Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador oráculo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador oráculo. Mostrar todas as postagens

sábado, 25 de dezembro de 2021

A tela e a toga - Guilherme Fiuza

Revista Oeste
O poder é deles e eles fazem com isso o que bem entenderem — inclusive atravessar o samba da promiscuidade 
 
Presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e o jornalista Heraldo Pereira cantam juntos em casamento | Foto: Reprodução
Presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e o jornalista Heraldo Pereira cantam juntos em casamento | Foto: Reprodução
 

Barroso está sempre bem na tela que Heraldo ocupa. Ou mais que isso: nos últimos dois governos, essa tela dispara diariamente contra o ocupante da cadeira presidencial — e nos últimos dois governos Barroso se dedica com afinco à mesmíssima atividade. Por mais de um ano, essa tela bombardeou sem parar o então presidente da República Michel Temer, baseando-se na delação imprestável do criminoso confesso Joesley Batista — delação que inclusive acabou suspensa.

Barroso virou uma espécie de palestrante antibolsonarista, um onipresente e inveterado personagem de lives colegiais

Esse cerco regido de forma rudimentar pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, cujo ex-braço direito na Procuradoria foi o instrutor de Joesley na manobra, contava com a ação diligente de Luís Roberto Barroso. O ministro do STF fez a sua parte prorrogando indefinida e artificialmente as investigações contra o então presidente da República, sem qualquer inibição diante dos indícios comprometedores que insistiam em não aparecer.

Manter o cerco a Temer era um ato singelo, como subir num palco e cantar. Cada um na sua. O governo mudou, entrou no palácio outro presidente, mas a tela e a toga mantiveram a mira na mesma direção. Barroso virou uma espécie de palestrante antibolsonarista, um onipresente e inveterado personagem de lives colegiais, cheias de construções filosóficas indigentes sobre aspirações iluministas contra o espectro do fascismo imaginário. Um numerão patético.

Esse numerão patético ficaria relegado à sua condição bastarda se não fosse, fiel e invariavelmente, envernizado na poderosa tela ancorada pelo companheiro Heraldo. Afinação é tudo.  Por outro lado, se coloque no lugar do Barroso. 
O que você faria se o mais poderoso dos holofotes te buscasse no fundo da sua mediocridade e te transformasse em oráculo? 
Você subiria num palco e soltaria a voz, certo? Pois é, foi exatamente o que ele fez.

E o mais comovente na cena do supremo caraoquê foi o seguro de vida. Estava lá o Heraldo, o representante da seguradora, rosto e voz da alquimia oracular que ungiu o felizardo Barroso, lado a lado com ele, validando a apólice ao vivo, confiança na veia, rosto colado e sem máscara — porque quem está imune a tudo e a todos não precisa de máscara. Nem para esconder o vexame.

Barroso — logo ele que falou tanto em ameaça totalitária — manda demitir por justa causa não vacinados, se lixando para o fato de que as vacinas não bloqueiam contágio e não têm estudos conclusivos sobre riscos. Ele não precisa de nada disso. Com o holofote do Heraldo, ele pode reescrever a ciência inteira se quiser, entre um refrão e outro. Você está indignado porque não fez as amizades certas.

Subo nesse palco, minha alma cheira a talco, como bumbum de bebê. Quero mil bolsonaros para eternizar o meu humanismo de fachada empoderado pela tela mais vista do continente. 
Com a minha fala mole o céu é o limite, porque a alquimia eletrônica transforma afetação em erudição e quase ninguém diz. Pelo menos aqui do gabinete não dá pra ouvir. E criar uma conjunção de poder particular fingindo prestar serviços ao público é gostoso demais.

A diferença entre um doutrinador e um farsante está no nível de distração da plateia. Até aqui, tudo bem.

Leia também “O candidato”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 7 de junho de 2021

A copa e o capo - Relator Calheiros perde mais uma - VOZES

[Renan Calheiros descobre que sua liderança pró motim no chamada seleção brasileira é < ZERO. 
Pernas de pau do timinho do tite, descobrem que não são insubstituíveis,amarelam  e resolvem jogar a Copa América -  é essencial que Tite seja demitido e Renato Gaúcho assuma.]

Guilherme Fiuza

Senador falou até em convocar o presidente da CBF para depor na CPI da Covid caso a Copa América seja confirmada no Brasil.

Renan Calheiros disse que a Copa América é o campeonato da morte. Alerta importante. Como já notou qualquer um que acompanha o noticiário nacional, hoje a principal referência científica no país é Renan Calheiros. Os brasileiros estavam perdidos em meio à pandemia até aparecer o oráculo das Alagoas para dar-lhes o norte (e o sul, o leste e o oeste). O que ele por ventura não saiba (o que é raríssimo) aquela médica-cantora que fez um sensacional dueto com ele na CPI explica em uma frase. Isso é o bom da ciência moderna: não tem muita conversa, é tudo pá-pum.

No que viu o farol iluminista de Renan Calheiros apontado para as trevas da Copa América, Tite já se posicionou. Como se sabe, o [ainda] técnico da seleção brasileira é simpatizante de Lula, que por sua vez é unha e carne com Renan – ou seja, tudo dentro da ciência. O técnico foi logo dizendo – na véspera do jogo do Brasil nas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo – que havia um ruído e os jogadores estavam na dúvida se jogariam o outro torneio. Como se vê, existem Américas e Américas.

Os reis da empatia (alguns pronunciam empatite) logo se eriçaram e se levantaram contra o campeonato da morte. O país tem jogos internacionais de três competições futebolísticas, todas sem público e com rigoroso protocolo sanitário para atletas e delegações, conforme previsto para a Copa América, mas se o Renan Calheiros alertou não dá para titubear. Fora Copa América.  (O Brasil é sede de um torneio internacional de vôlei, mas se o Renan não disse nada até aqui, tá limpo. Podem jogar, narrar, assistir e vibrar numa boa. Segurança é tudo.)

Tem também o campeonato de ônibus lotados, vagões apinhados, estações aglomeradas e todo o torneio diário de muvuca nos transportes públicos promovidos por governadores e prefeitos de todo o país, mas disso o pessoal da empatite ainda não falou. Como a médica-cantora também não disse nada, depreende-se que está tudo bem. Ufa. Não é fácil seguir a ciência ao pé da letra.

Sempre tem os mais desconfiados que ficam lendo e relendo a Bula de Calheiros para si mesmos, envenenados por aquela velha mania de querer uma segunda opinião. Sem problemas. É só perguntar ao Omar Aziz. Ele é cercado por gente que entende tudo de saúde, segundo a Polícia Federal. Ainda não está satisfeito? Quer uma terceira opinião? Não se aflija. Pergunte ao Randolfe. Mas se ainda assim você continuar perguntando de onde vem a autoridade desse trio de ouro em matéria de medicina, não restarão dúvidas: você é um ignorante que não lê jornal nem vê televisão. Está tudo lá, e nunca uma agência de checagem desmentiu o bando – ops, a junta médica. [o ilustre colunista esqueceu de sugerir que o vampiro, o conde Drácula, - vulgo do senador petista Humberto Costa que, quando ministro da Saúde do multicondenado Lula, se envolveu com a máfia do furto de banco de sangue, conforme apurado pela operação sanguessuga - fosse consultado. Ele tem amplos conhecimentos científicos com mestrado em 'banco de sangue' .
Por coincidência, o Drácula é também um que tem a voz de castrato = a daquele outro senador que sempre perde.
Aliás, essa CPI Covidão tem senadores especialistas em várias áreas - além do relator Calheiros, especialista em tudo, tem um delegado de policia (quando o general Pazzuelo estava depondo na Covidão foi enquadrado pelo senador delegado.... que representa o estado do Espirito Santo, mas o nome não recordamos;)
tem ainda o senador Jader Barbalho, especialista prático no uso de algemas e outros que aos poucos serão revelados.]

E bota junta nisso. Eles quase juntaram a doutora Nise Iamagushi, faltou pouco para a delicada oncologista levar um safanão do grande Omar Aziz, incomodado justamente com tanta delicadeza. Ele foi muito claro: não estava suportando a voz suave da médica de 62 anos. Está certo, o companheiro Omar. Suavidade irrita mesmo. E ela, de forma acintosa, continuou falando suavemente. Deu sorte que o Omar e o Renan não mandaram algemar. Em defesa da vida e da ética eles são capazes de tudo.

Veja Também:Notícia boa é notícia ruim

A complexidade da ciência é assim mesmo. Às vezes você chega a ter a sensação de estar num campo de várzea assistindo a um clássico do crime, daqueles em que a qualquer momento o zagueiro pode mandar chumbo no atacante, mas são só as ilusões do empirismo. Não se faz omelete sem quebrar os ovos e não se faz ciência sem quebrar uns ossos. E não se esqueça: perigosa é a Copa América.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES