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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Um golpe que não acaba nunca: chilenos ainda discutem a ditadura

Com um presidente de esquerda e um congresso de direita, o passado se torna motivo de discussões que refletem contradições do presente

 O ditador chileno Augusto Pinochet, em 1983, no aniversário de dez anos do golpe militar no país

 O ditador chileno Augusto Pinochet, em 1983, no aniversário de dez anos do golpe militar no país (ILA AGENCIA/Gamma-Rapho/Getty Images)

Cinquenta anos depois do golpe militar de 11 de setembro de 1973, deveria predominar no Chile um amplo consenso sobre as vantagens da democracia, das decisões consensuais e do respeito pelas minorias e, obviamente, pelos direitos humanos.

Esse consenso valioso, que permitiu a redemocratização pacífica do país, hoje dá lugar a uma discussão azeda sobre quem foi responsável pela derrocada democrática de 1973. Em grande parte, isso é resultado de uma situação atípica do Chile: depois de eleger, surpreendentemente, um presidente de extrema esquerda, Gabriel Boric, a maioria dos chilenos derrubou um novo e radical projeto de constituição e elegeu um congresso de direita para fazer outra reforma.

Por causa disso, o debate ficou mais azedo e internacional. Inclusive sobre o golpe. Em vez de um documento comum em defesa da democracia, os três partidos de direita pura sim, existe isso no Chile, e ninguém espera cargos no governo para aderir — não aceitaram o chamado Compromisso de Santiago e lançaram seu próprio documento. Nem a intervenção do ex-presidente Sebastián Piñera em favor do consenso, bastante moderado, proposto por Boric adiantou.

O documento da direita também é equilibrado, mas evoca um passado que a esquerda quer fazer de conta que não existe, incluindo os graves abusos cometidos pelo presidente Salvador Allende em seu projeto nada menos que revolucionário.  “A vivência que cada pessoa experimentou e suas severas consequências nos obrigam a refletir sobre essas cinco décadas, tomar consciência das aprendizagens e dos erros cometidos por todos os setores, e olhar para a futuro”, diz o documento. Em outro trecho, condena “toda expressão, movimento ou conclamação que se valha da violência ou do terrorismo para a promoção de suas ideias ou a conquista de seus objetivos”.

São, obviamente, referências a abusos praticados pela esquerda numa época de extrema radicalização, com grupos armados autodenominados revolucionários já agindo mesmo durante o governo Allende e atos hediondos como o assassinato de proprietários rurais.

Outra reação da direita que não quer ver a glorificação oficial do presidente que se suicidou no Palácio de la Moneda, sob bombardeio das Forças Armadas, foi ler na Câmara de Deputados um documento datado de poucos dias antes do golpe em que Allende era acusado de grave quebra da ordem constitucional.

O fato de que muitos chilenos apoiaram o golpe e até hoje, nada menos que 36% achem que houve motivos para a intervenção ditatorial — ainda é um tabu para a esquerda. 
Cinquenta anos depois, o país ainda é dividido, embora uma ampla maioria condene o bárbaro método de prisões em massa, torturas e execuções praticado sistematicamente pelo regime militar.

A falta de autocrítica da esquerda também voltou a ser assunto na Argentina, principalmente depois que a candidata a vice na chapa do ultralibertário Javier Milei, Victoria Villaruel, convocou um ato na Assembleia Nacional em memória das “vítimas do terrorismo” — ou seja, as feitas pelas organizações armadas de esquerda.

Dizer que houve abusos hediondos dos dois lados, embora os detentores do poder do estado tenham responsabilidades redobradas, provoca surtos irracionais nos setores para os quais a Argentina se divide entre os bons e os maus. Victoria Villaruel, que é filha de militar, despertou manifestações de protesto com o ato e com suas declarações sobre a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto.  “A verdade é que Carlotto tem sido uma personagem bastante sinistra para nosso país porque, com este semblante de vovó boazinha, justificou o terrorismo”, disse ela. “Faz política desde sempre e tem a família toda empregada pelo Estado”

A filha de Estella, Laura, era militante dos Montoneros, foi presa, torturada e morta. Estava grávida e os torturadores esperaram a criança nascer. O neto, dado a uma família favorável ao regime, foi identificado por iniciativa própria em 2014.

Histórias assim deveriam fazer todos nós pensarmos “nunca mais” tanto para as monstruosidades praticadas nos porões das ditaduras quanto para grupos armados como os Montoneros, que mataram, sequestraram, explodiram e executaram, inclusive quem não tinha nada a ver com o regime, porque achavam que agiam em nome do Bem e tudo era justificado.

O passado ainda assombra países como o Chile e a Argentina, onde a repressão foi infinitamente maior do que no Brasil. Propor nuances, conhecimento dos fatos e distanciamento histórico perturba quem se acha portador da verdade e da superioridade moral — de qualquer lado que seja.

Gabriel Boric prometeu e está cumprindo lançar um plano nacional para buscar os 1 162 mortos durante a ditadura cujos corpos não foram recuperados. É justo fazer essa busca. Mas é inevitável que reabra feridas.

Vilma Gryzinski, Mundialista - Revista VEJA

 


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Chile ainda respira… - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Conforme as pesquisas de intenção de voto previam, os chilenos que foram às urnas neste domingo (04) votaram majoritariamente para dizer "não" à proposta de nova constituição, produzida com forte viés de esquerda. Segundo a imprensa do Chile, com 99,9% dos votos apurados, a rejeição prevaleceu com uma vantagem esmagadora de mais de vinte pontos: 61,87% sobre os 38,13% da aprovação.

Boric minimizou a derrota ao dizer que “neste 4 de setembro, a democracia chilena sai mais robusta, é assim que o mundo inteiro a viu e reconheceu. Um país que em seus momentos mais difíceis opta pelo diálogo e acordos para superar suas fraturas e dores, e devemos nos orgulhar disso”.

Porém, o marxista já fala em uma nova tentativa. Pelo jeito, quer melar o resultado das urnas. A esquerda defende a democracia só quando ela “acerta”. É para fazer plebiscito até o povo votar como a esquerda quer.

No Brasil, a esquerda estava apostando nessa vitória para ver o Chile, um país mais estável que a média, caminhar na direção de uma revolução radical agigantando o estado. A militante Monica Bergamo tinha escrito: "Contagem eletrizante de votos no Chile, pela Nova Constituição (a de Pinochet será ENTERRADA)". Aquela que confia tanto no DataFolha errou mais uma.

Já Marcelo Lins, o defensor do PSOL na Globo News, lamentou o resultado: "Vai se desenhando uma derrota fragorosa dos defensores de uma nova Constituição no Chile, radicalmente diferente da que está em vigor desde a ditadura Pinochet. Com quase 75% dos votos apurados, o 'Não' ( rechazo) tem mais de 62% , contra pouco menos de 38% do 'Sim'. Mudanças podem vir, principalmente em temas como direitos dos povos originários, paridade de gênero no Estado e até mesmo nas leis sobre mineração, talvez o ponto econômico mais sensível. Mas não com a profundidade e a rapidez previstas no texto que vai sendo rejeitado".

O choro dos comunas, claro, é livre. Mas a verdade é que o Chile respira. Reportagens e editoriais da Gazeta do Povo haviam mostrado como a proposta da Nova Constituição era radical e seria péssima para o país, com toda certeza aumentando a miséria e dividindo o povo em vez de uni-lo. Os "tolerantes" que falam em "diversidade" sempre dão um jeito de dividir todos para conquistar poder.

O deputado Paulo Eduardo Martins, candidato ao Senado pelo Paraná, comemorou o resultado: "A nova Constituição do Chile, que é uma carta socialista, foi rejeitada nas urnas pelo povo chileno. A América Latina respira ares de liberdade".

Não custa lembrar que o Brasil virou o grande foco de resistência ao avanço do Foro de SP no continente, cada vez mais vermelho
A Venezuela já era, o Peru está sob governo radical, a Colômbia caiu nas garras comunistas e a Argentina afunda rapidamente, com o governo lulista aproveitando o pretexto do suposto atentado contra Cristina Kirchner para propor nova lei de controle da imprensa e das redes sociais contra o "discurso de ódio", como Lula promete fazer no Brasil se eleito.

Bolsonaro virou, hoje, a grande esperança contra os radicais de esquerda na região. Tanto que Boric, o lulista chileno, chegou a falar em união de todos contra o presidente brasileiro. O Brasil é o maior obstáculo no projeto totalitário dos comunistas no continente.

Daí a relevância ainda maior que esta eleição ganha. Se um país da dimensão e recursos do Brasil voltar ao controle absoluto dos marxistas, esse projeto abjeto ganhará uma tremenda força e todos poderemos ser como a Argentina, quiçá a Venezuela, em poucos anos. É fundamental que os patriotas entendam o perigo em jogo.  

Nossa bandeira jamais será vermelha!

Rodrigo Constantino,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 18 de junho de 2022

Lula pediu a FHC que libertasse sequestradores de Abílio Diniz

Revista Oeste

Segundo o petista, a liberação dos criminosos foi intermediada pelo senador e ex-ministro da Justiça Renan Calheiros (MDB) 
 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou, na sexta-feira 17, que pediu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a libertação dos responsáveis pelo sequestro do empresário Abílio Díniz.

O caso relatado pelo petista teria ocorrido em 1998, quase dez anos depois de Diniz ter sido alvo dos criminosos, em 1989. Entre os sequestradores, estavam argentinos, chilenos, canadenses e um brasileiro. “Havia dez brasileiros presos”, disse Lula, em evento de pré-campanha realizado em Maceió (AL). “Foram presos em 1989, naquele sequestro do Abílio Diniz. Esses jovens ficaram presos por dez anos. E houve um momento em que fui conversar com Fernando Henrique, porque eles [os criminosos] estavam em greve de fome. Eles iriam entrar em greve seca, em que você fica sem comer nem beber. Aí, a morte seria certa.” [opinião sincera: se entrassem em greve seca, convidassem o descondenado petista e essa aceitasse, o mundo ficaria bem melhor.]

Em razão da greve, o petista intercedeu pelos sequestradores. “Então, fui procurar o ministro da Justiça, Renan Calheiros [MDB]. Ele disse: ‘Lula, vai conversar com Fernando Henrique, porque tenho toda a disposição para soltar o pessoal’. Falei para o FHC: ‘Fernando, você tem a chance de passar para a História como um democrata — ou como um presidente que permitiu que dez jovens, que cometeram um erro, morram na cadeia. Isso não apagará nunca.”

Segundo Lula, para libertar os criminosos FHC pediu a ele que os convencesse a acabar com a greve. “Fui até a cadeia, em 31 de dezembro, para conversar com os meninos. Falei: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim. Terão de garantir que vão acabar com a greve de fome. E vocês serão soltos’. Eles respeitaram a proposta e pararam a greve de fome. Não sei onde eles estão agora”, disse o petista.

Apesar de Lula se referir aos sequestradores como “jovens” e “meninos”, todos eram maiores de idade. David Robert Spencer e Christine Gwen Lamont, ambos canadenses, tinham 38 e 41 anos, respectivamente. Os irmãos argentinos Humberto Paz e Horácio Paz, responsáveis pelo planejamento do sequestro, tinham 34 e 39 anos. Ulisses Acevedo, 33 anos; Maria Marchi Badilla, 43; Pedro Lembach e Héctor Collante, ambos com 35; e Sergio Urtubia, com 34 anos, fecham a lista dos chilenos sequestradores. Raimundo Roselio Freire, o único brasileiro da lista, tinha 24 anos de idade.

O sequestro
Abílio Diniz foi sequestrado em 11 de dezembro de 1989. Numa entrevista ao podcast Flow, ele deu detalhes dos seis dias em que permaneceu em cativeiro. “Na casa em que fiquei tinha um buraco, tipo um porão, e uma escadinha”, contou. “Dentro deste porão eles construíram um caixote grande e me puseram dentro dele”. Essa caixa tinha uma fechadura e era trancada por fora. “Fizeram um buraco em cima desse caixote, puseram um cano e um ventilador do lado de fora”, lembrou. “Esse era o ar que vinha de fora.” O empresário contou que não conseguia ficar totalmente de pé e se esforçava para pegar ar. “Tinha certeza de que iria morrer”, afirmou. “Para poder respirar melhor eu precisava me levantar, encostar o nariz no cano e puxar o ar”.

O local também tinha um dispositivo de luz e de som usado para torturá-lo. “Puseram um controle de luz, às vezes deixavam tudo escuro, às vezes mais claro, às vezes tudo claro. E música alta. Era para me deixar meio enlouquecido”. Os sequestradores pediam US$ 30 milhões para libertá-lo.

Diniz foi solto em 17 de dezembro, depois de um cerco policial que durou 36 horas. No início de 1999, os estrangeiros que ainda estavam presos foram extraditados. O brasileiro recebeu indulto.

Leia também: “FALA MAIS, LULA!”, artigo de Augusto Nunes publicado na Edição 107 da Revista Oeste


domingo, 8 de dezembro de 2019

O protesto pós-moderno: Hong Kong ganha taça do mundo - Vilma Grizinski - Blog Mundialista

Por Vilma Gryzinski - VEJA


Com tantos surtos de manifestações, nenhum outro tem características tão contemporâneas quanto os do enclave rebelado contra o gigante comunista

Os chilenos parecem muito com o pessoal do PSOL no Rio, com meninas de cabelo azul e performances feministas.  Associados com black blocs e bandidos comuns, colocaram o governo de joelhos, mas nem isso parece que vai acalmar a situação.
Os bolivianos revelaram incrível agilidade na primeira onda de protestos e conseguiram, quase inacreditavelmente, tirar um presidente que pretendia se eternizar no poder.  Os contramanifestantes demonstraram que a população indígena, majoritária na Bolívia, não pode ser ignorada.

Os iraquianos são o retrato da desgraça de sempre: vinte, trinta ou mais mortos em cada manifestação, uma brutalidade inconcebível em outros lugares.  Ao contrário do roteiro habitual, porém, levaram a cabeça de um primeiro-ministro e estão tocando fogo nos intocáveis, incluindo consulados do Irã.  No próprio Irã, as notícias que atravessam a cortina de silêncio digital são estarrecedoras. Centenas de agências bancárias e sedes de órgãos públicos incendiados, o aiatolá supremo xingado de ditador, uma fúria explosiva contra um regime supostamente inexpugnável.
Nessa desconcertante onda de protestos em lugares tão diferentes, por motivos tão diversos, os manifestantes de Hong Kong conseguem um lugar único.

Em nenhum outro lugar as reações são tão ágeis, tão antenadas com os tempos atuais, levando a criatividade dos memes da internet para as ruas com o espírito irônico que define tão perfeitamente o zeitgeist, o espírito cambiante da nossa era.
Enquanto jornalistas americanos e seus copiadores espumavam de raiva com o tuíte em que Donald Trump colocou a própria cabeça sobre o corpo de Rocky Balboa, o lutador interpretado por Sylvester Stalone, um raríssimo caso  de ator trumpista, manifestantes de Hong Kong transformaram o lobisomem em cartaz.

Produziram talvez a melhor imagem dos últimos e agitados tempos. Tem uma leitura imediata e inconfundível, típica da trolagem digital: Trump é mais forte, seus comunistas babacas. E muitas outras camadas de interpretação.  No sentido mais amplo, mostra como a batalha do futuro está sendo travada no presente de Hong Kong.  É uma batalha híbrida, com violência relativamente contida, em especial se comparada ao quebra-quebra de países até recentemente ordenados como o Chile.

Os dois lados usam a última palavra em tecnologia – obviamente, com os representantes do estado, e de um estado como o da China, tendo a preponderância avassaladora de recursos.  Inclusive para influenciar a opinião pública com exércitos virtuais que apresentam os protestos como uma gravíssima ofensa à pátria.  A tática padrão é explorar os sentimentos nacionalistas e a divisão, muitas vezes não declarada, entre chineses propriamente ditosos que falam mandarim e veneram devidamente os supremos líderes e os de Hong Kong, que falam cantonês e inglês e se consideram mais sofisticados.
Mas o pessoal que vai para a rua tem seus truques.
“A cidade se transformou num campo de batalha pós-moderno, onde manifestantes mascarados esgrimem redes sociais e lasers para escapar da polícia encouraçada e da tecnologia de reconhecimento facial movida a inteligência artificial”, resumiu o colunista americano Matthew Continetti.

O Trump saradão foi uma homenagem ao presidente americano por assinar dois projetos de lei em apoio aos direitos humanos em Hong Kong. Exatamente os projetos que a oposição antitrumpista dizia que ele nunca, jamais, em tempo algum endossaria.  Quando, pela milionésima vez, contrariou os prognósticos, foi ignorado nos Estados Unidos, mas aclamado em Hong Kong.  Qual a melhor forma de, não só agradecer, como irritar o regime comunista chinês? 
Trump como Rocky Balboa, claro.
E, para trolar mais um pouco, cantar de novo o hino nacional americano. 
Dá para sentir as vibrações de alta cúpula chinesa espumando de raiva, igualzinho os jornalistas americanos que odeiam Trump mais do que tudo. 

USA, USA”
É claro que o pessoal do enclave rebelde sabe que Trump tem uma posição dúbia. 
Aliás, ele e muitos outros prefeririam que esse negócio de Hong Kong fosse resolvido logo para não atrapalhar “o negócio”, o que verdadeiramente interessa, com a China.
Mas Trump segurou seus instintos e os manifestantes de Hong Kong reagiram à altura. É claro que não existe uma “taça do mundo” para os melhores protestos. 
Mas é claro também que todo mundo compara, nem que seja inconscientemente, tudo o que está acontecendo, em especial a onda de manifestações.

(.....)

A tática do regime chinês de deixar que a vida seja transtornada constantemente no enclave também não tem dado certo.  O apoio da maioria da população aos protestos ficou claro. Na eleição da semana passada para o conselho consultivo, um órgão sem poder decisório, mas cuja escolha acabou funcionando como pesquisa de opinião pública, a oposição ganhou em 17 das 18 regiões eleitorais.
Precisa desenhar, Xi Jinping? Se precisar, uma manifestante levou um pequeno cartaz com a bandeira americana e a frase: “Thank you, americans”.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

FINDOMUNDISTÃO – STF declara ilegais os respectivos mandatos de Dilma, de 27 governadores, de 513 deputados, de 81 senadores…



Ah, leitor! Ah, leitor! Você sabia que, segundo o Supremo Tribunal Federal, a corte constitucional brasileira, estamos sendo governados por uma presidente ilegítima, por 27 governadores ilegítimos e por pelo menos 5.570 prefeitos igualmente ilegítimos? Além, é claro, da ilegitimidade de 513 deputados, 81 senadores, e, por óbvio, prefeitos, vereadores e deputados estaduais igualmente usurpadores? É, amiguinhos!!! Esse é o resultado objetivo, inescapável, indeclinável de um julgamento conduzido por nossa corte de notáveis, pela “crème de la crème” das lentes jurídicas brasileiras.

Se os oito ministros do Supremo que declararam ser inconstitucional o financiamento privado de campanha se levassem a sério; se eles levassem o país a sério; se levassem o tribunal a sério, teriam de declarar, que, por enquanto ao menos, somos governados por políticos ilegítimos, o que ilegítima, ora vejam, todas as suas decisões. O país iria para a breca, mas eles não passariam vergonha ao menos.

Estou sendo irônico? Não! Estou fazendo o que fazem os americanos. Estou fazendo o que fazem os franceses. Estou fazendo o que fazem os holandeses. Estou fazendo o que fazem os chilenos. Estou fazendo o que fazem os… bolivianos. Estou levando ministros da corte constitucional a sério. Ou será que faço mal?

Os nobres doutores decidiram que o financiamento de campanhas eleitorais por empresas é ilegal. Assim, é ilegal — e qualquer primeiro-anista de direito sabe disso — tudo aquilo que decorre da ilegalidade primitiva. “Pô, Reinaldo, mas não existe uma lei para esses casos?”

Ah, amiguinhos, existe: é a 9.868, de 10 de novembro de 1999. No seu Artigo 27, ela estabelece:  “Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.”

Entenderam? Isso é o que se chama “modular uma decisão”. Para que uma decisão seja modulada, é preciso contar com o voto de pelo menos oito ministros. O tribunal conta com 11. Joaquim Barbosa que não integra mais a corte e já votou — e Marco Aurélio Mello já se disseram contra a modulação.

