Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Plantado de março a abril, garante produção até mesmo onde a segunda safra era impossível. O Brasil avança para tornar-se grande exportador dessa extraordinária oleaginosa
Sementes de gergelim | Foto: Shutterstock
Quem não conhece o sésamo ou gergelim? Essa pequena semente
é usada no revestimento de pães, em saladas, como gersal, homus e tahine, na
forma de óleos, margarinas, em doces como halawi, barrinhas de gergelim e
diversos outros produtos.
Até poucos anos atrás, sua produção no Brasil era muito limitada, concentrada
sobretudo em pequenas propriedades no Nordeste. Nesta década, o gergelim
emergiu como cultivo mecanizado em Mato Grosso e outros estados. Ele substitui
o milho safrinha e diminui o risco de perdas por falta de chuvas, quando o
período de plantio do milho já se encerrou. Plantado de março a abril, garante
produção até mesmo onde a segunda safra era impossível. O Brasil avança para
tornar-se grande produtor e exportador dessa extraordinária oleaginosa.
O gergelim ou sésamo (Sesamum indicum) é
uma planta anual da família Pedaliácea. Foi
a primeira planta da história utilizada na produção de óleo vegetal, antes da
oliveira. O gênero Sesamum contém cerca de 23 espécies selvagens, a maior parte
africana. Oito são do subcontinente indiano e, delas, Sesamum indicum var.
malabaricum, do nordeste da Índia, e Sesamum mulayanum, da costa oeste e sul,
estão na origem do gergelim cultivado.
Os restos arqueológicos mais
antigos de gergelim foram encontrados na Bacia do Indo (entre 2250
e 1740 a.C.). No Próximo Oriente, os restos são raros e tardios: no reino de Urartu, na Armênia (de 900 a 600
a.C.), e em datas idênticas em Bastan, no Irã, e na Jordânia (800 a.C.). A
história do gergelim no Egito é controversa. Seu nome nos hieróglifos ainda não
é certo, mas sementes foram encontradas na tumba de Tutancâmon (1343 a.C.). Os
textos védicos do Atharvaveda (de
1200 a 1000 a.C.) mencionam o gergelim (तिल tila). O termo
sânscrito taila (óleo vegetal) se refere ao óleo de gergelim na literatura
ayurvédica, como no Tratado Charaka
Samhita.
(....)
A demanda global por gergelim segue em forte expansão, com crescimento da ordem
de 4% ao ano, em volume e valor.
O preço médio entregue no exterior é da ordem
de US$ 1.200 a 1.400 por tonelada, e o valor entregue ao produtor é de cerca de
US$ 1 mil.
Em poucos anos, o Brasil emergiu entre os exportadores de gergelim
para Ásia e Oriente. A
Índia é o maior comprador e tem no Brasil seu terceiro fornecedor.O país é
também o segundo fornecedor da Arábia Saudita. A exportação à Turquia, de US$
6,2 milhões em 2020, aumentou mais de dez vezes em relação a 2016.
O Brasil é o
quinto maior fornecedor do mercado turco, e a Turquia é o quarto maior destino
do gergelim nacional. Já exporta para Singapura, Vietnã, Grécia, México e
outros, num total de mais de 30 países.
A abertura do mercado chinês, maior
importador, está em estágio avançado. O Brasil, com o dinamismo do agronegócio
e a modernidade da produção mecanizada, tem condição, em futuro próximo, de
atender de 30% a 40% do mercado mundial de gergelim. Talvez mais. Não é fábula.
É mais uma caverna de tesouros aberta pelo profissionalismo de produtores,
empresas de sementes, fomento e comercialização, e pesquisadores:
Abriu-se o mercado
do Chile para exportação de ovos férteis, aves de um dia e limão taiti.
Além de gergelim para o México; sêmen bubalino para o Panamá; gengibre,
algodão e sementes para o Egito
Muita gente sabe: o Brasil é o maior exportador mundial de soja, açúcar, suco de laranja, café, carne bovina e de frango. Pouca gente sabe: as exportações agropecuárias não dependem apenas de comodities. Desde 2019, o país abriu mercados para mais de 200 novos produtos agropecuários em dezenas de países. E ninguém duvide: a concorrência internacional é acirrada e joga duro com o Brasil.
Abriu-se o mercado do Chile para exportação de ovos férteis, aves de
um dia e limão taiti. A exportação de limões e limas, da ordem de US$
125 milhões/ano, representa cerca de 10% do comércio internacional de
frutas frescas do Brasil. Também houve acordo com os chilenos sobre os
requisitos fitossanitários para exportar mamão fresco. Hoje, osprincipais destinos do mamão são Portugal, Espanha, Holanda, Reino Unido, Argentina e Itália.
O Brasil exporta maçãs para aColômbia, Honduras, Nicarágua e outros países como a Índia, principal importador. A manga é a fruta mais exportada,
cerca de US$ 248 milhões/ano e 20% do total na exportação de frutas.
Seguem os melões, com US$ 165 milhões e 14% de participação. Nozes e
castanhas ganham espaço na diversificação das exportações, com cerca de
US$ 150 milhões/ano.
Essa diversificação das exportações inclui novos mercados e produtos
como: gergelim para o México; sêmen bubalino ao Panamá; gengibre,
algodão e sementes ao Egito. Em 2022, o mel, um produto de baixo volume
exportado, com pouco mais de 8 mil toneladas, chegou aos EUA, Alemanha, Canadá, Austrália, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Panamá, China e Dinamarca.
Nos mercados abertos, a proteína animal tem destaque: gelatina bovina
para a Malásia; carne suína e bovina ao México; carne de aves para a
Polinésia Francesa; bovinos vivos a Argélia e Turquia; mucosa intestinal
para o Chile; carnes bovina e suína ao Canadá; cortes suínos para a Coreia do Sul; genética, embriões e bovinos para o Iêmen, o Senegal
e o Vietnã; ovos férteis, aves de um dia e embriões bovinos e bubalinos
para Angola. Recentemente, foram aprovados os produtos de 11 plantas
frigoríficas para a Indonésia e de quatro novas plantas para exportar
carne bovina à China. E 183 mil cabeças de gado vivo foram para o
exterior em 2022.
O protocolo para exportação de proteína processada de aves e suínos
(farinha de carne, ossos, sangue, penas etc.), utilizada na fabricação
de ração para animais, também foi aprovado com a China. Em abril passado, 63 indústrias de reciclagem animal
receberam autorização para exportar proteína processada não comestível
de aves e suínos, para uso na alimentação animal à China. Em maio, foi
aprovada a exportação de subprodutos de origem animal
(farinha de proteínas, sangue e gorduras de aves, suínos e bovinos)
para alimentação animal na África do Sul, cuja negociação iniciara em
2017.
A Argentina é o país com o maior número de novos mercados abertos
recentemente para os produtos brasileiros: cerca de 30. Além de embriões
de equinos congelados e aditivos à alimentação animal com componente lácteo, o país sul-americano passou a importar do Brasil pênis bovino.
O vergalho ou pênis bovino serve de petisco desidratado mastigável a
cães e gatos. Tem baixo teor de colesterol, é resistente e auxilia na
limpeza de dentes e gengivas em animais domésticos.
Essas aberturas para subprodutos de origem animal permitem
diversificar e aumentar oportunidades aos produtores brasileiros. A
mucosa intestinal dos suínos, por exemplo, é usada para obtenção da
heparina, um anticoagulante usado na profilaxia, prevenção e tratamentos
das tromboses. Essas matérias primas devem ser oriundas de animais
nascidos e criados no Brasil em áreas livres de Febre Aftosa, Peste
Suína Clássica, Peste Suína Africana, Doença Vesicular Suína e Influenza
Aviária de Alta Patogenicidade, abatidos em estabelecimentos
oficialmente aprovados.
Todo novo mercado dessa natureza envolve negociação bilateral. Elas
definem os parâmetros de sanidade animal, os certificados sanitários,
fitossanitários, veterinários e até adequações na produção em função de
costumes sociais e religiosos dos países destinatários.
É o caso das carnes halal exportadas a países muçulmanos. Halal significa permitido, lícito, autorizado pela Lei Islâmica (Shariah). No Brasil, o certificado Halal é concedido principalmente pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e por organizações certificadoras como a Fambras Halal.
Se o sistema de produção afetou a saúde, o solo, comprometeu recursos
naturais ou utilizou mão de obra infantil, não pode receber o
certificado Halal. O Brasil é hoje o maior exportador mundial de proteína halal e referência nesse mercado. O mercado halal global está estimado em mais de US$ 3 trilhões, essencialmente nos 58 países de maioria muçulmana.
Na África, açúcar, soja, trigo, milho e carnes representam 87% das
importações do Brasil. Arroz, feijão, farinha de milho e amendoim também
são importados. Dos 54 países da África, 38 importam produtos brasileiros, inclusive genética animal, máquinas e equipamentos agrícolas.
Desde janeiro de 2019, o governo brasileiro abriu mais de 200 novos
mercados para produtos da agropecuária brasileira. No total, mais 50
países passaram a receber alimentos
O Brasil, com 8% da produção total mundial, é o segundo maior
exportador de grãos do mundo (19%). Globalmente, a China é o maior
parceiro comercial do agronegócio: quase 32% das vendas externas do
setor. As principais aquisições são soja em grão, carnes (bovina, suína e
de frango), celulose, açúcar e algodão. Do outro lado, existe um número
crescente de países adquirindo grãos do Brasil. Na soja, Irã, Vietnã,
Espanha, Japão, Tailândia e Turquia importam quantidades significativas.
No trigo, o crescimento da produção nacional refletiu-se nas exportações do cereal.
Além da China, a Arábia Saudita, o Marrocos, o Sudão e o Egito são
destinos das exportações do trigo brasileiro. Em 2021, os países árabes
importaram 240 mil toneladas de trigo. Em 2022, o volume ultrapassou 1
milhão de toneladas.
Europa e Estados Unidos representaram 16% e 7% das exportações do agronegócio brasileiro em 2022.
Os 27 países da Zona do Euro adquirem produtos florestais, café, frutas
e suco de laranja. Por outro lado, como nos grãos, os dados globais das
vendas externas do agro apontam para 38% do total adquirido por um grupo de mais de 180 países com pequena participação individual. Juntos, eles cresceram sua relevância em 2022.
A agropecuária nacional busca diversificar os destinos e as
exportações brasileiras para reduzir a concentração da pauta exportadora
em produtos e países. Aberturas de mercados são sempre resultado de
negociações bilaterais. Elas resultam em acordos sobre os parâmetros de
sanidade e os certificados correspondentes, sanitário, fitossanitário ou
veterinário.
Desde janeiro de 2019, o governo brasileiro abriu mais de 200 novos mercados
para produtos da agropecuária brasileira. No total, mais 50 países
passaram a receber alimentos e tecnologia em um comércio cada vez mais
globalizado do agronegócio. Abrir mercado não significa exportação
imediata. Apenas os trâmites legais já estão acertados. Até chegar aos
embarques é preciso preparar produtores e exportadores, atender às
demandas de cada novo cliente, desenvolver a promoção comercial etc.
A ampliação da pauta de exportações de produtos agropecuários reforça
a participação brasileira na segurança alimentar do planeta e mantém a
balança comercial brasileira superavitária com o restante do mundo. Sem o
agro, o saldo seria negativo. O Brasil gastaria mais com importação e
ganharia menos com exportação. Quando isso ocorre, o país fica sem
dólares, sem divisas. Tem dificuldades em importar bens como vacinas,
medicamentos, equipamentos e até alimentos. É a crise atual da
Argentina.
Graças ao agronegócio, o saldo positivo da balança comercial
brasileira não para de crescer. Em 2000, o agronegócio exportou US$ 20
bilhões. Em 2022, apresentou um recorde histórico de US$ 160 bilhões. O
índice de preços dos produtos exportados pelo agronegócio cresceu 22,1%,
relativo a 2021. E o volume embarcado, 8,1%. As vendas externas do
agronegócio representaram 47,6% do total exportado pelo Brasil em 2022.
Alta de 32% em relação a 2021. E um superávit comercial da ordem de US$
60 bilhões.
A entrada líquida de divisas ou de moeda estrangeira permitiu ao Brasil ampliar importações
em outros setores da economia, sem pressão sobre o valor do câmbio.
Houve até uma valorização do real diante do dólar, da ordem de 13%,
apesar da disputa e das eleições presidenciais no Brasil.
As cooperativas
são um dos caminhos para pequenos e médios produtores participarem da
diversificação das exportações. Elas já respondem por quase 10% das
exportações do agro. Convênio celebrado em 2022 entre o Sistema OCB e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)
capacitará 50 cooperativas com potencial de exportação nas áreas de
cafés especiais, frutas frescas, lácteos, meles e proteína animal.
Um paradoxo para as exportações do agronegócio nacional ocorreu, em
março, durante evento em Pequim, na China. O novo presidente da Apex,
Jorge Viana, relacionou problemas ambientais com a produção de grãos e a
pecuária no Brasil (sic). Viana afirmou: “É preciso reconhecer que o Brasil tem problemas ambientais”. Até buscou números para impor uma relação entre o agronegócio brasileiro e a destruição da Floresta Amazônica.
Ele opôs-se ao otimismo do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na
véspera, cuja intervenção fora bem adequada. A manifestação repercutiu
mais aqui do que lá. Parece. Os produtos brasileiros exportados são a
imagem do país no exterior. Mais uma vez: é preciso buscar convergências
e a paz na terra pelos homens de boa vontade.
Nos últimos 40 anos, a agricultura brasileira teve um
salto produtivo graças à incorporação de tecnologias que permitiram o
cultivo de novas áreas e um maior ganho de eficiência
Há uma semana, em 28 de julho, o Brasil comemorou o Dia do Agricultor. A
data remete à criação do Ministério da Agricultura, fundado em 1860,
por determinação de Dom Pedro II.
A precocidade da decisão é mais uma
prova de que as lavouras ocupam papel de destaque na economia local
desde que o país foi descoberto. Entre os primeiros grandes ciclos de
prosperidade da nação, está o cultivo da cana-de-açúcar, que teve início
em 1532 — logo que os portugueses iniciaram a colonização do litoral.
Das primeiras mudas introduzidas no território brasileiro até hoje, o
cultivo no campo passou por diversas transformações.
Foto: Shutterstock
Na década de 1980, ocorreu um dos últimos grandes movimentos que impulsionaram a agricultura brasileira. Produtores rurais migraram das regiões Sul e Sudeste do país para o Centro-Oeste, levando na bagagem técnicas mais modernas de agricultura. Isso fez com que a safra nacional desse um salto de quase cinco vezes nos últimos 40 anos.
Voltando ao açúcar, por exemplo, o Brasil é hoje o maior produtor mundial do alimento. De 8 milhões de toneladas em 1981, hoje são mais de 41 milhões de toneladas — um salto de mais de cinco vezes. Já a colheita de grãos passou de 52 milhões de toneladas para 255 milhões de toneladas no mesmo período.
Entre os principais produtos, estão arroz, feijão, caroço de algodão, gergelim, girassol, sorgo, milho e soja, como mostram os boletins elaborados pela Companhia Nacional de Abastecimento.
Um salto da agricultura brasileira Para conseguir o feito, o avanço tecnológico incorporado à agricultura foi fundamental. Além da ampliação do uso de tratores, cuja frota nacional passou de 500 mil, em 1980, para cerca de 1,25 milhão, em 2017, a utilização de adubos e defensivos agrícolas também foi imprescindível. E o mesmo pode ser dito sobre o desenvolvimento de novas variedades de sementes e mudas mais resistentes. “As soluções químicas estão entre as ferramentas que mais se relacionam com o incremento da produção na lavoura”, explica Andreza Martinez, diretora de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias agrícolas. “A revolução verde, por volta de 1960, introduziu essas inovações e, assim, contribuiu para aumentar drasticamente a produtividade de praticamente todas as culturas, não só no Brasil, mas no mundo.”
Andreza cita ainda estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura que ilustram a necessidade de defensivos e fertilizantes para a agricultura. De acordo com o órgão, cerca de 40% da produção agrícola do mundo é perdida todos os anos em razão de ataques de pragas.
“As doenças das plantas custam à economia global mais de US$ 220 bilhões por ano”, ressalta Andreza. “As culturas alimentares competem com 100 mil espécies de fungos patogênicos, 10 mil insetos herbívoros e 30 mil espécies de plantas daninhas. Ou seja, sem a contribuição dos defensivos agrícolas, esses agentes de redução de produtividade agiriam sobre as culturas sem nenhum controle, causando perdas muito grandes.”
Quanto à aplicação dos fertilizantes, a correção do solo permitiu, por exemplo, que as áreas de cerrado pudessem ser exploradas. O desbravamento dessas regiões surpreendeu até mesmo Norman Borlaug, um químico laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1970, pelas contribuições que deu à agricultura.
“O cerrado brasileiro está sendo palco da segunda ‘revolução verde’ da humanidade”, declarou Borlaug, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 1994. “Os pesquisadores brasileiros desenvolveram técnicas que tornaram uma área improdutível há 20 anos na maior reserva de alimento do mundo.”
Entre 1981 e 2021, a área ocupada por culturas de grãos em Mato Grosso cresceu praticamente 15 vezes. Ela partiu de pouco mais de um milhão de hectares para 17 milhões hectares. As plantações de soja lideraram esse processo. Hoje, o Estado localizado no Centro-Oeste é o maior produtor desse grão no país. No começo da década de 1980, a safra de soja mato-grossense era de cerca de 360 mil toneladas, menos de 3% de toda a colheita nacional. Em 2021, os agricultores do Estado colheram cem vezes mais, chegando a 36,5 milhões de toneladas com essa cultura, ou seja, pouco mais de um quarto de toda a safra brasileira de soja no ano passado.
