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domingo, 27 de setembro de 2015

São Cosme e São Damião

Festa dos doces em dia de santo: a tradição de São Cosme e Damião

Tudo teve início no século 3, quando Cosme e Damião, irmãos gêmeos filhos de uma família nobre, começaram a usar a medicina para curar as pessoas mais pobres da Arábia

Hoje é o Dia de São Cosme e Damião. A tradição anual de distribuição de guloseimas no dia dos santos irmãos, mantida pela Igreja Católica [que celebra como data oficial dos dois santos o dia 26 de setembro] em 27 de setembro, faz a alegria de meninos e meninas em vários cantos do Brasil. Sacolinhas com doce de banana, doce de abóbora, paçoca, maria-mole, suspiro e balinhas estão prontas para serem entregues por devotos dos santos ou cumpridores de promessa. Esse é o dia em que a criançada bate de porta em porta à caça de doces.

Tudo teve início no século 3, quando Cosme e Damião, irmãos gêmeos filhos de uma família nobre, começaram a usar a medicina para curar as pessoas mais pobres da Arábia. Por serem muito católicos, os dois confiaram no poder da oração e de Deus para ajudar os mais necessitados e não cobravam nada pelo serviço. Vítimas de um imperador romano chamado Deocleciano, os santos morreram degolados por volta do ano 300 d.C. Pelo fato de terem sido sempre muito dedicados à meninada, Cosme e Damião se tornaram protetores dos gêmeos, das crianças e padroeiros dos médicos. Os africanos que vieram para o Brasil também tinham dois gêmeos crianças, os Ibejes, entre os santos de sua religião. Hoje, eles são os mesmos santos e foi criado o costume de distribuir doces para homenageá-los e para cumprir promessas.

Há mais de três décadas, a aposentada Marli da Silva Abi-Acl, 70 anos, prepara saquinhos recheados de balas e chocolates para distribuir à criançada na data. Nesta manhã, Marli afirmou que vai acordar cedo para cumprir a promessa. Com um filho doente, a aposentada resolveu fazer uma promessa e sonhou com Cosme e Damião. Desde o sonho, ela prometeu ao filho distribuir doces todos os anos no dia dos santos. “É um dia muito legal para as crianças. Faço porque gosto muito. Ver a felicidade no rostinho desses meninos é a minha maior recompensa”, garantiu. Ela entregará cerca de 120 saquinhos pelas ruas do Guará. “Enquanto eu estiver viva, vou continuar fazendo esse trabalho”, completou.

A publicadora Adriana Tereza Oliveira, 46, contou que a família dela faz a felicidade da garotada há anos. “É uma tradição familiar. Quando era criança, pegava os saquinhos na vizinhança. Minha mãe distribui os doces até hoje e eu e meus irmãos ajudamos. Tentamos entregar as sacolas em regiões carentes. Além do significado religioso, é uma lembrança boa da infância.”

 

sábado, 1 de agosto de 2015

Pauta-bomba de nosso governo: reclamar menos da inflação hoje porque ela vai piorar amanhã

O mau pagador de promessas



Você precisa comprar a pauta-bomba de nosso governo: cortaremos na carne, na sua carne, morô?      

Devo, não nego. Pagarei quando puder. E com a ajuda de vocês. Governadores, prefeitos, deputados, senadores. 
Mas apelo sobretudo a você. Você pai ou mãe de família, que perdeu seu poder de consumo, perdeu o emprego, perdeu salário e crédito, perdeu conforto e esperança, perdeu economias, perdeu sua lojinha, sua microempresa, seu apartamento, seu carro
Perdeu até as estribeiras, porque se sente intimidado por gangues das ruas e dos palácios.

Você precisa vestir minha camisa, que é a camisa do Brasil, agora em tamanho menor devido à dieta argentina. Você tem de acreditar, mesmo que o PT tenha provado ser um mau pagador de promessas. Eu e o Guido no ano passado pedalamos a mesma bicicleta, aquela de dois lugares, para atropelar todas as contas que atravessavam nosso caminho glorioso. Mesmo assim você precisa se sacrificar.

Você precisa nos ajudar a manter bem altos os lucros dos bancos, porque eles sempre se dão bem, já reparou? Com a ajuda de cortes, câmbio e juros, os grandes tiveram lucros históricos. Você precisa aceitar calado a redução do salário, você precisa cuidar de seu rombo particular. Porque o meu rombo no primeiro semestre foi inédito na história, um deficit de R$ 1,6 bilhão de janeiro a junho. Um rombão, tudo é aumentativo por aqui, mensalão, petrolão, eletrolão.
Sempre bom lembrar que o 'manteiga' foi demitido não só por ser péssimo como ciclista, pedalava mal demais. O motivo principal de sua demissão foi a total incompatibilidade física do seu 'pibinho' com o 'rombão' da chefe. O triste é que o Levy, além de não poder pedalar, está tendo que administrar um rombão crescente ao tempo que o seu 'pibinho' fica menor a cada dia = micropibinho

Você precisa reunir a família, assim como eu reuni os meus parentes próximos e distantes, os governadores dos Estados. Para explicar que a gastança e o desperdício têm de parar. E, claro, eles entenderam que, se eu for atingida, eles vão junto. Como se não bastasse o Brasil perder selo internacional de bom pagador, ganhará o selo de mau gastador.

Você precisa sobretudo comprar nossa “pauta-bomba”, que é a seguinte: cortaremos na carne, na sua carne, entendeu? Não falo de churrasco de fim de semana, esse já era. Falo de cortes mais nobres. Cortes de gastos públicos, que eu e o Levy prometemos. Vamos cortar no sal grosso: no PACo (Programa de Aceleração do Crescimento), na Saúde e na Educação. Morô? Não, esse verbo não, lembra o sobrenome daquele juiz que não larga o meu pé nem o de meus companheiros empreiteiros. Juiz posudo, metido a italiano da gema, com ternos bem cortados e essa obsessão de lavar tudo a jato, como se a água e meu governo fossem acabar amanhã.

Você sabe que tem gordura nos hospitais e nas escolas, não? Gordura no chão, nos corredores, nas salas de cirurgia e de aula. Ah, você deixa esses itens do orçamento doméstico para cortar por último? Você preserva ao máximo a saúde e a educação de sua família e prefere cortar primeiro os supérfluos? Entendi: é porque você valoriza a vida e o futuro deles e a oportunidade real de crescimento digno e sustentável.

Por isso a classe média não vai para a frente, cai no cheque especial, paga juros escorchantes no cartão de crédito. E a gente (nós e os intelectuais do PT) tem ojeriza a esse pessoal conservador, não afeito a riscos, enfim, uma classe média reacionária. Não é uma categoria politizada. Além de ser gigante, difícil de ser manobrada, a classe média cultua a ideologia do bem-estar da família. E ponto.

Você também sabe que a gente gosta de dar esmola aos pobres e de adular os ricos. É a tal governabilidade, uma receita infalível. Posar de mãe de miseráveis e se locupletar com os grandes projetos. Vimos agora que o nuclear entrou na dança premiada. Minha geladeira vive abarrotada de energéticos para aguentar o tranco de nossa House of Cards.

Graças a Deus que lá também, no Congresso, acabou a mamata. E também a proteção que dávamos ao ex-PMDB comportado de Sarney. Agora o Congresso quer me derrubar, prefere o diretor da escola, aquele que parece uma esfinge e não diz nada, você sabe quem é, só espera mais um passo meu em falso. Bota falso nisso. Agosto começou e deveria ser menor. Vou arrumar umas viagens internacionais.

Já nos livramos da Catta Preta, a advogada de delatores que se mudará para Miami por medo. Você também tem medo, não? É a lógica de gangues que impera no país. Viu as cenas no Brás, em São Paulo, com cidadãos, muitos idosos, cercados e roubados por abutres? Você se sente ameaçado por taxas e impostos, por assaltantes, golpistas e policiais, por empresas de serviço, todo mundo tascando um pedacinho seu? Tente um pacto, como eu.

Esqueçam minhas pedaladas fiscais, me ajudem a aprovar minhas contas no TCU, não deixem que a Caixa e o Banco do Brasil cobrem de mim mais de R$ 1 bilhão em taxas dos programas sociais. Reclamem menos da inflação de hoje porque ela tende a piorar amanhã. Não critiquem inaugurações de clínicas sem médicos ou fechamento de escolas sem professores. Não somos um governo-bomba.

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época