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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Maioria política e maioria eleitoral - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os números são os números. Luiz Inácio Lula da Silva chegou na frente no primeiro turno da eleição presidencial e ficou perto de concluir a fatura. Mas no Congresso Nacional manteve-se, reforçada, a maioria esmagadora do centro para a direita. E, com exceção de quatro estados onde o PT já é governo (no Ceará informalmente), o desempenho da esquerda regionalmente não foi bom.

Como olhar esse paradoxo? Por que a esquerda lidera na majoritária nacional e enfrenta dificuldades nos demais níveis?   
Entre as possíveis explicações, uma parece imediata: a vantagem numérica de Lula na corrida federal até o momento decorre não propriamente de uma inclinação do eleitorado à esquerda, mas de dois outros fatores
1) a memória da prosperidade nos governos Lula e, principalmente,
 2) a rejeição pessoal a Jair Bolsonaro.
O presidente tenta enfraquecer o primeiro ponto estimulando a recordação das dificuldades econômicas surgidas no período Dilma Rousseff. Mas isso vem tendo um efeito apenas relativo, pois o PT tem operado com sucesso a separação entre os períodos Lula e Dilma. 
Ela ficou com o passivo, enquanto ele preservou o ativo eleitoral.

O flanco algo vulnerável da maioria numérica lulista é o segundo, a rejeição a Bolsonaro.

Se Bolsonaro conseguir relativizar sua rejeição no juízo do eleitor, e elevar a de Lula, pode fazer até eleitores do petista no primeiro turno concluírem que, apesar de não gostarem da figura do presidente, talvez valha a pena mantê-lo, pois afinal a economia está melhorando.  
É esse vaso comunicante que pode levar alguns eleitores de Lula no primeiro turno a mudar de lado. 
É raro e difícil de conseguir, mas vamos lembrar do que aconteceu em 2006.
 
Na aritmética, Lula está perto de levar a taça, mas eleição está mais para o tênis, ou o vôlei, do que para o futebol. 
Não basta esperar o tempo passar e administrar a vantagem, você tem de fechar o jogo. O que falta para Lula fechar o jogo? 
Evitar que Bolsonaro transforme a maioria política do centro para a direita em maioria eleitoral no segundo turno.  
Não parece tão difícil assim, mas não está tão fácil quanto indicam os números tomados pelo valor de face.
 
O risco para Bolsonaro está em Ciro e Simone garantirem a Lula uma transferência de votos suficiente para impedir que Bolsonaro transforme a maioria política em maioria eleitoral. 
O risco para Lula está em a esmagadora maioria política de Bolsonaro nas demais regiões, especialmente no Sudeste, acabar se transformando em uma maioria eleitoral capaz de neutralizar a resiliente vantagem do petista no Nordeste.

Pois no Nordeste Lula parece estar quase no teto, mais que Bolsonaro no Sudeste.

Alianças políticas costumam ser fundamentais em segundo turno, mas é preciso um certo cuidado para não as reduzir a alianças partidárias ou com candidatos derrotados no primeiro turno. Há muito tempo a política deixou de ser monopólio dos partidos.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 
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Publicado na revista Veja de 12 de setembro de 2022, edição nº 2.806

domingo, 12 de junho de 2022

América indomável - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Depois de anos enaltecendo a vitimização e o ressentimento, o amor que o público demonstrou por Top Gun: Maverick revela que estamos prontos para uma virada para a direita 
Ronald Reagan (à esq.) e Tom Cruise, em <i>Top Gun</i> / Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Ronald Reagan (à esq.) e Tom Cruise, em Top Gun / Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock 
 
O ano era 1986. Eu, então com 14 anos e como toda adolescente da época, fui hipnotizada pelo filme — hoje um clássico! Top Gun: Ases Indomáveis. É claro que ali havia o apelo da beleza masculina e a performance do ator norte-americano Tom Cruise, mas havia algo a mais. Mas, como qualquer adolescente da minha idade, eu não encontrava palavras para identificar esse “algo a mais”.

A garotinha do interior de Minas Gerais que adorava jogar vôlei cresceu e resolveu se tornar uma atleta profissional. E, durante tantas andanças pelo mundo ao longo de 24 anos de carreira, pude conhecer muitos países e seus povos. Assim como nós brasileiros, cada nação tem suas peculiaridades. Depois de algum tempo viajando sempre com vários atletas de todo o mundo, você consegue identificar pontos da base genética de uma nação através de alguns costumes que ficam muito explícitos em atletas que estão competindo e representando suas bandeiras.

Para os norte-americanos, o patriotismo latente sempre foi intrigante para mim. Um ponto óbvio, no entanto, para qualquer observador. Confesso que havia uma pontinha de inveja naquele enorme e explícito amor e orgulho pelo país em absolutamente qualquer canto do planeta. 

E aqui deixo, para todos os efeitos de registro, que esse latente patriotismo visto em atletas norte-americanos era o mesmo indescritível patriotismo que nós, atletas brasileiros, sentimos quando nosso hino é tocado enquanto estamos no pódio e nossa bandeira verde e amarela é hasteada. Mas faltava o tal “algo a mais” como nação. Não mais. Os anos passaram e, hoje, deixamos de lado aquele orgulho pontual de nossas cores e hino apenas em Copas do Mundo, e estabelecemos que, acima de qualquer agenda esportiva ou política, está o Brasil. Aquela pontinha de inveja do patriotismo dos norte-americanos ficou no passado. Nossa bandeira está por toda parte, do Oiapoque ao Chuí!

Ao longo desses anos competindo, e como amante das páginas de história, pude ler livros, conhecer lugares e pessoas incríveis, e entender as raízes de suas idiossincrasias. Hoje, ministrando um curso sobre história e política americana para mais de 2 mil alunos, não é difícil entender como o patriotismo sempre esteve presente na cadeia genética dos Estados Unidos como um pilar insuperável.

Muito além da bandeira e do hino
É fato que a América de hoje se distanciou da América que passamos a infância vendo em filmes e séries de TV e que pude testemunhar como atleta. Lá no passado, em que morava aquela pontinha de inveja, havia também uma certa dúvida da dimensão do patriotismo daqueles atletas. “Será que é isso tudo mesmo, ou eles exageram um pouco?”, pensava. Hoje, morando nos Estados Unidos como cidadã norte-americana e mergulhada há alguns anos na história da nação, posso afirmar com todas as letras: o sentimento é real e há algumas fontes totalmente apolíticas para ele. Muito além da bandeira e do hino, as bases desse orgulho estão estabelecidas em pontos diferentes, que começam no próprio embarque para a América para fugir da perseguição religiosa. 
Depois na revolução contra os britânicos, na Constituição que prega liberdade e responsabilidade dos Estados e indivíduos mais do que um governo central, na união em guerras e, obviamente, no grande amor e respeito inexoráveis por seus militares
Homens e mulheres que lutaram em guerras distantes, algumas com muitos tropeços, sim, mas que não fugiram ao chamado da nação. E há na construção dessas bases homens que honraram a cadeira de George Washington, como Ronald Reagan. Cito o 40º presidente norte-americano pela simples razão de que é na primeira semana de junho que lembramos de sua morte, há 18 anos, em 5 de junho de 2004. É também na primeira semana de junho que lembramos a bravura de norte-americanos e soldados aliados na Segunda Guerra Mundial.

Foi em 6 de junho de 1944 que mais de 160 mil soldados aliados desembarcaram ao longo de um trecho de 80 quilômetros da costa francesa, fortemente armada e protegida, para combater a Alemanha nazista nas praias da Normandia. Dwight D. Eisenhower chamou a operação de cruzada, na qual “não aceitaremos nada menos do que a vitória total”. Mais de 5 mil navios e 13 mil aeronaves apoiaram a invasão do Dia D, e, no fim do dia, os Aliados conquistaram uma posição na Europa Continental. O custo em vidas no Dia D foi alto: mais de 9 mil soldados aliados foram mortos ou feridos, mas o sacrifício permitiu que mais de 100 mil soldados começassem a lenta e difícil jornada pela Europa para derrotar as tropas de elite de Adolf Hitler. É também em resgates históricos de bravura que tento encontrar caminhos para seguir por aqui em nossas resenhas semanais, tentando vislumbrar um pouco de inspiração e esperança em tempos estranhos.

Depois de ler o brilhante artigo de Rodrigo Constantino em Oeste sobre o filme Top Gun: Maverick, a sequência do clássico de 1986 que já arrecadou mais de US$ 600 milhões em todo o mundo desde o seu lançamento, há pouco mais de 12 dias, nesta semana decidi assistir ao filme que parece já ter nascido com a etiqueta de clássico. Muitos aqui nos Estados Unidos, principalmente na indústria hollywoodiana que virou um braço militante do Partido Democrata, ainda estão incrédulos com o sucesso da película, que está apenas nos cinemas, algo tão 2019 depois do sucesso dos serviços de streaming que disseram que o filme falharia por não seguir esse caminho. Erraram feio.

Top Gun: Maverick vai além de um filme de ação ou uma sequência de um clássico. A provável maior bilheteria do ator Tom Cruise fecha pontas que andam sendo esgarçadas por aqueles que odeiam a América e tudo o que ela representa para a Civilização Ocidental. 
O filme mergulha e traz para a superfície exatamente aquela cadeia genética que faz brotarem homens como os que desembarcaram nas praias da Normandia, enaltece valores patrióticos, tão demonizados por movimentos como o Black Lives Matter e seus asseclas, e destaca a grandeza da era Reagan
A alma do filme é completamente divorciada da atual agenda marxista identitária, segregacionista, vitimista, antiamericana e contra todas as liberdades constitucionais. 
E não é difícil entender por que o filme vem perturbando tanto os críticos militantes: o que incomoda na sequência de Top Gun não são as maneiras como ela foi atualizada, mas como o coração e a alma do filme permaneceram visceralmente os mesmos.
Segunda Guerra Mundial, a Batalha da Normandia, 1944 | Foto: Shutterstock

A partir do momento em que fitamos os olhos em Maverick atuando como piloto de testes no Deserto de Mojave, é difícil esconder o sorriso ao descobrir que ele tem a mesma necessidade de velocidade e aversão à autoridade que sempre teve. Quando um oficial superior diz: “Não me dê esse olhar, Mav”, sobre alguma quebra de regra iminente, Maverick atinge a nota certa de brincalhão interno travesso ao responder: “É o único que eu tenho”.

Isso não quer dizer que Maverick não tenha amadurecido nos últimos 36 anos. Sua arrogância afiada se transformou em uma autoconfiança que está mais interessada em se destacar pela excelência, em vez de provar algo a alguém, o que vejo até como um ponto positivo; em tempos em que hierarquias e regras são grandes vilãs na atual sociedade do “pode tudo”, o filme é refrescantemente realista sobre como o desrespeito às regras tende a afetar as perspectivas de quem quer seguir na carreira militar — Mav ainda carrega o título de “capitão”, enquanto seu ex-rival e bom amigo Iceman (Val Kilmer) alcançou o posto de almirante.

É a nostalgia da América da era Reagan nos anos 1980 em grande escala em nossa imaginação coletiva

Para quem gosta de Star Wars, você se lembra do retorno de Harrison Ford em O Despertar da Força? Uma volta carregada de sentimentalidade e nostalgia. Um tiro no coração. Mas no novo Top Gun, parece que há algo mais profundo. Aquele “algo a mais”. E não são apenas as sequências de ação verdadeiramente fenomenais até para o público feminino, mas a cultura que lhes deu origem e o momento atual dos Estados Unidos e do mundo.

Um choque revigorante
Neste novo mundo desanimador em que generais militares sinalizam em tempo integral as virtudes da diversidade e da inclusão em vez de mérito, prontidão, companheirismo, dedicação, e que toda declaração oficial precisa da etiqueta política para o pedágio ideológico para os personagens que representam a bandeira do arco-íris, todas as letras do alfabeto ou o punho cerrado, o estilo old school da nova classe de Top Gun é um choque revigorante.

A clássica jaqueta de Maverick continua a mesma, apenas com a ausência de alguns patches, e a única concessão que o filme faz às realidades modernas é a presença de uma única mulher como piloto, mas que nunca faz questão de explorar seu gênero e não pede a ninguém para mudar seu comportamento para atender às suas preferências. Através de suas brincadeiras e jogos impetuosos de superioridade, os jovens ao seu redor trazem à mente uma época em que os Estados Unidos ainda ganhavam guerras e exibiam coragem e convicções no cenário internacional.

Se críticos sérios estão mostrando uma reação positiva enorme a este filme, que não possui nada de inovador, talvez seja porque ele oferece virtudes que têm faltado de maneira trágica em nosso entretenimento. Filmes, esportes, cerimônias como as do Oscar e do Globo de Ouro resolveram ajoelhar de maneira monótona à turba ideológica insuportável e que, por muitas vezes, parece beirar a loucura.

E Top Gun: Maverick não se ajoelha. É a nostalgia da América da era Reagan nos anos 1980 em grande escala em nossa imaginação coletiva. O filme em si pode não perceber o impacto do quanto ele fala de um desejo por dias mais confiantes, mas o fato de estar incomodando profundamente a bolha hedonista de Hollywood, apesar do enorme sucesso global, sugere que esses dias ainda podem ser possíveis e que o caminho — diante de um mundo tão distópico — ainda é viável. Em um mundo onde pais “envolvem seus filhos em plástico bolha” e protegem a prole contra qualquer dor física ou mental, o filme é um sopro de pura esperança de que essa geração veja — e entenda — o que realmente importa, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil ou no Japão. A competição feroz forja a dor, a superação e o sucesso e forma a espinha dorsal da história, assim como no filme original, de 1986. A nova geração de aviadores navais exala toda a petulância e a confiança que Maverick (Tom Cruise) e Iceman (Val Kilmer) fizeram no passado.

O presidente Ronald Reagan, no Salão Oval | Foto: Shutterstock
E é exatamente isso que diferencia o novo Top Gun da cultura idiotizada de hoje, em que os troféus de participação são a norma e ninguém acompanha mais a pontuação
Adolescentes são entregues a terapeutas até mesmo antes da puberdade e suas pílulas antidepressivas são prescritas em uma velocidade assustadora. 
É como se o filme viesse dar um tapa moral em pais e mães omissos ou ocupados demais com as redes sociais e em como parecer “cool” para os filhos que não sabem receber “nãos”. Para mim, que acompanho os norte-americanos e sua cultura há muito tempo e que hoje testemunho in loco a tentativa de destruição de pilares muito fundamentais até para o Ocidente, é como se o filme gritasse ao som de decolagens: “A América é gigante, maior que qualquer sabotagem interna, e não temos medo de dizer isso!”.
 
É difícil até de acreditar, mas houve um tempo em que os filmes exerciam esse tipo de ethos, e o faziam com orgulho. Na década de 1980, particularmente, Hollywood nos deu clássicos como o original Top Gun, Iron Eagle (Águia de Aço), Red Dawn (Amanhecer Violento), Full Metal Jacket (Nascido para Matar), a franquia Rambo e, entre tantos outros, Heartbreak Ridge (O Destemido Senhor da Guerra), que, através do personagem de Clint Eastwood, brinda a atual sociedade com uma palmada de realidade, uma fala simples e que encaixa em todos os momentos da vida: “Vocês são fuzileiros navais agora. Você se adapta. Você supera. Você improvisa”
A gama de filmes inspiradores da época de Reagan na Casa Branca é enorme: histórias que refletiam uma confiança cultural nascida da ideia de que, entre mais acertos do que erros, a América era uma força para o bem no mundo.
Seria o sucesso assustador Top Gun: Maverick um sinal para os ativistas da agenda globalista de que a cultura está abraçando um retorno a esses valores e se afastando dos tendões de aquiles artificialmente plantados na América e que fizeram de Hollywood uma fábrica de esquerdistas hipócritas? 
Há fortes indícios de que é exatamente o que está acontecendo. Já há quem diga que os democratas enfrentarão uma derrota histórica nas eleições de meio de mandato (midterms) em novembro deste ano, exatamente pela agenda de uma esquerda radical que nunca pertenceu aos norte-americanos e que é empurrada goela abaixo pelos atuais democratas.  
Joe Biden tem um índice de aprovação hoje mais baixo do que qualquer presidente da história moderna. 
As pessoas estão cansadas de ser expostas e canceladas pelos justiceiros sociais que proclamaram a América um lugar sujo, malvado e racista. 
Um pequeno parêntese: nesta semana, o jogador da NBA LeBron James, negro, se tornou o primeiro bilionário da liga de basquete profissional dos EUA. O bafafá da última cerimônia do Oscar foi protagonizado por três negros influentes e podres de ricos na indústria do entretenimento.

Sonhos são possíveis
Na edição de 5 de novembro de 2021, escrevi aqui em Oeste um artigo sobre a eleição para o governo da Virgínia, quando os democratas perderam o controle de um Estado que estava com o partido havia décadas. Ali, acredito que tenha sido o primeiro sinal contundente desse cansaço dos norte-americanos com essa agenda nefasta de que os Estados Unidos são um país com pecados originais demoníacos e que se arrastam até os dias de hoje. 
Pois bem, os norte-americanos, assim como nós brasileiros, anseiam por orgulho, realização e têm a crença de que tudo é possível porque, com trabalho, dedicação e igualdade de oportunidade — não de resultados! —, os sonhos são possíveis.
 
A política norte-americana, assim como no Brasil, é hoje muito bem delimitada. 
Não é difícil identificar quem vota em democratas ou em republicanos. 
No entanto, há um ponto de convergência entre eles que parece não acompanhar o pêndulo político-ideológico. Filhos. Você pode até ter uma simpatia por políticas econômicas e sociais mais invasivas do governo, mas essa simpatia acaba quando o assunto é a invasão do governo na esfera da educação familiar, na doutrinação da prole nas escolas, na agenda Black Lives Matter + LGBTQHJKTREVVSJOPL e na ideia de que os EUA são uma nação perversa. As mudanças culturais muitas vezes oscilam fortemente na direção oposta após um período durante o qual os costumes sociais dominantes foram desacreditados. Vimos isso depois do mal-estar e do estado de total retrocesso na Presidência de Jimmy Carter, que resultou na eleição de Ronald Reagan e no ressurgimento do patriotismo, da confiança nacional e da elevação do sucesso pessoal como um objetivo nobre.

Mas o filme estrelado por Tom Cruise vai além do pilar familiar. Depois de anos elevando e enaltecendo a vitimização, o ressentimento, o rancor, a divisão e a destruição da família, parece que o amor que o público e os críticos sérios demonstraram por Top Gun: Maverick revela que estamos prontos para uma virada para a direita. 

Dizem que o melhor feito da administração Jimmy Carter foi dar ao mundo e aos Estados Unidos o presidente Ronald Reagan. Que 2024 chegue voando.

Leia também “Uma vitória contra os hipócritas”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

[LEMBRETE IMPORTANTE: O Blog Prontidão Total  continua um Blog dedicado  à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE.

Escrevendo para  para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo”. E, sob o lema * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo! 

A transcrição integral da matéria da Ana Paula Henkel, brilhante colunista - condição que reconhecemos, sendo que tivemos o prazer e o privilégio de acompanhar sua carreira desde os tempos áureos de jogadora de vôlei -  tem como motivo que mostra com brilhantismo e de forma irrefutável os malefícios que Joe Biden, sua vice e o partido democrata pode causar à grande NAÇÃO AMERICANA e, por extensão ao planeta Terra.]

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Liberdade de opinião não pode ser confundida com homofobia - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

O caso Maurício Souza

A perseguição desencadeada contra o atleta Maurício Luiz de Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei, é um escândalo destes tempos em que o totalitarismo, a intolerância e o rancor são impostos à sociedade com violência cada vez maior pelos movimentos “politicamente corretos”. Foi um linchamento, puro e simples, da reputação e da carreira esportiva de um cidadão brasileiro que não fez absolutamente nada de errado, e nem outra coisa além de exercer o direito constitucional à expressão do seu próprio pensamento.

Maurício entrou, apenas pelo fato de manifestar uma opinião, na zona de tiro do “movimento gay” — foi executado, sem apelação ou direito de defesa, com o seu desligamento do Minas Tênis Clube por pressão dos patrocinadores Fiat e Gerdau. Ou seja: atleta desse clube não tem o direito de pensar como um cidadão livre — ou, então, tem de esconder aquilo que pensa.

O jogador não cometeu, nem em atos e nem em intenção, nenhum delito de “homofobia”, a acusação genérica que lhe foi feita e apresentada como motivo para a sua punição. O que ele fez? Apenas comentou, em suas redes sociais, que desaprova a entrada de um homem de 50 anos, pai de filhas e com o dobro do tamanho das outras jogadoras, numa equipe universitária de basquete nos Estados Unidos. Em sua opinião, não está certo admitir, em times femininos, homens que se descrevem como “transgêneros” após passarem por cirurgias — só isso.

Qual a lei, ou o mero código de conduta social, que Maurício poderia ter desrespeitado com as suas palavras? 
Ele não insultou ninguém. Não cometeu nenhum ato de discriminação. Não agrediu. Não agiu com desrespeito. 
Não violou o direito à orientação sexual de qualquer praticante de esportes — apenas disse que é contra a participação de homens biológicos em equipes de mulheres. É um ponto de vista, unicamente isso. Há gente a favor, há gente contra. Onde pode estar o crime?

O jogador da seleção brasileira também disse que não gostou do novo Superman gay — nem da “linguagem neutra” que a Rede Globo quer adotar numa de suas próximas novelas. Mas e daí? Por acaso alguém é obrigado a aprovar a última versão do super-herói, ou uma novela de televisão onde os personagens vão falar “ile”, “aquile” e “novéle”?

Estão construindo no Brasil, com o apoio de empresas como Fiat e Gerdau, e de clubes esportivos como o Minas, uma máquina de repressão à liberdade. Ser ”homofóbico”, segundo essa maneira de ver o mundo, não é mais praticar atos de violência, de discriminação ou de desrespeito aos homossexuais, conforme estabelecem as leis — é, simplesmente, desagradar a quem controla alguma das facções do “movimento gay”. Onde está o ódio, aí nas palavras de Maurício ou na sua punição?

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

O cancelamento de Maurício Souza e a liberdade de expressão agredida

Gazeta do Povo

O cerco à liberdade de expressão, que vive um verdadeiro “apagão” no Brasil, patrocinado até mesmo pelas instituições que têm o dever constitucional de defendê-la, ganhou novo capítulo nesta quarta-feira, quando o jogador de vôlei Maurício Souza foi desligado do Minas Tênis Clube, como consequência de uma campanha de cancelamento promovida contra ele. O atleta, que já era alvo de críticas frequentes por ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro, teve seu contrato rescindido unilateralmente pelo clube mineiro após publicações em mídias sociais. Além disso, o técnico da seleção brasileira de vôlei, Renan dal Zotto, afirmou que não há espaço “para profissionais homofóbicos” na equipe, insinuando que Souza não será mais convocado para defender o Brasil em competições internacionais.

Maurício Souza durante partida da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Maurício Souza durante partida da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio.| Foto: Miriam Jeske/COB

Em uma das publicações, o atleta criticou o uso da chamada “linguagem neutra”, uma criação artificial que viola os padrões da língua portuguesa que, segundo informações de bastidores, estaria presente em uma novela com exibição prevista para o ano que vem; Souza fez o comentário “O céu é o limite se deixarmos! Está chegando a hora dos silenciosos gritarem”. Em seguida, comentando o fato de a DC Comics lançar uma história em que o personagem Super-Homem se assume bissexual, Souza escreveu:A (sic) é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”. Depois, Souza publicou uma foto de uma equipe feminina de basquete que conta com um atleta transexual, Gabrielle Ludwig, afirmando: “Se você achar algum homem nessa foto você é preconceituoso, transfóbico e homofóbico. Mais uma conquista do feminismo para as mulheres!” E, por fim, publicou um vídeo defendendo suas posições e seu direito à liberdade de expressão, relatando insultos sofridos.

Classificar as manifestações de Maurício Souza como “homofóbicas” ou “ilegais” é muito mais que uma distorção grosseira do seu conteúdo; é a admissão de que, a partir de agora, há tabus, assuntos que não podem ser nem mesmo discutidos, quanto mais questionados

Quando a campanha de cancelamento já estava em curso, o Minas Tênis afirmou que “todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais”, que “não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei”, e que “as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sociodesportiva”. No entanto, em poucas horas, pressionado pelos principais patrocinadores e pela intensificação da pressão dos canceladores, o clube mudou sua postura inicial: primeiro, afastou e multou Souza, pedindo que ele publicasse uma retratação; por fim, anunciou a demissão. 

Assumir como correta a postura dos canceladores significa, por exemplo, que não se pode nem mesmo contestar a adoção da “linguagem neutra” e que ela deve ser simplesmente aceita sem questionamentos, por mais que inúmeros especialistas apontem seu artificialismo e seu caráter de imposição ideológica, ao contrário de diversas outras mudanças que o idioma sofreu ao longo dos séculos, sempre fruto de uma evolução orgânica. Da mesma forma, torna-se “crime” apontar uma verdade evidente que Ludwig é um homem biológico – e pretende-se bloquear o debate sobre a participação de atletas transexuais no esporte feminino, uma discussão que nem mesmo o Comitê Olímpico Internacional considera encerrada, já que a entidade manifestou sua intenção de rever as regras atuais sobre a presença de tais atletas em suas competições. Por fim, na mente dos canceladores, já não se pode nem mesmo criticar o fato de uma empresa de entretenimento atribuir determinada característica a um de seus personagens.

Nenhuma dessas posturas corresponde a homofobia; as manifestações de Souza não se encaixam naquelas condutas criminalizadas pela Lei 7.716, cujos efeitos o Supremo equivocadamente ampliou para incluir ações discriminatórias contra a população LGBT. Nem mesmo o ato descrito no artigo 20 (“Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito”) poderia ser aplicado às publicações do atleta, que não advogou nenhum tipo de preconceito, discriminação ou retirada de direitos de determinadas pessoas.

Apenas a extrapolação indevida explica a caracterização de “homofóbicas” dada às manifestações de Maurício Souza – ou por meio da deturpação das intenções do atleta em suas publicações específicas, ou por meio de um fenômeno mais generalizado que previmos já em março de 2019, quando o julgamento sobre a Lei 7.716 no Supremo ainda não estava concluindo:   
a proibição completa da crítica a comportamentos, algo sem precedentes na história das democracias ocidentais. Cada novo episódio de perseguição ou cancelamento deixa mais claro que este é o objetivo final de parte da militância identitária: calar quem quer que considere equivocadas determinadas práticas e que já não se resumem ao comportamento homossexual propriamente dito – daí, por exemplo, a revolta contra a crítica à “linguagem neutra”.
Em março de 2019, a Gazeta do Povo afirmou: “Quando se vai além da criminalização do preconceito para estabelecer uma categoria de ‘crimes de opinião’, ignora-se completamente o fato de que, em todas as democracias sérias, não há comportamento humano que esteja imune ou blindado à crítica. O entendimento universal é o de que mesmo as condutas humanas mais nobres e quase que universalmente aceitas podem ser alvo de discordância, de crítica e de uma apreciação negativa, desde que não se caia no insulto, na agressão ou na violência”. 
 
Insulto, agressão e violência são tudo o que não existe nas manifestações que levaram ao cancelamento de Maurício Souza. 
A agressão e a violência reais são aquelas cometidas contra a liberdade de expressão do atleta, e são perpetradas por aqueles que não toleram a discordância, a ponto de buscarem inviabilizar completamente a vida de uma pessoa, pressionando para que lhe seja tirado até mesmo seu ganha-pão.

Editorial - Gazeta do Povo


segunda-feira, 7 de junho de 2021

A copa e o capo - Relator Calheiros perde mais uma - VOZES

[Renan Calheiros descobre que sua liderança pró motim no chamada seleção brasileira é < ZERO. 
Pernas de pau do timinho do tite, descobrem que não são insubstituíveis,amarelam  e resolvem jogar a Copa América -  é essencial que Tite seja demitido e Renato Gaúcho assuma.]

Guilherme Fiuza

Senador falou até em convocar o presidente da CBF para depor na CPI da Covid caso a Copa América seja confirmada no Brasil.

Renan Calheiros disse que a Copa América é o campeonato da morte. Alerta importante. Como já notou qualquer um que acompanha o noticiário nacional, hoje a principal referência científica no país é Renan Calheiros. Os brasileiros estavam perdidos em meio à pandemia até aparecer o oráculo das Alagoas para dar-lhes o norte (e o sul, o leste e o oeste). O que ele por ventura não saiba (o que é raríssimo) aquela médica-cantora que fez um sensacional dueto com ele na CPI explica em uma frase. Isso é o bom da ciência moderna: não tem muita conversa, é tudo pá-pum.

No que viu o farol iluminista de Renan Calheiros apontado para as trevas da Copa América, Tite já se posicionou. Como se sabe, o [ainda] técnico da seleção brasileira é simpatizante de Lula, que por sua vez é unha e carne com Renan – ou seja, tudo dentro da ciência. O técnico foi logo dizendo – na véspera do jogo do Brasil nas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo – que havia um ruído e os jogadores estavam na dúvida se jogariam o outro torneio. Como se vê, existem Américas e Américas.

Os reis da empatia (alguns pronunciam empatite) logo se eriçaram e se levantaram contra o campeonato da morte. O país tem jogos internacionais de três competições futebolísticas, todas sem público e com rigoroso protocolo sanitário para atletas e delegações, conforme previsto para a Copa América, mas se o Renan Calheiros alertou não dá para titubear. Fora Copa América.  (O Brasil é sede de um torneio internacional de vôlei, mas se o Renan não disse nada até aqui, tá limpo. Podem jogar, narrar, assistir e vibrar numa boa. Segurança é tudo.)

Tem também o campeonato de ônibus lotados, vagões apinhados, estações aglomeradas e todo o torneio diário de muvuca nos transportes públicos promovidos por governadores e prefeitos de todo o país, mas disso o pessoal da empatite ainda não falou. Como a médica-cantora também não disse nada, depreende-se que está tudo bem. Ufa. Não é fácil seguir a ciência ao pé da letra.

Sempre tem os mais desconfiados que ficam lendo e relendo a Bula de Calheiros para si mesmos, envenenados por aquela velha mania de querer uma segunda opinião. Sem problemas. É só perguntar ao Omar Aziz. Ele é cercado por gente que entende tudo de saúde, segundo a Polícia Federal. Ainda não está satisfeito? Quer uma terceira opinião? Não se aflija. Pergunte ao Randolfe. Mas se ainda assim você continuar perguntando de onde vem a autoridade desse trio de ouro em matéria de medicina, não restarão dúvidas: você é um ignorante que não lê jornal nem vê televisão. Está tudo lá, e nunca uma agência de checagem desmentiu o bando – ops, a junta médica. [o ilustre colunista esqueceu de sugerir que o vampiro, o conde Drácula, - vulgo do senador petista Humberto Costa que, quando ministro da Saúde do multicondenado Lula, se envolveu com a máfia do furto de banco de sangue, conforme apurado pela operação sanguessuga - fosse consultado. Ele tem amplos conhecimentos científicos com mestrado em 'banco de sangue' .
Por coincidência, o Drácula é também um que tem a voz de castrato = a daquele outro senador que sempre perde.
Aliás, essa CPI Covidão tem senadores especialistas em várias áreas - além do relator Calheiros, especialista em tudo, tem um delegado de policia (quando o general Pazzuelo estava depondo na Covidão foi enquadrado pelo senador delegado.... que representa o estado do Espirito Santo, mas o nome não recordamos;)
tem ainda o senador Jader Barbalho, especialista prático no uso de algemas e outros que aos poucos serão revelados.]

E bota junta nisso. Eles quase juntaram a doutora Nise Iamagushi, faltou pouco para a delicada oncologista levar um safanão do grande Omar Aziz, incomodado justamente com tanta delicadeza. Ele foi muito claro: não estava suportando a voz suave da médica de 62 anos. Está certo, o companheiro Omar. Suavidade irrita mesmo. E ela, de forma acintosa, continuou falando suavemente. Deu sorte que o Omar e o Renan não mandaram algemar. Em defesa da vida e da ética eles são capazes de tudo.

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A complexidade da ciência é assim mesmo. Às vezes você chega a ter a sensação de estar num campo de várzea assistindo a um clássico do crime, daqueles em que a qualquer momento o zagueiro pode mandar chumbo no atacante, mas são só as ilusões do empirismo. Não se faz omelete sem quebrar os ovos e não se faz ciência sem quebrar uns ossos. E não se esqueça: perigosa é a Copa América.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O senhor justiça

O voto do ministro no julgamento que manteve a prisão do ex-presidente Lula calou fundo em toda a sociedade brasileira por sua beleza e pela contundência da sua indignação

Luís Roberto Barroso

Na sessão do STF que, em abril, julgou o pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula, o ministro Luís Roberto Barroso expôs com precisão cirúrgica as entranhas do Judiciário brasileiro. Segundo ele, tratava-se de um sistema “para prender menino pobre” que reage a alcançar “essas pessoas que desviam por corrupção milhões de dinheiros”. O habeas corpus a Lula não foi concedido. O ex-presidente dorme na prisão, na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Trata-se de um importante marco do combate à impunidade e à seletividade das condenações no país. Um de vários marcos que teve Barroso entre os principais protagonistas. 

 'Corrupção mata! É impossível não sentir vergonha!'; veja vídeo


Por essa razão, Luís Roberto Barroso foi escolhido por ISTOÉ o Brasileiro do Ano na Justiça. “Minha convicção, minha verdadeira profissão de fé, é que a história é um futuro contínuo em direção do bem e do avanço civilizatório”, disse Barroso à ISTOÉ. Assim, ele acredita que a Justiça brasileira vai se distanciando cada vez mais do tempo em que só prendia “menino pobre”. Quanto a isso, acredita, não há retrocesso. “A história é um carro alegre/Cheio de um povo contente/Que atropela indiferente/Todo aquele que a negue”, diz ele, citando versos de Chico Buarque.

“Eu queria ser poeta. Virei advogado”, brinca o jurista de 60 anos. Nascido na cidade de Vassouras, na região serrana do Rio de Janeiro, deixou a cidade ainda criança. Trocou-a pelas praias cariocas, onde cresceu jogando futebol na areia. E vôlei nas quadras. Poderia ter se tornado um dos integrantes da Geração de Prata, vice-campeã das Olimpíadas de Los Angeles. Barroso jogou vôlei no Clube Israelita Brasileiro. Chegou a ser bicampeão juvenil carioca. Seus contemporâneos de quadra foram Bernard e Bernardinho. Barroso jogava como levantador.

Quanto à poesia, Barroso ensaiou fazer canções. Ganhou o Festival da Canção Sul-Fluminense na década de 1960 com uma música chamada “Bons Amigos”. Não necessariamente os colecionou neste ano. Segundo Barroso, a luta contra a corrupção tem dois adversários poderosos: “Os corruptos propriamente ditos, que não querem ser punidos, e aqueles que não querem ser honestos daqui para a frente”. Felizmente, diz ele, revelou-se na sociedade uma “imensa demanda por integridade”. “Esse é um paradigma que muda a história”, completa ele. Uma história que Barroso seguirá em frente, como o carro alegre de Chico Buarque.

IstoÉ

 

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O triunfo do Bolsonarismo

Como os eleitores criaram o maior partido de extrema direita da história do país

Até o início do horário eleitoral, a visão dominante sobre as eleições de 2018 era a de que repetiria os padrões dos pleitos anteriores. Nem PT nem PSDB acreditavam no fenômeno Bolsonaro.  No sábado, véspera do primeiro turno das eleições, fui a uma festa de família em Nova Friburgo, minha cidade natal. Durante o dia, no inevitável passeio pela avenida principal da cidade, deu para perceber os sinais de campanha presidencial, o que não tinha ocorrido em nenhum momento no Rio de Janeiro: dezenas de cabos eleitorais balançando bandeiras, muita gente vestindo a camisa amarela com a foto de Bolsonaro estampada.

Em conversa com familiares, comecei a dimensionar a força do bolsonarismo na cidade. No grupo de 25 pessoas que jogam vôlei com a minha irmã, apenas ela e mais três disseram que não votariam no candidato do PSL; no grupo de vinte que jogam a tradicional pelada de fim de semana com o meu cunhado, apenas ele e mais quatro não iam votar em Bolsonaro. O mais inesperado foi ouvir relatos sobre antigos colegas de colégio, figuras silenciosas e discretas, que tinham se transformado em virulentos defensores de Bolsonaro nas redes sociais. Adotando uma “tática de enxame”, eles se especializaram em conjuntamente atacar páginas do Facebook de amigos que postassem qualquer crítica ao capitão.

Friburgo é uma cidade conservadora, mas saí de lá com a sensação de que Bolsonaro estava muito mais forte do que eu imaginava. De volta ao Rio, ao votar no primeiro turno, encontrei uma situação muito mais equilibrada. Meu passatempo, durante a longa espera, foi tentar identificar o voto dos eleitores das filas vizinhas. Alguns, atendendo ao pedido da campanha de Bolsonaro, chegaram com a camisa da Seleção brasileira. Vi muitos com adesivos de candidatos do PSOL e de Ciro Gomes. Será que as urnas em geral estariam mais próximas da maré bolsonarista vista em Friburgo ou do cenário mais equilibrado das filas de uma escola de Botafogo?

(...)
 
. Afinal, quais eram as bases do sistema partidário que teria sido destruído no primeiro turno do pleito de 2018?
Vale a pena voltar no tempo e lembrar a grande instabilidade que marcou a primeira década da vida partidária após a redemocratização. Cinco partidos foram fundados ainda no regime militar: PDS, PMDB, PT, PDT e PTB. Entre 1985 e 1994, nada menos do que 68 partidos foram organizados e disputaram pelo menos uma eleição. Dentre esses, destacam-se o PFL, o PSDB, o PL, o PCdoB, o PSB e o PRN.

Mais do que pelo grande número de legendas, o período foi caracterizado pela crise que afetou os partidos tradicionais. Nas eleições presidenciais de 1989, os candidatos do PMDB e PFL – os dois partidos responsáveis pela vitória na eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral – tiveram um desempenho pífio. Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte que encerrara seu trabalho um ano antes da eleição, obteve 4,7% dos votos. Aureliano Chaves, ex-vice-presidente da República, alcançou apenas 0,9%.

A vitória de Fernando Collor pelo PRN, legenda à qual se filiou apenas para concorrer à Presidência, e o subsequente governo de Itamar Franco, presidente que se desfiliou do PRN e governou sem estar vinculado a nenhuma legenda, ilustram bem o quadro de crise do sistema partidário nos primeiros anos da década de 90.


Para além do sucesso eleitoral, um aspecto que sempre chamou a atenção no PT foi a sua capacidade de organização. Enquanto os outros partidos mantiveram uma estrutura organizacional tênue, com baixo envolvimento dos filiados em suas atividades, o PT inovou ao apostar em uma estrutura capaz de mobilizar milhares de quadros para as suas fileiras.
Os cientistas políticos David Samuels e Cesar Zucco, no livro Partisans, Antipartisans and Nonpartisans: Voting Behavior in Brazil (2018), mostraram como a divisão PT/anti-PT foi importante na escolha dos eleitores. Caso raro, o principal concorrente do PT não foi outro partido, mas um sentimento genérico com nome próprio: antipetismo.

(...)

Numa eleição de tantas surpresas, nada foi mais espantoso do que a votação obtida pelo Partido Social Liberal para a Câmara dos Deputados. O partido obteve 11,3% dos votos e 10,1% das cadeiras. Havia conseguido eleger apenas um deputado federal nas quatro das cinco eleições que disputou antes de 2018. Era um dos partidos a serem barrados pela cláusula de desempenho. A filiação de Bolsonaro e de seus seguidores ao PSL, em março desse ano, mudou inteiramente a sorte da legenda.

O PSL foi o partido que teve o maior crescimento desde as eleições de 1990, quando é possível comparar com a primeira eleição do regime democrático, em 1986. Em 1990, o PRN do então presidente Collor obteve 8,3% dos votos, enquanto o estreante PSDB recebeu 8,7%. Ambos já contavam com um grande número de deputados e tinham o apoio de importantes lideranças regionais. Outra característica singular do PSL é o grande número de eleitos que disputam um cargo pela primeira vez.

(...) 

Escrevo as linhas finais desse texto poucos minutos após a confirmação de que Bolsonaro é o novo presidente do Brasil. Escuto muitos gritos, panelas batidas e fogos para celebrar a vitória. O volume se assemelha ao das manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Numa eleição de tantas novidades cabe registrar mais essa. Pelo menos no Rio de Janeiro, nunca tinha visto uma vitória eleitoral ser tão celebrada.

Ainda vou passar muitas semanas analisando os dados das eleições de 2018. Mas como não podia deixar de ser, começo observando o que ocorreu em Nova Friburgo: no primeiro turno, Bolsonaro obteve 63% dos votos válidos, Ciro Gomes, 16% e Haddad, 10%. No segundo turno, Bolsonaro obteve 73%. Já na minha zona eleitoral, no Rio, o quadro foi bem mais equilibrado no primeiro turno: Bolsonaro obteve 44% dos votos, Ciro, 30% e Haddad, 13%; no segundo turno Bolsonaro chegou aos 54%.
Olho os números e me dou conta de como Bolsonaro foi bem votado em outras áreas da cidade do Rio de Janeiro. Enquanto isso, os gritos pró-Bolsonaro e contra o PT continuam a ecoar lá fora. Realmente, estamos diante de um fenômeno eleitoral diferente de tudo que eu já tinha visto.

Matéria na íntegra, Revista Piauí
 

domingo, 21 de agosto de 2016

Equipe masculina de vôlei vai em busca de mais uma medalha de ouro para o Brasil

Onde ver os brasileiros no último dia do Rio-2016

Depois de mais de duas semanas de muita emoção, os jogos olímpicos do Rio-2016 chegam ao fim na noite de hoje. Com seis ouros, seis pratas e seis bronzes até agora, o Brasil já fez a sua melhor campanha em Olimpíadas e ainda tem mais uma medalha garantida na final do vôlei de quadra masculino, quando o Brasil enfrenta a Itália em busca de mais um ouro. 
 
E mais: o dia começa com a maratona masculina e segue repleto de finais importantes, no basquete, no handebol masculino e na ginástica rítmica.

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Atletismo: a prova da maratona masculina acontece na manhã desse domingo, às 9h30. A largada é no sambódromo e o pelotão segue por diversos bairros da cidade. Solonei da Silva, Marílson Gomes dos Santos e Paulo Roberto de Paula são o Brasil na corrida. 
 Vôlei: depois de passar dificuldade na fase de grupos, onde enfrentou a França num jogo de vida ou morte, a seleção brasileira masculina de vôlei encontrou o seu melhor jogo e chegou na final depois de uma vitória convincente sobre a Rússia. Hoje eles enfrentam a Itália, uma das seleções que derrotou o Brasil na primeira fase, em busca da sua terceira medalha de ouro olímpica, a partir de 13h15m.

Basquete: a favoritíssima seleção de basquete masculina americana enfrenta a Sérvia em busca de mais um ouro olímpico, às 15h45, enquanto Austrália e Espanha se enfrentam para ver quem fica com o bronze, a partir de 11h30m.

Handebol: outra modalidade que terá sua final nesse domingo, a partir das 14h. França e Dinamarca se enfrentam para ver quem fica com a medalha dourada.

A FESTA OLÍMPICA NA CIDADE
No Porto Maravilha:
20h - Exibição da cerimônia de encerramento, nos palcos Encontros e Tendências
18h - Festa baile charme do Viaduto de Madureira, no palco Amanhã

No Parque Madureira:

18h - O encontro de carnavais recebe a Mangueira e o Cordão do Boitatá
20h - Transmissão da cerimônia de encerramento, no palco Madureira

Fonte: O Globo

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Vôlei: lamentavel, China para o trem do Brasil

Time de Lang Ping derrota a seleção brasileira até então invicta da Olimpíada e fará semifinal contra estreante Holanda; Zé Roberto não comentou sobre sua permanência como treinador

O sonho do tricampeonato olímpico da seleção brasileira feminina de vôlei virou pesadelo. Na noite desta terça-feira, o Brasil perdeu para a China por 3 a 2 (25/15, 23/25, 22/25, 25/22 e 13/15), após campanha em que sequer havia perdido sets. Essa seria a sétima vez seguida que a seleção avançaria às semifinais. O Brasil termina o Rio-2016 na quinta colocação, a pior campanha desde Seul-1988, há 28 anos.

— Vejo uma coisa mais pontual, foi o jogo mesmo. Num geral, elas foram melhores. E hoje foi um dia negativo para a maior parte da delegação brasileira. Handebol, futebol, polo, a Larissa (vôlei de praia). A gente fica triste em ver que está todo mundo sofrendo. Todo mundo torce por todo mundo, mas não pode influenciar (os outros resultados) e não foi o caso — disse o técnico Zé Roberto, que ao final da partida, foi consolar o neto Felipe, de seis anos, que estava chorando na arquibancada. — Quando ele chegou chorando lá, lógico que aperta mais o coração. Mas o avô tem que ficar firme. O que expliquei para ele foi que isso faz parte da vida, um dia a gente ganha, no outro a gente perde. Que ele tem de aprender isso também, que o outro time jogou melhor e mereceu. O mais bonito, disse a ele, era a festa que todo mundo estava fazendo. A gente só tem que agradecer de estar aqui com todo mundo, uma emoção enorme, e a gente precisa treinar mais para ganhar.

Quem viu o primeiro set, em que as chinesas fizeram apenas 15 pontos, não entendeu como o jogo virou a favor das rivais. As brasileiras erraram demais e deixaram de forçar os saque. As chinesas, por sua vez, acreditaram no jogo e não deixaram a bola cair. O passe do Barsil não foi tão efetivo como o passae chinês, que isolou Ting Zhu aparenas para pontuar. Ela marcou 28 pontos e foi o destaque do jogo.

A China enfrenta, nesta quinta-feira, às 22h15, a Holanda que venceu a Coreia por 3 a 1 (25/19, 25/14, 23/25 e 25/20). A outra semifinal será entre Sérvia e EUA, às 13 horas. As sérvias derrotaram a Rússia por 3 a 0 (25/9, 25/22 e 25/21) e as americanas ganharam do Japão por 3 a 0 (25/16, 25/23 e 25/22). 

As quatro seleções da chave A, a mesma do Brasil, foram eliminadas nas quartas de final. Para Zé Roberto, o fato da chave ter sido a mais fraca não foi o motivo das eliminações. Segundo ele, a questão foram os confrontos. 

Ao final da partida, ele disse que agradeceria suas jogadoras pelo trabalho do ciclo olímpico inteiro.— Eu vou agradecer por todo o trabalho que elas fizeram. Não pode se jogar no lixo uma história linda que elas têm dentro do esporte no Brasil — comentou o treinador, que também agradeceu a torcida que valorizou o empenho de suas atletas. — O povo brasileiro valoriza o esforço, quando vê que o time corre e se dedica. Isso sempre se valorizou. As pessoas aplaudem e isso é gratificante. Nós estamos vivendo um clima na Olimpíada com o povo valorizando o desempenho dos atletas mesmo na prata ou no bronze.

ESTREANTES
Essa é a primeira vez que a Holanda, 11.ª do ranking mundial, e a Sérvia, sexta, chegam à zona de medalha na Olimpíada. Já a China, chega pela sexta vez na disputa das semifinais. Foi campeã em Atenas-2004 e Los Angeles-1984. E tem prata em Atlanta-1996, bronze em Pequim-2008 e Seul-1988.

A melhor colocação da Holanda foi um quinto lugar em Atlanta-1996 (foi sexto em Barcelona-1992). Já a Sérvia ficou em quinto lugar em Pequim-2008 (e 11.º em Londres-2012).
Perguntado se continuaria à frente da seleção, Zé Roberto disse que era cedo para falar.
— Sinceramente eu não sei. Tenho que conversar com as pessoas da Confederação, avaliar tudo o que aconteceu. Difícil dizer. Estou muito triste para falar alguma coisa de futuro. Minha família sempre apoiou, elas estão sempre junto, próximas, isso nunca foi nem será um empecilho

Fonte: O Globo