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sábado, 25 de março de 2023

Quem quer mais inflação? - O Globo

Em ambiente inflacionário, ganha mais — ou perde menos — quem tem maior capacidade de ajustar sua renda mais rapidamente Brenno Carvalho / Agência O Globo

Eis aqui alguns caminhos para o governo Lula forçar o Banco Central (BC) a reduzir juros ou, simplesmente, para infernizar a vida de seu presidente, Roberto Campos Neto, esperando que ele jogue a toalha.

Primeiro, forçar a demissão de Campos Neto por “comprovado e recorrente desempenho insuficiente”, como se diz na lei que estabeleceu a independência do BC. Seria assim: o Conselho Monetário (CMN, integrado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo próprio presidente do BC) submete o pedido de exoneração ao presidente da República, que o encaminha ao Senado. Por maioria absoluta (41 votos), o Senado pode decretar a demissão. [impossível provar o desempenho insuficiente - não se prova o que não existe - e, por consequência,a recorrência; 
seria mais uma estupidez do Haddad e da Tebet, duas sumidades em NADA e avalizada  por um presidente apedeuta. 
NÃO PASSA e quem apoiar, vai para o primeiro item da resposta à questão proposta no título.]

Do ponto de vista técnico, não funciona. A missão principal do BC é a estabilidade de preços, a ser obtida conforme o regime de metas de inflação, que, de sua vez, segue regras públicas. O BC está cumprindo. Mantém os juros elevados porque as projeções de inflação mostram números bem superiores às metas. (Aliás, o pessoal do governo, da indústria e do comércio tem dito que o BC pode reduzir a taxa básica de juros porque a inflação está caindo. Mas não é esse o critério da lei: o que vale é a projeção de inflação estar ou não na direção das metas.)

Mas, sabem como é, o Senado faz política. Querendo, arranja os argumentos para derrubar Campos Neto. Assim, Lula precisa buscar os 41 votos. No momento, não os tem. O presidente da República tem cargos e verbas para, digamos, convencer parlamentares. Mas sairia caro, com resultado duvidoso. Um eventual novo dirigente do BC teria de mudar a opinião de toda a diretoria — que tem votado com Campos Neto.

Passa-se à segunda possibilidade: mudar as metas de inflação. Dá para fazer. É decisão do CMN, onde o governo tem a maioria. A meta para este ano é 3,25%, tolerando até um teto de 4,75%. As projeções do próprio BC sugerem que a inflação real vai a 5,8%, bem acima dos parâmetros. Mesmo com a taxa básica de juros a 13,75%. Ora, se o fixar uma nova meta de, chutando, algo como 7%, para evitar surpresas, o BC poderia já começar a reduzir os juros.

A coisa aqui está um tanto simplificada, mas é por aí. Meta maior, juros menores. Portanto — e este é o ponto principal —, para conseguir uma queda imediata do juro, é preciso aceitar que o Brasil conviverá com inflação mais alta. É uma tese defendida por muitos economistas. 
Diz que inflação tipo 2% a 3% ao ano é coisa para países desenvolvidos. Países emergentes, do segundo time, poderiam conviver com bem mais.
Historicamente, a inflação nos emergentes tem sido mais elevada. Mas é mais por pecado do que por virtude. E por razões políticas. 
Em ambiente inflacionário, ganha maisou perde menosquem tem maior capacidade de ajustar sua renda mais rapidamente
Os preços no supermercado podem subir todo dia. Os salários, mesmo quando reajustados mensalmente, sempre perdem a corrida.

De todo modo, continua a tese “heterodoxa”, um “pouco” de inflação é melhor que juros asfixiantes. É verdade que os juros altos encarecem o crédito, diminuindo o apetite de consumidores e empresários. Esfriam a economia. Mas o juro alto, por um determinado tempo, só se justifica para obter o prêmio mais à frente: preços estáveis e inflação baixa, que beneficia toda a população.

A tolerância com a inflação leva a uma aceleração dos preços, especialmente no Brasil, onde há muita indexação. A inflação de um ano será igual à do ano anterior, acrescida dos fenômenos de alta do novo período. Ou: se a meta oficial é de 7%, os empresários colocarão esse valor em seus preços, mais aumentos de custos específicos do negócio.

Já viram onde vai parar. Tolerância com um “pouco” de inflação dá numa baita aceleração de preços, exigindo remédio ainda mais amargo (juros na lua) para contê-la. 
É uma pena que ainda exista essa discussão, depois de o Brasil ter passado por hiperinflação e por amplos períodos de estabilidade. 
A comparação é fácil, não é?

Há aí ignorância, mas também uma esperteza escondida.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

O agro, o mercado e o supermercado - Evaristo de Miranda

Revista Oeste

Se depender do agro, alimentos em qualidade e quantidade não faltarão. O agronegócio brasileiro já é o supermercado do mundo 

Os supermercados são um elo fundamental entre produção agropecuária e consumidores. Eles faturaram R$ 611 bilhões em 2021 e representam 7% do PIB brasileiro. O setor supermercadista, complexo e heterogêneo em sua composição, envolve 3,1 milhões de colaboradores diretos e indiretos. E atende 28 milhões de pessoas diariamente em quase 93 mil lojas de diversas redes nacionais e internacionais. Uma ou várias vezes por semana, indivíduos e famílias compram alimentos, sobretudo produtos perecíveis. O consumidor é cada vez mais protagonista. Se não pode pechinchar diante de códigos de barra, é capaz de planejar, comparar tamanhos de embalagens, marcas, supermercados e buscar os melhores preços e ofertas.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Como o próprio nome já diz, os supermercados operam no mercado. O termo vem de longe. Na Roma antiga, mercātus designava o local onde mercadores e consumidores se encontravam para realizar trocas e compras. Sobretudo de produtos perecíveis: verduras, frutas, peixes e carnes. Por sinédoque, o mercado designa o conjunto de pessoas e entidades efetuando trocas. Ele é o meio e a consequência de um entendimento.

Em latim, o verbo mercari refere-se a comprar, como nas formas merx (local de exposição das mercadorias) e mercis (preço expresso em moeda). Daí a origem da merce-aria e de palavras como mercador, mercadoria, mercantil e mercantilismo. A palavra comércio, do latim commercium, significa troca de mercadorias por dinheiro (cum merx). Merc-úrio é o deus do comércio. Seu dia, mercurii dies, é nossa despaganizada Quarta-Feira, graças ao bispo de Braga, S. Martinho de Dume. O dia de Mercúrio segue presente no francês (mercredi), no italiano (mercoledi), no castelhano (miércoles) e no romeno (miercuri). Ainda as

Agricultores colhem maçãs em Água Doce, Santa Catarina 
Foto: Reprodução/Shutterstock

Do lado dos consumidores ocorre um aumento de renda, principalmente devido às quedas sucessivas nas taxas de desemprego e na inflação. Além da retomada da economia, da redução de impostos e da injeção de recursos extras por parte do governo federal, sobretudo com os auxílios sociais emergenciais. O crescimento do PIB do Brasil é sempre revisado em alta.

Desde a inflação nos alimentos, com o conflito na Ucrânia e os impactos dos lockdowns, os consumidores passaram a pesquisar mais o valor dos produtos, planejar melhor suas compras e buscar boas alternativas de marcas e preços. Os supermercados reagiram rapidamente e ofereceram aos consumidores uma grande diversidade de marcas e opções por todo o país. Houve intensificação de novas ofertas nos supermercados para impulsionar as vendas. E cresceu o número de marcas responsáveis por atender a 80% do consumo dos lares brasileiros.

Segundo dados da Abras, os supermercados dobraram a oferta de marcas em suas redes em 2021: 101 diferentes marcas de arroz, 94 de feijão, 30 de bolachas, 28 de açúcar, 25 de leite, 18 de café e 16 de óleo de soja, por exemplo. Muitos consumidores optaram por produtos de marca própria dos supermercados, cujo preço é, em média, 20% a 30% mais baixo. Essas marcas contribuem para equilibrar os preços no mercado. Todo esse oferecimento de marcas dá uma ideia da capilaridade e da articulação do setor supermercadista e de varejo com as diferentes cadeias produtivas do agronegócio e dos resultados positivos dessa 

(...)
Supermercado Oba, da rede Farm, em São Paulo | Foto: Divulgação

A sinergia entre o dinamismo do agronegócio e da agroindústria e a evolução dos supermercados aproxima os consumidores de novas opções de produtos. Um exemplo nas últimas décadas foi a abertura no espaço das gôndolas para a promoção de novos produtos do agro, como os cafés especiais. Agora, o consumidor encontra grande variedade de cafés especiais. O mesmo ocorreu com os vinhos nacionais. Sua promoção nos supermercados contou com a cooperação dos viticultores e incluiu o treinamento de pessoal das lojas em vinícolas do Rio Grande do Sul. Novos cortes de carnes suínas foram objeto de campanhas articuladas entre a suinocultura e os supermercados. E seguem iniciativas em varejo digital (e-commerce), agricultura orgânica, produtos carbono neutro etc. Tudo sempre à mercê do preço justo.

Os impostos estaduais não deveriam incidir sobre alimentos. Pior, governadores aumentaram esses impostos sobre o agro durante a pandemia

Em português, merce é qualquer produto (matérias-primas, gêneros, artigos manufaturados etc.), passível de ser comercializado. Em latim, mercis designa a coisa vendida, a mercadoria. E toda mercadoria, tem merces, tem seu preço. Daí até merce-nário (ao pagar seu preço, ele assume qualquer causa). Mais exatamente, mereo e mercës significam receber como parte ou como preço a ser pago por um bem ou serviço, ou ainda ganhar seu salário. Daí: mérito, merec-imento e emérito (quem terminou de servir).

Mercës alcança até o nome Mercedes (do acusativo mercedem) no sentido de recompensa, valor a ser pago, como no resgate de cativos. Ou o favor dado a alguém, poupado, sem cobrança. Os impostos estaduais (ICMS) não deveriam incidir sobre alimentos. Pior, governadores aumentaram esses impostos sobre o agro durante a pandemia. A cadeia alimentar, do produtor ao consumidor, merece uma graça, uma mercê. Menos impostos. Merci!

Agora uma curiosidade. Se a palavra latina, de origem indo-europeia, para o local do mercado é fórum, como o mercatum entrou no vocabulário latino nesse sentido? Para estudos aprofundados de etimologia, a palavra mercatum foi absorvida pelos romanos da língua comercial dos fenícios: makîrum. Ela deriva de uma raiz semítica comum mkr, cujo significado é fazer comércio, comerciar. Em ugarítico, makrûma designa mercadores; em hebraico mkr, regatear; em púnico mkr, vendedor; em siríaco mkr, comprador; em acadiano makârum, comerciar. Essa raiz mkr está até no inglês, na palavra marketing, derivada de market (mercado).

Hoje, além do local onde se efetuam as trocas, o mercado representa uma forma de organizar os movimentos comerciais e o ambiente no qual evoluem empresas e consumidores. Nele se encontram os clientes potenciais e a concorrência, a oferta e a demanda, de bens e serviços. E a demanda dos lares crescerá no Brasil, sobretudo por alimentos.


O pagamento de novos e maiores auxílios federais, para outras categorias profissionais, como caminhoneiros e taxistas, a queda acentuada da inflação, a redução do desemprego, além de eventos como a Black Friday e as festas de fim de ano, aumentarão o consumo nos lares nos próximos meses, de forma mais intensa e estável. De 50% a 60% dos valores liberados pelo governo serão destinados à cesta de consumo. Para a Abras, neste ano, o crescimento do consumo nos lares será entre 3% e 3,3%.

Se depender do agro, alimentos em qualidade e quantidade não faltarão. O agro, o mercado e o supermercado demonstram: para ter-se pão à mesa e reduzir a desnutrição, alimentos não faltam. O agronegócio brasileiro já é o supermercado do mundo. O fundamental é a população ter renda.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Leia também “Europa, desmatamento e agricultura tropical”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA

 

segunda-feira, 9 de maio de 2022

O PREÇO DE SER CONSERVADOR - Percival Puggina

Ontem, enquanto pagava a conta no caixa do supermercado, aproximou-se de mim um jovem alto, cumprimentou-me efusivamente e disse: “Muito obrigado!”. Quando perguntei a razão desse agradecimento, voltando a cumprimentar-me disse: “Porque eu sei o preço que se paga por defender nossos princípios e nossos valores”.

Por coincidência, eu acabara de ler matéria na Gazeta do Povo sobre “Como os artistas conservadores sobrevivem numa Hollywood dominada por progressismo”. Na capital mundial do cinema, isso afeta de modo especial os conservadores cristãos. O conteúdo da reportagem, que pode ser lida aqui, trata da ascensão e queda de astros como Jim Cavaziel, cujas oportunidades despencaram após haver interpretado Jesus em “A paixão de Cristo”.  
Relata, também, os casos de Mel Gibson e Mark Wahlberg, igualmente deletados em virtude de suas posições religiosas e políticas. Ambos tiveram que financiar com recursos próprios o recém-lançado filme sobre a vida do padre Stu. Nenhum estúdio se interessou pelo tema.

Em Hollywood, funciona um macarthismo de esquerda que fecha as portas para conservadores, cristãos ou eleitores declarados do Partido Republicano, em tudo semelhante ao que se vê no setor cultural brasileiro, vestido da cabeça aos pés no brechó das ideologias desastradas.

Tenho observado que filmes baseados em fatos reais são destacados pelo público nas produções que rodam em plataformas tipo Netflix e Amazon Prime. As pessoas se interessam por relatos que sejam produto da realidade humana. Eis por que, tendo lido muito sobre história da Igreja, nunca entendi o desinteresse dos produtores em relação às vidas de grandes cristãos e santos da Igreja. Fazem mal intencionado muxoxo para um reservatório quase inesgotável de existências exemplares, recheadas de drama e paixão, coragem e sacrifício, êxitos e fracassos cujo fio condutor é a fé assumida por seus personagens.

O padre Stu, retratado no filme de Wahlberg, foi um boxeador violento, agnóstico e mulherengo que, após um acidente grave, converteu-se, mudou de vida e virou padre. Há muitíssimo a contar sobre grandes cristãos além de São Francisco de Assis. uantos filmes seriam proporcionados pela história de pessoas como Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, dois dos homens mais sábios e geniais da história humana! Ou São Bernardo de Claraval meu santo de devoção – que tanto influenciou o Ocidente no século XII. 
Ou o cientista Santo Alberto, que escreveu com precisão sobre todo o conhecimento de seu tempo. E as mulheres? Há bem mais do que Joana D’Arc! Lembro Santa Helena, a mãe de Constantino; mártires como Santa Luzia; mulheres, como Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia, que ajudaram a superar o exílio de Avignon; e mais Santa Tereza de Jesus, Santa Madre Tereza de Calcutá e tantas outras. Tantas, aliás, que as omissões comprometem esta lista.

O moço que me surpreendeu com seu agradecimento no supermercado, exagerou meus méritos. Mas tinha uma visão bem clara do que se paga, perante setores de grande influência, por andar para frente e para o alto, na contramão do progressismo rasteiro, orgulhoso de seus fracassos econômicos, sociais, políticos, estéticos e morais.[Ao ensejo, seguimos o exemplo do jovem e aproveitamos para expressar o sempre devido Muito Obrigado, pela várias transcrições que fazemos de seus magistrais artigos e também por mostrar com clareza o quanto a vida dos santos e santas da Igreja Católica Apostólica Romana tem a nos ensinar.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

“A ECONOMIA A GENTE VÊ DEPOIS” - Percival Puggina

Quando o presidente advertia para as consequências da paralisação da economia com os lockdowns, o “fecha tudo” e o “fique em casa”, a resposta que obtinha da oposição, das demais instituições de Estado e de entes da Federação (na voz de governadores e prefeitos), era a frase que dá título a este artigo: “A economia a gente vê depois”.

Duas perguntas, contudo, ficavam no ar. A gente, quem? Depois, quando? Tenho certeza de que todos os que repetiam essa bobagem, se tivessem botões dos antigos, bons de conversa, confessariam a eles que, no caso, “a gente” seria o Bolsonaro e “o quando” seria o mais tarde possível, para seu maior desgaste político.

O presidente teria que produzir a mágica de que àquilo não se seguisse um corolário de desemprego, queda da atividade econômica, escassez e alta de preços. 
O inesperado dessas estratégias típicas de nossa subpolítica é que o fim do mês chega, inexoravelmente, aos dois lados do tabuleiro. Chega para os prós e para os contras. 
E, com ele, o supermercado, o aluguel, a conta de luz
Aliás, quando me lembro de tudo que foi feito pela esquerda (partidos, ONGs, MP) para impedir o funcionamento na região amazônica de hidrelétricas capazes de atender durante décadas a elevação da demanda nacional, meu único consolo é saber que a conta de energia que escasseia e encarece chega para os autores e para as vítimas daquela imprudência (bilhões de reais foram mumificados lá).

Não existe vacina contra o analfabetismo econômico. Dele só vamos tomando consciência na CTI das crises.

Também o aumento dos preços chega para todos. Como lembrou com precisão o amigo Gilberto Simões Pires em recente artigo, essa é a conta do “fecha tudo e fica em casa”. 
As pessoas pararam de trabalhar, mas continuaram consumindo. 
As vendas pela internet dispararam até a escassez se instalar, pois quem podia e sabia produzir estava em casa. 
Os preços subiram por total desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Fenômeno mundial que, agora, se transforma em arma política dos intelectualmente desonestos e tiro no pé dos que imaginavam possível decidir sobre questões nacionais desconhecendo rudimentos de Economia. São vítimas do mal que fizeram.

A alta de preços é, por tais motivos, um problema mundial. Nesse particular, nossa posição é até mesmo privilegiada, pois somos um país fornecedor de commodities, com destaque à produção de alimentos. Lá fora, o aumento de preços de gêneros alimentícios é muito superior ao que temos aqui.

Desde o começo da pandemia, a tônica dos raros bons conselheiros clamava contra o “faça-se de tudo para que as pessoas fiquem em casa” e invertia a perspectiva: “Faça-se de tudo para que as pessoas possam trabalhar com a máxima segurança possível”.

A linha de frente do retrocesso e do analfabetismo funcional, os agentes do desemprego, os promotores de falências, os cientistas de redação, os pensadores de fone de ouvido, os noviços no claustro das narrativas têm que cumprir sua desatinada missão. Agora, apresentam como obra alheia as consequências da miséria a que deram causa.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sábado, 12 de junho de 2021

Carrefour fecha acordo na Justiça de R$ 115 milhões para ações de combate ao racismo após morte de João Alberto

O Globo

Segundo o Ministério Público, trata-se do maior Termo de Ajustamento de Conduta destinados a políticas de reparação e promoção de igualdade racial no Brasil 

O Carrefour assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no valor de R$ 115 milhões, na noite desta sexta-feira, em relação à morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro assassinado em uma unidade da rede, em Porto Alegre, em novembro do ano passado.
[admitimos uma certa dificuldade no entendimento de onde entra a motivação de reparação e promoção de igualdade racial no Brasil; ao que foi  apurado a morte não ocorreu por racismo ou desigualdade racial - o desentendimento que resultou na luta corporal entre João Alberto e integrantes da segurança do hipermercado Carrefour não teve como motivação ser ele um homem negro, ou ser inferior ou superior racialmente aos demais envolvidos.
João Alberto, que tinha uma movimentada  folha corrida, foi ao supermercado, desentendeu-se com os seguranças, houve a luta corporal, os seguranças se excederam na contenção dos ânimos, com o resultado morte.
Uma vida humana não tem preço, mas se constata na presente situação que uma indústria de indenizações sustentada por alegações de racismo cresce no Brasil
Além dos milhões pagos pelo Carrefour para ser usado em políticas de reparação e promoção de igualdade racial, a esposa da vítima recebeu uma indenização, que se João Alberto vivesse mais 50 anos (tinha quarenta) ganhando um salário mínimo e meio por mês, entregasse tudo para ela não alcançaria o montante da indenização. 
Além do mais, foram firmados acordos com pai, irmã, filhos, enteados, neta = de tudo se conclui que, lamentavelmente, a ambição desmedida na busca por indenizações fez com que a morte de João Alberto propiciasse aos seus parentes beneficios que vivo ele não propiciaria.]

O dinheiro vai ser destinado para políticas de enfrentamento ao racismo. Seis pessoas ainda respondem pelo crime na Justiça. Relembre detalhes do caso ao fim da reportagem.  O acordo foi firmado com o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS), o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE-RS), Defensoria Pública da União (DPU) e as entidades Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes e Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

(.........) 

No final de maio, a viúva de João Alberto aceitou a proposta de indenização feita pelo Carrefour. Segundo o advogado de Milena Borges Alves, o valor pago pelo hipermercado é superior a R$ 1 milhão. Milena estava com o marido no supermercado. A rede de supermercados já firmou acordos com quatro filhos, a enteada, a neta, a irmã e o pai de João Alberto.

 Em O Globo - MATÉRIA COMPLETA
 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Funcionária de supermercado abordada por João Alberto diz em depoimento que ele 'parecia estar furioso com alguma coisa'

G 1

Fantástico teve acesso exclusivo a relato de funcionária. Ela afirma que cidadão negro, morto brutalmente por seguranças, estava a 'encarando', que falou algo que ela não entendeu e fez gesto que a esposa dele diz ter sido brincadeira.

A funcionária abordada por João Alberto Silveira Freitas prestou depoimento como testemunha no inquérito que apura a morte do cidadão negro, espancado por dois seguranças brancos na quinta-feira (19), no estacionamento de uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre.  O Fantástico teve acesso com exclusividade ao depoimento, prestado no sábado (21). Ela disse à investigação que João "parecia estar furioso com alguma coisa".

A mulher relatou que estava em frente ao caixa, ao lado de um dos seguranças presos pelo crime, Magno Borges Braz, quando o cliente, na companhia da mulher, Milena, passou a encará-la. Disse que o cliente deixou a mulher no caixa, passando as compras, e veio em direção a ela, que se esquivou. A funcionária afirmou que o homem disse algo, que ela não entendeu devido ao barulho e ao fato de Beto estar usando máscara.

Segundo a testemunha, Beto se aproximou novamente e fez um gesto, que a mulher não soube descrever. Para a funcionária, Beto não aparentava estar fazendo uma brincadeira quando gesticulou em direção a ela, mas que "parecia estar furioso com alguma coisa".

A mulher de Beto, Milena Borges Alves, deu outra versão: ela disse à Polícia que o marido fez um "sinal com as mãos para uma moça magrinha de roupa preta, em forma de brincadeira". Depois do contato com a funcionária, Beto aparece voltando para o caixa e, na sequência, decide esperar pela mulher no corredor, perto de Magno. Ele faz outro sinal com a mão, e conversa com o segurança.

Depois, uma fiscal de branco se aproxima e fala com ele. É quando o segundo segurança preso pela morte de Beto, Giovane Gaspar da Silva, aparece e coloca a mão nas costas do homem. A um policial militar que atendeu a ocorrência, Giovane teria dito que "resolveu dar um apoio naquela situação, pois Magno estava sozinho, para conduzir a vítima até a saída do estabelecimento". 

Beto então caminha em direção à saída e é seguido de perto por Giovane, Magno e pela funcionária de branco. Milena segue pagando as compras. Já na porta da saída para a garagem, Beto dá um soco em Giovane. A partir daí, ele começa a ser agredido pelos dois seguranças. A fiscal passa a gravar a cena, com o celular. Assista vídeo.

De dentro do supermercado, assim que termina de pagar, Milena sai apressada. Dois funcionários passam correndo por ela, na rampa. A mulher da vítima aparece 30 segundos depois e tenta socorrer o marido, mas é impedida pelos seguranças. Em depoimento, ela contou que Beto dizia "Milena, me ajuda", e que quando ela tentou socorrê-lo, foi empurrada por um dos rapazes".

Depois disso, apesar dos apelos da mulher, Giovane, Magno e um funcionário de branco continuam em cima do homem. Segundo a polícia, os seguranças ficaram sobre Beto por cerca de 5 minutos.Uma gravação obtida pelo site GauchaZH mostra que um terceiro homem diz "Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez", enquanto João é imobilizado. Quase três minutos depois da chegada de Milena, Beto para de se mexer.

Motoboy presencia cena
A agressão de Beto foi testemunhada por um grupo de pessoas. Um motoboy, que presenciou a cena desde o início, prestou depoimento à polícia. "Eu já tava subindo na moto quando eu vi esse rapaz tentando se desvencilhar dos seguranças. A esposa do senhor que foi agredido, ela pedia, "gente, solta ele, deixa ele respirar, deixa ele respirar". O que eles disseram é que sabiam o que estavam fazendo, os dois", disse o motoboy, à reportagem.

Ele gravou a agressão na esperança de que os agressores parassem. "Vocês viram nas imagens, espancaram ele, espancaram. Não tentaram conter, eu questionei no meu vídeo ainda, eu disse 'gente, vocês não tão contendo, você estão batendo'", afirma. O motoboy contou que vem sendo questionado sobre porque não agiu para impedir a agressão. "O estado que eles aqueles dois estavam ali, se eu fosse ali eu ia apanhar ou sabe-se lá o quê", afirma.

O entregador chegou a ser ameaçado pela fiscal de camisa branca. "Aí eu fiquei filmando e aí ela me viu. Quando ela me viu ela disse "não, não faz isso, te liga, eu vou te queimar na loja'". O motoboy afirma que fazia entregas por aplicativos no supermercado. Não faz isso, não faz isso, que eu vou te queimar na loja.O laudo preliminar da necropsia constatou que as lesões no corpo da vítima eram superficiais, e a causa mortis provavelmente é asfixia.

Para a polícia o que aconteceu ali foi um homicídio triplamente qualificado. Motivo fútil, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e a causa da morte foi asfixia. Eles eram funcionários do Grupo Vector, uma empresa terceirizada que fazia a segurança do supermercado. Após o assassinato, o Carrefour rompeu contrato com a Vector.

Era o primeiro dia de Giovane, que também atuava como policial militar temporário, no supermercado. A empresa disse que rescindiu, por justa causa, os contratos de trabalho dos colaboradores envolvidos na ocorrência, e que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, diz que a reação dos seguranças ao soco que João Alberto desferiu foi "desproporcional". "Esse fato foi de menor importância e jamais deveria ter uma resposta de tamanha violência que chegasse ao ponto então de causar a morte da vítima", disse.

Os investigadores seguem ouvindo várias testemunhas e analisando imagens de câmeras de segurança. Eles tentam descobrir se havia algum desentendimento anterior entre João Alberto e os seguranças ali do supermercado. As duas pessoas investigadas e que já foram inclusive ouvidas aqui pela delegacia, pelo nosso departamento de homicídios, são uma senhora que aparece de branco tentando evitar as imagens. E também outro senhor, que são funcionários então do próprio estabelecimento, que em algum momento aparece também imobilizando a vítima.

G 1 - MATÉRIA COMPLETA, inclusive vídeo

 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O voto Bolsonaro

O governo continua imerso em suas contradições. E o País já perdeu um ano!

Muita poeira tem sido lançada aos olhos dos cidadãos brasileiros, como se um grupo de predestinados operantes em redes sociais e ideólogos de tipo conspirativo tivessem sozinhos ganho as últimas eleições presidenciais. Nem Hércules teria tido a ousadia e a força de tal pretensão!

Não se trata de desmerecer a estratégia adotada nas redes sociais, mas de reconhecer uma realidade muito mais complexa. O voto bolsonarista foi essencialmente um voto do não, de tipo lulista, “contra tudo o que está aí”. Claro que o que estava aí se baseava em outra percepção da realidade, desta feita, a corrupção da experiência petista de governo, o descalabro econômico, seguido do aumento de desemprego, e os efeitos da Lava Jato enquanto fator de regeneração nacional. O não se estendia também ao politicamente correto, que foi imposto goela abaixo aos habitantes deste país, muitos de índole conservadora.

A corrupção petista havia se tornado visível graças à Lava Jato, ao expor o modo de exercício partidário do poder, com o PT se apropriando de recursos públicos com fins pessoais e políticos. Líderes partidários acabaram sendo condenados e remetidos à prisão, num espetáculo que não deixa de ser doloroso para o País, porém necessário do ponto de vista da punição exemplar. Outros partidos e políticos sofreram o mesmo destino, mostrando o caráter suprapartidário de tal operação. A classe política ficou maculada, o que foi muito bem aproveitado pelo candidato vencedor.

No supermercado as pessoas começaram a sentir os efeitos da inflação, ao que se acrescentavam a redução da renda familiar e o desemprego. Pessoas que tinham galgado uma posição social superior, principalmente durante parte dos mandatos do presidente Lula, sofreram o descalabro do governo Dilma, com recessão, juros altos e perda de emprego. Do ponto de vista da percepção pessoal, há enorme diferença entre uma pessoa voltar a uma posição social inferior e dela nunca ter saído. O carro comprado foi vendido, a educação privada dos filhos voltou para a pública e apartamentos foram devolvidos. O caminho estava aberto para o candidato que soubesse dizer não.

O apoio maciço dos evangélicos, que em muito contribuiu para a vitória, teve como uma das suas âncoras a linguagem conservadora do candidato, que soube fustigar sem pena os exageros e os excessos do chamado politicamente correto. As pessoas de índole familiar conservadora não mais aguentavam tal tipo de imposição, qualificada de “progressista”. Se isso era o “progresso”, preferiam não avançar. Diga-se de passagem que mudanças culturais, para serem bem-sucedidas, devem ser feitas homeopaticamente, salvo se pretenderem uma revolução, que, ao fazer economia de meios, produz resultados desastrosos.

Na esteira da crise de valores, a imagem de Jair Bolsonaro terminou por ser beneficiada pelo prestígio social das Forças Armadas. Os militares gozam de excelente reputação na opinião pública, pela retidão de seus membros e por sua defesa intransigente dos princípios nacionais. Em certo sentido, votar no então candidato veio a significar uma volta democrática dos militares ao poder, o que foi reconhecido pelo presidente na constituição de seu Ministério. Note-se, ademais, que é esse grupo que está sendo atacado pela ala ideológica do governo, como se fossem meros intrusos, quando são os mais responsáveis.

Um fator totalmente imprevisível terminou contribuindo decisivamente para a vitória: a facada. As imagens do candidato sofrendo e sua lenta e difícil recuperação o puseram como vítima da violência que prometia erradicar. Horas de televisão foram dedicadas ao ataque e às suas repercussões, criando uma ampla identificação social com a vítima. A simpatia pelo candidato tomou conta da sociedade. Páginas de jornais, rádios e redes sociais cobriam cotidianamente o que estava acontecendo. Nenhum candidato, por mais tempo de rádio e televisão que tivesse, podia equiparar-se a essa superexposição. Nesse período, a eleição se definiu, não tendo o candidato Jair Bolsonaro podido participar de nenhum debate. Apresentação de ideias e de programa de governo tornou-se prescindível.

Hoje se ouvem supostas análises e comentários de que a Câmara de Deputados – e por extensão o Senado – está se recusando a levar adiante a proposta de reforma da Previdência que foi eleita com o novo governo. Ora, o presidente não apresentou, quando candidato, nenhuma proposta de reforma da Previdência, nem, em geral, econômica, salvo pequenas exceções. Não espanta que haja reações. Que a reforma da Previdência é algo essencial, isso salta à vista, basta fazer as contas. Acontece que nem isso foi – e tampouco é – explicado adequadamente. O governo continua imerso em suas contradições.

Teria sido muito mais sensato retomar o projeto de reforma da Previdência do então presidente Michel Temer, que estava pronto para ser votado em plenário. Em vez disso, o governo Bolsonaro quis fazer a “sua” proposta, supostamente “nova”, contra a “velha”. Foi, de fato, a “velha” forma de fazer política, não querendo reconhecer a continuidade das reformas e propostas feitas no curto governo anterior. O resultado é que o País já perdeu um ano! [por falar em Temer: Rodrigo 'enganot' Janot ao acusar o então presidente Temer de vários crimes, atrapalhou em muito as medidas de correção da economia, a efetivação da reforma da Previdência e outras medidas adequadas;

e, até o presente momento, nada do que o 'enganot' acusou o ex-presidente foi provado, sendo aprova indiscutível da falta de sustentação das acusações, é que a principal delas, resultado da delação premiada dos açougueiros Batista, AINDA NÃO FOI homologado pelo Supremo.
Estranho! e foram tais acusações que quase derrubam um presidente, não conseguiram;
 mas,  tiveram êxito em boicotar o ex-presidente e as medidas que estavam sendo implantadas e seriam exitosas na redução da crise econômica, incluindo a queda do desemprego.
Acusar sem provas é crime - e se ao acusar prejudica o Brasil o crime é agravado.]
Por último, convém dizer uma verdade óbvia, que, no entanto, parece estar sendo esquecida. Não é só o presidente que tem legitimidade popular, a do voto, mas também os senadores e deputados. Todos eles foram eleitos conjuntamente num mesmo processo eleitoral. Logo, é uma falácia dizer que os deputados, por exemplo, estão se colocando contra o voto popular, na medida em que eles são, igualmente, o resultado do mesmo voto. A representatividade do presidente é a mesma dos parlamentares. Se não houver esse reconhecimento, o Brasil continuará imerso em conflitos insolúveis, com desfechos que podem ser institucionalmente nocivos.



Denis Lerrer Rosenfield,  professor de Filosofia na UFRGS - O Estado de S. Paulo
-  email: denisrosenfield@terra.com.br

 

domingo, 24 de março de 2019

Sobre o Supremo

A decisão de considerar a lavagem de dinheiro crime imprescritível tornou possível a prisão de Paulo Maluf

A disputa de interpretações de teorias jurídicas vem dando a tônica nos debates do Supremo Tribunal Federal. A denominação informal de cada um dos grupos mostra bem os parâmetros desta disputa. Os “garantistas” sustentam que qualquer decisão a ser tomada deve levar em conta a literalidade da lei para garantir os direitos fundamentais dos cidadãos. Os “iluministas” ou “progressistas” buscam contornar eventuais obstáculos impostos pela literalidade com interpretações do texto legal, em busca da intenção do legislador para ter uma Justiça mais célere e eficiente. Assim, a jurisprudência atual é permitir a prisão em segunda instância, mesmo que a Constituição diga que ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado de seu processo.

Para tanto, considera-se que o processo se encerra na segunda instância, e os recursos aos tribunais superiores (STJ e STF) podem continuar sendo feitos depois da prisão, pois são de caráter extraordinário. A decisão de considerar a lavagem de dinheiro crime imprescritível tornou possível a prisão de Paulo Maluf. Até hoje há a discussão sobre se lavagem de dinheiro é um crime instantâneo, que se encerra na sua consumação, ou se é permanente, como decidiu a Primeira Turma do STF. [comentando: uma das razões da INSEGURANÇA JURÍDICA vigente no Brasil e imposta pelo STF, é exatamente que turmas podem proferir decisões baseadas em entendimentos que na prática revogam, parcialmente e para alguns casos, leis vigentes.
Decisões dessa natureza só deveriam ser proferidas pelo Plenário da Corte Suprema - apesar de nos tempos estranhos de agora, o Plenário do STF pode decidir hoje de uma forma, dias depois decidir sobre o mesmo tema de forma oposta ao decidido, nada impedindo que dias depois decida de novo e de forma diversa sobre a mesma matéria (o exemplo mais eloquente são as decisões sobre prisão em segunda instância, a mais recente proferida em 2016 e que poderá ser, em abril próxima totalmente reformada e até mesmo revogada.] O relator foi o ministro Edson Fachin, que levantou a tese, e não o ministro Luís Roberto Barroso, como escrevi aqui. Barroso votou a favor do relator juntamente com a ministra Rosa Weber e o ministro Fux, formando a maioria. O ministro Marco Aurélio, mesmo tendo votado a favor da prescrição, acompanhou a maioria no mérito.

Barroso é tido como expoente da ala “iluminista” do Supremo, mas ele recusa esse rótulo. “Sou a favor de um direito penal moderado. Porém, sério e igualitário. A queixa que existe é dos advogados criminalistas —que têm que fazê-la, por dever de ofício —e dos parceiros da corrupção, que não se conformam que o Direito Penal que valia para menino pego com maconha ou para o sem-teto que furtava desodorante no supermercado se aplique também a corruptos e criminosos de colarinho branco”. O ministro Luís Roberto Barroso afirma que “o Direito não ficou mais duro; ficou mais igualitário”. Para ele, “o garantismo”, em Direito, significa que o acusado tem o direito de saber do que está sendo acusado, o direito de se defender, de produzir provas, de ser julgado por um juiz imparcial e de ter acesso a um segundo grau de jurisdição”. Ele considera que está havendo uma distorção do conceito, “um garantismo à brasileira”, que seria um direito adquirido à impunidade, a um processo que não funciona, que tem recursos infindáveis, não acaba e sempre gera prescrição”.

No voto no caso Maluf, após concluir a parte técnica da argumentação, Barroso afirmou: “(...) considero que o rotineiro desvio de dinheiro público, seja para fins eleitorais, seja para o próprio bolso, é uma das maldições da República. (...) Este é um dos fatores que têm nos mantido atrasados e aquém do nosso destino, porque dinheiro público que é desviado é dinheiro que não vai para a educação, não vai para a saúde, não vai para melhorar estradas. Ele acha que “a histórica condescendência que se tem tido no Brasil em relação a esse tipo de delinquência, aparentemente, está chegando ao fim. Punir a apropriação privada de recursos públicos é um marco na refundação do país”.
 

domingo, 9 de dezembro de 2018

De Manchinha@auau para Todo Mundo



O segurança do Carrefour acabou com minha vida de cachorro, ... 

Amigos,
Estou aqui com o “Juquinha”, ele era o cachorro do Sérgio Cabral, gostava da casa de Mangaratiba, mas morria de medo quando era posto no helicóptero do governo do Rio. “Juquinha” veio para cá em 2015, antes que seu poderoso dono fosse para a cadeia.

Eu era um cachorro de rua, vivia em Osasco e comia o que me davam num supermercado Carrefour. Um bípede me atacou com uma barra e acabei morrendo quando me levaram para uma unidade de atendimento de bichos. A empresa culpa os agentes da prefeitura e eles culpam o segurança. Não me meto, pois isso é briga de gente grande.  Em nome dos animais agradeço comovido a solidariedade que recebi. Milhares de pessoas manifestaram-se, a polícia abriu inquérito, o Ministério Público está investigando o caso e a Secretaria da Segurança lastimou a minha morte. O Carrefour informou que “repudia qualquer tipo de maus-tratos contra animais”. Cão que ladra não morde. E vocês?
O Juquinha ouvia todas as conversas de Sérgio Cabral. Ele dizia que as favelas do Rio eram fábricas de marginais, era aplaudido, eleito e reeleito. Conselho de cachorro: direcionem melhor suas indignações.

Faz tempo, os seguranças de um supermercado Carrefour do Rio entregaram a bandidos de Cidade de Deus duas senhoras flagradas roubando protetores solares. Elas foram espancadas até que uma  patrulha da PM as salvou.  Naquele episódio o Carrefour divulgou uma primeira nota informando que afastou os seguranças e abriu uma sindicância. Só. Repúdio, nem pensar. (Qualquer cão sabia que empresas recorriam a milicianos associados a bandidos para proteger seus negócios. Deu no que deu.)  Vira e mexe, vocês leem que agentes da segurança pública entraram em bairros de pessoas pobres, confrontaram-se com bandidos e mataram “suspeitos”. Nossa inteligência canina não entende o que seria um “suspeito”. De quê? Em casos extremos, dois “suspeitos” de portar armas foram abatidos. Um carregava uma furadeira e o outro, um guarda-chuva.

Cachorro não vive de atacar cachorro. Sou um vira-lata e convivi bem com os outros quadrúpedes. Nós somos amigos dos bípedes e o mundo viu o “Sully” deitado junto ao caixão do George Bush, pai.  Vocês é que atacam os outros. Reclamem sempre que um bicho for maltratado, mas eu o “Juquinha” sugerimos que cuidem também dos bípedes. Saudações caninas.

Frituras
Em qualquer país e em qualquer governo, as semanas que antecedem a formação de um ministério são aquelas em que acontecem as grandes frituras.  O senador Magno Malta fritou-se em óleo quente. Algum dia Bolsonaro dirá quais foram os critérios em que o seu “vice dos sonhos” não se “enquadrou”. [o fato dele ter se recusado a ser vice do presidente eleito, foi, é, e sempre será, motivo até para um rompimento total.

O ilustre senador,  não reeleito, conseguiu com sua recusa transmitir grande falta de credibilidade ao êxito da candidatura do capitão.Felizmente, os quase 60.000.000 que votaram em Bolsonaro souberam separar as coisas.]

O advogado Gustavo Bebianno, soldado de Bolsonaro desde a primeira hora, poderia ter sido chefe da Casa Civil e ministro da Justiça, mas tornou-se Secretário-Geral da Presidência, com um general da reserva na secretaria-executiva. O deputado Onyx Lorenzoni, outro veterano da campanha, foi para uma Casa Civil fatiada, com outro general da reserva na Secretaria de Governo.

(...)

Mão de Moro
Tem gente convencida de que o futuro ministro Sergio Moro tentará colocar o procurador Deltan Dallagnol na Procuradoria-Geral da República quando terminar o mandato de Raquel Dodge.

(...)
Delírio
Antes da instalação de um novo governo os poderosos da ocasião podem tudo, inclusive delirar.  Do entorno de Jair Bolsonaro saiu a informação de que o juiz Marcelo Bretas poderia ser nomeado para o Superior Tribunal de Justiça. Podem até querer que ele voe, mas para o STJ não podem mandá-lo.

Bretas é um juiz federal da primeira instância. A Constituição prevê que o STJ seja composto por desembargadores federais, estaduais, procuradores e advogados de militância privada.  Todos precisam entrar em listas tríplices saídas do próprio STJ. Só então é que o caso se resolve com a caneta do presidente.  Às vezes, é mais fácil nomear um desembargador para o Supremo do que para o STJ. Foi o que ocorreu com Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie. [mais fácil é nomear  um ministro para o STF - não precisa ser bacharel em direito ou mesmo graduado;
basta estar bem com o presidente da República,  que é a autoridade responsável pela indicação e pode, fazer a indicação, desde que entenda ser o felizardo possuidor de notório saber jurídico e reputação ilibada.
"artigo 101, da Constituição Federal:
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada."
A aprovação do indicado é efetuada pelo Senado Federal após uma sabatina sem maiores exigências - a força política do presidente é o essencial.]

Elio Gaspari, Folha de S. Paulo

sábado, 17 de novembro de 2018

UTILIDADE PÚBLICA - Sexo, café e mais 6 hábitos que aumentam a expectativa de vida

Fazer sexo duas vezes por semana pode reduzir em 50% o risco de morte, para se ter uma ideia




É comum as pessoas pensarem em saúde preventiva, na alimentação balanceada e na prática de exercícios quando o assunto é longevidade. Claro que tudo isso é importantíssimo. Mas poucos lembram de quesitos com papel fundamental no planejamento do tempo. O sexo é um deles.
O site especializado Daily Mail preparou uma lista com os hábitos com maior impacto sob ponto de vista da ciência. Confira:

1. Durma, mas não exagere

Diversos estudos já indicaram que indivíduos que não dormem o bastante têm a expectativa de vida reduzida – o mesmo vale para quem dorme demais. Relatório publicado em 2010 analisou um milhão de pessoas em oito países e descobriu que dormir menos de seis horas por noite pode aumentar em 12% o risco de morte prematura. Quem dorme mais de nove horas apresentou risco ainda maior: 30%. Por isso, especialistas recomendam de 7 a 8 horas de sono por noite para garantir saúde e longevidade.
“Os efeitos colaterais da privação do sono incluem obesidade, doenças cardíacas, hipertensão e depressão. No entanto, dormir muito pode ser um sinal de que o corpo está lutando com uma doença subjacente ou depressão”, explicou Nerina Ramlakhan, especialista em sono, ao Daily Mail. Para ela, indivíduos que respeitam as necessidades do corpo podem reduzir até 30% a probabilidade de morrer prematuramente.

2. Exercite-se

A atividade física já é requisito obrigatório para quem pretende elevar a expectativa de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, orienta um mínimo de 150 minutos semanais de caminhada para quem deseja ter boa saúde – o exercício fortalece a força muscular e melhora a saúde cardiovascular. Além disso, pesquisadores americanos e suecos descobriram que pessoas acima dos 40 anos que fazem caminhadas regulares ​​vivem mais (até quatro anos e meio de vida) em comparação com aquelas que são sedentárias.

Infelizmente, todos esses benefícios podem ser perdidos para indivíduos que passam muito tempo sentado. Por isso, se você trabalha em escritório, a recomendação é sempre que possível optar pela caminhada, seja para ir ao supermercado, ao shopping ou ao parque. 

3. A velhice está na mente

De acordo com pesquisadores, o segredo da longevidade reside muito mais no prazer pela vida do que nos genes. Isso porque um estudo revelou que a genética representa apenas 10% do envelhecimento, enquanto os outros 90% estão relacionados ao estilo de vida. Outra pesq
uisa, que avaliou 660 participantes acima dos 50 anos, mostrou que indivíduos com percepção mais positiva da própria idade e do envelhecimento chegam a viver em média sete anos e meio a mais, levando em consideração também renda, idade e saúde.
Já um estudo norte-americano apontou que pessoas que vivem além dos 80 anos costumam ser mais positivos, mais sociáveis e se mantêm trabalhando por mais tempo. Especialistas sugerem que o pensamento positivo tem sido associado à redução do stress, o que ajuda a impulsionar o sistema imunológico. “Crenças e atitudes negativas levam a inatividade, isolamento, depressão e doenças evitáveis”, comentou Sir Muir Gray, consultor de saúde pública da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao Daily Mail.

4. Adie a aposentadoria

Um estudo de 2016, realizado pela Oregon State University, nos Estados Unidos, estabeleceu que indivíduos que se aposentaram com 66 anos ou mais têm um risco 11% menor de morte por todas as causas se comparados àqueles com a mesma idade que haviam se aposentado mais cedo. Essa descoberta ainda é válida para trabalhadores que exerciam atividades insalubres (que colocam em risco à saúde): a probabilidade era 9% menor considerando apenas um ano a mais de trabalho. “As descobertas parecem indicar que as pessoas que permanecem ativas e engajadas se beneficiam com isso”, escreveram os pesquisadores.

5. Vida sexual ativa

Segundo estudo realizado no País de Gales, fazer sexo duas vezes por semana pode reduzir em 50% o risco de morte. Aliás, outra pesquisa ainda revelou que homens que têm pelo menos 350 orgasmos por ano vivem em média quatro anos a mais. As mulheres também podem se beneficiar com uma vida sexual ativa: a relação sexual regular aumenta o tamanho dos telômeros – um componente do DNA que indica longevidade, ou seja, quanto mais longo ele for, maior é a vida útil da mulher. Além disso, o sexo ajuda a elevar os níveis de desidroepiandrosterona, conhecido como hormônio da juventude, e de oxitocina; ambos ajudam a reduzir o stress e aumentam os níveis de imunoglobulinas, responsáveis pelo combate a infecção no sangue.

6. Tenha filhos

Para aqueles que já têm filhos, uma excelente notícia: pode parecer que as crianças estão te deixando velho antes do tempo, mas não é verdade. De acordo com pesquisa do ano passado, pais e mães vivem pelo menos dois anos a mais se comparados a quem não têm filhos (talvez seja um benefício inesperado da constante preocupação). “Os sentimentos emocionais podem ser tão relevantes para a nossa saúde quanto os fatores físicos em geral”, disse Elizabeth Webb, pesquisadora do AgeUK, ao Daily Mail.

7. Café grego

Você conhece alguma receita de café grego? Talvez os apaixonados por café queiram saber mais sobre ele se quiserem viver mais. Isso porque, de acordo com estudo, a população da ilha de Ikaria, na Grécia, tem a maior taxa de longevidade do mundo e essa realidade está associada ao consumo de café. O café grego é rico em substâncias químicas chamadas polifenóis – que ajudam a prevenir uma série de doenças, como câncer, Alzheimer e doenças cardiovasculares – e antioxidantes – que ajudam a eliminar os radicais livres no sangue. Além disso, os níveis de cafeína são relativamente baixo.
A pesquisa, que analisou o consumo de café de 673 habitantes acima de 65 anos, mostrou que 87% dos moradores ingeriam café grego (finamente moído e cozido em uma panela alta e estreita). Os pesquisadores ainda revelaram que o consumo diário pode melhorar a saúde cardiovascular.

8. Fique fora do hospital

Às vezes ir ao hospital é uma questão de urgência. Entretanto, estudos apontaram que pacientes internados por muito tempo (qualquer que seja o motivo) estão mais propensos a morte prematura – e não apenas porque já estavam doentes. “As configurações do hospital são lugares perigosos porque você pode pegar superbactérias como MRSA [Staphylococcus aureus resistente à meticilina] ou C Difficile com mais facilidade. Bons hospitais tentam fazer com que as pessoas sejam dispensadas o mais rápido possível”, alertou Webb.

Uma pesquisa realizada na Inglaterra e no País de Gales constatou que 7.800 mortes extras ocorreram entre julho de 2014 e junho de 2015 depois que idosos foram mantidos no hospital por mais tempo do que o necessário. Relatório americano ainda mostrou que cerca de um terço dos pacientes acima dos 70 anos e mais da metade dos pacientes com mais de 85 anos deixam o hospital mais incapacitado do que quando chegam. Portanto, cuide melhor da sua saúde para evitar internações. 
 
Veja



sábado, 12 de agosto de 2017

Estabilidade nos preços faz antigos produtos voltarem ao carrinho

Cortar gastos ainda é prioridade, mas houve um alívio com a queda de preço e, algumas mercadorias voltaram a frequentar os carrinhos

O consumidor está voltando a comprar antigos produtos. Itens que tinham saído da lista havia alguns meses, agora, são repensados nas idas ao supermercado. Cortar gastos ainda aparece na ordem do dia das famílias, mas houve um alívio no bolso com a queda de preço de algumas mercadorias. A volta aos velhos hábitos, no entanto, não é de uma hora para outra, e muitos ainda reclamam da carestia. Mas a estabilidade dos preços está dando uma nova perspectiva para quem via a cesta básica como o maior gasto da renda da casa.

Para Leda Alves Silva, 56 anos, o corte na lista do supermercado foi grande. “Minhas compras eram bem fartas. Tinha muitos biscoitos, pizzas congeladas e esses alimentos processados, mas, como começou a ficar pesado para o bolso, eu decidi abrir mão desses itens”, disse. Agora, a despensa da família está ficando mais variada. “Estou voltando a levar certos itens, como a manteiga e o queijo, que também tinham sido cortados das minhas compras”, completou.

Mesmo ainda insatisfeito com os preços nas gôndolas, o consumidor reconhece a estabilidade. De acordo com o militar Raul Bravo, 60 anos, é possível notar a continuidade do valor dos produtos. “Ainda está tudo muito caro, mas agora parece que pelo menos o valor dos itens se manteve”, afirmou.  Essa estabilidade se reflete nas vendas. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor apresentou alta de 0,95% no primeiro semestre do ano — de janeiro a junho. 

Fonte: Correio Braziliense