A
imprensa militante destacou como acintosa e imprópria a ausência do
presidente da República na posse de Rosa Weber no comando supremo do
Supremo. Bolsonaro se fez representar por Paulo Guedes.
Cabe bem,
aqui, o provérbio: “Tanto vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a
asa”. Essa asa se partiu há bom tempo.
Alguém pode achar saudável que o
noticiário político seja absorvido por atos do STF, no entanto, um pouco
de juízo basta para perceber, nisso, sintoma de grave enfermidade.
Trata-se de algo totalmente anômalo. E cansativo.
A política
não pode ser polarizada por um poder sem voto. Eminentes juristas,
ex-ministros do Supremo, jornalistas bons e experientes advertem para os
malefícios causados por tão claro desvio de rota. Se fez
presente, o STF, nas festividades oficiais do 7 de setembro? Não.
No
caso, para a mesma imprensa militante, foi tudo como tinha que ser.
Atende, o STF, algum pedido do presidente? Não. Mas também nisso está
tudo bem para os plantonistas da mídia engajada.
Pouco antes
da posse, a ministra Rosa Weber indeferiu o pedido da PGR para que se
encerrassem os inquéritos abertos contra o presidente da República como
decorrência do relatório da espalhafatosa e politiqueira CPI da Covid.
O
órgão titular da ação penal pública disse não ter encontrado motivos
consistentes para dar continuidade às investigações.
A ministra, mesmo
assim, reproduz o padrão do poder que passaria a presidir: dane-se o
ministério público.
Manter inquéritos abertos no Supremo virou uma espécie de porte ostensivo de arma destravada...
Em outras
palavras, a ministra optou por desacreditar a PGR e atribuir maior valor
ao denuncismo desvairado de Renan Calheiros, um senador de má
reputação, que em 14 de setembro de 2021 tinha nove inquéritos abertos
no STF.
Mas, aparentemente, nada disso tem algo a ver ou dá razões para a
tão reprovada polarização...
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Percival Puggina (77), membro da
Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e
titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.