Mundo - John Lucas
Fome, indigência e trabalho infantil: A tragédia das crianças argentinas
Olá, tudo
bem? Aqui fala Jones Rossi, editor de Ideias e Mundo da Gazeta do Povo.
A condução da economia argentina pelo governo esquerdista de Alberto Fernández
é um desastre. Assim como Lula, Fernández
prometeu churrasco ao povo argentino, que hoje come menos carne que nunca.
A maior
inflação em 20 anos — deve ser ainda
maior em 2023 — corrói o salário do trabalhador e as reservas cambiais
do país estão acabando. O argentino pode se deparar com três
preços diferentes para um mesmo produto em apenas duas horas.
A situação é tão ruim que a esquerda aparentemente desistiu: o atual
presidente, Alberto
Fernández, já disse que não vai concorrer à reeleição. Cristina Kirchner,
atual vice e uma das principais responsáveis por afundar a Argentina, também
declarou estar fora
da próxima corrida presidencial.
Em meio a tudo isso, quem mais sofre são as crianças, que pagam pelos erros dos
adultos. Com a economia em frangalhos, em 2022 mais 400 mil menores de 14 anos
passaram para baixo da linha da pobreza no país, o que elevou o total de
crianças pobres para 5,9 milhões.
Além disso, quase metade das crianças com menos de cinco anos na Argentina vive
em lares que não conseguem ter supridas as simples necessidades de uma cesta
básica. O repórter John Lucas explica melhor a tragédia que se abate sobre as
crianças argentinas.
Em 2019, ao tomar posse como presidente da Argentina, o esquerdista Alberto Fernández, que vive seus últimos meses no cargo, disse as seguintes palavras em seu discurso: “Precisamos de um novo contrato social, fraterno e solidário, porque chegou a hora de abraçar o diferente. Este é o espírito do tempo que inauguramos hoje. Para colocar a Argentina de pé, temos que superar o muro do rancor e do ódio, o muro da fome que afasta os homens”.
Passados quatro anos, a Argentina não só não superou o muro do ódio e o da fome, como também se vê a cada dia mais afundada em dívidas, na alta inflação e no aumento da pobreza. O país vizinho passa pelo acirramento de uma de suas maiores e mais complexas crises econômicas. Essa crise impacta todos os setores da economia local e a vida da população, que vê seu poder de compra se esvair a cada semana.
Entre todas as pessoas afetadas, as que mais sentem a crise agravada pelo peronismo são aquelas que dependem diretamente do cuidado e da atenção dos mais velhos. Alberto Fernández também disse no dia da posse que “uma em cada duas crianças é pobre em nosso país”. No entanto, a preocupação do presidente ficou somente no discurso. Na prática, durante seu governo foram justamente as crianças argentinas que mais sofreram com a falta de assistência, empregos e oportunidades para os seus responsáveis.
Em seu levantamento mais recente, divulgado em março deste ano e baseado em dados coletados em 2022, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec) revelou que mais 400 mil menores de 14 anos passaram para baixo da linha da pobreza no país, o que elevou o total de crianças pobres para 5,9 milhões.
Com o agravamento da crise, o número de pessoas nessa faixa etária em estado de vulnerabilidade social aumentou mais de 6% em 12 meses. O número total representa cerca de 54% de todos os menores de 14 anos do país. A situação fica ainda mais preocupante quando se considera também que quase metade das crianças com menos de cinco anos na Argentina vive em lares que não conseguem ter supridas as simples necessidades de uma cesta básica.
“A cada dia, [o número de pessoas] aumenta mais para o leite, para a janta. As meninas vêm com crianças pequenas e trazem os documentos para poder se inscrever [no refeitório]. Se não vêm, não comem”, revelou Marta Valiente, uma colaboradora de um refeitório solidário localizado no bairro Zavaleta, uma das maiores favelas de Buenos Aires, em entrevista à agência EFE.
Estima-se que atualmente cerca de 12% das crianças argentinas menores de 14 anos vivam também em condição de indigência, ou seja, não têm acesso à alimentação necessária para uma vida saudável.
Esse dado é mencionado no relatório mais recente, divulgado em abril, do Barômetro da Dívida Social da Infância, da Universidade Católica Argentina (UCA), que mostrou também que seis em cada dez crianças argentinas são pobres e cerca de 33% dos pequenos do país sofrem de insegurança alimentar. O relatório apontou que 14,4% dessas crianças enfrentam insegurança alimentar grave. “As famílias não conseguem suprir uma cesta básica de alimentos para as crianças. Além disso, 13% das crianças enfrentam situações de fome porque seus pais não conseguem trabalhar nem alimentá-las. Essa realidade está intimamente ligada à extrema pobreza e indigência, que persistem em valores semelhantes”, declarou a coordenadora do relatório, Ianina Tuñon, à CNN Argentina.
Dados oficiais divulgados pelo Indec revelaram este mês que a inflação interanual registrada em abril na Argentina atingiu 108,8% — 8,4% no nível mensal. Entre as categorias com maior alta, estiveram alimentos e bebidas não alcoólicas, juntamente com carnes, laticínios e produtos vegetais. “A problemática da inflação é mais crítica quando se trata da medição da pobreza monetária e alimentar”, afirmou Tuñon, na mesma entrevista.
Trabalho infantil
Além disso, o relatório da UCA apontou que os níveis de trabalho infantil, incluindo atividade doméstica e econômica, voltaram a crescer de forma alarmante no último ano. De acordo com o estudo, por causa dos efeitos da crise macroeconômica, o número de crianças trabalhando atingiu a marca de 14,8% dos menores de 14 anos argentinos. Essa porcentagem é mais alta que a registrada no período pré-pandêmico (2019), quando a UCA havia registrado 14,7%.
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Crise afeta população mais carente
A crise inflacionária argentina, agravada pelo governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, atingiu de forma brutal a população mais pobre do país, uma vez que setores econômicos com rendas mais baixas, geralmente com predominância de empregos informais, ficaram totalmente desprotegidos contra o aumento dos preços.