Segundo auxiliares, presidente está bem e passa por exames no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro deu entrada nesta madrugada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, após sentir dores abdominais. Segundo auxiliares, o presidente passa por exames e está bem. Há dez dias, Bolsonaro vinha reclamando de soluço persistente. Em nota, o Palácio do Planalto informou que Bolsonaro, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no HFA para a realização de exames com o objetivo de investigar a causa dos soluços. "Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem", diz a nota.
O Supremo Tribunal Federal (STF) comunicou que foi cancelada a reunião entre os presidentes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo que aconteceria nesta quarta-feira, às 11h. A reunião do comitê de coordenação de combate à pandemia, que estava marcada para 8h, também foi cancelada, informou a presidência do Senado.
Bolsonaro demonstrou incômodo pela primeira vez no dia 5, quando, em sua tradicional conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, disse que estava falando pouco por ter feito dois implantes dentários no sábado anterior. Dias depois, durante uma entrevista na quarta-feira da semana passada, o presidente explicou que estava com soluço e afirmou que acreditava que a causa eram remédios: — Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço — disse, em entrevista à rádio Guaíba.
A situação se repetiu na quinta-feira, durante transmissão ao vivo em redes sociais, quando o presidente pediu desculpas e disse que talvez não conseguisse se “expressar adequadamente”. O soluço virou até pauta da reunião de Bolsonaro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na segunda-feira. Fux, de acordo com um interlocutor, sugeriu um remédio para Bolsonaro.
Histórico de internações e cirurgias
Desde que levou a facada durante ato de campanha em 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias, embora nem todas relacionadas ao atentado. Em abril deste ano, o presidente, em conversa com apoiadores, disse que deveria passar por
mais uma intervenção cirúrgica para corrigir uma hérnia abdominal. —
Talvez, neste ano, mais umazinha (cirurgia). Mas é tranquilo, de hérnia. Eu tenho uma tela aqui na frente. Está saindo o bucho pelo lado. Então, tenho que colocar uma tela do lado também — disse.
O presidente foi operado pela primeira vez no dia da facada, ainda em Juiz de Fora. Dias depois, passou por uma nova cirurgia para desobstrução do intestino no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Após assumir a presidência, fez um procedimento para retirar a bolsa de colostomia. Em setembro de 2019, passou por uma cirurgia para retirada de uma hérnia na cicatriz de uma das operações anteriores, o que é normal em operações no intestino. Além disso em 2020, Bolsonaro foi submetido a duas outras operações que não tinham relação com o ataque. Em janeiro, o presidente realizou uma vasectomia, procedimento realizado por homens que não desejam mais ter filhos. Em setembro do ano passado, o presidente retirou um cálculo renal.
Possíveis causasO
gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, explica que não é possível diagnosticar o paciente sem uma investigação médica.
Entre as causas, há as mais variadas: a mais conhecida é a
gastrointestinal, mas
também pode ser estresse, ansiedade e alterações do sistema nervoso central, passando por
diabetes, disfunção renal e chegando até mesmo a
infarto e pneumonia.
— O soluço não é uma doença, é um sinal de que há alguma alteração no organismo. Quando a gente tem mais de 48 horas (de sintomas), tem que investigar. (...) Quando passa de uma semana, é persistente. Passa a ser refratário, porque a gente não consegue controlar — afirma o médico.
Segundo o médico, é possível que os soluços sejam provocados pelo implante dentário, já que há relação com os nervos oral e frênico. Contudo, é pouco provável que haja relação com a facada que Bolsonaro sofreu em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, às vésperas das eleições presidenciais.
Na noite de segunda-feira, em nova conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente disse que não estava “aguentando falar mais” e relatou que o soluço já durava 12 dias. Recentemente, Bolsonaro afirmou que terá que passar por uma cirurgia para corrigir uma hérnia. Será o sétimo procedimento do presidente desde o atentado que ele sofreu na campanha de 2018, embora nem todos tenham sido relacionados ao ataque.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi procurada para comentar a situação médica do presidente, mas não respondeu. Na entrevista à rádio Guaíba, ao ouvir a sugestão de que precisaria tomar um susto para acabar com o soluço, Bolsonaro desconversou, rindo: — Por enquanto, não estou assustado com nada que acontece no governo.
Brasil - O Globo