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sábado, 9 de dezembro de 2023

Capacidade de mediação do Brasil é zero. - Carlos Alberto Sardenberg

Vamos imaginar que o governo brasileiro decidisse convocar um plebiscito para saber se a população apoia a anexação do Uruguai. Há precedente histórico. O Uruguai era a Província Cisplatina do Império do Brasil até 1825.

O Uruguai não tem petróleo, mas tem pecuária avançada, produção de vinhos melhores que os nossos, uma economia equilibrada
Supondo uma votação livre, difícil saber a escolha dos brasileiros. 
Digamos que seja “sim”. E que o governo brasileiro inclua a Cisplatina no nosso mapa, nomeie um dirigente do PT como interventor, substituindo o governo de centro-direita deles, e Fernando Diniz convoque Luis Suárez para a Seleção Brasileira (seria, aliás, nossa maior conquista).
Grossa provocação, não é mesmo?  
Nem precisaria haver movimentação de tropas, jatos voando sobre o território uruguaio, digo, da Cisplatina
O plebiscito já seria um ato de agressão.

O que faria o Uruguai? Chamaria os Estados Unidos, claro, já que brigar com o Brasil estaria fora de cogitação.

Agora, a Venezuela. Um plebiscito fajuto, e Maduro declara que a região do Essequibo é território venezuelano e que vai anexá-la. 
Sim, há precedentes, lá de trás, de disputa da região. 
Cavando na História, até as Coroas espanhola e britânica, dá para arranjar qualquer argumento. 
Só que a situação está pacificada há tempos. A Guiana tornou-se independente, formou uma nação de ampla diversidade, ocupou Essequibo com sua população, estava quieta no seu canto.

A Venezuela é a agressora. A Guiana, a vítima.

O modo de dizer importa muito em diplomacia. Falar em conflito entre os dois países é dar um desconto para Maduro. Do mesmo modo, o presidente Lula tergiversa quando diz não querer “confusão” na América do Sul. Deveria dizer diretamente a Maduro que ele precisa ficar nos seus limites em vez de agredir o vizinho.

Lula é amigo de Maduro. Quando assumiu a presidência temporária do Mercosul, em julho deste ano, disse que era seu objetivo trazer de volta a Venezuela, suspensa por descumprimento das regras democráticas. Para ele, não tem ditadura na Venezuela.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou confiar na liderança e na maturidade do Brasil. Diplomático. Ele sabe que Lula tem lado. 
Por isso chamou os Estados Unidos, que enviaram caças para sobrevoar o Essequibo. Porta-voz da Casa Branca advertiu a Venezuela.

Nos meios políticos e diplomáticos de Brasília, ouviram-se comentários negativos: a Guiana trouxe os Estados Unidos para nossa América do Sul. E isso traria para cá o conflito Estados Unidos x Rússia. Ora, quem trouxe a Rússia para cá, há muito tempo, foi a Venezuela, armada com jatos russos de primeira linha, além de farto material militar terrestre. Aliás, Maduro acaba de marcar reunião com Putin.

A Guiana não tem jatos. Confiaria na Força Aérea Brasileira?

Falemos francamente: a capacidade de mediação do governo brasileiro é zero. A menos que exerça pressão incisiva que leve Maduro a simplesmente voltar atrás. Sim, voltar atrás, anular o plebiscito fajuto e conversar nas Cortes internacionais. Lula não deu sinais de que pensa nisso. Ao contrário, parece se encaminhar naquela direção de considerar igualmente responsáveis o agressor e o agredido. Venezuela é Rússia, Guiana é Ucrânia.

Só falta botar a culpa de tudo nos Estados Unidos. Falta?

Lula dedicou seu primeiro ano a buscar protagonismo internacional. [com resultado 3 x 0 = ZERO.] Meteu-se na questão da Ucrânia, no Oriente Médio, apresentou-se como líder do combate ao aquecimento global.

Falou muito, colecionou nada. Atuação zero nas guerras. Teve de pedir aos Estados Unidos e ao Catar para tirar brasileiros de Gaza
Aqui, prometeu fechar o acordo Mercosul-União Europeia. Não conseguiu. Culpa deles, claro.

Também não conseguiu reintegrar a Venezuela ao Mercosul. Os sócios não deixaram.

Foi liderar a COP28 e voltou de lá com o Brasil integrante da Opep, aspirante a tornar-se um gigante da exploração de petróleo.

Enquanto isso, não faltaram problemas brasileiros que mereciam maior atenção do governo.

E mais uma palavrinha sobre Essequibo: não seria razoável perguntar a seus habitantes onde querem ficar?

 

Carlos Alberto Sardenberg, colunista - Coluna em O Globo -20 dez 2023


sábado, 10 de setembro de 2022

O risco de erosão democrática por meio da cúpula do Judiciário - Gazeta do Povo

Andre Uliano - VOZES

Rupturas não são atos, mas processos. Isso sempre foi assim. Na Roma antiga a passagem da República para o Império durou décadas, sendo inclusive difícil dizer o momento exato da transição. 
No Brasil, a derrubada do Império foi precedida por anos de agressiva propaganda contra a Coroa; 
Getúlio, por sua vez, deu o golpe diante de um forte clima polarização, medo, radicalização e decadência das democracias mundo afora; os regimes militares e o fim da eleição presidencial direta ocorreu após mais de uma década que envolvera um suicídio presidencial, tentativas de mudança de sistema de governo, paralisia legislativa e Guerra Fria.