Barbosa não está mais na corte, certo? Sobram dez ministros. Marco Aurélio já se declarou contrário. Restaram nove. Se os três que se opuseram à absurda proibição (e bastariam dois deles) se negarem a fazer a modulação, o STF estará declarando ilegais os mandatos de Dilma, dos 27 governadores, dos 5.570 prefeitos, dos 513 deputados, dos 81 senadores, de quase 60 mil vereadores e de todos os deputados estaduais.

Eis o fruto da sabedoria da OAB e dos ministros que tomaram tão sábia decisão. Por incrível que pareça, restou na conta justamente dos magistrados que entendem que a doação de empresas não é inconstitucional a tarefa de não jogar o país num buraco jurídico. Atenção! Dos oito ministros que tomaram a decisão estúpida, restam sete na corte. Um — Marco Aurélio — já disse que não modula. Assim, seis poderiam fazê-lo. Não satisfaz a exigência legal. São necessários dois daqueles três votos que disseram “não” à OAB.

É nessa hora que eu, Reinaldão, não serviria para a tarefa. Nessa hora, eu jogaria Mateus no colo de quem o pariu. “Ah, é? Vocês querem brincar com o perigo e depois jogam a conta de sua irresponsabilidade nas costas alheias?” Em que corte do mundo oito ministros de um grupo de 11 tomariam uma decisão que, se levada a sério, conduz o país a uma crise sem precedentes?

Há gente querendo cassar Dilma? Nem precisa! O STF já cassou. E, com ela, mandou para o buraco o mandato de 27 governadores, de 513 deputados, de 81 senadores, de 5.570 prefeitos, de quase 60 mil vereadores e de todos os deputados estaduais.
Nessas horas, eu realmente sinto vergonha de também ser bípede e não ter nem penas nem bico. Borat não foi capaz de imaginar como seria a corte do Findomundistão!

Por Reinaldo Azevedo



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Comissão Nacional da Verdade enfrentará primeira ação por danos morais



Filhos de um militar listado pela CNV como violador de direitos humanos pedem indenização financeira e a exclusão do nome do pai do relatório final apresentado em dezembro de 2014
Foi ajuizada nessa semana a primeira ação por danos morais contra a Comissão Nacional da Verdade, na Justiça Federal de Porto Alegre. Os cinco filhos de Floriano Aguilar Chagas, ex-adido do Exército na Embaixada do Brasil em Buenos Aires de 1973 a 1975, pedem que o nome do pai seja excluído da lista de responsáveis por violações aos direitos humanos publicada pela CNV em dezembro passado, questionam a recomendação feita pelo órgão de revisão da Lei da Anistia e pedem reparação financeira a todos os filhos do General, já que Chagas morreu em 2012.

De acordo com a investigação da CNV, Chagas teria feito parte da Operação Condor, que interligou as forças repressivas das ditaduras militares do Cone Sul. Segundo o relatório, ele "mantinha contato frequente com agentes argentinos e chilenos da área de informações" e "teve participação no sequestro de Joaquim Pires Cerveira e João Batista Rita, ocorrido em Buenos Aires em 5 de dezembro de 1973". 

No processo, a família argumenta que não há provas suficientes que desabonem a conduta profissional do pai. O processo menciona os 18 do Forte de Copacabana, a Intentona Comunista e a Revolução Constitucionalista de São Paulo para comparar o heroísmo de Chagas ao dos protagonistas dessas passagens históricas. Quanto à revisão da anistia, o advogado da família sentencia: “Não se Deve Mexer com Tigres Adormecidos”. 

Procurado pelo GLOBO, o advogado Amadeu Weinmann, responsável pela ação, afirmou que o relatório promove “injúria e calúnia” contra o General Chagas. Disse que ao se relacionar com agentes argentinos e chilenos, Chagas estava cumprindo com a sua função de adido militar, de integrar a região. E afirmou que a família não pretende receber somas vultosas porque não quer se igualar àqueles que “recebem milhões por mês porque participaram da ‘contra-revolução’”, em referência aos militantes de esquerda que combateram a ditadura e hoje recebem indenização.

Fonte: O Globo