Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador poder de compra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poder de compra. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Esqueça o papo do gerente

Título de capitalização não é investimento e não vale a pena. A matemática dele só é positiva para um lado, o dos bancos

Experimente entrar em um banco e pedir a algum gerente uma sugestão de de produto bancário. São grandes as chances de você ouvir “título de capitalização” como resposta. Você já deve ter reparado que eu nunca recomendo essa opção. O motivo é simples: trata se de um dos piores produtos bancários para o cliente e não pode ser considerado investimento. Em um título de capitalização, a matemática só funciona de forma positiva para um lado: o dos bancos.


Os títulos de capitalização são estruturados para não gerar qualquer remuneração a quem os compra, enquanto, aos bancos, rendem expressivo lucro. Em teoria, o que se diz é que a pessoa que aplica receberá o valor depositado com uma correção mensal de 0,5%, mais a taxa referencial — mesma remuneração da poupança. Na prática, no entanto, o banco elabora uma fórmula em que o resultado final não tenha rentabilidade alguma. Ou seja, no vencimento do seu título, você resgata aquilo que depositou, sem correção monetária ou juros. Ou seja, perde dinheiro, considerando os efeitos da inflação ao longo do tempo — é como guardar dinheiro sob o colchão. Você vê as cédulas ali, mas está constantemente perdendo poder de compra.

Isso acontece porque nem todo dinheiro depositado por você vai, de fato, para a capitalização da sua conta. Vamos supor que você coloque R$ 15 mensais em um título. Desse valor, cerca de R$ 0,26 (1,74%) vão para a cota o prêmio do sorteio. É uma espécie do valor do bilhete que dá o direito de participar dessa loteria.  O próximo desconto é mais doloroso: de todo o montante, uma fatia que varia de forma decrescente de 88,26% a 3,89% ao longo das parcelas representa a remuneração do banco. Ou seja, o banco cobra um alto percentual para administrar seu dinheiro. Em suma, do total de R$ 15 depositado em título de capitalização mensalmente, uma fatia de R$ 0,58 a R$ 13,24 vai direto para o bolso do banco. O que sobra para o cliente capitalizar em sua conta varia de 10% (R$ 1,50) a 94,7% (R$ 14,22).

O gerente, quando imprime todos os esforços possíveis para te convencer a fazer um título de capitalização, está cumprindo muitas vezes as obrigações dele. Afinal, quem paga o salário dele é o banco, o qual está interessado em aumentar o próprio lucro. Ele trabalha com metas que precisam ser batidas — e que muitas vezes são bastante ousadas e assimétricas com os interesses dos clientes. 

Bom, se ele está usando o poder de persuasão para manter o emprego, cabe a você ter a consciência de que, como cliente, sua função é trabalhar para si mesmo e saber se proteger. Sendo assim, antes de cair na conversa do gerente, lembre-se que não faz sentido escolher títulos de capitalização — ainda mais levando em conta que o mercado possui tantas opções mais interessantes em renda fixa.  Não se iluda com a possibilidade de ser sorteado. As chances de isso acontecer são mais do que remotas. Se você tiver um título que conte com 700 mil cotistas, sua chance de ser sorteado é de uma em 700 mil. Se seu objetivo é apostar, vale mais a pena jogar na loteria e investir em bom produto financeiro.

Fonte: O Globo - Samy Dana
economia@oglobo.com.br
 

sábado, 9 de julho de 2016

A piora na vida dos mais pobres = a volta da miséria

VEJA revisitou brasileiros cuja realidade havia melhorado em 2010 e constatou na vida real o que as estatísticas registram no papel: a fome voltou a rondar as mesas, e os sonhos, como o de fazer faculdade, deram lugar ao medo do desemprego

A previsão constava de um estudo do Ipea feito em 2010: em 2016, dizia, a miséria daria traço no Brasil - a pobreza extrema estaria "praticamente superada" e se transformaria em uma insignificância estatística. Havia razão para tanto otimismo. Naquele ano, o último do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento do PIB havia fechado em 7,5%, o maior desde 1986. Mais de 13 milhões de brasileiros já tinham desembarcado da extrema pobreza, e o poder de compra do salário mínimo havia aumentado quase 10% ao ano, no período compreendido entre 1995 e 2008. Passados seis anos, no entanto, o Brasil anda de marcha a ré. Novos estudos, estes coordenados por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicam que os miseráveis - aqueles que não deveriam mais existir em 2016 - estão, na verdade, prestes a aumentar.

Um dos dados que mostram a iminência desse fenômeno é a queda inédita e simultânea de dois índices importantes no último trimestre de 2015: o da renda da população e o da "taxa de equidade", que mede quanto o país está mais igual - e, portanto, menos desigual. Ambos compõem o índice de bem-estar social da FGV. As duas quedas, da renda e da equidade, decorrem dos mesmos fatores, afirma Neri: "A inflação leva dois terços da culpa e a falta de emprego, incluindo o informal, é responsável pelo outro terço".

Até o fim de 2016, a renda per capita dos brasileiros deve recuar quase 10% em relação a 2014, aponta outro estudo da FGV. Será a segunda maior queda em 116 anos. Pior que esse tombo, apenas o do triênio 1981-1983, também marcado por uma crise econômica grave. Segundo um estudo da consultoria Tendências, a derrocada vai levar 7,8 milhões de brasileiros de volta à pobreza e seu entorno. Se o país não voltar a crescer até 2018, haverá mais pessoas nessa situação do que em 2005, ainda nos primeiros anos do governo Lula, prevê a consultoria.

No mês passado, VEJA percorreu cidades do Ceará, Bahia e Minas Gerais para revisitar brasileiros que em 2010 falaram à revista sobre seus planos e esperanças. O título da reportagem era "A vida melhorou". Nesta apuração, no entanto, o que se viu foi a confirmação, na vida real, daquilo que registram os indicadores econômicos. Para todos os entrevistados, a vida piorou.

Compre a edição desta semana no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.