Filhos
de um militar listado pela CNV como violador de direitos humanos pedem indenização financeira e a
exclusão do nome do pai do relatório final apresentado em dezembro de 2014
Foi
ajuizada nessa semana a primeira ação por danos morais contra a Comissão
Nacional da Verdade, na
Justiça Federal de Porto Alegre. Os cinco filhos de Floriano Aguilar Chagas,
ex-adido do Exército na Embaixada do Brasil em Buenos Aires de 1973 a 1975, pedem que o nome do pai seja excluído
da lista de responsáveis por violações aos direitos humanos publicada pela CNV
em dezembro passado, questionam a
recomendação feita pelo órgão de revisão da Lei da Anistia e pedem reparação financeira a todos os
filhos do General, já que Chagas morreu em 2012.
De acordo
com a investigação da CNV, Chagas teria feito parte da Operação Condor, que
interligou as forças repressivas das ditaduras militares do Cone Sul. Segundo o
relatório, ele "mantinha contato
frequente com agentes argentinos e chilenos da área de informações" e "teve participação no sequestro de
Joaquim Pires Cerveira e João Batista Rita, ocorrido em Buenos Aires em 5 de
dezembro de 1973".
No
processo, a família argumenta que não há
provas suficientes que desabonem a conduta profissional do pai. O processo
menciona os 18
do Forte de Copacabana, a Intentona Comunista e
a Revolução Constitucionalista de São Paulo para
comparar o heroísmo de
Chagas ao dos protagonistas dessas passagens históricas. Quanto à revisão da anistia, o advogado da família sentencia: “Não se Deve Mexer com Tigres Adormecidos”.
Procurado
pelo GLOBO, o advogado Amadeu Weinmann,
responsável pela ação, afirmou que o relatório promove “injúria e calúnia” contra o General Chagas. Disse que ao se
relacionar com agentes argentinos e chilenos, Chagas
estava cumprindo com a sua função de adido militar, de integrar a região. E
afirmou que a família não pretende receber somas vultosas porque não quer se
igualar àqueles que “recebem milhões por
mês porque participaram da ‘contra-revolução’”, em referência aos
militantes de esquerda que combateram a ditadura e hoje recebem indenização.
Fonte: O Globo