Nesta quarta-feira, Bolsonaro saiu de casa e se encontrou com o cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, na Arquidiocese do Rio.  

Matéria completa em O Globo

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Bolsonaro passa por procedimento para drenagem de líquido no abdômen

Bolsonaro tem aumento de temperatura e coloca dreno, diz hospital

Internado na Unidade de Terapia Semi-Intensiva do Albert Einstein, presidenciável passou por drenagem de 'pequena coleção de líquido ao lado do intestino'

O hospital Albert Einstein divulgou no fim da tarde desta quinta-feira, 20, um novo boletim com informações sobre o estado de saúde do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL). A equipe médica que atende o presidenciável informa que ele teve um aumento na temperatura corporal, que chegou a 37,7 graus, e, por isso, passou por uma tomografia computadorizada de tórax e abdômen.

No exame, foi observada uma “pequena coleção de líquido ao lado do intestino” de Bolsonaro, que foi submetido a uma drenagem e teve um dreno inserido no local.
Internado na Unidade de Terapia Semi-Intensiva do hospital, o candidato não sente dor, tem “boa evolução clínica e sem disfunções orgânicas” e recebe alimentação líquida via oral “com boa aceitação”, além de nutrientes por meio de uma sonda na veia.

O boletim é assinado pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, o clínico e cardiologista Leandro Echeniquye e o diretor superintendente do Albert Einstein, Miguel Cendoroglo. Internado no hospital paulistano desde o dia 7 de setembro, Jair Bolsonaro foi esfaqueado na barriga em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia anterior.

A facada atingiu a artéria mesentérica, causou três perfurações no intestino delgado de Bolsonaro e uma lesão mais grave no cólon transverso, uma porção do intestino grosso. Ele passou por um procedimento chamado colostomia, que consiste na exteriorização de parte do intestino em uma bolsa, onde são excretados fezes e gases.
O candidato deve ficar cerca de dois meses com a bolsa da colostomia e, então, será operado novamente para reverter o procedimento. Na noite da quarta-feira 12 de setembro, o presidenciável passou por uma nova cirurgia para desobstruir o intestino.

Leia aqui o boletim sobre a saúde de Jair Bolsonaro.

Veja 
 

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Boa sorte, Bolsonaro!



Eleição do fim do mundo 


O que todos afirmavam ser uma eleição imprevisível, a próxima para presidente da República, começava pelo menos a ganhar contornos com a mais recente pesquisa de intenção de voto aplicada pelo Ibope e divulgada na última quarta-feira.  Os contornos foram apagados pelo atentado contra a vida do deputado Jair Bolsonaro (PSL), esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, ali operado e recolhido ao leito de um hospital. [Bolsonaro foi transferido para o Hospital Albert Einstein com quadro estável, chegou bem e está sendo avaliado por equipe multidisciplinar - mais detalhes abaixo.] A eleição virou uma mancha indecifrável, por ora.

No país onde um presidente eleito (Tancredo Neves) começa a morrer na véspera de tomar posse, e depois escala a rampa do Palácio do Planalto dentro de um caixão, tudo pode acontecer, inclusive nada. [não ha a menor semelhança entre o quadro de Tancredo Neves e o de Bolsonaro.
Tancredo Neves com quase 90 anos e uma doença crônica mal cuidada.
Bolsonaro bem mais jovem, melhor forma física e lesões causadas por um atentado covarde.
De qualquer forma é recomendável evitar os 'professores doutores'.
Propaganda grátis: quem assistir o filme 'paciente' vai entender as razões da recomendação.]  Foi reaberta a temporada de puro “achismo”.   

O general, vice de Bolsonaro, acha – ou melhor: diz ter certeza – que o atentado foi cometido por um filiado do PT a serviço dos que pretendiam barrar o que estava escrito nas estrelas. Bolsonaristas de raiz compartilham a mesma opinião nas redes sociais. [tal de Adélio foi apenas um alienado  útil aos interesses da maldita esquerda.
Está preso, será interrogado e quando começar a falar muita coisa será esclarecida - vale ter em conta que o comunismo, a esquerda e a corja lulopetista seguem sempre a regra que 'os fins justificam os meios'.]
 
João Doria, que desertou do cargo de prefeito de São Paulo para se candidatar ao governo, acha que o atentado garantiu a Bolsonaro um lugar no segundo turno. Sob o anonimato, políticos de vários partidos acham que Bolsonaro poderá ser eleito no primeiro turno. [a eleição no primeiro turno já estava garantida e a única forma de impedir que ocorresse (tentar) foi utilizada e com fé em Deus não vai funcionar.]
É cedo para que se possa afirmar qualquer coisa. Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto sem Lula. No momento, estava empenhado em manter sua tropa unida. A ser bem-sucedido, já teria lugar assegurado no segundo turno com ou sem atentado.

O atentado deverá dar coesão às suas forças. Ele é o único candidato dispensado daqui para frente a expor-se aos riscos de 30 dias de campanha. Os boletins médicos e suas falas de leito serão suficientes para que siga sob a luz benigna dos holofotes.  Qual dos seus adversários ousará atacá-lo no rádio, na televisão ou em qualquer parte? Se o eleitor é refratário à pancadaria entre candidatos a um mesmo posto, tanto mais será quando o alvo de críticas escapou da morte, mas não tem condições de se defender.

Do ponto de vista estritamente político, nem por encomenda um ato bárbaro beneficiaria mais Bolsonaro como o atentado de ontem – camisa verde e amarela às vésperas do dia 7 de Setembro, multidão a carregá-lo pelas ruas, celulares a registrarem tudo. Quem ainda não foi contaminado pelo discurso raivoso do “nós contra eles” nem pela ideia de que bala (ou faca) resolve problemas, só pode desejar que Bolsonaro se recupere logo, para o seu próprio bem, de sua família, dos seus amigos e admiradores.

 

 Atualizando o quadro de saúde do presidente JAIR BOLSONARO:

Bolsonaro chega ao Hospital Albert Einstein, onde será avaliado por três horas

Candidato do PSL à Presidência será internado na UTI e passará por avaliação multidisciplinar

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, atingido por uma facada durante ato de campanha em Minas Gerais ontem, foi transferido em um helicóptero Águia da Polícia Militar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade. O parlamentar foi direto para UTI, na qual será submetido a uma avaliação multidisciplinar, que deve durar três horas.
Só depois da avaliação o hospital vai divulgar a equipe de médicos que vai acompanhá- lo. O avião de prefixo PT-WGF trazendo o presidenciável pousou no aeroporto da capital paulista às 9h45. Ele foi transferido do avião para uma UTI móvel e só então colocado no helicóptero da Polícia Militar, que decolou às 10h30.

 A aeronave pousou às 10h35 no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista e vizinho ao hospital. Bolsonaro foi então transferido para uma UTI móvel e deu entrada no Einstein às 10h42.

Bolsonaro passou por uma bateria de exames na manhã desta sexta-feira na Santa Casa de Juiz de Fora. A equipe médica constatou que o paciente tinha estabilidade hemodinâmica e estava em condições de ser transferido para São Paulo. Um médico da capital paulista acompanhou os exames.  O jatinho que trouxe Bolsonaro a São Paulo decolou por volta de 9h do Aeroporto Francisco Álvares de Assis, conhecido como Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora. A ambulância que levou o candidato entrou direto no hangar, de onde ele foi levado ao avião.

Bolsonaro passou a noite na Unidade de Tratamento Intensivo da unidade mineira. Segundo os médicos, o estado dele é grave, mas estável. Flávio Bolsonaro, filho do deputado, elogiou a rapidez no atendimento. Ele foi submetido a uma delicada cirurgia na cidade mineira. - Ele está bem, estável, mas em observação - disse a diretora da Santa Casa, a médica Eunice Dantas, durante entrevista na entrada do hospital, logo depois da saída de Bolsonaro. - Só foi possível o transporte porque ele está bem... ele está com sonda, oxigênio, soro, medicações e a colostomia é de dois a três meses, mas está estável.
O Globo