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quinta-feira, 11 de abril de 2019

O pulo da inflação


O salto da inflação em março pode ser um desvio temporário, mas é um motivo a mais para o governo se preocupar com as expectativas

O salto da inflação em março, quando os preços ao consumidor subiram 0,75%, puxados por alimentação e transportes, pode ser um desvio temporário, mas é um motivo a mais para o governo se preocupar com as expectativas. Por enquanto o bom humor parece prevalecer no mercado, apesar da surpresa negativa. Ninguém havia previsto uma alta superior a 0,67% na pesquisa habitual da Agência Estado

Mesmo diante do número pior que o esperado, economistas do mercado mantêm, no entanto, a aposta numa inflação mais branda nos próximos meses e um resultado final próximo da meta em 2019. Há até quem preveja um novo corte dos juros básicos pelo Banco Central (BC) antes do fim do ano. Essa expectativa é um dos aspectos mais positivos da economia brasileira neste momento. É essencial preservá-la.  À primeira vista há algo assustador na recente aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a mais importante medida oficial da inflação, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta de 0,75% foi a maior para um mês de março desde 2015, quando a variação chegou a 1,32%.
 
Naquele tempo, o Brasil sofria os efeitos da irresponsabilidade fiscal do governo da presidente Dilma Rousseff. Além disso, os aumentos haviam disparado, depois de uma desastrosa fase de contenção política das tarifas de eletricidade. O choque de seriedade a partir da troca de governo, em 2016, permitiu conter a inflação e baixar os juros básicos ao menor patamar da história da taxa Selic, de 6,50% ao ano. A alta do IPCA no mês passado pode parecer, sem maior análise, uma nova perda de rumo, mas os fatos, tudo indica, são muito menos preocupantes. 

Com o salto da inflação mensal de 0,43% para 0,75%, a variação acumulada em 12 meses passou de 3,89% em fevereiro para 4,58% em março e ultrapassou a meta de 4,25% fixada para 2019. Mas a maior parte do resultado de março é explicável pela alta de apenas dois grupos de preços, alimentação e transportes. O custo da alimentação subiu 1,37%. O dos transportes, 1,44%. Considerados os pesos desses itens no orçamento médio das famílias, a alta dos preços da comida teve impacto de 0,34 ponto de porcentagem no resultado geral. O outro item produziu um efeito de 0,26 ponto. Somados, esses dois grupos seriam suficientes para gerar uma inflação de 0,60%, pouco faltando, portanto, para completar a variação de 0,75% do IPCA do mês. A diferença de 0,15 ponto decorreu de variações muito pequenas dos demais itens – saúde, vestuário, habitação, educação, artigos de residência, despesas pessoais e comunicação. 

Nada parece indicar, portanto, mais que um desvio passageiro da trajetória do IPCA. Os preços da alimentação tendem a acomodar-se, com a melhora das condições de tempo. O custo dos transportes, em boa parte determinado pelos preços dos combustíveis, é sujeito a oscilações determinadas basicamente pelas cotações internacionais do petróleo. Além disso, algum aumento passageiro da inflação já havia sido antecipado pelo BC e indicado na ata da última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária. A surpresa foi a magnitude da variação do IPCA, fora do intervalo previsto por economistas do mercado.

Não há, por enquanto, sinal de pressão da demanda sobre os preços ao consumidor, e também isso é um dado positivo. As famílias, como observou o gerente das pesquisas de preços do IBGE, Fernando Gonçalves, continuam gastando com muita cautela, por causa das incertezas quanto ao emprego. Sem pressão de demanda, há espaço para o BC manter a taxa básica de juros de 6,50%. Há quem preveja até um corte, mas para isso seria necessária alguma ousadia. Espaço para queda de juros dependerá de expectativas ainda melhores quanto aos preços. O governo precisará mostrar seriedade e capacidade e avançar na reforma da Previdência para animar o mercado. Simetricamente, falhas do governo derrubarão a confiança e favorecerão a alta de preços, como tem advertido o BC. O presidente Jair Bolsonaro deveria levar a sério essa advertência.

Editorial - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

É de Primeiro Mundo

A inflação de 2017 tende a ficar ao redor dos 3,0%, bem abaixo da meta, que é de 4,5%

A principal característica da inflação de julho é a de que alguns dos principais itens que puxaram os preços nesse mês deixarão de produzir efeitos nos próximos. Vêm de uma vez por todas, digamos assim.  Essa característica é importante na medida em que não se espera retomada da inflação. O repique de julho fica por aí. Os aumentos de preços concentrados na energia elétrica (mudança para bandeira vermelha) e nos combustíveis (alta de impostos sobre gasolina e óleo diesel) não deverão ter impacto significativo nos próximos meses.

É preciso notar, também, mudança relevante nos preços administrados (apenas para quem não está habituado com essa terminologia, estes são os preços determinados não propriamente pelo princípio da oferta e da procura, mas por força de lei, regulamento ou imposição das autoridades). Nesse segmento estavam as tarifas de energia elétrica e de combustíveis. Na medida em que a Petrobrás introduziu na formação de seus preços o conceito de paridade externa, até mesmo em periodicidade diária; e na medida em que a adoção de bandeiras nas tarifas de energia, que se baseiam na utilização ou não de energia mais cara produzida pelas usinas térmicas, esses preços deixaram de se reajustar pelo critério anterior. A principal consequência é a de que não mais se acumulam reajustes taludos que um dia são descarregados de uma vez sobre os preços, como no passado recente. Ou seja, além de eliminar forte fator de incerteza, o novo critério de preços deixou de ter impacto mais expressivo sobre a inflação.

Algumas análises se apressaram em concluir que, desta vez, os preços administrados voltaram a ter força na formação da inflação. É uma conclusão incorreta ou, no mínimo questionável, porque a composição do segmento dos preços administrados está mudando. Não se pode medi-lo como se mantivesse composição uniforme, como antes. A inflação no período de 12 meses terminado em julho ficou nos 2,71%, a mais baixa desde 1999 e já mais próximo do padrão dos países industrializados. Apesar da esticada de julho, de 0,24%, bem mais alta do que o -0,23% de junho; e apesar da provável aceleração no quarto trimestre – a inflação de 2017 tende a ficar ao redor dos 3,0%, bem abaixo da meta, que é de 4,5%. Reforça essa tendência o rápido, e também persistente, declínio da inflação no segmento dos serviços.
Uma das consequências práticas dessa inflação persistentemente mais baixa do que a de alguns anos é a de que os juros básicos (Selic), hoje nos 9,25% ao ano, devem continuar deslizando, no momento à proporção de 1,0 ponto porcentual por vez. Fica cada vez mais provável que termine o ano ao redor dos 7%. E esse tombo dos juros tem tudo para se transformar em novo fator de retomada da atividade econômica e do emprego.

Outra consequência prática é a queda do chamado fator de erosão da renda. Uma coisa é uma vida apertada com perda de valor do salário de 10% ao ano, como a que existia há um ano e meio e outra, bem diferente, é aquela que se dá com uma inflação de 3%. Quando os preços e a renda se tornam bem mais estáveis, como agora, a atividade econômica fica mais previsível. As vantagens dessa situação nova poderão ser mais bem avaliadas dentro de mais alguns meses.
CONFIRA:
 Aumenta o emprego formal
O Ministério do Trabalho informou nesta quarta-feira que, em julho, aumentaram em 35,9 mil as contratações formais (com carteira de trabalho assinada). É um resultado superior à mediana das expectativas manifestadas pelos analistas. O aumento das vagas aconteceu de maneira mais ou menos generalizada. Se esta ainda não é garantia firme de retomada do emprego é, pelo menos, bom indício disso, ainda que a ocupação esteja aumentando mais fortemente no segmento informal.


Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo


 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Banco Central eleva a taxa básica de juros para 13,75% ao ano- duas figuras que precisam ser demitidas sumariamente: Levy do Ministério da Fazenda e o tal de Cristovão do cargo de técnico do MENGÃO. Os dois representam o fracasso de todos os fracasssos

Alta de meio ponto percentual da taxa Selic foi a sexta seguida na tentativa de controlar a inflação

Para tentar forçar a inflação para a meta no fim do ano que vem, o Banco Central (BC) aumentou os juros básicos da economia em 0,5 ponto percentual. A taxa Selic chegou a 13,75% ao ano: a maior desde janeiro de 2009. Foi mais um passo do BC para corrigir o fato de ter demorado demais a agir no ano passado para conter a escalada dos preços. A autoridade monetária só decidiu subir os juros após as eleições de outubro e — para tentar recuperar a credibilidade — não parou mais de apertar a política anti-inflacionária: essa foi a sexta alta consecutiva.

Mesmo com tanto aumento de juros, a inflação não tem cedido. Pelo contrário, atingiu 8,24% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA-15, a prévia da inflação oficial no país. E a expectativa de analistas do mercado financeiro é que ela chegue ao pico em agosto. E que feche o ano em 8,39%. [a prudência recomenda que se leia um número entre 18,39% a 28,39% com viés de alta.]
 
Por isso, o BC não poderia já dar sinais de que afrouxaria a política contra a inflação. Em vez disso, tenta recuperar a credibilidade perdida ao deixar aberta a porta para mais arrocho monetário. Para dar essa mensagem, não alterou o comunicado divulgado após o encontro: “Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual para 13,75% ao ano, sem viés”.

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EXPECTATIVA É DE NOVA ELEVAÇÃO EM JULHOEsse é um sinal de que vem mais aumento de juros por aí. A maioria dos economistas acha que haverá uma última alta de 0,25 ponto percentual em julho. Há quem defenda um aperto ainda mais forte para conseguir, enfim, fazer a inflação ficar na meta de 4,5%. 

Pessimista, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, defende se o BC fosse cumprir seu mandato único que é fazer a inflação chegar à meta — tinha de continuar a aumentar a taxa básica (Selic) para além dos esperados 14% ao ano. No entanto, ele diz não acreditar numa mudança de postura do BC, que nos últimos anos ficou alinhado com a política econômica do governo de tenta ajustar a economia pelo estímulo ao consumo. — O Alexandre Tombini (presidente do BC) já demonstrou que não tem peito suficiente para dizer que não vai atender os pedidos (da presidente Dilma Rousseff) — alfinetou o economista que, ao contrário de vários colegas, não acha que o BC tem aumentado o tom do discurso contra a inflação: — Não vejo uma mudança de tom. Eu não acredito em mudança de perfil do Banco Central, mas numa corrida para tentar corrigir a besteira que ele mesmo fez no passado.

A “besteira” a que se refere Agostini é ter esperado passar as eleições para subir os juros. Agora, a conta da política do passado chegou: as tarifas de serviços públicos – represadas no passado – terão de ser reajustadas fortemente, os serviços continuam a inflar os índices de preços e, para piorar, o dólar disparou. Tudo isso atrapalha o trabalho do Copom.

COPOM TENTA REORIENTAR DISCURSO, DIZ ANALISTA
A dúvida dos analistas do mercado é se a política econômica realmente mudou. O episódio em que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não apareceu numa entrevista ao lado do ministro do Planejamento é tido como mais um sinal de interferência da presidente Dilma Rousseff na condução da economia, como antigamente.  Para o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, o Copom tenta reorientar o discurso depois de anos de tolerância com o que chamou de “grandes desvios persistentes de inflação”. Ele ressalta que a credibilidade é fundamental para que a economia brasileira volte a crescer saudavelmente. Para isso, o Banco Central teria de mostrar força nesse processo de alta de juros.


“Um ciclo de aperto mais assertivo em 2015 aumentaria a probabilidade de que o Copom poderia mais significativamente influenciar o resultado da inflação de 2016, criando mais espaço para cortes da taxa de política em 2016”, disse o economista em comunicado os clientes.

É a mesma opinião do economista-chefe da Gradual, André Perfeito, que é um dos poucos que aposta que o BC será mais audacioso e levará a Selic para 14,5% ao ano. Só assim, o Copom poderia restringir os impactos da inflação a este ano, já perdido. Ele espera um corte rápido no ano que vem para não sacrificar tanto a economia, mas ressalta que isso só deve ser feito depois que as expectativas tiverem ancoradas na meta. — São as expectativas, estúpido — brinca o economista com a frase “É a economia, estúpido!”, de James Carville, estrategista eleitoral do ex-presidente dos EUA Bill Clinton.

Fonte: O Globo