Ideias - Haley Track
Cinco dias após os nossos pedidos iniciais e subsequentes, a comissão emitiu uma declaração “sobre a situação em Israel e no Território Palestino Ocupado” — depois de Israel ter iniciado o seu contra-ataque.
“A ONU Mulheres condena os ataques contra civis em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados e está profundamente alarmada com o impacto devastador sobre os civis, incluindo mulheres e meninas”, dizia o comunicado. “A situação humanitária em Gaza era terrível antes destas hostilidades e agora piorou gravemente. Isto acarreta custos injustificáveis e específicos para as mulheres e meninas. A exigência de realocar imediatamente 1,1 milhão de pessoas do norte de Gaza, enquanto todo o território está sitiado, é extremamente perigosa. Reiteramos hoje o apelo do Secretário-Geral ao acesso irrestrito dos intervenientes humanitários em Gaza, incluindo as Nações Unidas, para prestar ajuda aos mais afetados. Isto é essencial para responder às necessidades desesperadas e imediatas das mulheres e crianças, incluindo alimentos, água e proteção. Também nos juntamos ao seu apelo pela libertação imediata dos reféns.”
As palavras de despedida da organização: “A ONU Mulheres tem apoiado as mulheres palestinas desde 1997 a alcançarem seus direitos sociais, econômicos e políticos. Continuamos presentes no terreno para fornecer apoio e assistência e faremos isso durante o tempo que for necessário”.
Fiel à sua declaração, a ONU Mulheres divulgou um relatório sobre o “impacto devastador da crise em Gaza sobre as mulheres e meninas” na sexta-feira. Após o “ataque de 7 de outubro do Hamas a Israel e os subsequentes ataques israelenses a Gaza”, a comissão disse que trabalhará com o Fundo Humanitário e para a Paz das Mulheres para investir 10 milhões de dólares com o objetivo de "promover a participação e a liderança das mulheres no planejamento e na resposta a crises humanitárias; e melhorar a segurança, a proteção e a saúde mental de mulheres e meninas e assegurar seus direitos humanos."
A ONU Mulheres é uma entidade independente que recebeu 556,3 milhões de dólares de parceiros governamentais e doadores privados em 2021. Mais de 98% dessas doações foram voluntárias (contribuições que os estados-membros da ONU podem fazer, além das suas contribuições obrigatórias para o orçamento da entidade). Desde a sua criação em 2010, a organização tem sido “financiada principalmente por parceiros governamentais empenhados em tornar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres uma prioridade global”.
Suécia, Finlândia, Noruega, Canadá, Alemanha, Suíça, Austrália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos são os principais contribuintes para a ONU Mulheres, para ajudar a organização a impulsionar “a agenda global para o empoderamento das mulheres”, e os Estados Unidos até aumentaram a sua contribuição em 2021. Doadores privados notáveis foram a Fundação Bill e Melinda Gates, De Beers PLC [N.t. conglomerado de mineração de diamantes], a Fundação BHP Billiton [da mineradora e petrolífera anglo-australiana], American Eagle Outfitters [varejista americana de roupas e acessórios], a Fundação Ford, Getty Images, Google Inc., Johnson & Johnson, L'Oréal, Mary Kay, Microsoft e McKinsey & Company [consultoria empresarial americana], embora muitas outras empresas americanas tenham doado.
A ONU Mulheres não é uma organização sem sentido, com as suas designações de ajuda de milhões de dólares e o poder de falar em nome da comunidade internacional de mulheres. A ONU Mulheres já condenou organizações terroristas que odeiam mulheres; e, pela primeira vez, a ONU Mulheres destituiu a República Islâmica do Irã da sua Comissão sobre o Estatuto da Mulher no ano passado. O estado de “apartheid de gênero” não tinha o direito de participar num órgão que protege os direitos das mulheres, afirmaram ativistas.
Mas quando se trata de Israel, as mulheres aparentemente já têm poder suficiente. A ONU Mulheres publicou um vídeo bastante majestoso de Nicole Kidman no ano passado, dizendo ao mundo para “desempenhar o seu papel no fim da violência contra as mulheres”. A organização deve ouvir esse conselho.