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sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Será minha “inescrupulosa” mentalidade individualista? - Alex Pipkin

         Ontem, às 16h, recebi um mandado de convocação de jurado. Pela 5a. vez.
Às 18:15h, retruquei por e-mail, pontuando que sou profissional liberal, tendo compromissos agendados e planejados como consultor empresarial e professor universitário.

Às 19:25h de ontem, recebi retorno de minha mensagem, solicitando meu comparecimento hoje, às 9h, para a sessão no Fórum.

A doutora - será que é PhD? - juíza do caso, fez uma emocionante exposição do papel diferenciado daqueles potenciais jurados que ali estavam, ressaltando a importância individual das pessoas por julgarem vítimas de acusados de homicidas, que trouxeram luto às famílias e a sociedade - meu impedindo?

A “doutora” juíza, posteriormente, leu uma lista, com o nome das pessoas que foram dispensadas e/ou excluídas do referido julgamento.

Meu pleito estava lá, o último a ser lido. Solicitou-me “provas”. Ato contínuo, em uma sala repleta, com aproximadamente 80 pessoas, tomei a palavra. Informei-a que havia sido convocado ontem, às 16h, e já havia exposto meus motivos, com as respectivas justificativas.

Após sua fala - infelizmente não dispunha de lenço -, argumentei que, embora causa razoável, primeiramente, preocupava-me com minha lógica individualista, tendo em vista meus objetivos compromissos profissionais.
Disse ainda que, distintamente dela, não era funcionário estatal.

A “doutora” redarguiu, afirmando que era “agente política do Estado”, e que percebia minha lógica individualista. Dispensou-me da sessão, solicitando detalhamento de provas.

Será que sou um inescrupuloso individualista, indo de encontro a “lógica” coletivista, amplamente vociferada e encrustada em nossa sociedade verde-amarela? Penso que exerci, trivialmente, meu livre-arbítrio de pensar e agir.
Nesta direção, os aflorados sentimentos coletivistas, meu juízo, representam, pragmaticamente, um demérito, exatamente o contrário do que quer crer a grande massa de bom-mocistas coletivistas.

Imagino que meu auto-interesse me ajude e, por consequência, auxilio aos outros e às empresas com as quais trabalho.  Essa é a mentalidade estatal, encharcada de sentimentos, culpas e ordens sobre como as pessoas devem pensar e agir.

Uma mentalidade que impulsiona os indivíduos a pensarem e se agitarem com suas próprias consciências, e seus respectivos deveres comunitários.
Mais uma vez, confesso que quase chorei, com a narrativa justiceira e sentimental da referida doutora.

Penso, definitivamente, de forma distinta, isento de juízo de valor, tipo melhor ou pior. De fato, preocupo-me comigo e com os que me cercam, fazendo, literalmente, o bem a todas as pessoas.

Não sou adepto da autopromoção de orgias mentais, culposas e, portanto, de julgamentos morais “coletivistas” em meu “eu” interior.

Pelo contrário, acho que o bem individual e da comunidade de fato se materializa, quando cada um se mantém preparado e atualizado em seus respectivos campos, em constante estado de alerta, para abraçar as oportunidades à frente, beneficiando a si próprio e aos outros.

Hoje, imagino que, mais uma vez, tive a oportunidade de cultivar minha mentalidade individual, que reputo como sendo a mais adequada. Sai com um sentimento - ah, como somos sentimentais! -, de que a “doutora” pensa - e tomara que aja como pensa e verbaliza - distintamente de mim.

Sim, claro, somos seres humanos e, portanto, inalteravelmente, diferentes.

 Site Percival Puggina - Alex Pipkin,PhD 

 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A guerra foi perdida - William Waack

O Estado de S. Paulo

A própria falta de liderança explica os reveses de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro perdeu a “guerra” da vacina contra a covid-19. Se não capitular por decisão própria, e há sinais de que isto já está acontecendo, STF imporá o óbvio: governadores e prefeitos dispõem de instrumentos legais suficientes para seguir adiante com planos de vacinação, não importa o que diga o general cumpridor de ordens no Ministério da Saúde. A onda que o leva à derrota é irresistível, e Bolsonaro só não foi capaz de enxergar a dimensão dela por conta do fenômeno da “mentalidade do bunker” – a que acomete dirigentes que só ouvem puxa-sacos ou vivem mergulhados numa atmosfera peculiar desvinculada da realidade além das quatro paredes palacianas. É gritantemente óbvio que milhões de pessoas querem se agarrar a qualquer esperança na luta para sobreviver ao vírus.

Era também gritantemente óbvio o impacto do noticiário e das imagens de países como o Reino Unido vacinando em massa sua população, além da reação de esperança e euforia dos mercados com a chegada de vacinas de eficácia (ao que indicam os dados) superior à expectativa inicial. Esses fatores criaram um “momento” na política avassalador: aquele que cobra e premia ações rápidas e decisivas, a superação imediata de qualquer tipo de barreira burocrática ou regulatória.

Ao politizar de forma tosca e contraproducente desde o início todas as medidas em relação à pandemia, é Bolsonaro o principal responsável pelo ambiente no qual governadores como João Doria (mas não só) enxergaram no desafio ao governo federal uma oportunidade de ganhar algum tipo de perfil. Ele mesmo desmoralizou sucessivos ministros da Saúde, incluindo o atual – um general cuja inadequação ao cargo e a vontade de agradar um chefe errático o condenam a um desempenho patético quando se dirige ao público para se desdizer em sequência.

Governadores e prefeitos estão empenhados em conseguir como seja os meios para vacinar “suas” populações e, mesmo aqueles que mantêm uma aparência de “coordenação” e “confiança” em relação ao governo federal, afirmam em público que possuem um plano de contingência para o caso de não se materializar um plano centralmente coordenado para imunizar milhões de brasileiros. Em outras palavras, não confiam, e vão correr para a primeira vacina que aparecer. Exatamente o que cobra a população.

A derrota na “guerra” da vacina é, no final das contas, resultado da incapacidade de Bolsonaro de efetivamente liderar em qualquer questão relevante, em qualquer campo. Sua política externa prejudicial aos interesses nacionais está sendo desmontada por vários setores privados. Na nevrálgica questão das políticas ambientais, conseguiu criar uma inédita coligação doméstica e externa contra ele, integrada por instituições e empresas de peso dentro e fora do Brasil, além de reforçar a rivalidade com o vice presidente que cuida da Amazônia. [qual a produção  de soja e carne - tem mais exemplos, citamos os dois - da parte externa dessa coligação? a interna é do Brasil que é governado por Bolsonaro?]

Sua “articulação” política resultou na entrega ao amorfo grupo do centrão das principais agendas, além da chave dos cofres públicos. Seus líderes parlamentares alguns deles são quadros parlamentares experientes e focados – manifestam abertamente a frustração pelo fato do presidente não ter sido capaz de dar o impulso político (leia-se empenho) para seguir adiante com corte de subvenções, reforma tributária, efetivo corte de despesas (como folha do funcionalismo) nas contas públicas, desburocratização, privatizações.

[matéria excelente, ótima como referência; o complicador é que a premissa que a orienta tem como suporte a famosa vacina contra a covid-19 - até agora, só existe para o Reino Unido, local em que a vacinação ocorre. 

Aponta também a inexistência de um programa de renda básica - responsabiliza o presidente, esquecendo que o Poder Executivo não possui competência para criar um plano deste tipo = precisa do Poder Legislativo para legislar sobre e do Poder Judiciário para se pronunciar nas ações que certamente serão movidas contra qualquer tentativa de criação.] 

Não houve liderança efetiva sequer para a criação de um programa de renda básica que permita prosseguir de alguma maneira a ajuda emergencial – fator de conforto para a popularidade para o presidente mas que apenas mascara os problemas graves estruturais de uma economia há muito estagnada. Bolsonaro costuma cultivar versões fantasiosas dando conta de “conluios” que o impediriam efetivamente de governar. Mas quem renunciou a liderar foi ele mesmo.

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo