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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

O agro, o mercado e o supermercado - Evaristo de Miranda

Revista Oeste

Se depender do agro, alimentos em qualidade e quantidade não faltarão. O agronegócio brasileiro já é o supermercado do mundo 

Os supermercados são um elo fundamental entre produção agropecuária e consumidores. Eles faturaram R$ 611 bilhões em 2021 e representam 7% do PIB brasileiro. O setor supermercadista, complexo e heterogêneo em sua composição, envolve 3,1 milhões de colaboradores diretos e indiretos. E atende 28 milhões de pessoas diariamente em quase 93 mil lojas de diversas redes nacionais e internacionais. Uma ou várias vezes por semana, indivíduos e famílias compram alimentos, sobretudo produtos perecíveis. O consumidor é cada vez mais protagonista. Se não pode pechinchar diante de códigos de barra, é capaz de planejar, comparar tamanhos de embalagens, marcas, supermercados e buscar os melhores preços e ofertas.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Como o próprio nome já diz, os supermercados operam no mercado. O termo vem de longe. Na Roma antiga, mercātus designava o local onde mercadores e consumidores se encontravam para realizar trocas e compras. Sobretudo de produtos perecíveis: verduras, frutas, peixes e carnes. Por sinédoque, o mercado designa o conjunto de pessoas e entidades efetuando trocas. Ele é o meio e a consequência de um entendimento.

Em latim, o verbo mercari refere-se a comprar, como nas formas merx (local de exposição das mercadorias) e mercis (preço expresso em moeda). Daí a origem da merce-aria e de palavras como mercador, mercadoria, mercantil e mercantilismo. A palavra comércio, do latim commercium, significa troca de mercadorias por dinheiro (cum merx). Merc-úrio é o deus do comércio. Seu dia, mercurii dies, é nossa despaganizada Quarta-Feira, graças ao bispo de Braga, S. Martinho de Dume. O dia de Mercúrio segue presente no francês (mercredi), no italiano (mercoledi), no castelhano (miércoles) e no romeno (miercuri). Ainda as

Agricultores colhem maçãs em Água Doce, Santa Catarina 
Foto: Reprodução/Shutterstock

Do lado dos consumidores ocorre um aumento de renda, principalmente devido às quedas sucessivas nas taxas de desemprego e na inflação. Além da retomada da economia, da redução de impostos e da injeção de recursos extras por parte do governo federal, sobretudo com os auxílios sociais emergenciais. O crescimento do PIB do Brasil é sempre revisado em alta.

Desde a inflação nos alimentos, com o conflito na Ucrânia e os impactos dos lockdowns, os consumidores passaram a pesquisar mais o valor dos produtos, planejar melhor suas compras e buscar boas alternativas de marcas e preços. Os supermercados reagiram rapidamente e ofereceram aos consumidores uma grande diversidade de marcas e opções por todo o país. Houve intensificação de novas ofertas nos supermercados para impulsionar as vendas. E cresceu o número de marcas responsáveis por atender a 80% do consumo dos lares brasileiros.

Segundo dados da Abras, os supermercados dobraram a oferta de marcas em suas redes em 2021: 101 diferentes marcas de arroz, 94 de feijão, 30 de bolachas, 28 de açúcar, 25 de leite, 18 de café e 16 de óleo de soja, por exemplo. Muitos consumidores optaram por produtos de marca própria dos supermercados, cujo preço é, em média, 20% a 30% mais baixo. Essas marcas contribuem para equilibrar os preços no mercado. Todo esse oferecimento de marcas dá uma ideia da capilaridade e da articulação do setor supermercadista e de varejo com as diferentes cadeias produtivas do agronegócio e dos resultados positivos dessa 

(...)
Supermercado Oba, da rede Farm, em São Paulo | Foto: Divulgação

A sinergia entre o dinamismo do agronegócio e da agroindústria e a evolução dos supermercados aproxima os consumidores de novas opções de produtos. Um exemplo nas últimas décadas foi a abertura no espaço das gôndolas para a promoção de novos produtos do agro, como os cafés especiais. Agora, o consumidor encontra grande variedade de cafés especiais. O mesmo ocorreu com os vinhos nacionais. Sua promoção nos supermercados contou com a cooperação dos viticultores e incluiu o treinamento de pessoal das lojas em vinícolas do Rio Grande do Sul. Novos cortes de carnes suínas foram objeto de campanhas articuladas entre a suinocultura e os supermercados. E seguem iniciativas em varejo digital (e-commerce), agricultura orgânica, produtos carbono neutro etc. Tudo sempre à mercê do preço justo.

Os impostos estaduais não deveriam incidir sobre alimentos. Pior, governadores aumentaram esses impostos sobre o agro durante a pandemia

Em português, merce é qualquer produto (matérias-primas, gêneros, artigos manufaturados etc.), passível de ser comercializado. Em latim, mercis designa a coisa vendida, a mercadoria. E toda mercadoria, tem merces, tem seu preço. Daí até merce-nário (ao pagar seu preço, ele assume qualquer causa). Mais exatamente, mereo e mercës significam receber como parte ou como preço a ser pago por um bem ou serviço, ou ainda ganhar seu salário. Daí: mérito, merec-imento e emérito (quem terminou de servir).

Mercës alcança até o nome Mercedes (do acusativo mercedem) no sentido de recompensa, valor a ser pago, como no resgate de cativos. Ou o favor dado a alguém, poupado, sem cobrança. Os impostos estaduais (ICMS) não deveriam incidir sobre alimentos. Pior, governadores aumentaram esses impostos sobre o agro durante a pandemia. A cadeia alimentar, do produtor ao consumidor, merece uma graça, uma mercê. Menos impostos. Merci!

Agora uma curiosidade. Se a palavra latina, de origem indo-europeia, para o local do mercado é fórum, como o mercatum entrou no vocabulário latino nesse sentido? Para estudos aprofundados de etimologia, a palavra mercatum foi absorvida pelos romanos da língua comercial dos fenícios: makîrum. Ela deriva de uma raiz semítica comum mkr, cujo significado é fazer comércio, comerciar. Em ugarítico, makrûma designa mercadores; em hebraico mkr, regatear; em púnico mkr, vendedor; em siríaco mkr, comprador; em acadiano makârum, comerciar. Essa raiz mkr está até no inglês, na palavra marketing, derivada de market (mercado).

Hoje, além do local onde se efetuam as trocas, o mercado representa uma forma de organizar os movimentos comerciais e o ambiente no qual evoluem empresas e consumidores. Nele se encontram os clientes potenciais e a concorrência, a oferta e a demanda, de bens e serviços. E a demanda dos lares crescerá no Brasil, sobretudo por alimentos.


O pagamento de novos e maiores auxílios federais, para outras categorias profissionais, como caminhoneiros e taxistas, a queda acentuada da inflação, a redução do desemprego, além de eventos como a Black Friday e as festas de fim de ano, aumentarão o consumo nos lares nos próximos meses, de forma mais intensa e estável. De 50% a 60% dos valores liberados pelo governo serão destinados à cesta de consumo. Para a Abras, neste ano, o crescimento do consumo nos lares será entre 3% e 3,3%.

Se depender do agro, alimentos em qualidade e quantidade não faltarão. O agro, o mercado e o supermercado demonstram: para ter-se pão à mesa e reduzir a desnutrição, alimentos não faltam. O agronegócio brasileiro já é o supermercado do mundo. O fundamental é a população ter renda.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Leia também “Europa, desmatamento e agricultura tropical”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA

 

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Limites do conservadorismo - Nas entrelinhas

“A democracia brasileira inspira cuidados e exige muita responsabilidade dos atores políticos, sobretudo daqueles que se colocam no campo conservador, mas têm apreço pelas liberdades”


Uma tuitada do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), sempre ele, assombrou o mundo político de segunda para terça-feira: “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!”, escreveu. O comentário provocou reações do presidente em exercício Hamilton Mourão e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de repulsa generalizada na sociedade civil. Diante da repercussão, o filho do presidente Jair Bolsonaro, que se recupera de uma nova cirurgia, tirou por menos e disse que apenas estava tentando explicar as dificuldades para fazer as reformas.

A desculpa seria aceitável se não houvesse uma sequência de atitudes, declarações e decisões administrativas do próprio presidente Jair Bolsonaro com forte viés autoritário, que, de certa forma, corroboram a sensação de que temos um chefe do Executivo pouco comprometido com as instituições democráticas. Nesse aspecto, a nossa democracia depende muito mais da robustez e prestígio de suas instituições, que, de certa forma, foram desgastadas pela crise ética que na última década se instalou no país, e sobretudo da correlação de forças políticas na sociedade. Quanto a isso, embora a polarização política direita versus esquerda favoreça as vertentes autoritárias, indiscutivelmente o campo democrático ainda é majoritário.

Há que se distinguir essas ideias reacionárias e de caráter golpista do pensamento conservador de setores da sociedade que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro, mas não estão nem um pouco dispostos a embarcar numa aventura autoritária. Nesse aspecto, convém ressaltar a declaração firme e objetiva do vice-presidente Hamilton Mourão, um militar de carreira: “Vou repetir para você: pacto de gerações, democracia, capitalismo e sociedade civil forte. Sem isso, a civilização ocidental não existe”. Existe um amplo consenso nacional quanto a isso. Entretanto, ele sofre desgaste, por isso, precisa ser permanentemente atualizado e renovado.


Na verdade, vivemos uma situação nova: não existe mediação na polarização direita versus esquerda a partir de um governo que busque o apoio do centro. Essa foi a lógica de todos os governos anteriores, à esquerda ou à direita. Entretanto, o governo Bolsonaro não se propõe a isso, ele [é] se posiciona como o principal eixo da extrema direita e é aí que mora o perigo. Beneficia-se de um amplo apoio existente na sociedade às ideias neoconservadoras, que não são necessariamente vocacionadas à adoção de um regime autoritário, porém, criam condições mais favoráveis para que esse tipo de projeto viceje livremente.

Responsabilidade
Desde os anos 1980, existe uma forte corrente política neoconservadora mundial, que inclusive protagonizou governos neoliberais muito bem-sucedidos, como o de Margareth Tatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, sem que, por isso, esses países renegassem a democracia. O que defendem os neoconservadores? Em primeiro lugar, uma política econômica orientada para valorizar o capital e colocar em marcha o processo de acumulação, mesmo que para isso tenha que manter uma alta taxa de desemprego; em segundo, a redução dos custos de legitimação do sistema político, o combate à “inflaçao de reivindicações” e mais “governabilidade”; em terceiro, a fragilização do movimento cultural e dos seus artistas e intelectuais críticos, em benefício da cultura alicerçada na família tradicional, na religião e no patriotismo.


Essas tendências sempre existiram no Brasil. Desde a redemocratização, porém, somente se tornaram hegemônicas após o colapso do governo de Dilma Rousseff, com o fracasso de sua “nova matriz econômica”, o que a levou ao impeachment, e a desestabilização do governo tampão de Michel Temer, em razão das denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. [acusações vazias, tanto que até o momento não foram provadas.] Uma tempestade perfeita, digamos assim, inviabilizou qualquer possibilidade de sucesso tanto da esquerda como das forças de centro nas eleições passadas.

Havia uma expectativa de que o novo presidente da República deixasse de lado a retórica ultraconservadora da campanha eleitoral e buscasse ampliar a sua base de sustentação com alianças ao centro, em razão do apoio que recebeu dessas forças no segundo turno, mas não foi o que ocorreu. O que prevaleceu foi a natureza disruptiva de seu governo. O resto é consequência.  Entretanto, o Brasil dispõe de instituições democráticas legitimadas por um processo constituinte e faz parte do eixo ocidental da ordem mundial, não há uma rota irreversível em direção ao autoritarismo. A democracia brasileira, porém, inspira cuidados e exige muita responsabilidade dos atores políticos, sobretudo daqueles que se colocam no campo conservador, mas têm apreço pelos direitos humanos e pelas liberdades. [o conservadorismo no Brasil apoia e até exige a adoção de medidas que impeçam que prospere em nossa Pátria  Amada o desmonte dos valores tradicionais, especialmente da FAMÍLIA, da ÉTICA, da MORAL, dos BONS COSTUMES, desmontes que ocorrem quase sempre amparados no maldito 'politicamente correto' = se é político nao pode ser correto.]


Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB