O
melhor aspecto de ser um cético político é que as decepções praticamente não
existem. Como no
caso de Joaquim Barbosa, pessoa em quem jamais depositei qualquer tipo de fé.
Posso até tê-lo defendido de ataques do PT, mas jamais atuei em sua validação.
O fato é que no Twitter ele fez um dos posts mais deploráveis dos últimos
tempos, algo tão baixo que parece até ter sido escrito por um hacker petista.
Notem o
comportamento dos políticos: a) nossa economia está aos frangalhos, mas eles só
pensam numa coisa: no dinheiro das empresas! b) contra o presidente de uma das
Casas do Congresso há acusações de crimes graves, mas ele é apoiadíssimo pelo
PSDB! Dá para levar essa gente a sério? Não dá, né?
Nada do
que ele diz faz sentido, especialmente quando faz a propaganda sórdida de que “precisamos acabar com o financiamento
empresarial de campanhas”.
Não, Sr. Joaquim, precisamos
acabar com a verba estatal de anúncios, com a publicidade
institucional, com o dinheiro da BLOSTA, com a Lei Rouanet, com a grana dos “pontos de cultura” do MinC e diversas
outras formas de financiamento estatal
de campanha exclusivamente para o PT. E contra isso o senhor
jamais se pronunciou.
Não é suspeito? E quanto ao dinheiro das empresas? É,
obviamente, das empresas.
Não é dinheiro de pagadores de impostos. Em
extrema oposição ao que diz Joaquim, pensar em dinheiro de empresas não é
imoral. Vetar essas contribuições, enquanto dinheiro estatal é utilizado infinitamente em prol de um
partido, por outro lado, constitui
uma moralidade no nível das cascavéis.
Em tempo:
Joaquim também mente ao relacionar o financiamento empresarial com “a economia em frangalhos”. Completa
falta de noção, principalmente quando sabemos que as principais economias do
mundo possuem financiamentos empresariais de campanha.
E quanto ao ataque tosco ao PSDB? Explica-se: Carlos Sampaio deu o benefício da dúvida a Eduardo Cunha. Fez
certo, pois todos os brasileiros aguardam a validação das provas, a exibição
dos extratos, etc. Daí Joaquim diz que não se pode apoiar alguém contra
quem existem “acusações graves”. Um
juiz de carreira não pode dizer uma besteira dessas. O problema é apoiar alguém
em seu ato criminoso, se existem condenações graves, e não apenas acusações
cujas provas estão por serem validadas.
Dá para levar esse sujeito a
sério? Não dá, né? [quando
ainda era ministro do STF o Barbosão foi acusado de possuir uma empresa nos
EEUA e cuja única finalidade foi permitir que ele adquirisse mais barato um
imóvel em Miami.
O mais grave da história era que o
endereço da Empresa era o endereço residencial do ministro Barbosa. Tudo bem,
se o ilustre ministro não residisse em imóvel funcional, de propriedade da
União sendo vedado seu uso como sede de uma empresa.
Se a empresa realmente funcionava o
ministro Barbosa transgredia outra lei: exercer atividade comercial, prática
proibida a servidores públicos.
Caso não funcionasse, fosse apenas de
fachada também seria crime.
O mais interessante é que correu a
notícia, algumas reportagens foram realizadas, o ministro Barbosa não deu
explicações convincentes, logo pediu aposentadoria e o assunto foi esquecido.
Barbosa foi muito eficiente no combate
aos quadrilheiros do MENSALÃO – PT, mas, isso não autoriza a que eventual
comportamento incorreto, ilegal, não seja devidamente investigado e punido.]