Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador crise sanitária. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise sanitária. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 1 de novembro de 2022

A vitória de Pirro do consórcio da imprensa - Revista Oeste

Silvio Navarro

Tomada pela geração "progressista", a velha mídia rasgou manuais de redação para eleger Lula a qualquer custo — mesmo que o preço seja a censura 

Luiz Inácio Lula da Silva e William Bonner | Foto: Reprodução redes sociais.

 Luiz Inácio Lula da Silva e William Bonner | Foto: Reprodução redes sociais

“Obrigado à imprensa pelo tratamento que deu nesse processo eleitoral.”

Foi com essa frase que Luiz Inácio Lula da Silva encerrou neste domingo, 30, seu primeiro discurso depois da proclamação de sua vitória na disputa à Presidência da República. O petista estava cercado de dezenas de aliados, que pretendem embarcar juntos com destino ao passado. No palco, foram fotografados, filmados e aplaudidos pela ala majoritária de uma imprensa que envelheceu mal.

Pela primeira vez desde a redemocratização do país, as empresas tradicionais de comunicação se uniram para trabalhar em pool envernizado com o rótulo de consórcio. Os manuais de redação, a maioria redigida ainda na década de 1980, foram rasgados
Como as cartilhas sempre proibiram o compartilhamento de apurações entre jornalistas concorrentes, foi preciso encontrar uma justificativa: a pandemia. Era preciso manter a divulgação uniforme do número de mortos pela covid.

A formação do pool partiu da autoproclamada geração “progressista” dos profissionais da Folha de S.Paulo, do UOL, O Globo, G1, Extra e O Estado de S. Paulo. “A iniciativa surgiu em junho de 2020, após ameaça do governo federal de sonegar números da pandemia”, escreveu a Folha. “O consórcio coleta e publica diariamente dados de vacinas, casos e mortes provocados pelo coronavírus”, disse. Depois, o consórcio foi premiado pelo trabalho por associações formadas por jornalistas das próprias redações.

Ao longo dos últimos anos, é possível encontrar centenas de editoriais, artigos ou charges em defesa de Lula, mas ninguém superou o âncora da TV Globo William Bonner

As manchetes da covid inundaram o noticiário durante quase dois anos. No meio do caminho, o pool ganhou a adesão de um grupo de senadores, capitaneado pelo trio Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues e Omar Aziz, numa CPI formatada para ser um palanque eleitoral antecipado. Funcionou durante seis meses.

O último suspiro sobre a pandemia foi dado em 28 de outubro, a dois dias das urnas, mas passou despercebido — não fosse o calendário eleitoral, a manchete do jornal O Globo abaixo poderia causar uma nova onda de isolamento e uso de máscaras.

Foto: Reprodução

Se a aritmética justificava ou não a atuação em conjunto no período mais agudo da crise sanitária, o fato é que o consórcio inaugurado em 2020 nunca mais se desfez, porque tinha um objetivo comum: impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Do ‘despiora’ às manchetes adversativas

A imprensa em campanha também inovou na artilharia contra Bolsonaro. O auge ocorreu quando um colunista da Folha de S.Paulo cunhou o termo “despiora”, por não conseguir admitir a melhora da economia depois da pandemia.  
A aberração originou uma enxurrada de conjunções adversativas sobre o crescimento inesperado do PIB (Produto Interno Bruto), a redução do desemprego e a deflação (inflação negativa). No limite, uma apresentadora da CNN chegou a lamentar que, “infelizmente, vamos falar de uma notícia boa”.

 

As adversativas passaram a ser as melhores amigas dos jornalistas - 
Foto: Reprodução

Além do festival de manchetes distorcidas, o eleitor ainda acompanhou a atuação das redações para minimizar as barbeiragens de Lula nos discursos improvisados. Quando palavras como “gafe”, “escorregão” e “falha” estavam exauridas, um colunista do UOL inovou: “Lula pisa no tomate ao falar de Ku Klux Klan, que o povo nem sabe o que é”, escreveu Ricardo Kotscho, ex-secretário de imprensa no governo do petista.

Foto: Reprodução UOL
Fábrica de pesquisas
Um dos principais instrumentos usados pelo consórcio de mídia foi a usina de pesquisas. Mesmo com erros grotescos no primeiro turno, elas continuaram a ser publicadas. Na reta final, por exemplo, um grupo de jornalistas e analistas convidados debatia com ar de seriedade números do Ipec (ex-Ibope). O instituto contratado pela Globo mostrava que Lula venceria com 54% dos votos válidos, ante 46% de Bolsonaro. Um dos analistas previu que a distância poderia ser ainda maior, porque dificilmente Bolsonaro conseguiria melhorar seu desempenho em Minas Gerais — o resultado final no Estado foi de apenas 50 mil votos a favor do petista.

A equipe de comentaristas também discorreu animadamente sobre a corrida eleitoral em São Paulo. Uma jornalista da emissora chegou a dizer que o petista Fernando Haddad cresceu tanto que “estava dando um calor” em Tarcísio Gomes de Freitas. O Ipec, pago pela Globo indicava empate técnico (na margem de erro) entre os dois candidatos (52% a 48% em votos válidos). Tarcísio venceu por 55% a 44% no maior colégio do país.

A falência dos institutos de pesquisa foi tema de uma reportagem de Oeste publicada na edição especial do primeiro turno. Foi a sexta abordagem sobre o assunto desde 2020, ano em que Oeste decidiu não publicar nenhuma sondagem eleitoral, por causa das distorções nos questionários e da falta de transparência nos dados disponibilizados ao eleitor.

Aqui jaz um instituto de pesquisa

É provável que esses institutos, alguns rebatizados com novos nomes, no ano que vem voltem a comercializar porcentagens — especialmente aqueles ligados aos próprios grupos de mídia, como o Datafolha.

O consórcio absolveu Lula
Ao longo dos últimos anos, é possível encontrar centenas de editoriais, artigos ou charges em defesa de Lula, mas ninguém superou o âncora da TV Globo William Bonner. Aos 58 anos, o editor-chefe do Jornal Nacional será lembrado por afirmar durante uma sabatina que o petista “não deve nada à Justiça”.

A frase foi usada à exaustão pelos apoiadores de Lula. O PT gastou R$ 100 mil para divulgar um anúncio no Google e no YouTube, segundo o qual Lula não é corrupto. A banca de advogados da campanha chegou a pedir censura ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para quem tratasse o petista como “descondenado” e argumentasse que jamais houve absolvição por um erro burocrático de CEP, seu processo voltou para a primeira instância.

O papel de Bonner foi ainda mais patético durante o último debate da emissora, na antevéspera do pleito. Bolsonaro afirmou no palco que Lula fora absolvido por Bonner. O apresentador, então, se autoconcedeu um inédito direito de resposta. Como também fui citado pelo candidato Bolsonaro, me permita também fazer um esclarecimento muito breve”, disse. “Eu, de fato, disse que Lula não deve nada à Justiça, mas como jornalista não digo coisas tiradas da minha cabeça. Digo com base em decisões fundamentadas no Supremo Tribunal Federal.”

A fala de Bonner sobre seguir à risca as ordens do STF e do TSE, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, foi uma das balizas do consórcio da imprensa. O deputado gaúcho Marcel Van Hattem, um raro sobrevivente do Novo, sentiu isso na pele. Ele foi tratado com animosidade e chegou a ser interrompido pelos apresentadores da GloboNews, por criticar a censura imposta pelo TSE a veículos com linha editorial liberal-conservadora.

As redações da velha mídia amanheceram em festa nesta segunda-feira, 31, com o resultado das urnas. As eleições nos Estados, no Congresso Nacional ou nas Assembleias não importavam. Era preciso derrotar Bolsonaro a qualquer custo — mesmo que o preço fosse negociar a própria liberdade.

O custo mais alto pode ser ter de conviver no futuro com um tribunal que se acomodou no papel de censor da República — e a mordaça um dia pode bater à porta do consórcio. Ou de um presidente que não resistirá à tentação da esquerda de aplicar a prometida “regulação da mídia”. Nos dois casos, a ameaça à liberdade de expressão é uma realidade.

Uma das analogias mais utilizadas na História para descrever esse tipo de situação é a chamada vitória de Pirro — vitória com ar de derrota. Remete às Guerras Pírricas (280 a.C. e 275 a.C.), quando o exército do rei venceu uma batalha contra os romanos, mas deixou perdas irreparáveis pelo caminho. A vitória lhe custou o futuro.

Leia também “A chegada da tempestade”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Bolsonaro recebe apoio dos governadores de Goiás, Roraima, Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso - O Estado de S. Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu nesta quinta-feira, 6, o apoio do governador reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de outros chefes de Executivos estaduais considerados “bolsonaristas raiz”: os governadores de Roraima, Antonio Denarium (PP), do Acre, Gladson Cameli (PP), de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil). Os cinco foram reeleitos no primeiro turno e apoiaram o governo ao longo do mandato de Bolsonaro.

Candidato à reeleição, Bolsonaro tem feito atos de campanha com aliados no Palácio da Alvorada desde o começo do segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto. Ele enfrenta, na segunda etapa da disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em pronunciamento na residência oficial do presidente, Caiado disse que tem formação democrática “assim como Bolsonaro”. “Em nome do povo goiano, eu venho aqui trazer e declarar o apoio à reeleição de Vossa Excelência por motivos claros. Primeiro, graças à parceria que nós fizemos na regionalização da saúde, algo jamais visto no nosso Estado”, justificou o governador, ao citar também as áreas de educação, infraestrutura e segurança pública, além do “respeito ao dinheiro público”.

Na pandemia de covid-19, o presidente chegou a entrar em conflito com Caiado. O governador de Goiás criticou declarações negacionistas de Bolsonaro em 2020 e afirmou que o chefe do Executivo não poderia “lavar as mãos” na crise sanitária. A principal divergência entre os dois era sobre as medidas de isolamento social, das quais Bolsonaro discordava.

Na quarta-feira, 5, o chefe do Executivo recebeu o apoio dos governadores reeleitos do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do Paraná, Ratinho Junior (PSD), além de integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) do Congresso, chamada de bancada ruralista.

No dia anterior, Bolsonaro recebeu no Alvorada os governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e também foi a São Paulo, onde teve o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou de fora do segundo turno da eleição no Estado.

Deputados
Também neste quinta-feira, Bolsonaro pediu que os deputados eleitos que o apoiam conversem com “pessoas do chão de fábrica” para virar votos a seu favor no segundo turno. O chefe do Executivo se reuniu no Palácio da Alvorada com parlamentares da base do governo.

”A gente precisa de vocês agora. Obviamente, não tem como manter a estrutura da campanha. O pessoal vai no limite, já fui parlamentar também, já concorri à reeleição, mas uma parte da estrutura dá para ser mantida, e vocês têm o papel primordial nesta conversa, em especial com os mais humildes, para mostrar para eles essas questões, mostrar para eles as pautas que têm a ver com a nossa família”, declarou o presidente.

Estiveram presentes no palácio os líderes na Câmara dos principais partidos que apoiam Bolsonaro: André Fufuca (PP-MA) e Vinicius Carvalho (Republicanos-SP). Além disso, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), também compareceu. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), foi outro que participou do encontro. Dos ministros do governo se fizeram presentes Ciro Nogueira (Casa Civil), Célio Faria Júnior (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações), além do candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL).

Política - O Estado de S. Paulo 

 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Bate-bocas, 'padre de festa junina' e gafes com nomes - O Globo

Tabelinha à direita
Após terem conversado tête-à-tête nos bastidores, Bolsonaro e Padre Kelmon (PTB) confirmaram as expectativas de que agiriam em "dobradinha" contra os adversários. Já no primeiro bloco, ele elaborou um discurso elogioso ao atual presidente, ao dizer que o candidato do PL comprou "500 milhões de doses de vacina e deu R$ 600 de auxílio". Só então perguntou se o atual presidente pretendia manter essa política se eleito.

Com a bola levantada para ele, Bolsonaro respondeu que sim e fez promessas aos eleitores. Em outra rodada, no segundo bloco, Kelmon chegou a dizer que havia dois candidatos de direita no debate (ele próprio e Bolsonaro), em meio a outros cinco que seriam, em sua concepção, da esquerda. Soraya Thronicke deixou claro que não concordava. Disse que Padre Kelmon não sabia o que era esquerda e direita.

'Cabo eleitoral' e 'padre de festa junina'
Em sua primeira pergunta no debate, Soraya Thronicke já havia se dirigido ao candidato Padre Kelmon (PTB), chamando-o de "Padre Kelson". Depois, para não repetir o erro, focou em chamá-lo de "candidato padre". Na tréplica, a senadora criticou o adversário e lembrou que o petebista havia recebido auxílio emergencial durante a pandemia. Era o início de um dos choques que mais repercutiram nas redes sociais. Bem se vê que, depois do auxílio emergencial, o senhor arrumou um emprego de cabo eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), que por sua vez é o cabo eleitoral do candidato Lula, pois é quem está colocando Lula na liderança é Bolsonaro — disse Soraya.

A partir daí, a temperatura não baixou. Abordando a emergência da Covid-19, Soraya questionou se o padre não tinha "medo de ir para o inferno" por dizer que não deu nenhuma extrema-unção na crise sanitária. Kelmon emendou ao dizer que era um "padre sendo mandado para o inferno por uma mulher". O combate teve continuidade no segundo bloco. Soraya ressaltou que não o mandou para o inferno, antes de atacá-lo.

Padre Kelmon teve direito de resposta e disse que ela desconhecia o valor de um sacerdote.

Round Lula X Padre Kelmon
Lula também foi coprotagonista de um confronto com Padre Kelmon com tensão nas alturas. Quando os dois estiveram cara a cara, o jornalista William Bonner teve que interromper duas vezes. Na primeira, Kelmon insistia em falar quando era a vez de Lula se pronunciar. Na segunda intervenção, o petista havia chamado o padre de "impostor" e "candidato laranja" que não tem respeito às regras. Foi o gatilho para a rodada virar bate-boca. "O senhor está fantasiado, rapaz", chegou a dizer Lula antes de os microfones dos dois serem cortados. Bonner, então, tentou acalmar os ânimos: "Vamos respirar", disse ele. Os desrespeitos às regras do debate, no entanto, continuaram, a ponto de Bonner repreender Padre Kelmon e dizer que o petebista estaria instituindo uma nova regra no debate. "Está encerrada a sessão", disse Bonner no fim da contenda.

Mesmo sem ter sido citado na confusão, Bolsonaro pediu direito de reposta, que foi negado. Mas depois, no último bloco, usou a alcunha de "candidata laranja" para atacar Soraya Thronicke.

Nomes errados
Padre Kelmon chamado de "Padre Kelson" por Soraya Thronicke não foi a única gafe dos candidatos ao se referirem aos adversários durante o encontro na TV Globo. O jornalista William Bonner também escorregou no nome do petebista, ao anunciá-lo como "Padre Kelman". A confusão rapidamente tomou as redes sociais e virou uma coleção de memes. Mas não parou por aí.

No segundo bloco, Lula chamou Simone Tebet de "Simone Steb". Já Simone, diante de Soraya Thronicke, quase se referiu a ela como "candidata Bolsonaro". Ao perceber o equívoco, pediu desculpas e disse que, pelo carinho que tem pela concorrente, jamais a desrespeitaria daquela forma. Foram alguns minutos apenas para a tag "candidata Bolsonaro" se tornar o terceiro tema mais comentado do Twitter no país.

Curiosamente, o público também se confundiu com uma declaração de Bolsonaro. Quando ele lembrou que morou em Nioque, no Mato Grosso do Sul, muitos entenderam que ele teria dito Acre, no Mato Grosso do Sul. O suposto erro do presidente também foi parar nas redes, enquanto alguns tentavam esclarecer a confusão que ocorria.

Caso Celso Daniel
Orientado a abordar no debate o caso Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP) encontrado morto em 2002, Bolsonaro evocou uma tese conspiratória de que sua morte teria motivações políticas ligadas ao PT. Perguntando a Simone Tebet (MDB) sobre uma antiga declaração de sua candidata a vice, Mara Gabrilli, o presidente insinuou que Lula teria relação com o crime. Com jogo de cintura, Tebet lamentou a pergunta fosse dirigida a ele, e não ao petista. E logo em seguida, Lula teve direito de resposta concedido.

— Não é possível conviver com alguém com a cara de pau do presidente. O Celso Daniel era meu amigo, ele foi chamado da prefeitura para coordenar o meu programa de governo de 2002. Agora, você culpar o Lula da morte do Celso Daniel? Seja responsável, você tem uma filha de dez anos vendo o programa que está gravando — afirmou Lula. [o descondenado petista esqueceu só se trai os amigos; a mais infame traição, de Judas Iscariotes a Jesus Cristo, o traidor era apóstolo do Traído.]

Em O Globo - MATÉRIA COMPLETA

sábado, 2 de julho de 2022

O avanço para o atraso - Revista Oeste

Edilson Salgueiro

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock
Como o mundo foi cair neste desvio? 
Como populações inteiras se renderam à tirania de um clube de bilionários? 
Como pessoas livres aceitaram ser classificadas por status (falso) de saúde? 
Como tanta gente esclarecida pôde confundir propaganda com ciência e censura com ética?

Essas e outras provocações estão no livro Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade, do escritor e jornalista Guilherme Fiuza, colunista de Oeste. A obra, publicada neste mês pela Editora Avis Rara, mostra que o mundo está mergulhando em um totalitarismo disfarçado de proteção à vida humana.

Os ataques à liberdade baseiam-se na Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Fórum Econômico Mundial. O documento estabelece, entre outras coisas, 17 metas que os países devem atingir até o fim desta década. A ideia é criar um mundo mais próspero e menos desigual, segundo os idealizadores.

A lista reúne pautas importantes, embora genéricas, como erradicar a pobreza e a fome, oferecer saúde e educação de qualidade e promover o crescimento econômico. Mas há “armadilhas” como a ideia da igualdade de gênero e o combate ao aquecimento global. Com sua coragem e seu sarcasmo peculiares, Fiuza denuncia essas ideias que, apesar de soar bem aos ouvidos, atentam contra as liberdades individuais.

             Livro de Guilherme Fiuza | Foto: Divulgação

“A chamada Agenda 2030 é uma representação vigorosa de dois valores marcantes do século 21: empáfia e futilidade”, escreve Fiuza, no livro. “Conseguir juntar empáfia e futilidade já é, por si, uma façanha — e esta é a alquimia da modernidade 2030: potencializar a falta de potência, encher de presunção a mediocridade.”

Há uma razão para as críticas. Isso porque o lema da Agenda 2030 é o seguinte: “Você não terá nada e será feliz”.

Segundo Fiuza, essa ideia é um apetitoso convite de mentira a um mundo de união, conectado pela inteligência e pela ética. “Seria uma espécie de neorromantismo hippie, atualizado pela tecnologia, e que poderia soar até inspirador se não fosse falso”, diz o comentarista de Os Pingos nos Is, programa de maior sucesso da Jovem Pan. “Mas a falsidade é um detalhe, como você felizmente já notou.”

Checamos: você não existe
O livro não pretende apenas denunciar as doses de autoritarismo das Nações Unidas e do Fórum Econômico Mundial. Ele também destaca que há uma espécie de hipnose coletiva no Brasil, capaz de formar um senso comum desvairado. E isso não seria possível sem a atuação da imprensa.
 
Durante a pandemia de coronavírus, grandes veículos de comunicação se uniram para criar o autointitulado “consórcio de mídia”. O objetivo: preservar a verdade e desmentir as fake news.  
Na epidemia de manchetes iguais em veículos historicamente concorrentes, foram propagadas “verdades” como a “ciência” dos lockdowns, a lisura” das eleições presidenciais dos Estados Unidos e as “ilegalidades constitucionais” do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Chegamos ao ano de 2021 podendo acontecer de um país inteiro sair às ruas, em uma manifestação gigantesca, e não sair nada na imprensa”, disse Fiuza, referindo-se ao 7 de Setembro. “Só um veículo ou outro registrando aquilo, ante o silêncio total dos que compunham o núcleo da grande mídia, levando o cidadão a achar até que as multidões que ele mesmo viu na rua foram miragem.”

Ciência para quem precisa
A crise sanitária tornou o mundo refém de “diretrizes de saúde” semelhantes às formas implacáveis de controle chinês sobre os seus cidadãos. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, surfou na onda do showman da pandemia, Anthony Fauci, e recomendou a vacinação contra a covid-19.

Há estudos que mostram os efeitos adversos dos “imunizantes”? Não exatamente. Segundo o cardiologista Peter McCullough, que tem mais de 80 mil citações acadêmicas, os códigos da Food and Drug Administration (FDA) exigiam um mínimo de dois anos de dados de segurança para a aprovação de uma vacina. “Para a covid-19, esses dois anos viraram dois meses”, afirmou o professor de medicina na Baylor University Medical Center.

“Foi comovente ver o STF declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos”

“Em um mundo de instituições confiáveis, você não precisa de uma demonstração sólida do risco/benefício de vacinas experimentais”, ironizou Fiuza. “Não precisa de uma demonstração sólida da ação imunizante da vacina como fator de mitigação da pandemia. Você só precisa de propaganda, slogan, gritaria, censura, ordem unida, intimidação e coação.”

Apesar da falta de estudos conclusivos sobre a eficácia das vacinas contra a covid-19, a discussão pública sobre o tema foi grosseiramente impedida. Arlene Ferrari Graf, por exemplo, foi banida de várias plataformas de rede social porque mostrou ao público que seu filho, o advogado Bruno Graf, morreu depois de tomar a vacina da AstraZeneca. A Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Santa Catarina (SES/SC) reconheceu a causalidade, mas as big techs continuam a cercear o conteúdo transmitido por Arlene.

Operação Lava Lula
A política também é assunto em Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade. Especialmente, sua parte mais espúria. O ministro Luiz Edson Fachin, do STF, anulou os quatro processos penais existentes contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive a condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove magistrados diferentes.

Esse disparate passou batido pelo “consórcio de mídia”, mas não por Fiuza. “O império da demagogia faz milagres”, ressaltou. “Basta recitar a cartilha certa e o mundo se ajoelha para você — esmagando os que não recitaram, naturalmente. Foi comovente ver o Supremo Tribunal Federal declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos.”

E continua. “Após a descondenação, as pesquisas entraram em festa”, escreveu Fiuza. “Lula reapareceu disparado no coração do povo que ele roubou, traiu e humilhou — porque todo mundo sabe que o brasileiro é masoquista e acha que vale a pena ver de novo a cara da desgraça.”

Ao fim e ao cabo
O livro não se atreve a responder às provocações feitas em seu início. “Mas passeia pelos arredores delas”, diz o jornalista. A seguir, o último capítulo da obra.

“Chegamos enfim ao momento mais aguardado: a divulgação dos vencedores do Prêmio Seringa Press — o Oscar do lobby vacinal. Segue a lista dos agraciados:

Melhor Infectologista: Bill Gates

Melhor Epidemiologista: Bill Gates

Melhor Virologista: Bill Gates

Melhor Sanitarista: Bill Gates

Melhor Oráculo da Ciência: Bill Gates

Melhor Profeta de Pandemia: Bill Gates

Melhor Clínico: Bill Gates

Melhor Cínico: Bill Gates

Melhor Pediatra: Bill Gates

Melhor Enfermeiro: Bill Gates

O Cara Que Sabe O Que É Bom Pra Tosse: Bill Gates

Melhor Médico de Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Mamãe Farma: Bill Gates

Melhor Amigo da OMS: Bill Gates

Melhor Amigo das Agências Reguladoras de Saúde: Bill Gates

Melhor Amigo da Ditadura Chinesa: Bill Gates

Melhor Amigo dos Amigos do Laboratório de Wuhan: Bill Gates

Melhor Amigo do Aloprado dr. Fauci: Bill Gates

Melhor Amigo do Jornalista Carente: Bill Gates

Melhor Socorrista da Imprensa Falida: Bill Gates

Melhor Benemérito das Milícias Checadoras: Bill Gates

Melhor Benfeitor das Consciências de Aluguel: Bill Gates

Melhor Conselheiro das Horas Difíceis: Bill Gates

Cara Mais Legal Que Tem Por Aí: Bill Gates

Maior Guardião da Verdade Universal: Bill Gates

Muso Onisciente das Plataformas Digitais: Bill Gates

Maior Exterminador Do Que É Errado: Bill Gates

Maior Viralizador Do Que É Certo: Bill Gates

Maior Viralizador: Bill Gates

Maior Velocista da História das Vacinas: Bill Gates

O Cara Que Acabou Com Aquela Burocracia Chata De Ter Que Esperar Anos De Estudos Pra Saber Se Uma Vacina Era Boa: Bill Gates

O Cara Que Ensinou À Ciência O Que É Propaganda Na Veia: Bill Gates

O Cara Que Amoleceu Uma Multidão de Corações Com Seus Belos Olhos: Bill Gates

O Cara Mais Mão Aberta Que Eu Já Conheci: Bill Gates

O Cara Que Mais Se Preocupa Com A Sua Saúde: Bill Gates

Melhor Higienizador do Ambiente: Bill Gates

Melhor Purificador da Humanidade: Bill Gates

Melhor Cara Para Te Dizer Quantas Picadas Têm De Constar No Seu Passaporte Sanitário: Bill Gates

Melhor Fiador do Esquema Vacinal Completo: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Segurar A Coleira Que Vai Te Guiar Pelo Mundo da Imunidade Imaculada: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Arrancar A Máscara Dos Nazistoides Alucinados Fantasiados de Salvadores da Espécie: Você.”

Leia também “10 bons momentos de Fake Brazil

Edilson Salgueiro, colunista - Revista Oeste


sábado, 19 de março de 2022

AGU pede suspensão do bloqueio do Telegram

Moraes ordenou que aplicativo de mensagens seja bloqueado no Brasil por descumprimento de decisão judicial

A AGU (Advocacia Geral da União) entrou com um pedido contra a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de bloquear temporariamente o aplicativo Telegram. Eis a íntegra do documento assinado pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco (2 MB).

No texto endereçado à ministra Rosa Weber, a AGU argumenta que o Marco Civil da Internet, usado por Moraes para justificar a sua decisão, garante a suspensão de aplicativos de mensagens somente caso seja comprovada a violação do direito à proteção de registros, de dados pessoais e de comunicações privadas. Todavia, referidos dispositivos legais apontados não respaldam a conclusão tomadapelo STF, disse Bianco, citando parecer da própria relatora.

Weber é relatora de uma ação contra decisões de 1º Instância que determinam a quebra de sigilo de mensagens de investigados no WhatsApp e a suspensão do aplicativo por algumas horas em todo o território nacional.

O advogado-geral da União argumentou que:

  • as sanções previstas no Marco Civil são de natureza administrativa, a ser aplicadas, portanto, após processo administrativo, e não no âmbito judicial”;
  • o bloqueio temporário ou definitivo de aplicativos de mensagem é previsto no caso dedesrespeito aos direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros”, mas não é válido no caso de descumprirem uma ordem judicial”, como aconteceu com o Telegram;
  • as atividades que poderão ser suspensas ou mesmo proibidas não são as atividades do aplicativo em si (sua funcionalidade para os usuários), mas apenas as atividades de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, ‘de dados pessoais ou de comunicações’”.

Bianco acrescentou que os usuários do Telegram não pode ser punidos. Ele citou os microempreendedores, “que dependem da utilização de ferramentas como o Telegram para a execução de seus pequenos negócios, ou seja, para suas próprias subsistênciascomo os mais prejudicados pela decisão de Moraes.

Decisões desse teor restará por impor efeitos danosos que não se pode, ainda, mensurar, agregando aos reflexos da crise sanitária [de covid-19], ao menos, insegurança econômica e jurídica”, concluiu Bianco.

DECISÃO DE MORAES
O Telegram entrou na mira da Justiça por não responder a tentativas de contato feitas pelo TSE e não ter representantes comerciais no Brasil.

Na 5ª feira (17.mar), Moraes determinou que o aplicativo de mensagens seja bloqueado no Brasil por descumprimento de decisão judicial. Deu um prazo de 24 horas para as providências necessárias para o bloqueio por parte da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Leia também:Decisão de Moraes sobre o Telegram é inadmissível, diz Bolsonaro

  Novo repudia decisão de Moraes de bloquear Telegram

Moraes abre investigação sobre vazamento

A decisão também fixou multa diária de R$ 100 mil contra pessoas físicas e jurídicas que burlarem o bloqueio.

Poder 360 



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Fundamentalista na liberdade de expressão - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Não só em universidades, mas também nos jornais, devemos ser livres para fazer as perguntas difíceis, contemplar as hipóteses impopulares, dizer o que algumas pessoas consideram “indizível”

O historiador Genial Ferguson foi o entrevistado do Roda Viva nesta semana. Acompanho seu trabalho faz tempo, e admiro bastante sua capacidade de análise e argumentação. Em determinado momento, quando perguntado sobre o ambiente dos debates na era moderna, Ferguson se disse um “fundamentalista da liberdade de expressão”. Ele explicou que é vital para uma sociedade ter não só liberdade de expressão, mas livre pensamento, livre questionamento, debate aberto.

Para Ferguson, não só em universidades, mas também nos jornais, devemos ser livres para fazer as perguntas difíceis, contemplar as hipóteses impopulares, dizer o que algumas pessoas consideram “indizível”. Há alguma restrição para essa liberdade? Ferguson responde: “Há elementos muito claros para o que pode e não pode ser dito; o que não pode ser dito num espaço público é uma ameaça específica a um indivíduo; mas certamente posso criticar uma ideia sem minha fala ser restringida; discurso não é violência, violência é violência, e quando as pessoas da esquerda — e eles também fazem à direita — tentam censurar certas ideias, pois alegam que são perigosas, meu argumento é que não são as ideias que são perigosas, são os censores, as pessoas que tentam calar o debate que são perigosas”.

Ferguson continua seu raciocínio: “Acho que uma característica bem perturbadora dos últimos dez anos tem sido uma crescente cultura intolerante e iliberal, especialmente em universidades americanas, mas acontece em todo lugar; isso se espalhou por corporações, se espalhou pela mídia, e temos frases vagas, como ‘discurso de ódio’, usadas para justificar a censura. Discurso de ódio é apenas a versão do século 21 para blasfêmia, heresia. As pessoas que se intitulam woke nos Estados Unidos hoje estão engajadas numa espécie de estranha missão religiosa e se comportam como membros de um culto tentando prescrever certas formas de discurso para cancelar ou desconvidar palestrantes de quem discordam. Tudo isso eu considero nojento e uma desgraça. Nada pode ser mais danoso para uma sociedade livre do que calar o livre pensamento e a livre expressão, principalmente em universidades, que são lugares onde essas coisas deveriam ser apreciadas e preservadas”.

No alvo! A história mostra que a liberdade nunca teve muitos amigos sinceros, os tais “fundamentalistas”, pois a maioria a defende até esbarrar em seus interesses. Poucos são os que defendem a liberdade com base em princípios. Defender a liberdade de expressão com a restrição de que ninguém se sinta ofendido com ela, por exemplo, é pregar a censura. Defender a “liberdade” de concordar com a maioria do momento ou o poder estabelecido não é pregar liberdade, e sim o direito de repetir o consenso, de seguir o coro.

Toda tirania, afinal, veio em nome do bem coletivo. Nenhum tirano se apresentou como malvado

Nunca isso ficou tão claro como nessa pandemia. Um clubinho arrogante, que tenta monopolizar a fala em nome da ciência, resolveu barrar até especialistas renomados, médicos sérios ou jornalistas curiosos que simplesmente não repetiam a “versão oficial” sobre a crise sanitária, sendo que essa oscilou bastante, pois a própria OMS se mostrou um tanto errática. O debate foi interditado, os arrogantes rotularam de “negacionistas” aqueles com dúvidas, os verdadeiros crentes dogmáticos que colocaram o Dr. Fauci no papel de profeta passaram a descascar os mais céticos, e as redes sociais suspenderam várias contas suas.

A coisa está tão feia que vemos esse clima asfixiante ao debate nas próprias universidades, sem falar da mídia, um antro de ideologia e arrogância. Um apresentador da CNN Brasil, que se diz liberal, chegou a defender a censura na cara dura, sem nenhum pudor
“A frouxidão do controle interno de conteúdo antivax nas redes sociais no país é, infelizmente, um convite ao controle externo. A autorregulação está falhando miseravelmente. MP e legisladores terão de atuar para preservar vidas.” Stalin, Lenin, Mao, Fidel, Mussolini e tantos outros tiranos não teriam nada a alterar nessa linha de raciocínio.

Toda tirania, afinal, veio em nome do bem coletivo. Nenhum tirano se apresentou como malvado. Era sempre pela raça, pela nação, pelo povo, e, com base nisso, tudo estava permitido. Para proteger o coletivo, quem liga para algumas perdas de liberdade básica individual? Ainda mais quando “sabemos” que esses indivíduos são párias sociais, hereges, negacionistas, sujeitos perigosos que se recusam a aderir ao consenso. Se não é possível persuadi-los, então só resta mesmo calar todos na marra, em prol da saúde geral. Prisão para quem questionar as vacinas vendidas como panaceias! E isso de um suposto liberal…

Além do “jornalista liberal”, uma coordenadora da UFRJ foi na mesma linha, alegando que chegara a hora de as universidades qualificadas criarem estruturas de combate ao negacionismo em seus quadros. Para ela, “não devem ser permitidas palestras tentando travestir de polêmica posições bem estabelecidas na comunidade científica”. Trata-se da Inquisição iluminista! Detalhe: a senhora autoritária publicou outra postagem na virada do ano afirmando que 2022 será uma grande preparação para um 2023 melhor, já que Bolsonaro será derrotado e Lula será eleito para “recolocar o Brasil nos trilhos, revertendo toda a destruição dos últimos anos”. Quem nega a destruição causada pelo PT não é negacionista?

O Ocidente flerta com o crescente abandono dos pilares que fizeram dele a civilização mais avançada de todas. 
 O devido processo legal tem sido substituído pela pressão dos movimentos de minorias
a ciência verdadeira foi trocada pelo dogma da ideologia; 
a noção do certo e do errado vem sendo esgarçada pelo relativismo seletivo (não há mais verdade objetiva, mas é preciso combater as fake news); e o mais sagrado princípio, da liberdade de expressão, para poder questionar isso tudo, vem sendo atacado justamente por quem deveria ser seu guardião, por jornalistas e professores universitários. Não dá para dourar a pílula: o quadro é assustador.
 
PS: na mesma entrevista, a apresentadora militante tentou lacrar e arrancar do entrevistado uma denúncia ao governo Bolsonaro
Ela quis saber se muitas mortes poderiam ter sido evitadas caso o governo fosse outro no Brasil. 
Ferguson, com sutileza, explicou que a direita populista pode pecar em muitos aspectos, mas que dificilmente o resultado seria muito diferente com outro no comando, pois basta ver o que aconteceu no mundo todo, e ainda mencionou os Estados Unidos, com Trump e depois Biden. 
As causas das mortes transcendem a medida A ou B, isso sem falar que, no caso brasileiro, o presidente teve pouca margem de manobra, por conta do arbítrio do STF. Foi uma bela “lapada” de quem faz análise séria em cima de quem só faz militância partidária.

Leia também “O medo do Dr. Fauci”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste



sábado, 16 de outubro de 2021

Eles não querem que a pandemia acabe - Carta ao Leitor

Paula Leal e Silvio Navarro

Medo, politicagem, interesses econômicos, admissão de equívocos. Por que uma parte da sociedade não quer que a crise acabe?

Nesta semana, o Brasil atingiu a marca de 100 milhões de pessoas com o ciclo de vacinação completo. No Estado de São Paulo, 80% da população já recebeu ao menos uma dose. Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, 70%. Algumas cidades decretaram o fim da exigência do uso de máscaras.

Nas grandes capitais, já há preparativos para as festas de Réveillon e Carnaval. Aos poucos, o torcedor está voltando aos estádios de futebol. Com a taxa de transmissão do coronavírus no menor patamar desde abril de 2020, as tímidas manchetes escondidas na imprensa tradicional mostram que a pandemia pode estar perto do fim. Mas não para todos.

Provavelmente, o leitor deve ter deparado recentemente com dezenas de situações bizarras. 
O praticante de atividade física mascarado ao ar livre, em alguns casos até dentro de piscinas. 
Pais obrigando crianças a usar as proteções faciais na marra. 
O motorista solitário paramentado dentro do carro. 
O vizinho que se recusa a usar o elevador em companhia. 
E, claro, a clássica foto que inunda as redes sociais há dois anos: máscara no rosto (às vezes duas) e a camiseta com os dizeres “Vacina sim, ele não”, acompanhada de uma legenda sobre a importância de aceitar o “novo normal”, doa a quem doer. 
Mas o leitor normal pode se perguntar: quem definiu esse consenso?

De todos os itens da cartilha de bom comportamento dos pandelovers, o mais controverso atualmente é o uso infinito de máscaras. O governador João Doria (PSDB), amparado por seu ex-centro de contingência, rebatizado de “comitê científico”, disse algumas vezes que pretende manter o uso de máscaras obrigatório até 31 de dezembro. Mas já foi demonstrado diversas vezes durante a pandemia que a “ciência” que orienta as políticas de gabinete pode mudar de acordo com os interesses dos governantes.

A máscara como gesto político
Passados dois anos, a medida nem sequer é uma unanimidade entre médicos. “Em lugar fechado, transporte público, elevador eu ainda seguraria”, diz o clínico-geral e doutor em imunologia Roberto Zeballos. “Em locais abertos, não vejo a menor necessidade de máscara.” Para ele, o Brasil caminha para alcançar a imunidade coletiva ou de rebanho, porque o “país já enfrentou dois grandes surtos e todos que passaram por essa epidemia e a venceram já estão imunes.”

As máscaras devem se limitar a ambientes de alto risco de contágio”, afirma o neurocirurgião Paulo Porto de Melo. “Não tem cabimento manter o uso da forma como está, e, aliás, não foi o prometido. O anunciado era que, quando todos estivessem vacinados, seriam eliminadas as máscaras. Ou seja, foi estelionato.”

Cobrir o rosto tornou-se um gesto político em meio à crise sanitária. No Brasil, uma resposta possível é que, ao ostentá-la publicamente, se trata de uma resposta à conduta do presidente Jair Bolsonaro. Não à toa, ele é recordista em multas aplicadas por prefeitos e governadores de oposição nos passeios de moto. A última delas ocorreu em Peruíbe, no litoral paulista, onde foi cercado por apoiadores enquanto comia pastel.

Bolsonaro se recusa a usar máscara há dois anos. Mas, ainda que a figura do presidente seja deixada de lado por um instante, a inquietação não para por aí. O Brasil tem hoje seus patrulheiros anônimos da covid. São dezenas de caras de reprovação e nojo. Um verdadeiro tribunal do “cancelamento”.  É como se o mundo tivesse se dividido em dois tipos de cidadãos: de um lado, os nobres, que se preocupam com a saúde pública e querem salvar a humanidade. Do outro, os “negacionistas” irremediáveis. O mesmo se aplica ao questionamento sobre a potência das vacinas e a autonomia médica para receitar tratamentos. Entramos na era da “ineficácia cientificamente comprovada” e da tirania do passaporte sanitário. Ao final, trata-se muito mais de um debate sobre liberdades individuais do que sobre ciência.

O jogo da imprensa
Uma das grandes responsáveis pela interdição do debate e pela imposição da “verdade absoluta” é a velha imprensa e seus especialistas. Chegaram ao ponto de apresentadores de televisão se mostrarem escandalizados porque homens em fuga do Talibã despencaram da fuselagem de um avião sem máscara. Ou durante entrevistas realizadas pelo computador ou com o devido distanciamento em que apresentador e entrevistado cobrem nariz e boca — é o uso “pedagógico” da máscara. Ou a nova modalidade dos comentaristas esportivos, que reclamavam dos rostos sem proteção na final do torneio de tênis de Wimbledon e da Eurocopa. Fora os campeonatos de futebol no Brasil, onde, além dessas queixas, é exibido um placar de mortos pela covid na tela. Independentemente se a partida é no Rio ou no interior de Goiás.

As manchetes da covid também descobriram alguns fenômenos. No mês passado, o instituto Datafolha, do jornal Folha de S.Paulo, encontrou 91% de brasileiros favoráveis à manutenção da obrigatoriedade das máscaras nas ruas. Seguramente, não eram as multidões que caminham aos domingos pela Avenida Paulista, nem as que frequentam a orla de Copacabana.

Outro levantamento, da Confederação Nacional de Municípios, consultou gestores de cerca de 2 mil municípios e revelou que quase 64% pretendem manter o uso obrigatório de máscara mesmo que a população esteja totalmente imunizada. Ou seja, a intenção da maioria das autoridades públicas é manter a vida no “modo pandêmico” por mais um bom tempo. Quem sabe, para sempre.

A turma do pijama
Além da crise sanitária que se espalhou pelo mundo, um surto de pânico paralisou parte da população que ficou isolada e agora pena para voltar à vida normal. Como ressaltou o colunista de Oeste Dagomir Marquezi, “quem não escapou da covid quase morreu de medo”.

Mesmo com o avanço da vacinação e os números da pandemia em queda livre, a volta à rotina gera medo, ansiedade e falta de ar em quem não se sente preparado para o retorno. No exterior, ganhou até um nome pomposo — Forto (“fear of returning to the office”, ou “medo de voltar ao escritório”). Se há uma parcela da população com problemas reais de saúde mental, há outro tanto que simplesmente se acomodou com a vida caseira e desenvolveu uma forma de preguiça social. São os fanáticos pelo lockdown.

A principal estratégia dos gestores da covid baseou-se em provar que o confinamento da população iria deter o coronavírus

“No contexto da pandemia, as pessoas que se isolaram desde o início ainda têm se mantido seguras num comportamento de retroalimentação” — explica o doutor em psicologia pela PUC-Campinas Luiz Ricardo Gonzaga. “Ou seja, quanto mais elas se isolam, mais o comportamento delas se mantém.” Para uma minoria que pode fazer o isolamento caviar, regado a comida por delivery, compras on-line e home office, a vida durante a pandemia não foi um fardo. Mas tudo cobra seu preço, mesmo entre os mais privilegiados.

A especialista em inteligência emocional Gisele Finardi orientou um grupo de empreendedoras para dar apoio durante a pandemia. “Muitas mulheres ficavam de pijama o dia todo e se queixavam de desânimo, apatia e baixa produtividade”, conta a psicóloga. “Ao ficar em casa, é como se as pessoas parassem de ter regras de horário, de compromisso. Os dias da semana passaram a ser domingo e a produtividade consequentemente baixou. Quando estou de pijama, o que meu cérebro recebe de informação? Descanso. Ele não quer trabalhar.”

Sair desse looping vicioso em que alguns se meteram vai ser desafiador, mas fundamental para voltar à ativa. A principal estratégia dos gestores da covid baseou-se em provar que o confinamento da população iria deter o coronavírus. Não funcionou. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Alemanha mostrou que é possível manter a epidemia sob controle com estratégia, e não pela imposição de lockdowns sem respaldo científico.

Medidas como a realização de testes diagnósticos regulares, o rastreamento de contatos e políticas para isolar os infectados já se mostraram eficazes para conter o vírus em países asiáticos, como a China e a Coreia do Sul. O Brasil poderia ter aprendido com a experiência de outras nações. Mas aceitar essa linha da ciência seria admitir o erro de centenas de políticos que trancafiaram as pessoas em casa e estrangularam a economia como se essa fosse a única salvação para a crise.

A covid-19 continua ativa, é perigosa, e as medidas para evitar a contaminação devem ser levadas a sério. Mas quase dois anos depois, as justificativas da turma do #fiqueemcasa estão rareando. Se a tendência de queda nos números da covid se mantiver nos próximos meses, vai ficar cada vez mais difícil arrumar uma desculpa para não voltar ao convívio social.

Ao digitar a frase “quando a pandemia vai acabar”, o Google oferece quase 57 milhões de ocorrências. É sinal de que há interessados no tema. A pandemia criou labirintos, é fato. Mas, enquanto muita gente está em busca de saída, há aqueles que não pretendem procurá-la tão cedo.

Carta ao Leitor - Revista Oeste