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sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Será minha “inescrupulosa” mentalidade individualista? - Alex Pipkin

         Ontem, às 16h, recebi um mandado de convocação de jurado. Pela 5a. vez.
Às 18:15h, retruquei por e-mail, pontuando que sou profissional liberal, tendo compromissos agendados e planejados como consultor empresarial e professor universitário.

Às 19:25h de ontem, recebi retorno de minha mensagem, solicitando meu comparecimento hoje, às 9h, para a sessão no Fórum.

A doutora - será que é PhD? - juíza do caso, fez uma emocionante exposição do papel diferenciado daqueles potenciais jurados que ali estavam, ressaltando a importância individual das pessoas por julgarem vítimas de acusados de homicidas, que trouxeram luto às famílias e a sociedade - meu impedindo?

A “doutora” juíza, posteriormente, leu uma lista, com o nome das pessoas que foram dispensadas e/ou excluídas do referido julgamento.

Meu pleito estava lá, o último a ser lido. Solicitou-me “provas”. Ato contínuo, em uma sala repleta, com aproximadamente 80 pessoas, tomei a palavra. Informei-a que havia sido convocado ontem, às 16h, e já havia exposto meus motivos, com as respectivas justificativas.

Após sua fala - infelizmente não dispunha de lenço -, argumentei que, embora causa razoável, primeiramente, preocupava-me com minha lógica individualista, tendo em vista meus objetivos compromissos profissionais.
Disse ainda que, distintamente dela, não era funcionário estatal.

A “doutora” redarguiu, afirmando que era “agente política do Estado”, e que percebia minha lógica individualista. Dispensou-me da sessão, solicitando detalhamento de provas.

Será que sou um inescrupuloso individualista, indo de encontro a “lógica” coletivista, amplamente vociferada e encrustada em nossa sociedade verde-amarela? Penso que exerci, trivialmente, meu livre-arbítrio de pensar e agir.
Nesta direção, os aflorados sentimentos coletivistas, meu juízo, representam, pragmaticamente, um demérito, exatamente o contrário do que quer crer a grande massa de bom-mocistas coletivistas.

Imagino que meu auto-interesse me ajude e, por consequência, auxilio aos outros e às empresas com as quais trabalho.  Essa é a mentalidade estatal, encharcada de sentimentos, culpas e ordens sobre como as pessoas devem pensar e agir.

Uma mentalidade que impulsiona os indivíduos a pensarem e se agitarem com suas próprias consciências, e seus respectivos deveres comunitários.
Mais uma vez, confesso que quase chorei, com a narrativa justiceira e sentimental da referida doutora.

Penso, definitivamente, de forma distinta, isento de juízo de valor, tipo melhor ou pior. De fato, preocupo-me comigo e com os que me cercam, fazendo, literalmente, o bem a todas as pessoas.

Não sou adepto da autopromoção de orgias mentais, culposas e, portanto, de julgamentos morais “coletivistas” em meu “eu” interior.

Pelo contrário, acho que o bem individual e da comunidade de fato se materializa, quando cada um se mantém preparado e atualizado em seus respectivos campos, em constante estado de alerta, para abraçar as oportunidades à frente, beneficiando a si próprio e aos outros.

Hoje, imagino que, mais uma vez, tive a oportunidade de cultivar minha mentalidade individual, que reputo como sendo a mais adequada. Sai com um sentimento - ah, como somos sentimentais! -, de que a “doutora” pensa - e tomara que aja como pensa e verbaliza - distintamente de mim.

Sim, claro, somos seres humanos e, portanto, inalteravelmente, diferentes.

 Site Percival Puggina - Alex Pipkin,PhD 

 

domingo, 30 de julho de 2023

Destruição de instituições é meta comunista - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Só há um tipo de gente que desprezo mais do que petista na política: tucanos! O perfil que quer a todo custo ficar bem com a esquerda radical, que muitas vezes se diz liberal até, mas que defende toda agenda comunista em costumes, e que mantém eterna ilusão de que os comunistas são bem intencionados. Como cansa!

O PT quer Marcio Pochmann no comando do IBGE. Pochmann é o terraplanista da economia, um bobalhão que não entende nada de nada, que chamou até o PIX de instrumento "neocolonial" para garantir o "protetorado americano". Nem os tucanos estão conseguindo passar pano para isso!

Luiz Carlos Mendonça de Barros publicou que "uma fonte petista me disse que é o Aloizio Mercadante que está por trás da tentativa de indicar Mantega e Marcio Pochmann para postos importantes no governo Lula e empresas com participação do governo para formar uma equipe econômica do futuro..." É o futuro argentino que nos espera!

"Estou ofendido como ex-presidente do IBGE", disse Edmar Bacha sobre a indicação de Pochmann. Elena Landau, a economista tucana do Livres, que votou em Lula, disse que está de "luto" com tal indicação. João Amoedo, que fundou e depois foi expulso do Novo, afirmou que "Lula se recusa a aprender com os próprios erros".

Essa turma toda não sabia quem era Lula quando fez o L? Eles acreditaram mesmo na tal "frente ampla democrática", com o pessoal do Dirceu, que idolatra tiranos comunistas? 
Eles compraram a valor de face a narrativa midiática de Mandela pacificador? 
Eles acharam que teríamos Arminio Fraga, Lara Resende, Meirelles no comando da economia? Risos...

Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e "isentão" que preferiu atacar tanto Lula como Bolsonaro para manter sua "imparcialidade", lembrou que faz 15 anos que não temos dados confiáveis na Argentina, onde o Indec, o IBGE deles, virou instrumento político. Saudades do Paulo Guedes, Alexandre?

Esses tucanos torram a minha paciência, preciso desabafar. Sofrem da Síndrome de Estocolmo, acabam se apaixonando por seus algozes, passam anos sendo demonizados por petistas, rotulados como "neoliberais" de forma pejorativa, e parecem lutar com afinco para cair nas graças dessa gente. Eles preferem atacar a "extrema direita" do que a esquerda realmente extremista que chegam até a apoiar.

Não há cabeça dura no PT, incapacidade de aprendizado ou algo assim: há método! Eles são comunistas com um projeto de poder totalitário, e este depende do aparelhamento e destruição das instituições de estado.

O PT é antiamericano, antiliberal, antimercado e anticiência.  
Dilma está oferecendo o banco do Brics para Putin, a China é idolatrada pelos petistas e Lule confessa abertamente seu desejo de superar o dólar. O que mais é preciso a turma do Foro de SP fazer e falar para que esses tucanos de mercado enxerguem a realidade?
 
Mario Sabino escreveu uma coluna no Metrópoles chamada: "O 'nazismo' do PT é o 'comunismo' de Bolsonaro". Ele acrescenta: "A justificativa para o tal pacote da democracia é patacoada. A estratégia do PT é criar um 'inimigo interno', na falta de inimigo externo".  
Tudo errado! Típica mensagem de isentão tucano cego. O nazismo que o PT repete é pura invencionice sem sentido, mas o comunismo é bem real. E temos inimigos externos sim: as ditaduras comunistas aliadas do próprio PT, como a China!
 
Quase todo tucano de alma precisa acender velas para comunistas. Quando criticam a esquerda, sempre precisam criticar a direita junto. Bancam os imparciais nessa "polarização", como se houvesse equivalência moral entre Bolsonaro e Lule, ou equivalência intelectual entre Paulo Guedes e Fernando Haddad. São uns covardes! 
E são os maiores responsáveis pelo avanço comunista em nosso país, pois sem essa elite bobalhona o PT não teria a menor chance...

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

 Deputados querem equiparar pet aos seres humanos

Projeto de lei, assinado por parlamentares do PP e do Patriota, se refere apenas ao caso de falecimento de cães ou gatos. Ainda não há previsão para o texto ser votado na Câmara

Diante da proximidade da relação entre pets e seres humanos, deputados propuseram que o funcionário sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) tenha o direito à licença do trabalho em caso de morte do animal de estimação. No Brasil, atualmente, essa regra vale para celetistas nos caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica.

A esse direito, dá-se o nome de Licença Nojo. No caso do projeto de lei, haveria um acréscimo para que o falecimento de pets seja incluído na lista de direitos à licença. O texto, protocolado pelos deputados Fred Costa (Patriota-MG) e delegado Bruno Lima (PP-SP), encontra-se ainda nas suas fases iniciais de tramitação, sem previsão para ser votado.

Em perspectiva parecida com que a CLT interpreta o óbito de algum parente próximo, o projeto diz ser necessária a licença para que os trabalhadores e tutores de pet possam lidar com o luto e também resolver as questões práticas relativas à morte do animal.

Ao citar as leis trabalhistas, o projeto assume existir um paralelo entre a licença em caso de morte de cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos com os pets.

"Podemos fazer um paralelo, respeitadas as devidas proporções, com o falecimento do cachorro ou do gato de estimação. Além das questões burocráticas que a pessoa deve resolver quando houver um falecimento do seu pet, como entrar em contato com uma clínica veterinária ou com o Centro de Zoonose da cidade para fazer uma incineração, (...) a pessoa entrará em processo de luto", diz a justificativa do PL. [o paralelo vai depender muito do valor, ou do desprezo, que o individuo beneficiado pela morte do cachorro ou do gato tenha pelo seus parentes. 
Afinal, a Suzane von Richtoffen , ou o casal Nardoni e outros do tipo certamente , valorizam um cão ou um gato do que os pais ou uma filha.]
 
Política - Correio Braziliense

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Compostagem humana: a nova opção para dispor de restos mortais

Com apelo ecológico, apesar de evocar terrores ancestrais, a rápida transformação de corpos em adubo vira opção nos Estados Unidos

 Compostagem humana - caixão - velório - EUA - Estados Unidos

Ao pó voltarás: corpo é colocado num cilindro com material orgânico e doses de oxigênio para acelerar o processo - Recompose Facility – The Greenhouse/Reprodução

Sociedades minimamente organizadas sempre tiverem sistemas bem estabelecidos sobre como dispor de seus mortos – um dos sinais mais ancestrais de civilização.

Nos tempos atuais, isso também está sendo reavaliado. As imagens do corpo do papa emérito Bento XVI provocaram arrepios em quem perdeu a conexão com rituais antigos e tem pavor de pensar em si mesmo na mesma situação.

Se for o seu caso, não leia o seguinte: o corpo do papa Pio XII, tratado com um método “natural” de embalsamamento, explodiu à altura do tórax durante o trajeto de Castel Gandolfo a Roma, em 1958, arrancando o nariz e alguns dedos, e ficou inteiramente verde. Quem contou os detalhes foi seu médico, que acabou banido do Vaticano até o fim da vida pela grave quebra de sigilo.

A ideia de um método natural também é o maior argumento de venda da “compostagem humana”, um sistema que foi aprovado no estado de Nova York, sob fracos protestos de “desrespeito” feitos pela Igreja Católica.

O método é exatamente o que diz ser: os corpos são transformados em adubo orgânico de forma acelerada, evitando os custos altos e a ocupação de espaço do enterro comum, da tanatopraxia ou  do embalsamamento completo que ainda é frequente nos Estados Unidos, bem como do consumo de energia da incineração (equivalente a 800 mil barris de combustível, esclarecem promotores da inovação).

A compostagem já funcionava em outros cinco estados americanos de população com voto mais liberal, como Washington, Vermont, Colorado, Oregon e Califórnia.

O nome oficial é redução orgânica natural e consiste em colocar o corpo num caixão de aço (reutilizável) envolto em grande quantidade de serragem, alfafa, palha ou todos eles. O receptáculo entra numa câmara, parecida com as de criogenia, onde o calor de mais de 50 graus  acelera a proliferação dos microorganismos que portamos naturalmente. A intervalos regulares, ele é revirado, como na compostagem comum.

Em um mês, o trabalho pesado está feito. O caixão é aberto para a retirada de materiais inorgânicos como obturações ou próteses. Os ossos são quebrados até virar pequenos fragmentos. O caixão volta para a câmara por mais trinta dias, ao fim dos quais restará a compostagem equivalente a 38 sacos de terra orgânica. “Muito rico em nutrientes e excelente fertilizante”, diz uma funerária.

Outra oferece o serviço de espalhar a compostagem numa área de bosque mantida especialmente para isso, com a garantia de que as árvores serão preservadas e não substituídas por construções. O serviço completo custa de 3 800 a 7 000 dólares, dependendo de despesas com transporte do corpo e outras.

O que não pode ser feito: misturar a compostagem de diferentes corpos ou usar o material orgânico como fertilizante em plantações de produtos alimentícios.  
Só de mencionar esta parte já evoca um filme bizarro e muito falado pelos adeptos de ficção científica. 
Um detetive interpretado por Charlton Heston investiga um crime num mundo distópico em que os mares estão morrendo, a poluição é permanente e a superpopulação é dividida em castas.

Não é preciso ser nenhum gênio para descobrir a história central: o material que alimenta as massas não é feito de plânctons, extintos nos oceanos contaminados, mas de corpos humanos. O filme data de 1973 e os acontecimentos  do futuro distópico são em 2022.

A compostagem humana é um passo bem além do “enterro ecológico”, uma moda que pegou na Inglaterra: o corpo vai num caixão de vime para facilitar a decomposição natural. Mas antes de voltar pacificamente ao pó do qual todos viemos, produz um conjunte de elementos nada ecológicos, como o necrochorume.

Os rituais pós-morte fazem parte da vida e são importantes para os que ficam atravessar o luto. A religião que tinha o papel dominante nessa etapa refluiu e outros métodos surgem para atender um consumidor – isso mesmo, consumidor – que quer um fim diferente para si mesmo. “Virar árvore” parece até poético, nem que seja através da compostagem.

MUNDIALISTA - Vilma Gryzinski - Revista VEJA


sexta-feira, 13 de maio de 2022

Estado nega direito à memória dos mortos na Chacina do Jacarezinho - O Globo

Destruição

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, às vésperas do 13 de Maio, destruiu o memorial que organizações sociais e famílias do Jacarezinho instalaram na comunidade no primeiro aniversário da maior chacina por intervenção de agentes da lei no estado. [Não houve chacina e sim o emprego pela Polícia da força e dos meios necessários ao cumprindo de mandados de prisão contra criminosos homiziados naquela  favela; aliás, a reação policial começou após um policial civil ser covardemente assassinado por um bandido acoitado na favela.
É preciso que os criminosos e,  eventuais pessoas que os acoitam, entendam que o policial - de qualquer corporação - tem o direito a voltar vivo e são para sua casa. A demolição do memorial, desnecessário por pretender lembrar algo que não ocorreu, foi necessária e oportuna, já que poderia ser utilizado como meio de apologia ao crime. O uso do 'caveirão', foi conveniente pelo caráter didático do seu emprego.] Como instrumento de demolição, usou o blindado conhecido como caveirão, recorrente nas incursões em favelas cariocas. Como justificativa, a acusação de apologia ao tráfico, sem respaldo de decisão judicial, necessária no Estado Democrático de Direito. Revitimizou os 27 civis mortos, tachados de traficantes; levou ao chão o nome do inspetor André Frias, morto em vão na operação contra aliciamento de menores e tráfico de drogas, nunca interrompidos; criminalizou associações comunitárias e defensores de direitos humanos envolvidos nos atos por justiça.

Eleições: Bolsonaro diz que ninguém quer atacar urnas

A Chacina do Jacarezinho deixou 28 mortos e caminha a passos largos para a impunidade. Já foram arquivados dez inquéritos relacionados a 24 vítimas; duas delas, segundo o próprio Ministério Público (MP-RJ), não tinham antecedentes criminais e foram alvejadas por acaso durante os confrontos. Dois casos foram denunciados à Justiça: num deles, dois policiais da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) são réus pela morte de Omar Pereira da Silva; noutro, dois chefes do tráfico respondem pelo homicídio do policial André Frias. Na maioria dos casos, não foi possível cravar nem que houve execuções, como acusam moradores, nem disparos em legítima defesa, como alegam policiais.

O memorial aos mortos do Jacarezinho foi destruído cinco dias após a inauguração e menos de quatro meses depois do lançamento, pelo governador Cláudio Castro (PL), do programa Cidade Integrada, releitura das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). A nova política começou pela comunidade da Zona Norte e pela Muzema, favela da Zona Oeste dominada pela milícia, com promessa de atenção às demandas locais por serviços públicos, assistência social, formação profissional, trabalho e renda. Mas a ação da última quarta-feira sugere que a relação do governo fluminense com territórios populares segue pautada por truculência e falta de diálogo.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Castro é candidato à reeleição. Assumiu o Palácio Guanabara há pouco mais de um ano, após o impeachment de Wilson Witzel, o ex-juiz federal eleito governador sob a promessa de “atirar na cabecinha” de criminosos. [eleito pelo povo, o que não deixa de ser uma manifestação da concordância da maioria do eleitorado pela promessa do então candidato.] Na gestão de Castro, organizações de direitos humanos têm denunciado alta incidência de confrontos armados e letalidade policial. O Instituto Fogo Cruzado contabilizou, de 1º de janeiro a 11 de maio deste ano, 1.254 tiroteios na Região Metropolitana do Rio, 407 dos quais durante intervenções policiais. As operações deixaram 188 mortos e 253 feridos. Onze de 16 chacinas (ocorrências com três ou mais óbitos) no Grande Rio se deram durante ações das forças de segurança; elas somaram 47 dos 63 mortos. Quarenta e oito agentes da lei foram baleados, 21 morreram. São as estatísticas de um modelo de segurança pública que só produz luto. Nas famílias das favelas, nos lares dos policiais.

Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Eles estão de volta - Revista Oeste

Silvio Navarro

Vinte anos depois, o PT tenta retornar ao poder conduzido pelo mesmo grupo assombrado por um fantasma: Celso Daniel 

Há 20 anos, o grupo que comandava o Partido dos Trabalhadores, liderado por José Dirceu, vislumbrou uma possibilidade real de colocar em prática o seu projeto de poder no país. Com alguns arranjos políticos, muito dinheiro surrupiado e uma estampa palatável para Lula, eles teriam condições de chegar ao Palácio do Planalto depois de três derrotas seguidas. 
Lula, ao lado de José Dirceu e Marta Suplicy, durante o velório de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André | Foto: Samir Baptista/AE
Lula, ao lado de José Dirceu e Marta Suplicy, durante o velório de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André - Foto: Samir Baptista/AE

Naquela época, além de Dirceu para quem Lula entregou a faixa de capitão do time logo depois de eleito , o PT era conduzido pelo ex-guerrilheiro do Araguaia José Genoino, o ex-seminarista Gilberto Carvalho, o despachante Silvio Pereira e “a turma do ABC”, dividida entre a ala dos sindicalistas, com Luiz Marinho e Vicentinho à frente, e os chamados “intelectuais”, cujo expoente era Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Dessa lista, Celso Daniel foi o único que ficou pelo caminho. Era um quadro discreto, respeitado no meio acadêmico — dava aulas na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e na Fundação Getulio Vargas (FGV) —, e fizera da sua prefeitura um verdadeiro caixa de propina para o projeto petista de poder — aos seus olhos, um roubo altruísta. Foi encontrado morto na manhã de 20 de janeiro de 2002, dois dias depois de ter sido sequestrado. O corpo estava cravejado por oito tiros numa estrada vicinal em Juquitiba, às margens da Rodovia Régis Bittencourt.

Na tarde seguinte, uma frase dita por Lula diante de uma multidão em luto no enterro jamais saiu da cabeça dos investigadores do Ministério Público e pesquisadores que estudaram o caso.“Estou convencido de que você, Celso Daniel, não foi vítima do acaso e que não foi um incidente. Possivelmente, sua morte foi planejada e tem gente graúda por trás disso”, disse

A quem Lula se referia quando falou em “gente graúda por trás disso”? Não se sabe, talvez nunca se saiba. É importante lembrar que, quatro meses antes, outro prefeito petista fora assassinado: Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, que administrava Campinas, no interior paulista. Ele foi baleado no dia 10 de setembro de 2001. À época, o incidente só não ganhou repercussão maior porque, no dia seguinte, a Al Qaeda, de Osama Bin Laden, derrubou o World Trade Center, no atentado terrorista que mudou o mundo. A imprensa tinha um assunto maior para cobrir.

Na cidade de Campinas funcionava um esquema de corrupção similar ao de Santo André e também ao de Ribeirão Preto (SP), cujo prefeito era Antonio Palocci Filho. Não é exagero afirmar que era um petrolão em menor escala: empresários e políticos petistas sócios num consórcio em que o principal objetivo era a repartição da montanha de dinheiro público.

Em 2005, a CPI dos Bingos, batizada de CPI do Fim do Mundo, revirou histórias mal contadas sobre administrações petistas. Foi quando João Francisco e Bruno, irmãos de Celso Daniel, relataram ter ouvido de Miriam Belchior, ex-mulher do prefeito, e de Gilberto Carvalho, que R$ 1,2 milhão foram entregues a José Dirceu.

João Francisco interpelou Gilberto Carvalho: “Você se esqueceu que, naquele dia, em casa, entre um pedaço de bolo e outro, você disse que tinha medo de transportar tanto dinheiro para o José Dirceu num Corsa preto?”, perguntou. “Sinto que sua alma está aprisionada.”

Fantasmas do PT
A morte de Celso Daniel e a de Toninho do PT ficarão para sempre no imaginário popular. Nos dois casos, foram tratadas como crimes urbanos, cometidos por ladrões insignificantes que terminaram na cadeia — a maioria está presa até hoje e o silêncio é regra. As testemunhas morreram. Os mandantes nunca foram identificados. A trama política que poderia ser o pano de fundo dessas histórias foi deixada de lado, sabe-se lá se por conveniência ou por medo de espalhar demais o braseiro.

Agora o PT ressurge in natura, sem a maquiagem dos marqueteiros do passado

O terceiro prefeito citado, Antonio Palocci, virou sucessor de Celso Daniel na coordenação da campanha de Lula dias depois do assassinato. Chefiou o Ministério da Fazenda, a Casa Civil e só não está mais na cena política porque derrapou duas vezes. Primeiro, ao comprar briga com um simples caseiro de Brasília. Depois, por ter sumido com R$ 20 milhões do caixa oculto da campanha de Dilma Rousseff.

O fato é que esses laboratórios do petrolão deram certo e a turma toda se deu bem num primeiro momento. Quando a onda passou, caíram, um a um, por duas razões. Antes de mais nada, porque, para fazer o negócio funcionar em grande escala, foi preciso recrutar os trambiqueiros de Brasília, que não estavam nem um pouco interessados na doutrina marxista-leninista de Delúbio Soares ou João Vaccari Neto. E porque, como disse o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) ao ser implodido no mensalão, “quem nunca comeu mel quando come se lambuza”.

Dá descarga na engarrafadora do vento

20 anos depois
Beneficiados por uma espiral de decisões de tribunais superiores, o grupo petista, hoje “descondenado”, quer voltar a dar as cartas. A maioria das condenações foi extinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois de determinado o fim da prisão em segunda instância. Segundo um levantamento do jornal O Estado de S.Paulo, extinguiram-se 277 anos em penas, envolvendo 74 pessoas — não só de petistas, obviamente. A Justiça Eleitoral também entendeu que Lula tem a ficha limpa. As tornozeleiras eletrônicas foram retiradas. E a pandemia os recolocou, ao vivo, em lives na internet. É possível assistir a Dirceu, Genoino e grande elenco no YouTube atacando a Operação Lava Jato.

Contudo, um detalhe importante chama a atenção: nessas aparições, cada vez mais recorrentes, o PT ressurge in natura, sem a maquiagem dos marqueteiros do passado, Duda Mendonça e João Santana. Fala-se abertamente tudo o que precisou ser camuflado para chegar ao poder, há 20 anos.

Eis alguns exemplos da atual agenda eleitoral do PT:

1) não haverá uma nova Carta aos Brasileiros — referência ao documento assinado por Lula em 2002, que procurava acalmar banqueiros e empresários;

2) o teto de gastos (compromisso de austeridade fiscal) será revogado;

3) as privatizações vão cessar ou serão revertidas;

4) fim da autonomia do Banco Central;

5) leis trabalhistas serão revistas — ou seja, a burocracia estatal pode ser amplificada, causando aumento no gasto público;

6) retomada do imposto sindical;

7) será implantado, finalmente, o controle social da mídia — pode chamar de censura que ele atende.

Não é só. José Genoino também voltou à ativa depois da cadeia. E é na teoria dele que mora o perigo. Genoino acredita que o que faltou ao PT no passado foi dominar as Forças Armadas — como fez Hugo Chávez ao nomear centenas de generais na Venezuela. Nas palavras do ex-guerrilheiro do Partido Comunista Brasileiro, é preciso instaurar uma “nova política de defesa no país” e “diminuir a reações militares” (veja o vídeo abaixo).

[o PT não volta; e essas almas penadas, tipo a do vídeo, só servem para arrastar correntes no inferno.]

Genoino se refere a uma das poucas reservas que a tropa petista manteve quando esteve no poder: aparelhar o comando das Forças Armadas. Sempre que a tentação ganhou força, o Palácio do Planalto interferiu e indicou um nome considerado moderado, como o próprio ex-vice-presidente José Alencar ou o ex-ministro do STF Nelson Jobim. Aparentemente, agora a história é diferente.

Faltam dez meses para as eleições. É bastante tempo. Mas uma coisa é certa: se conseguir voltar, o PT vai voltar mais PT do que nunca. [o PT não volta; nem ele,nem a maldita esquerda - perderam em 35, em 64 e perderão quantas vezes tentarem.]

Leia também “O país dos ‘descondenados’”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 25 de março de 2021

Vergonha para o STF, luto para o Brasil - Gazeta do Povo - Editorial

Editorial

Ministra Carmen Lúcia mudou o próprio voto e formou a maioria para considerar o ex-juiz Sergio Moro suspeito no processo do tríplex do Guarujá.

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal retomou, o julgamento de um habeas corpus inexistente, aquele que alegava suspeição do então juiz federal Sergio Moro no processo do tríplex do Guarujá, em que o ex-presidente Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.  
E o desfecho deste espetáculo, por si só deprimente, só serviu para cobrir de vergonha dois de seus protagonistas, com uma inacreditável e injustificável reversão de voto que criou maioria de três ministros contra dois em favor do habeas corpus e da suspeição de Moro, neste dia que cobre o Supremo de infâmia. 
 
Este processo e todas as outras ações contra Lula que correram na 13.ª Vara Federal de Curitiba foram liminarmente anulados por decisão do ministro Edson Fachin, ou seja, é como se jamais tivessem existido. A lógica básica leva a concluir que todos os recursos ligados a tais ações estão igualmente nulos, e já naquele momento era evidente que a única solução sensata era deixar para julgar a suspeição de Moro só depois que o plenário do Supremo julgasse a liminar de Fachin sobre a anulação dos processos de Lula (o que até hoje ainda não ocorreu). Apesar disso, no último dia 9, quatro ministros da Segunda Turma criaram a figura do “processo zumbi”, um recurso morto-vivo que poderia ser julgado mesmo sendo nulo. Naquela ocasião, Kassio Nunes Marquesque fora favorável ao julgamento do habeas corpus – pedira vista; quando comunicou que seu voto estava pronto para ser proferido, o tema voltou à pauta da turma, dando continuidade ao absurdo de se manter o julgamento da suspeição antes de resolver a questão da nulidade das ações.

Todos os “novos elementos” citados por Cármen Lúcia para mudar seu voto já eram conhecidos quando ela tinha votado contra a suspeição de Moro, o que invalida sua argumentação. Nunes Marques baseou seu voto contra a suspeição de Moro no fato de as supostas mensagens atribuídas ao ex-juiz e aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato terem sido obtidas ilegalmente, motivo pelo qual não poderiam ser usadas. Não se pode dizer que seja a melhor linha de argumentação, até porque o uso de provas ilícitas quando servem para beneficiar o réu é aceito no ordenamento jurídico brasileiro. Teria sido melhor afirmar que os supostos diálogos são inúteis como prova neste caso não por terem sido obtidos ilegalmente, mas porque sua autenticidade jamais foi comprovada; e, depois, seguir apontando todas as incoerências e falácias da defesa de Lula, que buscavam atribuir parcialidade a Moro com base em atos bastante defensáveis do ponto de vista processual, seja porque explicitamente amparados pela lei, seja porque dentro da margem de discricionariedade concedida ao juiz em questões passíveis de interpretação.

De qualquer forma, o voto de Nunes Marques formava, naquele momento, maioria contra a concessão do habeas corpus. Na qualidade de presidente da turma, em vez de indagar se mais algum ministro tinha algo a acrescentar e proclamar o resultado, Gilmar Mendes protagonizou cenas extremamente constrangedoras ao passar horas simplesmente reafirmando o que já havia dito em seu voto do dia 9, demonstrando nitidamente sua insatisfação com o desfecho que não lhe agradava, elevando a voz em diversas ocasiões, repetindo clichês como a comparação da Lava Jato com o totalitarismo soviético e a Stasi alemã-oriental, e relendo as supostas mensagens que ele mesmo dizia não serem necessárias para comprovar a parcialidade de Moro. Tudo isso para constranger tanto Nunes Marques quanto Cármen Lúcia, que no dia 9 havia deixado no ar a possibilidade de mudar seu voto contrário à suspeição.

E o espetáculo protagonizado por Gilmar Mendes acabou empalidecendo em comparação com o que ocorreu após o intervalo. Com toda uma candidez que contrastava com o descontrole de Mendes, Cármen Lúcia mudou seu voto anterior, que havia sido contrário à suspeição, alegando que, depois de sua primeira manifestação, havia “novos elementos” que a levaram a mudar de opinião. No entanto, tudo o que a ministra citou – a condução coercitiva de Lula, a interceptação telefônica que incluiu advogados do ex-presidente, a divulgação das conversas entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff, e o levantamento do sigilo sobre a delação do ex-ministro Antonio Palocci já havia ocorrido quando Cármen Lúcia havia dado seu voto original. Ora, se foram esses os elementos que a fizeram mudar de ideia a respeito da suspeição, eles já eram amplamente conhecidos quando o habeas corpus começou a ser julgado, o que derruba a argumentação da ministra. Em sua irretocável intervenção final, na qual reforçou vários argumentos contra a suspeição, o relator Edson Fachin fez questão de demonstrar, de forma cristalina, que, à exceção das supostas mensagens, não havia nenhuma informação nova que já não estivesse presente quando a defesa de Lula impetrou o habeas corpus, no fim de 2018.

“Cada um passará à história com o seu papel”, vociferou Gilmar Mendes durante sua manifestação, e ele tem razão. Quanto ao presidente da Segunda Turma, sua atuação sistemática na desconstrução da Lava Jato já lhe garantiu com folgas a forma como ele passará à história. 
E Cármen Lúcia que, nesta terça-feira, acrescentou uma mancha ao seu legado. 
 
Pois o que ocorreu nesta sessão da Segunda Turma não foi apenas uma enorme injustiça contra Moro ou contra a Lava Jato. As portas foram abertas para se inviabilizar o bom combate à corrupção. O Brasil tem todas as razões para estar de luto.
 

Editorial - Gazeta do Povo
 

domingo, 1 de novembro de 2020

A pandemia e o luto - Nas entrelinhas

No Dia de Finados, todos os mortos serão lembrados, mas as vítimas da pandemia são como corpos insepultos ou enterrados em cova rasa, cujo luto é diferenciado

Uma das singularidades da pandemia do novo coronavírus no Brasil — que chega aos 160 mil mortos e 5,5 milhões de infectados — é a sua naturalização pelo presidente Jair Bolsonaro, que sempre combateu as medidas de isolamento social adotadas por prefeitos e governadores e tratou-a como uma “gripezinha”. [medidas que não funcionaram, especialmente pela defasagem temporal em sua aplicação pelos estados. Cada governador e prefeito decidindo conforme sua cabeça = interesses políticos e em alguns casos (a maioria) não republicanos. 

O que está salvando o Brasil, é à generosidade de DEUS que propiciou um longo período de platô, superior aos cem dias, permitindo  o surgimento da 'imunidade de rebanho'. 

Quanto ao presidente considerar o coronavírus uma gripezinha, é justificável: o índice de contágio pelo vírus que, obviamente,  antecede à covid-19,  que pode resultar na morte do infectado, é bem menor que o da gripe sazonal = que ocorre todo ano e a mortalidade nem sempre é destacada pela mídia.] morte

A aposta do presidente da República era de que ambos arcariam com as consequências negativas do impacto econômico da crise sanitária e ele, desafiando o vírus mortífero, se beneficiaria do auxilio emergencial aprovado pelo Congresso — cinco parcelas de R$ 600, de abril a agosto, e quatro de R$ 300, de setembro até dezembro e que o governo distribuiu à mais de 60 milhões de pessoas. O governo gastou até setembro R$ 411 bilhões com a pandemia, dos quais R$ 213 bilhões com o auxílio.

Acontece que essas despesas foram feitas como quem faz uma grande compra de consumo imediato com cartão de crédito, ou seja, a conta um dia vai chegar. E está chegando com a dívida pública já equivalente a 90% do PIB e uma taxa de desemprego de 14,4 %, que deve aumentar, porque a procura por emprego, com a redução do auxílio emergencial, também aumentará.  [atrelar o cálculo do crescimento da dívida pública é uma forma encontrada para maximizar o pior. A pandemia derrubou o PIB - que foi herdado meio murcho,  pelo governo atual - e ao mesmo tempo elevou a dívida pública (bom ler aqui sobre dinheiro sobrando nas mãos de  governadores e prefeitos devido o auxílio que a União foi coagida a prestar = matéria transcrita do Valor Econômico), mantendo essa forma absurda logo a dívida pública ultrapassa o PIB.]   já 

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Mas não tem como fugir de uma realidade social impactada pelos efeitos psicológicos da pandemia na vida das pessoas, em particular o luto dos amigos e familiares das vítimas de COVID-19, que não tem nenhum paralelo com o de outras causas mortis, inclusive porque o rito de passagem de seus funerais foi profundamente afetado pela ausência de velórios e os caixões fechados.

Negação e resiliência
Após naturalizar a pandemia, em algum momento, Bolsonaro haverá de pedir desculpas por esse comportamento, quiça na campanha leitoral de 2022, mas até agora não manifestou um sincero pesar pela escalada da pandemia. Seus lamentos foram sempre preâmbulos de alguma firmação que estabelecia como prioridade manter as atividades econômicas a qualquer preço. Acontece que essa prioridade é apenas retórica, na verdade, há um cada um por si, porque o governo abandonou as reformas, não tem prioridades, se digladia internamente e está prisioneiro das corporações e grupos econômicos que o apoiam. São inúmeros exemplos, os mais recente são os cancelamentos do projeto da BR do Mar nova Lei da navegação de cabotagem —, por exigência dos caminhoneiros, [o cancelamento do projeto BR do Mar tem que merecer maior atenção da imprensa - o governo não pode ceder à chantagem dos caminhoneiros  e deve envidar todos os esforços para livrar o Brasil da dependência das rodovias, tendo a obrigação de privilegiar a construção de ferrovias.

O transporte hidroviário também deve merecer atenção especial do governo. A construção e utilização intensivas de FERROVIAS e HIDROVIAS além de baratear o custo dos fretes - reduzindo o custo Brasil -  livra nosso Brasil de uma vez por todas da chantagem dos rodoviários. ]

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O luto ocorre porque a perda física do ente querido não elimina o afeto. É uma ausência de difícil aceitação no tempo em que ocorre, porque o amor sobrevive. Isso gera uma negação, que se manifesta de forma silenciosa, muitas vezes, como fuga da realidade; num segundo momento, vem a revolta, muitas vezes inconsciente e inexplicável. Leva tempo para que as pessoas superem a depressão subsequentemente e aceitem a perda, para que a vida plena se restabeleça. Mas não existe esquecimento. Aceitar não é deixar de sentir. O luto se torna essencial, um marco na vida pessoal. A resiliência diante da morte também gera simpatia ou engajamento em movimentos que sejam antítese do sua causa. É o caso dos familiares de vítimas de balas perdidas ou violência policial. Na pandemia, a naturalização das mortes pode ser apenas a primeira fase de um luto coletivo. Muito mais amplo e profundo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense  - MATÉRIA COMPLETA