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domingo, 24 de janeiro de 2021

Inquérito na PGR - Merval Pereira

O Globo 

Bode expiatório

Tudo indica que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, será escolhido para bode expiatório da crise sanitária que o país passou a viver a partir do Amazonas, onde pessoas morreram por falta de oxigênio, o que qualifica como criminosa a inação dos governos estadual e federal. O procurador-geral da República, Augusto Aras, mais uma vez tira o presidente Bolsonaro da Linha de tiro, colocando Pazuello como responsável direto pelo descalabro que tomou conta do país na atuação contra a COVID 19. 
[Por favor: adeptos do 'quanto pior, melhor' + arautos do pessimismo + inimigos do Brasil = inimigos do presidente Bolsonaro, ACEITEM que o capitão vai concluir este mandato, ser reeleito para o segundo = VOCÊS PERDERAM.
Somos educados e respeitamos os adversários,  ainda que sempre perdedores, por isso não repetimos aquela frase de um senador - aquele, o  irmão do sempre candidato Ciro Gomes -  trocando só o final por: Bolsonaro é o presidente da República.]

É claro que o ministro Pazuello tem culpa na história, pois não deveria assumir a Saúde sem condições técnicas para tal, mas quem nomeou foi Bolsonaro, que deve ser culpado por essa escolha infeliz. [vale lembrar: condições técnicas para ser ministro da Saúde? 
José Serra foi um dos melhores ministros da Saúde - suas realizações permanecem,passaram de século e de milênio, e era economista. Talvez não soubesse a diferença entre cápsula, comprimido e drágea.
Indispensável ter presente, que desde abril 2020, qualquer intervenção do Poder Executivo da União exigia extrema atenção e prudência, devido o risco de implicar em desobediência à decisão judicial.]

Além disso, quem orientou Pazuello para dar força ao tratamento precoce da COVID 19, com invermectina e cloroquina como a prioridade do ministério da Saúde foi o presidente, e o ministro apenas seguiu na tese de que “um manda, e o outro obedece”. [quantos doentes por covid-19 faleceram, comprovadamente,  em função do uso dos dois fármacos citados? Até hoje não foi apontado um que seja. Já casos de pessoas que se recuperaram apenas com o  uso da azitromicina e ivermectina, ministrados sob prescrição médica, são muitos.]  O que pode dar muito certo nos quartéis, mas na vida real não funciona. O procurador-geral foi pressionado pelos procuradores a investigar o descaso em Manaus e saiu pela tangente, para colocar a culpa toda em Pazuello, livrando Bolsonaro, o que é um despaupério, já que a responsabilidade final é sempre de quem nomeia um auxiliar incompetente. Sobretudo quando o próprio presidente vive desclassificando a vacinação como solução para a doença.

Acusa Aaras, sobre a culpa direta de Pazuello, na abertura do inquérito: “Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado, o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilidade cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial’. 

O procurador-geral pede que o Supremo escute o ministro, que é general do Exército da ativa, e que a Polícia Federal entre no caso para “as medidas investigativas cabíveis”. No pedido de instauração de inquérito, Aras cita, por exemplo, a distribuição de cloroquina em Manaus, coordenada pelo ministério da Saúde às vésperas do colapso por falta de oxigênio. É verdade que o ministro da Saúde, ao visitar Manaus no auge da crise, foi incapaz de decretar que a crise de oxigênio estava iminente, assim como agira mesmo em Porto Velho a pandemia está descontrolada, ameaçado nova tragédia brasileira.

De nada adianta Augusto Aras estar bancando o “engavetador geral da República”, fingindo que está investigando os reais culpados pela tragédia de Manaus, se ele protege o presidente da República. O fato é que o país tem mais de 200 mil mortos, sendo cerca de mil por dia, sem que o governo se movimente para procurar saída. [existe uma saída imediata? Os Estados Unidos, a maior superpotência do mundo em todos os aspectos, com população superior a do Brasil em menos de 50%, já beira o dobro do número de mortos aqui; a Bélgica tem o maior índice de letalidade por milhão de habitantes - e realizou o primeiro lockdown em março 2020; Exemplos são inúmeros.]                   A revelação de que a correspondência da Pfizer com o governo vem de setembro, sem que tenha havido uma negociação séria, mostra que o governo brasileiro não entendia a dimensão do problema.

Acesse  Merval Pereira, jornalista - O Globo e continue lendo