Hoje não é diferente.

Recentemente, surgiu toda uma imensa e inesgotável bibliografia que tem se dedicado ao tema.

Contudo, em geral, o que se percebe é que parte dos autores dedicados ao tema sofrem de um forte enviesamento e consequente blindspot ideológico
Por isso, medidas de desgaste da democracia adotadas por setores de centro-esquerda são simplesmente ignoradas. 
Só para ficar num exemplo, logo após assumir a Presidência, Joe Biden fez uma das mais clássicas e patentes medidas de erosão democrática: uma tentativa do que se intitula "empacotamento da Suprema Corte". Isto é, a aprovação de uma reforma legislativa que amplie o número de membros, permitindo a nomeação de juízes alinhados ao governo, forçando uma reorientação jurisprudencial. 
O fato foi acompanhado do mais ensurdecedor silêncio pela maior parte do grupo de estudiosos do tema.  
Apenas o jurista conservador Keith Whittington, do Departamente de Ciência Política da Universidade de Princeton, publicou acertado artigo no Wall Street Journal, criticando a proposta e apontando o risco de erosão constitucional e democrática que ela comportava.

De todo modo, o conteúdo teórico dessas obras é muito bom. Utilizando a teoria exposta por esses autores é possível realizar nossa própria análise dos fatos e examinar uma ameaça específica à democracia: a captura das Cortes de Justiça.

Com efeito, a democracia é, basicamente, um procedimento pacífico, regrado, institucionalizado e razoavelmente competitivo para formação de governo.O que a literatura tem percebido com cada vez mais vigor e clareza é que há medidas que, embora não representem uma quebra súbita da ordem democrática, levam a uma perda de vitalidade e qualidade da democracia. A esse processo se costuma dar o nome de erosão democrática.

Esse processo, basicamente, atinge mecanismos de accountibility. Um termo em inglês que fundamentalmente indica um conjunto de práticas de governança, visando à prestação de contas, ao controle e à responsabilização dos atores institucionais. Com isso, o processo leva a uma consolidação do poder em um grupo e consequente perda do caráter competitivo dos processos eleitorais e de formação governamental.
Veja Também:
Entenda as ilegalidades praticadas contra empresários apoiadores do presidente

Roger Scruton no submundo comunista

Um dos instrumentos que podem ser utilizados para promover esse processo de erosão e redução da accountibility é exatamente a captura política das Cortes Superiores. E esse é um risco que me parece que deve ser examinado com maior atenção no Brasil.

Em artigo que trata de espécies de falhas de processo político, o prof. da Universidade da Califórnia Stephen Garbaum aponta que um deles ocorre exatamente quando grupos políticos “miram e capturam instituições projetadas para serem independentes do controle político (…), como tribunais, promotores e comissões”. Esse foi um procedimento fartamente utilizado por governos chavistas na América Latina.

Continuando na exposição das lições do autor mencionado, essa espécie de captura tende a reduzir o nível de accountibility do grupo que obtém sucesso na cooptação e como isso tende a consolidar poder em suas mãos, o que “mina a estrutura constitucional da democracia representativa”. Segundo ele, “o novo e corrompido processo político resultante é qualitativamente diferente e muito menos ‘confiável’ do que um baseado em uma maior dispersão de poder e instituições mais robustas de prestação de contas.” Ele faz uma interessante comparação com o mercado: se a democracia é um mercado de vários players buscando ampliar sua autoridade política por meio da obtenção de apoio (uma espécie de conquista de mercado pela adesão de clientes), a captura de instituições independentes funciona como a implementação de um monopólio de poder pela manipulação das ações do órgão antitruste.

Os mecanismos de accountibility pode ser organizados em três grupos:

 -   accountibility horizontal: exercida pelo Parlamento, bem como pelos demais poderes e órgãos independentes como o Ministério Público;
-     accountibility diagonal: efetuada pela media e sociedade civil organizada;
-     accountibility vertical: realizada pela competição eleitoral e partidária.

Quanto às duas primeiras formas de accountibility (horizontal e diagonal), é viável a leitura de que várias medidas adotadas pelo STF tem o potencial de enfraquecê-las.

Primeiramente, quanto à accountibility horizontal, percebe-se que por meio do ativismo judicial, o STF constantemente esvazia ou invade atribuições do Legislativo e do Executivo, muitas vezes manipulando a jurisdição constitucional para impor pautas e agendas de grupos políticos vistos como alinhados com parcela majoritária dos ministros.

Isso, por óbvio, concentra poderes nas forças ideológicas que dominam a cúpula do Judiciário, impedindo a dinâmica desembaraçada da democracia, na qual há alternância e experimentalismo. Tais medidas ainda reduzem a capacidade dos demais poderes de realizar suas funções constitucionais de opor freios e contrapesos ao ramo judicial do Estado.

Também temos presenciado a interferência constante na Polícia Federal, com a distribuição de inquéritos sem a observância dos critérios objetivos e pré-definidos, além dos recentes atos de assédio contra o Ministério Público, buscando minar-lhe a autonomia quando o órgão por razões jurídicas não concorda com as medidas de perseguição ao presidente da República ou a grupos de seus apoiadores. Ao mesmo tempo, a Corte tem politizado perseguições criminais, impondo medidas cautelares gravíssimas a partir de pleitos de parlamentares de oposição e valendo-se exclusivamente de notícias de jornalistas igualmente opositores, os quais além da parcialidade inerente à sua condição falecem de legitimidade processual, segundo a lei processual penal.

Quanto ao segundo ponto, da accountibility diagonal, inúmeros inquéritos e medidas penais do STF têm deteriorado a liberdade de expressão e de prática jornalística de grupos críticos à atuação do Tribunal.  
O TSE também se destacou negativamente no tocante, em decisão com fundamentação insuficiente e que determinou o confisco das verbas oriundas de monetização de canais atuantes nas redes sociais, como nítida forma de censura. 
O STF, ainda, atribuindo, sem provas suficientes ou mediante generalizações infundadas, a pecha de atos antidemocráticos a manifestações populares, tem efetivamente enfraquecido a atuação de grupos da sociedade civil organizada.

Tudo isso se revela bastante preocupante, em especial em vista do contexto da América Latina. Saliente-se que não é necessário que haja a intenção de juízes destinada deliberadamente a deteriorar a democracia. A simples ocorrência factual de fenômenos dessa espécie e mesmo a mera percepção de setores da sociedade nesse sentido é o suficiente para desgastar os níveis de confiança nas instituições e na capacidade do Poder Judiciário de atuar de modo imparcial e independente. Várias pesquisas mostram que isso já vem ocorrendo no Brasil.

Daí a relevância de a sociedade discutir mecanismos para preservar ou restabelecer a independência judicial. 
Outrossim, pelas mesmas razões percebe-se a importância de os membros que atuam no aparelho de Estado transmitirem para a população a percepção de respeitabilidade e de tratamento equitativo, imparcial e baseado na reciprocidade.

André Uliano - Procurador da República. Mestre em Direito e em Economia.- Coluna Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Os checadores de memes - Rodrigo Constantino

Nossa velha imprensa afunda cada vez mais, mostrando-se patética. Vamos recapitular: Bolsonaro tinha uma viagem marcada há meses para a Rússia, e calhou de cair num momento delicado de tensão entre Putin e a Ucrânia. Pronto! Foi o suficiente para que jornalistas criassem uma narrativa ridícula, dando uma dimensão que o evento não merecia.

Se Bolsonaro cancelasse a viagem, certamente essa mesma turma diria que nosso presidente é subserviente ao "imperialismo estadunidense", um vassalo de ianques. Como Bolsonaro optou por manter a ida, então a narrativa passou a ser a de que era um trapalhão no meio da confusão, e que significaria apoio ao Kremlin, o que é absurdo - o tema da viagem era comercial apenas.

O momento criou um dilema para o governo brasileiro mesmo, e qualquer escolha tinha seu downside. Em vez de considerar a coisa pelo que ela era, a mídia preferiu investir nos ataques de sempre ao presidente.  
Cara a imprensa ganha, coroa Bolsonaro perde.  
Não há o que ele possa fazer para evitar críticas descabidas desse partido de oposição que virou nossa mídia.
Pois bem: quando o avião de Bolsonaro está se aproximando do solo russo, Putin decide por uma manobra diplomática e retira parte das tropas da fronteira com a Ucrânia. Alguns bolsonaristas imediatamente viram aí uma oportunidade para tirar sarro dessa imprensa ridícula.  
O ex-ministro Ricardo Salles soou o apito: Inúmeros memes se seguiram, com Bolsonaro em cima de uma onça ao lado de Putin em cima de um urso, um vídeo com legenda mostrando Putin agradecendo Bolsonaro pela paz, os dois líderes sentados degustando um churrasco e por aí vai. 
Bolsonaro havia salvado o mundo, impedido a terceira guerra mundial, convencido Putin de recuar, usando seu leite condensado como arma!

E nossos jornalistas saíram em campo para... refutar piadas! Levaram a sério as brincadeiras, acionaram as agências de checagem para rebater as "Fake News", escreveram declarações constrangedores de quem prova não ter qualquer senso de humor.

A hashtag #BolsonaroEvitouAGuerra atingiu o topo de tendência no Twitter, com mais de cem mil menções. Os militantes das redações ficaram em pânico, desesperados, tentando "provar" que o recuo de Putin não teve ligação alguma com qualquer iniciativa de Bolsonaro. Eu mesmo não resisti à tentação e parti para as brincadeiras. Disse que se Bolsonaro for visitar a China, o Ursinho Pooh talvez possa renunciar e o PCC desistir do regime comunista e de tomar Taiwan. E também consegui meu "furo de reportagem":

Extra! Extra! Bolsonaro conseguiu "persuadir" Putin de recuar ameaçando exportar para a Rússia o curso de "homem sensível" ministrado pelo imitador de focas, e Putin reagiu alegando que perde a Ucrânia, mas jamais a masculinidade tóxica! Pode checar, Estadão!

A gente ri para não chorar, até porque teve mesmo gente na imprensa que "interpretou" a ida de Bolsonaro a Rússia como um esforço do presidente de exalar sua "masculinidade tóxica". Sim, a mídia chegou nesse nível. Basta ver o que disse uma chamada sobre a morte do cineasta Arnaldo Jabor:

Perderam o pudor de vez. É tudo torpe demais. A velha imprensa está perdida, mergulhada em seu ódio a Bolsonaro, histérica, sem qualquer senso de proporção, de prioridade e do ridículo. 
 Revolucionários não costumam ter senso de humor, pois são como missionários numa cruzada para "salvar o mundo", purifica-lo, e para isso precisam eliminar os "hereges", os "negacionistas". 
Nossos militantes de redação são revolucionários, são "woke", politicamente corretos, chatos, obcecados, deprimentes. 
São termos duros, eu sei, mas não dá para dourar a pílula aqui. 
Esse episódio da Rússia expôs de vez o papelão de nossa velha imprensa.

O problema, claro, é que isso tudo apresenta risco real de censura e perseguição, uma vez que há vários como esses jornalistas bobocas em instituições importantes. Adrilles Jorge resumiu bem o perigo: "A celeuma sobre os memes de Bolsonaro na Rússia traduz a origem perversa do inquérito das fake news: uma piada boba vira uma campanha  política de mentiras.Seria engraçada a falta de senso de humor da justiça se ela não perseguisse e prendesse pessoas por sua burrice articulada".

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A eficácia das vacinas que você certamente já tomou na vida - Diário da Vacina

VEJA

'Tomar vacina não é jogo de azar ou jogar a moeda para cima. É justamente o contrário: a vacina faz a moeda ficar viciada para te proteger', diz médico

17 de janeiro, 7h02: A eficácia de 50,38% da CoronaVac, uma das vacinas que farão parte do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e que será produzida pelo Instituto Butantan como artilharia para conter o alastramento do novo coronavírus, foi motivo de irresponsável comemoração de apoiadores do movimento anti-vacinação e de grupos que não se coram ao politizar uma tragédia que vitimou mais de 207.000 brasileiros.


         
Laryssa Borges, voluntária em teste da vacina - Alex Ferro/VEJA

Autoridades chegaram a comparar o percentual próximo a 50% a um jogo de cara ou coroa em que estaríamos expostos ao acaso se decidíssemos seguir em frente e receber a CoronaVac. [com as devidas vênias: qualquer resultado de 50% é um jogo de cara ou coroa.]Não é verdade. No meio de todo esse quiproquó, a explicação mais didática partiu do intensivista e epidemiologista Otavio Ranzani. “É bem simples: Tomar vacina não é jogo de azar ou jogar a moeda para cima. É justamente o contrário: a vacina faz a moeda ficar viciada para te proteger. A vacina joga contra o azar e sempre ao nosso favor. A vacina é um seguro grátis caso você tenha problema com o vírus”, disse ele em uma rede social.[o ilustre médico apenas fez uma frase com um jogo de palavras para defender o que ele considera certo.]

O jogo de moedas viciadas, como propôs Ranzani, sempre vale a pena, independentemente do percentual em que o níquel estará a nosso favor. Veja agora a eficácia das vacinas que você certamente já tomou na vida (e graças a elas, não desenvolveu certas doenças):

Provavelmente você tem uma cicatriz no braço, com até um centímetro de diâmetro. 
É resultado da vacina BCG, de proteção contra a tuberculose e aplicada em crianças do nascimento até cinco anos de idade. 
No primeiro ano de vida do bebê, a eficácia do imunizante pode variar de 46% a 100%, principalmente na contenção de manifestações mais graves, como a meningite tuberculosa. Para o caso de tuberculose pulmonar, estudos indicam que a vacina tem eficácia na casa dos 60%.
A tríplice bacteriana contra difteria, tétano e coqueluche, aplicada a partir dos dois meses de vida, exige três doses, com intervalos programados de dois meses entre cada um, para conferir proteção superior a 80%. Como a barreira de proteção declina com o tempo, é desejável que haja vacinação de reforço a cada dez anos. 
As vacinas contra o vírus influenza podem ter eficácia na casa dos 30%, chegando a 80% a depender da idade e das condições de saúde do vacinado. Idosos e imunodeprimidos têm resposta imunológica menor, mas ainda assim é recomendado que recebam o imunizante por integrarem o grupo de pessoas mais sujeito à mortalidade pela doença. Nos últimos anos, a eficácia das doses anti-gripe tem ficado em torno de 50%.

As vacinas de prevenção contra a hepatite B conferem proteção de até 95% em crianças e adolescentes, as desenvolvidas contra a poliomielite estimulam a produção de anticorpos em 95% dos vacinados após duas doses e de 99 a 100% após três doses. Todos os percentuais de eficácia dos fármacos foram fornecidos ao blog pela doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). “As vacinas representam a estratégia de intervenção com a melhor relação custo-benefício até hoje aplicada em saúde pública. Como a vacina é uma estratégia coletiva, é preciso combinar a eficácia do imunizante com a cobertura vacinal, com todo mundo se vacinando e garantindo uma alta cobertura contra a doença”, disse ela. [a eficácia das vacinas citadas é indiscutível;

Sou antigo e tomei todas as vacinas citadas e mais algumas, entre elas: contra a varíola, sarampo, febre amarela e outras cujos nomes e peste a ser combatida não me recordo. Lembro que a contra a paralisia infantil (poliomielite) havia duas: a Salk e a Sabin - oportuno destacar: os nomes das vacinas nada tinham a ver com laboratórios com o mesmo nome, era apenas homenagem aos descobridores.  

Agradeço aos meus pais por terem me vacinado. -  CH.]

 Laryssa Borges - Diário da Vacina - Revista VEJA

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O governo quer tesourar os supersalários - Teto salarial tem mais buracos do que queijo suíço - Elio Gaspari

 Folha de S. Paulo - O Globo

Os direitos do andar de cima são adquiridos, os do andar de baixo são flexíveis     

Ideia de limitar supersalários para dar auxílio é boa notícia

A boa notícia foi trazida pela repórter Geralda Doca: a ekipekonômika quer criar recursos para financiar o programa de amparo social impondo um teto salarial para os servidores públicos: R$ 39,2 mil mensais e nem um tostão acima disso. A medida resultaria numa economia de pelo menos R$ 10 bilhões anuais para a bolsa da Viúva. Se essa ideia for em frente, Jair Bolsonaro poderá custear uma parte de seu projeto. Hoje o programa Bolsa Família protege 13,5 milhões de famílias e custa R$ 29,5 bilhões anuais.

[o teto salarial já existe, só que a quase totalidade dos que arrombam o teto são exatamente os que fazem as leis, os que denunciam quando são violadas e os que julgam como são aplicadas - há raras exceções = uns poucos favorecidos que não estão entre os três grupos citados.

Por isso que nenhum projeto moralizando o teto salarial - tipo decretando que em nenhuma hipótese, a qualquer título, por qualquer motivo, com qualquer periodicidade, o Estado pode pagar a um CPF mais do que o teto (R$39,2 mil mensais) - vai em frente.

Outro ponto questionável é que direitos adquiridos não são alcançados por emenda constitucional: 
- a CF diz com clareza meridiana a lei não violará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada. Surge uma dúvida: 
se refere apenas à lei = lei ordinária, lei complementar. 
Ou inclui também à Consituição Federal.

Só que a Constituição é, no dizer de muitos, a LEI MAIOR, a CARTA MAGNA,  não sendo limitada por uma lei. Acontece que a tese deixa dúvidas o que leva o assunto para o STF - a quem cabe interpretar o texto constitucional.
É preciso continuar dissertando sobre o resultado ou já está claro?] 

O governo é obrigado a respeitar um teto de gastos. No entanto, há um teto salarial para os servidores e ele tem mais buracos do que queijo suíço

Entre setembro de 2017 e abril deste ano 8.226 magistrados receberam pelo menos um contracheque com valor superior a R$ 100 mil. 
Em 565 ocasiões, 507 afortunados faturaram mais de R$ 200 mil. Há universidades onde professores sacam salários de R$ 60 mil. 
Dois ministros de Bolsonaro conseguiram mais de R$ 50 mil mensais.

Ninguém faz coisa ilegal. O reforço têm nomes bonitos: auxílio-moradia, tempo de serviço, ou participação num conselho. A ideia do teto salarial está há tempo no Congresso, mas não anda. O andar de cima de Pindorama tem suas astúcias. O teto real seria ilegal, porque fere direitos adquiridos. É o jogo trapaceado. Os direitos do andar de cima são adquiridos, os do andar de baixo são flexíveis. Em 1851, Joaquim Breves, dono de grande escravaria e contrabandista de negros, dizia que a repressão ao tráfico ameaçava “a vida e fortuna de numerosos cidadãos, assim como a paz e a tranquilidade do Império”. Para felicidade geral da nação, a 13 de maio de 1888 atentou-se contra a propriedade privada e aboliu-se a escravidão.

O andar de cima é esperto. Em 1831 o Brasil assinou um tratado com a Inglaterra pelo qual todos os escravizados que chegassem a Pindorama seriam negros livres. Depois do tratado entraram perto de 800 mil negros escravizados e até 1850 só 8.000 foram resgatados. Desde 1818 a lei determinava que eles prestassem serviços à Coroa por 14 anos. Em 1835 criou-se um sistema de concessão, ancestral das Parcerias Público-Privadas. O magano ia à Coroa, pedia um negro e pagava uma anuidade equivalente ao que o escravizado lhe trazia trabalhando por um mês. Enquanto a PPP durou, foi um negócio da China. 

Os dois maiores políticos do Império, o marquês do Paraná e o duque de Caxias, conseguiram 21 e 22 cada um. Os dois principais jornalistas da época, Firmino Rodrigues Silva e Justiniano José da Rocha, também foram concessionários. A eles se juntaram barões, marqueses, juízes, médicos (inclusive o presidente da Academia Imperial) e parentes da governanta de d. Pedro 2º. Um desembargador ganhou 14 negros.

Se um fazendeiro do Vale do Paraíba comprasse um escravizado trazido por contrabandistas, comprava um risco. Se um “africano livre” da turma da PPP morresse, bastava pedir outro. Assim cevou-se a elite da Corte. Nela, poucos personagens de Machado de Assis trabalham.

Serviço: Todas as informações referentes aos escravizados estão no magnífico livro “Africanos Livres”, da professora Beatriz Gallotti Mamigonian, e em sua tese de doutorado “To Be a Liberated African in Brazil” (ser um africano liberto no Brasil), que está na rede.​

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, colunista


terça-feira, 11 de agosto de 2020

Rússia registra primeira vacina do mundo contra covid-19

Por Tamires Vitorio

Se a vacina der certo, como foi o anúncio feito por Putin, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra o novo coronavírus

A Rússia registrou nesta terça-feira, 11, a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus. Na última semana, as autoridades russas afirmaram que a proteção foi capaz de criar uma resposta imune nos voluntários que participaram da segunda (e penúltima) fase de testes clínicos.
“Esta manhã, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada”, disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura”, acrescentou.

O presidente também informou que uma de suas filhas foi vacinada contra a covid-19. “Uma de minhas filhas foi vacinada, tendo participado da fase de testes. Após a primeira vacinação, ficou com 38 graus de temperatura, no dia seguinte tinha 37 graus e pouco. E é tudo”, afirmou Putin.

Se a vacina der certo, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra a covid-19. Estudos sobre a eficácia dela devem ser publicados já no final deste mês.Além de aliviar a crise de saúde mundial, que já matou mais de 730 mil pessoas, seria um golpe nos Estados Unidos e no Reino Unido, que recentemente acusaram o país de hackear seus sistemas para derrubar pesquisas sobre vacinas contra a covid-19.

No sábado, 1, a Rússia informou que promoverá uma vacinação em massa contra o novo coronavírus já em outubro deste ano. A vacina usada seria desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, um projeto que tem causado controvérsia na comunidade científica pela falta da divulgação de dados em relação à efetividade ou não dela para proteger o organismo humano da infecção viral.A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.
É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.

Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 31 de julho, 26 vacinas estão em fase de testes e outras 139 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia não está presente no relatório da OMS.

A corrida pela cura
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida. Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

EXAMINANDO: Epidemias globais


EPIDEMIAS MUNDIAIS -  examinando


quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coronavírus - CORONA E COROA - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de trânsito despenca

Nasci em 1940. Sou, portanto, um coroa entrando no nível mais alto do grupo de risco, no ano do meu 80º aniversário. Já estou em casa há duas semanas, e muito feliz, porque a casa da gente é o melhor lugar do mundo. Ligo-me ao mundo exterior pelas modernidades digitais de informação e pelo jornal impresso que me chega pela manhã.

Pelo telefone, recebo as preocupações dos amigos, que me parecem muito assustados. Queixam-se de suores, taquicardia, falta de apetite; pensam que o mundo vai acabar, que todos vamos morrer de Covid-19. Parece que estão num mundo diferente do meu. 
Concluo que estão permitindo que os assustem. 
Neste artigo eu mostro por que devemos ter cuidados e, ainda, temos que agradecer a quem permite que fiquemos em casa protegidos. 


De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de trânsito despenca.  Você acreditaria se eu dissesse que a gente está ganhando em números de mortes no Brasil? Pois estamos. Com essa história de quarentena, os acidentes de trânsito despencaram, assim como os homicídios.  Com todos trabalhando em casa, há menos fluxo no trânsito e menos oportunidade de haver um acidente com morte. Talvez saiamos dessa aprendendo que muitas atividades podem ser feitas em casa com maior produtividade e rapidez.

Outro fator importante é que as pessoas não estão indo para o bar e enchendo a cara de álcool e, por isso, não estão brigando até a morte. É bom pensarmos nisso.

Agentes de saúde
Nós precisamos pensar na proteção dos agentes de saúde. Estamos muito mal protegidos. Os médicos da Coreia do Sul, por exemplo, estão vestidos como se fossem astronautas, e os nossos médicos só usam luvas e máscara.

Aqui em Brasília, um médico já foi parar na UTI por conta do coronavírus; ele já teve alta. Além do vírus, ele também era obeso.
" Agora, pense nos enfermeiros e no pessoal da zeladoria. Como eles fazem ao chegar em casa? Antes de entrar, passam por um chuveiro desinfetante? Deveriam encontrar uma forma de alojar essas pessoas para que elas não tenham que voltar para casa e infectar os familiares."

As mortes por coronavírus até domingo (29) eram 114 em um mês. Essa é a quantidade de mortos no trânsito em um dia. Então, de certa forma, estamos tendo lucro. 

Carreatas
Em muitas cidades do Brasil, houve carreatas pedindo a volta do trabalho e o fim da quarentena. O presidente Bolsonaro foi para Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho para conversar com as pessoas. As pessoas com quem Bolsonaro conversou eram autônomos e estavam na rua para tentar vender mercadoria. Eles precisam trabalhar para poder comer no dia seguinte.

O presidente nunca ouviu tanto a conjugação do verbo trabalhar. Existem pessoas querendo voltar ao trabalho. É preciso que elas trabalhem, mas com muito cuidado.

'Gripezinha' em Brasília
A primeira morte de Covid-19 em Brasília foi a da secretária do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CNSS). Além do coronavírus, ela tinha obesidade mórbida, diabetes, hipertensão não tratada e era fumante. Veio a 'gripezinha' e a derrubou. Quase todos os casos são de pessoas que já têm alguma doença prévia, e são elas que precisam ser altamente protegidas. O vírus não vai parar até não infectar todo mundo.

Cuidados são necessários, mas também é preciso tomar providências para que a economia não pare. A China não vai indenizar nenhum país por ter espalhado esse vírus para o mundo inteiro.  A minha família tem uma loja, no Rio Grande do Sul, que vende bolos. Eles não pararam a produção, estão entregando bolo em casa ou para os carros que param na frente da loja.

Eu vejo que as lojas estão funcionando com entregadores. Aliás, os entregadores estão trabalhando e nós estamos em casa na boa, dependendo deles. Você acha que eles estão protegidos? 
E nós não podemos nos proteger?
É um desafio para todos nós essa situação, mas tem gente criando soluções para continuar trabalhando. Eu tenho certeza que nós vamos encontrar o caminho e vamos vencer.

Veja Também: O que é o Orçamento de Guerra e qual sua importância no combate ao coronavírus

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



[sobre a importância do 'orçamento de guerra' no combate ao coronavírus, podemos dizer que é praticamente nenhuma  - exige uma PEC e até ser aprovada a pandemia tem passado.
Algum efeito imediato ele tem para o Maia e Alcolumbre fazer politicagem - de pouco valor, já que em 2022 com o Brasil em processo de recuperação econômica, sob o comando do presidente Bolsonaro, tal orçamento sequer será lembrado.

Destacamos um pequeno trecho da matéria:
"Após ser cobrado quanto à efetivação do pagamento do auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais em entrevista coletiva na terça-feira (31), o ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu a crítica com um desafio ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ): “se Maia aprovar em 24 horas uma PEC de emergência, o dinheiro sai em 24 horas”.

Maia, buscando simular uma resposta ao desafio do ministro, colocou em tramitação uma proposta na própria terça. Só que como é habitual, a previsão agora é para a próxima semana.]


sábado, 9 de fevereiro de 2019

PRIMEIRA PENCA DE CADÁVERES DE MORO 2: Ação da PM no RJ mata 14; familiares dizem que, já rendidos, traficantes foram executados

PRIMEIRA PENCA DE CADÁVERES DE MORO 4: Se aconteceu como disse a Polícia, ninguém vai saber; corpos foram removidos sem a perícia  

[no governo Bolsonaro e com o pacote anticrime do Moro (que precisa sofrer alguns ajustes, está muito brando) os suspeitos vão reaprender e os mais novos aprender uma antiga regra:

- suspeito viu viatura policial, mãos para cima, sendo conveniente de cara para parede e pronto para o 'BACU'.

Reaprendendo esta regra não vão se sentir tentados a reagir e não ocorrerão mortes.

A Polícia tem que poder exercer o DIREITO SOBERANO e também o DEVER de revistar suspeitos.

Perder tempo com perícia para que? todos sabem que houve reação à ação policial e os policiais no estrito cumprimento do dever legal, tiveram que usar os meios necessários.]

Ao menos 14 pessoas foram mortas nesta sexta-feira (8) durante operação da Polícia Militar no morro do Fallet, centro do Rio de Janeiro. [quando toda semana este número for multiplicado por 10, as coisas começam a melhorar para as pessoas de BEM do Rio e do Brasil.] A corporação afirma que todos foram mortos em confronto com a polícia. Já moradores da favela dizem que os policiais atiraram mesmo após a rendição dos suspeitos. [os moradores da favela, parte da imprensa e a turma dos DIREITOS DOS MANOS sempre dizem que os mortos eram pessoas de bem, para eles os bandidos são sempre os policiais. A ação, que também ocorreu nas favelas da Coroa e Fogueteiro, reuniu o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e o Batalhão de Choque e começou, segundo a PM, após uma série de confrontos entre as quadrilhas das três comunidades. A secretaria municipal de saúde informou que 16 suspeitos deram entrada no hospital municipal Souza Aguiar. 

Segundo a pasta, 13 chegaram sem vida ao local, um morreu no CTI e outros dois permanecem na unidade. No morro dos Prazeres, mais dois suspeitos foram encontrados feridos e levados para a mesma unidade. Ainda segundo a PM, os policiais do choque foram recebidos a tiros no Fallet, dando início ao confronto —não há informação de agentes feridos ou mortos. [felizmente desta vez os policiais conseguiram cumprir um DEVER e exercer um DIREITO: chegar em csa são e salvo, é DEVER e DIREITO de todo policial.] Moradores dizem que os policiais atiraram mesmo após a rendição dos suspeitos. A reportagem conversou com uma mulher que teve um filho e um sobrinho mortos [qual a credibilidade dessa mulher? - mãe e tia de bandido.] na operação e que não quis se identificar, com medo de represálias. “Já entraram três vezes na minha casa”, disse. De acordo com ela, os suspeitos foram rendidos dentro de uma casa e mortos em seguida. “Eles perguntaram: ‘não vão fazer nada?’. E os policiais disseram que não”, afirmou. Segundo o relato, quando seu filho virou-se de costas para negociar a rendição com o grupo, agentes atiraram contra ele. “Deram um tiro nas costas. Furaram meu filho todo. Não me respeitaram em momento nenhum, nem meu filho de oito anos. Falou na cara do meu filho: ‘bem feito’. 
[as tais testemunhas nunca se identificam: 
sabem que não podem provar o que  afirmam - é impossível provar o que não ocorreu e sempre afirmam o não fato - e estão cientes de que parte da imprensa está sempre pronta a maximizar o que dizem e a narrar como FATO.] 


Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM: PRIMEIRA PENCA DE CADÁVERES DE MORO 5: duas alterações que ministro quer no Código Penal tornarão rotina entregar carne preta


 

domingo, 8 de março de 2015

Depois da lista, chega a hora das provas

  Frase do dia

Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos

João Leão, do PP, vice-governador da Bahia, cujo nome faz parte da lista de políticos a serem investigados por envolvimento com a corrupção na Petrobras 

João Leão (PP-BA), foi eleito vice-governador na chapa de Rui Pimenta (PT) (Foto: Reprodução/Facebook)

João Leão soltou duas notas sobre sua inclusão na Lista de Janot
A primeira - sexta-feira à noite - João foi mais eloquente e assim se manifestou:
“Não sei por que meu nome saiu. Nem conhecia esse povo. Acredito que pode ter sido por ter recebido recursos em 2010 das empresas que estão envolvidas na operação. Mas, botar meu nome numa zorra dessas? Não entendo. O que pode ser feito é esperar ser citado e me defender. Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa. Segunda-feira vou para Brasília saber por que estou envolvido. Recebi recursos da OAS [em 2010], mas quem recebeu recursos legais, na conta, tem culpa?”

Já no sábado, dia 7, no Facebook, talvez aconselhado que não ficaria bem a um acusado de corrupção ter que explicar os motivos de chamar de corno  uma porção de brasileiros, incluindo várias autoridades,  Leão foi mais moderado: 
 

Ainda não se sabe o que o procurador-geral, Rodrigo Janot, botou dentro daquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de “o embrulho” 

Qualquer lista sem Renan Calheiros e Eduardo Cunha será uma coroa sem brilhantes. Por mais que esse tipo de revelação estimule sentimentos e satisfações, listas sem provas valem nada.

O processo dos marqueses do fôro especial será confuso e demorado. Já o do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, será rápido e até simples. Nele há 15 cidadãos colaborando com a Viúva na exposição das propinas passadas por empreiteiras a burocratas e políticos. Essa ponta da questão parece elucidada. Foram rastreadas transferências de dinheiro para o círculo de relações do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele diz que foi um empréstimo amigo. A ver.

No caso dos marqueses do fôro especial, ainda não se conhecem as trilhas do ervanário. Sem elas, pode-se caçar bruxas, mas não se pode levá-las ao fogo. Percebe-se a essência da tarefa do ministro Teori Zavascki recuando-se para 2007. O senador Renan Calheiros tivera uma filha fora do casamento, e a namorada tinha contas pagas pela empreiteira Mendes Júnior.

Sustentando que dispunha de meios para ajudar a senhora, Renan apresentou notas fiscais referentes a venda de bois de sua fazenda em Alagoas.  Em 2007, como hoje, ele se dizia vítima de uma perseguição política. (O vice-presidente da Mendes Júnior está na carceragem de Curitiba, por outras empreitadas.)  Ainda não se sabe o que o procurador-geral, Rodrigo Janot, botou dentro daquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de “o embrulho”.

Há provas de que o dinheiro saiu das empreiteiras e chegou aos políticos, mas falta a última milha da maratona, com a demonstração de que a mala chegou ao patrimônio dos marqueses. No lance da namorada, Renan contou que vendeu bois. Caberá a Teori Zavascki acreditar, ou não.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo