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quinta-feira, 19 de maio de 2022

Casamento-ostentação de Lula implode o fetiche pobrista da militância gourmet - Gazeta do Povo

Madeleine Lacsko

Culpa burguesa

Depois de dizer que a classe média ostenta porque tem duas televisões em casa, luloafetivos precisam dizer que R$ 100 mil em bebida não é ostentação.

"O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual", cravou o inesquecível carnavalesco Joãosinho Trinta, famoso pelos desfiles-ostentação. Reside nessa diferença um grande drama do PT. Enquanto os trabalhadores que formam o partido querem melhorar de vida e desfrutar de luxo e conforto, os intelectuais do partido idolatram a pobreza e cultivam internamente a culpa burguesa.

O casamento-ostentação de Lula colocou esses dois mundos em choque. Ele é um homem milionário que gosta de luxo e jamais escondeu isso de ninguém.                                                     Ocorre que a militância do PT se esvaiu.                       Desapareceram os trabalhadores, sindicalistas, comunidades eclesiais de base. Os mais ruidosos são a militância gourmet, que tem o fetiche do pobrismo. Para esses, o casamento-ostentação virou um drama e foi preciso culpar a imprensa.

O contorcionismo intelectual para lidar com a culpa burguesa mas permitir o justo gosto de Lula por luxo contaminou até a imprensa. Uma tese muito interessante girou em torno do vinho de R$ 90. Ele é caro sim e é impossível para a maioria dos brasileiros. Mas o fetiche pobrista não pode admitir que Lula seja Lula, que goste de coisa cara mesmo e tudo bem. Foi preciso dizer que a imprensa queria um casamento com "coisas de pobre", tipo Itaipava latão.

Como filha de sindicalista do ABC da década de 1980, eu adoro luxo igualzinho a Lula. Se puder, eu quero mesmo. Fosse eu com 76 anos casando com alguém 20 anos mais novo, eu descia de paraquedas embrulhada em diamantes já bêbada de champagne Cristal. Ia ser a cafonalha mais cara que o país já viu. A diferença é que eu não fico chamando de esbanjador quem tem duas televisões em casa.

O falecido Hélio Bicudo toca num ponto que intriga muita gente: a origem da fortuna de Lula. Os luloafetivos argumentam que ele fez esse dinheiro com palestras, conta que só fecha na cabeça de quem tem as próprias contas pagas por papai. 
É um porte de fortuna que não foi construída nem por políticos como Paulo Maluf, que começou a vida indo para a faculdade a bordo de uma Mercedes Benz própria e depois teve todos os problemas que sabemos.

Provavelmente Lula tem uma explicação lógica para a origem de sua fortuna. Infelizmente, apesar de tanto carnaval, ninguém teve competência para esquadrinhar isso. Já ouvi todas as desculpinhas mequetrefes de gente com estabilidade vitalícia e salários nababescos sobre manobras de políticos para se safar. É uma tarefa que não admite erro nem vaidade, simples assim. Dar entrevista condenando corrupção e dar desculpa é muito mais fácil que dar resultado. Tem quem aceite.

A verdade é que o Lula rico com hábitos de elite existe há mais de 20 anos e nunca viu problema nisso. Aliás, duvido que algum pobre raiz veja problema nisso. Quem vê problema e fica com vergonha do gosto de Lula pelo luxo é a militância gourmet luloafetiva. Ela projeta a própria culpa burguesa nele. É o pessoal que paga uma fortuna para se vestir igual mendigo e vive pregando justiça social em Santa Cecília.

No documentário Entreatos, feito durante a primeira campanha vitoriosa de Lula à presidência, já se via o homem de gosto refinado e hábitos de elite. Isso foi antes de chegar ao poder, não depois e com palestras. Numa cena icônica em que prova um terno maravilhoso sob medida com Ricardo Almeida, ele ouve de Vicentinho que tinha saudades da época de metalúrgico.

Lula fica revoltado. E com razão. É hipocrisia dizer que tem saudades de usar um macacão que secou atrás da geladeira quando se está vestindo um Ricardo Almeida lã super 180 sob medida. Uma outra cena do filme mostra que Lula sabe muito bem escolher comida. Ele está num jatinho comendo o serviço de catering e manda devolver porque está ruim. Palocci não percebeu e come.

Como eu sou filha de pobre, já fiz de tudo. No departamento de marketing da holding da CCR, eu cuidava dos eventos. Era uma empresa das empreiteiras durante os governos Dilma e Sérgio Cabral. Sei bem o que esse povo come e bebe. Não entendi a escolha do buffet de Lula até anunciarem a transmissão ao vivo. Explico: não é comida e bebida no padrão de luxo que esse pessoal está acostumado, mas tem a estrutura sensacional de lives da Faria Lima.

O buffet é de luxo, não se enganem. Eles fazem o catering de grandes empresas ali e também no Club Med, em casamentos feitos no Lake Paradise e em Trancoso. Ocorre que o padrão de luxo dos nossos políticos é muito acima até do luxo do nosso empresariado. Sempre você tem de trazer algo de fora ou pedir algo especial e bem mais caro. Foi assim com a lista de Lula, não seria diferente.

Rolei de rir com o contorcionismo do pessoal falando do vinho de R$ 90 e dizendo que não é caro porque no mercado tal você compra um vinho muito mais caro. Coisa de pobre remediado que tem culpa burguesa. Eita, cafonalha, me dá até alergia. Não tem vinho de mercado nesses lugares e o preço de coisas melhores é mais baixo porque vem no atacado. Lula e Janja quiseram um upgrade do serviço que já é de luxo.

Qual o problema de Lula querer gastar R$ 100 mil em bebidas, achar que um dos serviços mais luxuosos do Brasil era pouco e pedir um upgrade? Para mim nenhum, eu não tenho culpa burguesa, sou liberal e amo luxo. Mas o luloafetivo pobrista quer morrer de catapora. Ele precisa imaginar um Lula também pobrista, que nunca existiu. Campanha sem projeto é isso: você estimula a imaginação do fanático. Quem quer um cheque em branco precisa ser uma tela em branco.

Uma biografia antiga de Lula, feita por Denise Paraná, conta a história do segundo casamento dele, com Marisa Leticia. Este foi uma espécie de "Vale a Pena Ver de Novo". Mais uma vez era coisa bem menos luxuosa do que ele queria mas feita num contexto em que as pessoas acham aquilo super luxuoso porque ninguém tem dinheiro.

Estamos numa crise econômica, com preços altíssimos de combustíveis, o maior nível de calote em conta de luz do país, mais expectativa de aumentos, uma guerra mobilizando a Europa. 
Pagar R$ 90 numa garrafa de vinho num país em que você já é rico com salário de R$ 5 mil é ostentar. 
E aqui não falamos em uma garrafa, mas num preço médio de garrafa maior do que o preço médio de um buffet de luxo da Faria Lima. Até aí, coisa de rico.

Ocorre que Lula conhece sua nova militância gourmet. Dia desses, fez discurso falando de "racismo estrutural". E obviamente botou o dedo na ferida que movimenta bilhões na publicidade com o identitarismo, a culpa burguesa. Foi lá simplificar o "eu odeio a classe média" da Marilena Chauí numa versão que veta mais de um aparelho de tevê por família:

Qual foi o bug na cabeça do militante gourmet que tem fetiche pobrista?                                                                                           Ele estava muito feliz até ontem dizendo que a elite brasileira é escravista e que a classe média gasta demais porque tem duas televisões. Condenar o outro é uma forma de fingir não ser parte dessa elite e aplacar a culpa burguesa. Daí ele precisa defender os luxos de Lula, que ontem mesmo mandou ser pobre. Se for fanático, será capacho o suficiente para fazer as duas coisas e ainda se achar virtuoso.

Agora, a militância gourmet vai precisar decidir se virou liberal ou se vai continuar com o fetiche pobrista. Ou a classe média esbanja e ostenta ou vinho de R$ 90 é barato e cada um compra o que quer com seu dinheiro. Eu sempre fui da segunda turma, do cada um faz o que quer com seu dinheiro. Mas entendo a dificuldade de quem até ontem defendia que o Elon Musk acabasse com a fome no mundo.

Eu, sinceramente preferia que o pessoal virasse liberal e começasse a gastar o dinheiro com comida e roupa que não sejam do fetiche pobrista. Ninguém aguenta mais esse povo pagando fortunas por coisas xexelentas para aplacar a culpa burguesa. Umas roupas que ninguém entende, bolsa de lacre de lata de refrigerante, uns cabelos esquisitos e esses desodorantes naturais que - vamos lançar a verdade - não desodorizam sovaco nenhum. Eu não tenho mais paciência.

Para finalizar, deixo aqui para vocês a prova cabal de que pessoas de origem pobre aproveitam a ostentação sem culpa e ainda dividem com os irmãos. Meu convidado preferido do casamento foi o sensacional Paulo Vieira. Fez amizade com o garçom e levou uma caixa inteira de doces embora. Distribuiu para a imprensa. Confesso que me identifiquei. Só estranhei que não levou nenhum arranjo de mesa para botar em casa. Eu teria levado pelo menos um par.

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 11 de abril de 2022

A ostentação da grande comitiva de Lula no Rio, lembra os ricos tempos do palestrante das empreiteiras - VEJA

A ostentação da grande comitiva de Lula no Rio

Petista passou pelo estado para confirmar o apoio do PT à candidatura de Marcelo Freixo

Foi luxuosa a passagem de Lula pelo Rio. Aliados do petista que estiveram nas agendas no estado ficaram impressionados com o tamanho do staff e a ostentação dos carrões do comboio do ex-presidente.

A grande comitiva e seus carros importados fizeram lembrar os ricos tempos de palestrante de empreiteiras.

Lula foi ao estado para uma série de conversas com lideranças de esquerda e artistas que apoiam sua candidatura. O petista queria garantir que seus aliados irão apoiar Marcelo Freixo na disputa ao governo fluminense.

Radar - VEJA

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Inflação atinge classe C e afeta até o funk ostentação



Com a alta nos preços, até o funk ostentação, quem diria, teve de aderir ao ajuste fiscal
O nome é Luan de Melo, mas pode chamá-lo de MC França. Ele tem 19 anos, é um funkeiro em início de carreira e mora no bairro do Itaim Paulista, distante do centro de São Paulo. Luan tem gostos parecidos com os da maioria dos jovens de sua quebrada. Gosta de roupas de marca e frequenta bailes de rua, os “fluxos”. Há três anos, o estilo que dominava essas festas era o funk ostentação, com letras que exaltavam o enriquecimento dos cantores de funk, os MCs (abreviação de “mestres de cerimônia”, os animadores do baile). 

O ano era 2012, nos últimos suspiros da fase de prosperidade brasileira. Depois, veio o esfriamento da economia e, agora, a crise. Outra trilha sonora passou a dominar o fluxo. Vai-se o funk ostentação, que exalta os prazeres caros da vida, e volta com força o estilo que canta outro prazer, ao alcance de todos: o sexo. São músicas que exaltam o corpo, o gozo e a sensualidade. É o pancadão da crise.

“Não é que esses jovens não usem mais produtos de marca. Mas eles tiraram o pé do acelerador”, diz Renato Barreiros, produtor cultural e estudioso da cena funk. “O poder de consumo deles estagnou. Eles se deram conta de que não vai passar disso que é agora.” Barreiros é autor dos documentários Funk ostentação – O filme e No fluxo. É testemunha de como a recessão muda as preferências da classe C, que representa 58% da população brasileira. Luan, o MC França, sente no dia a dia os efeitos do novo cenário econômico. “O dinheiro não dá para manter meus gostos. Antes, gastava R$ 150 na noite. Hoje, isso não dá nem para matar a vontade”,  diz Luan. O que Luan sente, os economistas medem. A evolução anual da economia passou de expansão de 7,5% em 2010 para encolhimento neste ano. No mesmo período, a inflação anual passou de 5,8%, já alta, para 7,9%. Os funkeiros deixam de ostentar e refazem as contas.

Luan mora em casa própria com a mãe e a namorada, grávida de oito meses. Com uma renda familiar próxima de R$ 2.700, Luan reclama de serviços essenciais que passaram a custar muito. “Boa parte do que ganho vai para o transporte. Gasto até R$ 15 por dia nisso”, afirma. Só em São Paulo, a passagem de ônibus subiu mais de 52% desde 2010 – de R$ 2,30 para R$ 3,50. Melo gasta mais de um terço do que ganha com deslocamentos diários. Na casa do MC, os hábitos mudaram. A família gasta mais para comprar menos  no supermercado e vai à feira com menor frequência. O mesmo ocorre com 41% da classe C, segundo o instituto de pesquisas Data Popular. Rarearam as compras em shopping centers, pedidos de pizza em casa e viagens de fim de semana à praia. “A classe C está refazendo o orçamento. Troca marcas caras por baratas, compra menos nos shopping centers e procura os fluxos, bailes mais baratos”, diz Renato Meirelles, presidente do Data Popular. [Luan foi vítima da irresponsabilidade do Lula e da sua ex-criatura Dilma, que levou jovens desavisados a considerar que uma RENDA FAMILIAR de R$2.7000,00 é suficiente para os beneficiários se considerarem classe C.
No máximo, com muita economia, a família que usufrui de tal renda pode apenas se considerar ARREMEDIADA.]

Em geral, os fluxos são organizados pelas redes sociais e feitos na rua, com carros equipados com caixas de som potentes e vendedores ambulantes abastecendo os frequentadores com bebida barata. Em São Paulo, esse tipo de festa, que atormenta a vizinhança, acontece desde 2005, e há relatos de fluxos que reuniram mais de 10 mil pessoas. “Numa balada fechada, você gasta fácil R$ 200. No fluxo, que é de graça, você gasta no máximo R$ 100 e curte do mesmo jeito”, diz Luan. “Por isso, alguns organizadores de bailes fechados, onde a gente cantava, estão deixando de fazer as festas. Não dá o mesmo lucro de antes.” [os tais fluxos deveriam ser proibidos; a única coisa que propiciam é incomodar tremendamente a vizinhança e levar muitos a se embriagarem.]
Quem já trabalhava e pagava contas em crises anteriores se adapta mais facilmente. Entre os adolescentes que começam a entrar no mercado de trabalho, crise é novidade. Tandara Felício, de 18 anos, é estudante de estética e precisa administrar as mudanças. 

Tandara explica que há dois anos começou a trabalhar para ajudar nas contas de casa. “Até então, minha mãe me bancava, mas chegou um momento em que ela não aguentava mais. Conversamos sobre isso”, diz. A jovem frequenta os fluxos desde os 14 anos e percebeu a mudança de trilha sonora. “A ostentação não faz mais sucesso no fluxo, porque eles cantavam uma vida de gente rica, que compra o melhor carro, a melhor moto, a melhor casa, bebida, roupa. Quando acabava a música, a gente olhava em volta e via que não era aquilo”, diz. “Então outros MCs, que viram que a ostentação estava caindo, chegaram com uma coisa que é realidade: as letras de sexo. São coisas que as pessoas fazem, é a realidade. Quando acaba a música, ele ainda tem aquilo ao alcance.”

Como a trilha sonora, o guarda-roupa de Tandara também vem se adaptando. Ela estava acostumada a comprar roupas, maquiagem, sapatos e perfumes caros. Tandara reduziu seu consumo nos últimos anos, pois, segundo ela, ficou impossível manter o padrão da gastança. “Quando lançavam uma coleção nova da marca de sandálias que gosto, eu tinha de ter a coleção toda. Hoje, não tenho dinheiro para isso”, afirma.  As mudanças adotadas na casa de Tandara servem como roteiro de enxugamento de contas para famílias de todas as faixas de renda. A mãe de Tandara trocou os pacotes de internet, telefone fixo e TV a cabo por versões mais modestas, que custam a metade do preço. Conseguiu economizar R$ 135 por mês. A estudante passou a se conter no uso do telefone celular, porque a conta havia passado de R$ 30 para R$ 80. Para se divertir, deixou de ir a lugares que cobram entrada. Deixou o hábito de ir ao shopping center duas vezes por mês. “Antes, a gente comprava muito mais. Agora, mesmo sem comprar tanto, não conseguimos nem poupar alguma coisa”, afirma.

Na classe C, 55% apostam que 2015 oferecerá menos oportunidades de trabalho. A taxa de desemprego ainda está baixa, mas subiu de 6,4% para 6,8%, entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015. Luan ainda não trabalhou com registro em carteira. Diz que sente mais dificuldade em sua procura no mercado de trabalho e, por isso, baixou suas expectativas quanto ao primeiro emprego. Tandara se queixa do que considera falta de oportunidades. “Hoje, a gente tem mais dificuldade de crescer. Acho que estão diminuindo as oportunidades e tem muita gente bem qualificada disputando cada vaga”, diz.

O pessimismo econômico não abalou a confiança da classe C na vida pessoal.  Seis em cada dez mantêm-se otimistas. Acreditam que o bem-estar de cada um depende mais dele mesmo do que dos agentes externos, como o governo. É um bom sinal, diante de tantas mudanças drásticas que afetaram essa classe nos últimos anos. “Espero que as coisas melhorem para que eu possa dar um futuro melhor ao meu filho. Sei que vai ser mais difícil, mas continuo otimista”, diz Luan.

Fonte: Revista Época