As novas técnicas envolvem ainda o plantio direto no solo e a manutenção palhada — restos das plantas —, deixada depois da colheita. Justus também cita o desenvolvimento de novas sementes e variações de plantas. “O cerrado não valia nada, porque dava, no máximo, um gado solto, criado de forma extensiva”, lembra. “Hoje, são plantadas ali duas safras por ano. Isso é possível porque, no sistema de agricultura tropical brasileiro, é feito um plantio de soja, que carrega o solo de nitrogênio, absorvido depois no plantio do milho.”
Justus afirma que tanto a soja quanto o milho não teriam se adaptado ao Brasil sem os fertilizantes nem os defensivos. O cultivo feito sem esses insumos renderia uma safra que não cobriria os custos de produção, segundo o especialista. Além disso, “a utilização do adubo químico é uma reposição de nutrientes necessária para a produção”, argumenta.
A combinação de ciência e tecnologia, aliada à expansão do plantio, trouxe um ganho de produtividade que é medido pela quantidade colhida em uma mesma porção de terra. Em 40 anos, a safra de soja por hectare praticamente dobrou nas lavouras mato-grossenses. Para os grãos de modo geral, o ganho passou de três vezes.
Aprendendo com o mundo Para que esse leque de tecnologias se disseminasse, Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura, foi fundamental. Na década de 1970, ele ocupou o cargo de ministro da Agricultura e se envolveu na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele lembra que, em 1974, nenhum país tropical tinha o conhecimento científico próprio necessário para desenvolver a agricultura nessas áreas.
A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta
“Nós mandamos mais de 1,5 mil técnicos para os melhores centros de ciência do mundo”, conta. Eles tinham de ir até lá, ver o que se fazia de melhor, mas tinham o compromisso de voltar e desenvolver aqui a tecnologia e a inovação para o bioma tropical brasileiro”, contou. “E isso deu certo, porque, além desse esforço, nós criamos a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, responsável por transferir a tecnologia desenvolvida para os produtores rurais.”
Safra de ganhos para o Brasil Mais grãos e pastos melhores também impulsionaram os rebanhos brasileiros.Todas essas transformações aumentaram a relevância da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 1990, o setor foi responsável por 6,7% de PIB. No ano passado, essa fatia subiu para 14%. Na pauta de exportações, houve a mesma expansão. De cada US$ 100 que o Brasil ganhou com o mercado externo em 1997, US$ 11 vieram da produção rural. Em 2011, essa relação cresceu para US$ 20 por US$ 100.
A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta. A média de calorias disponível diariamente por brasileiro chega a 3,3 mil — são 100 quilocalorias a mais que a Suécia, e acima também de nações como Holanda e Nova Zelândia, conforme mostram dados de um levantamento realizado em 2018 pelo site Our World In Data, vinculado à Universidade de Oxford.[e aquela sueca, Greta qq coisa,quer cantar de galo no Brasil.]
De arroz e feijão, o prato mais popular do país, são cerca de 60 quilogramas por habitante anualmente. O consumo médio interno de carnes, somando aves, bovinos e suínos, foi de cerca de 100 quilos por cabeça em 2021. De leite, a disponibilidade passa de um copo por dia para cada brasileiro. E ainda existe a produção de itens análogos à alimentação, como os biocombustíveis. A fabricação brasileira de etanol, sozinha, bateu cerca de 30 bilhões de litros no passado. E, em biodiesel, foram quase 7 bilhões de litros.
Produzindo com preservação ambiental Essa produção toda foi possível aliando preservação de matas nativas, uma vez que 66% do território nacional está intocado. Levantamentos realizados pela Embrapa, pela Nasa e pelo Mapbiomas mostram que a agricultura ocupa apenas 8% de todas as áreas brasileiras.[as terras indígenas, ociosas, ocupam quase que o dobro. E quando somadas com a pecuária, as terras ocupam o dobro das terras ociosas = terras indígenas.] Somando com a pecuária, as terras destinadas ao agronegócio representam cerca de 30% do país.
A área preservada corresponde ao território de 17 Estados brasileiros, incluindo os dois com o maior território: Amazonas e Pará. Ao mesmo tempo, a área empregada para o cultivo das lavouras equivale ao tamanho de Goiás e Tocantins.
É a revolução verde. Um verde que vem tanto da agricultura quanto do meio ambiente.