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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Os checadores de memes - Rodrigo Constantino

Nossa velha imprensa afunda cada vez mais, mostrando-se patética. Vamos recapitular: Bolsonaro tinha uma viagem marcada há meses para a Rússia, e calhou de cair num momento delicado de tensão entre Putin e a Ucrânia. Pronto! Foi o suficiente para que jornalistas criassem uma narrativa ridícula, dando uma dimensão que o evento não merecia.

Se Bolsonaro cancelasse a viagem, certamente essa mesma turma diria que nosso presidente é subserviente ao "imperialismo estadunidense", um vassalo de ianques. Como Bolsonaro optou por manter a ida, então a narrativa passou a ser a de que era um trapalhão no meio da confusão, e que significaria apoio ao Kremlin, o que é absurdo - o tema da viagem era comercial apenas.

O momento criou um dilema para o governo brasileiro mesmo, e qualquer escolha tinha seu downside. Em vez de considerar a coisa pelo que ela era, a mídia preferiu investir nos ataques de sempre ao presidente.  
Cara a imprensa ganha, coroa Bolsonaro perde.  
Não há o que ele possa fazer para evitar críticas descabidas desse partido de oposição que virou nossa mídia.
Pois bem: quando o avião de Bolsonaro está se aproximando do solo russo, Putin decide por uma manobra diplomática e retira parte das tropas da fronteira com a Ucrânia. Alguns bolsonaristas imediatamente viram aí uma oportunidade para tirar sarro dessa imprensa ridícula.  
O ex-ministro Ricardo Salles soou o apito: Inúmeros memes se seguiram, com Bolsonaro em cima de uma onça ao lado de Putin em cima de um urso, um vídeo com legenda mostrando Putin agradecendo Bolsonaro pela paz, os dois líderes sentados degustando um churrasco e por aí vai. 
Bolsonaro havia salvado o mundo, impedido a terceira guerra mundial, convencido Putin de recuar, usando seu leite condensado como arma!

E nossos jornalistas saíram em campo para... refutar piadas! Levaram a sério as brincadeiras, acionaram as agências de checagem para rebater as "Fake News", escreveram declarações constrangedores de quem prova não ter qualquer senso de humor.

A hashtag #BolsonaroEvitouAGuerra atingiu o topo de tendência no Twitter, com mais de cem mil menções. Os militantes das redações ficaram em pânico, desesperados, tentando "provar" que o recuo de Putin não teve ligação alguma com qualquer iniciativa de Bolsonaro. Eu mesmo não resisti à tentação e parti para as brincadeiras. Disse que se Bolsonaro for visitar a China, o Ursinho Pooh talvez possa renunciar e o PCC desistir do regime comunista e de tomar Taiwan. E também consegui meu "furo de reportagem":

Extra! Extra! Bolsonaro conseguiu "persuadir" Putin de recuar ameaçando exportar para a Rússia o curso de "homem sensível" ministrado pelo imitador de focas, e Putin reagiu alegando que perde a Ucrânia, mas jamais a masculinidade tóxica! Pode checar, Estadão!

A gente ri para não chorar, até porque teve mesmo gente na imprensa que "interpretou" a ida de Bolsonaro a Rússia como um esforço do presidente de exalar sua "masculinidade tóxica". Sim, a mídia chegou nesse nível. Basta ver o que disse uma chamada sobre a morte do cineasta Arnaldo Jabor:

Perderam o pudor de vez. É tudo torpe demais. A velha imprensa está perdida, mergulhada em seu ódio a Bolsonaro, histérica, sem qualquer senso de proporção, de prioridade e do ridículo. 
 Revolucionários não costumam ter senso de humor, pois são como missionários numa cruzada para "salvar o mundo", purifica-lo, e para isso precisam eliminar os "hereges", os "negacionistas". 
Nossos militantes de redação são revolucionários, são "woke", politicamente corretos, chatos, obcecados, deprimentes. 
São termos duros, eu sei, mas não dá para dourar a pílula aqui. 
Esse episódio da Rússia expôs de vez o papelão de nossa velha imprensa.

O problema, claro, é que isso tudo apresenta risco real de censura e perseguição, uma vez que há vários como esses jornalistas bobocas em instituições importantes. Adrilles Jorge resumiu bem o perigo: "A celeuma sobre os memes de Bolsonaro na Rússia traduz a origem perversa do inquérito das fake news: uma piada boba vira uma campanha  política de mentiras.Seria engraçada a falta de senso de humor da justiça se ela não perseguisse e prendesse pessoas por sua burrice articulada".

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES