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sábado, 1 de agosto de 2015

Pauta-bomba de nosso governo: reclamar menos da inflação hoje porque ela vai piorar amanhã

O mau pagador de promessas



Você precisa comprar a pauta-bomba de nosso governo: cortaremos na carne, na sua carne, morô?      

Devo, não nego. Pagarei quando puder. E com a ajuda de vocês. Governadores, prefeitos, deputados, senadores. 
Mas apelo sobretudo a você. Você pai ou mãe de família, que perdeu seu poder de consumo, perdeu o emprego, perdeu salário e crédito, perdeu conforto e esperança, perdeu economias, perdeu sua lojinha, sua microempresa, seu apartamento, seu carro
Perdeu até as estribeiras, porque se sente intimidado por gangues das ruas e dos palácios.

Você precisa vestir minha camisa, que é a camisa do Brasil, agora em tamanho menor devido à dieta argentina. Você tem de acreditar, mesmo que o PT tenha provado ser um mau pagador de promessas. Eu e o Guido no ano passado pedalamos a mesma bicicleta, aquela de dois lugares, para atropelar todas as contas que atravessavam nosso caminho glorioso. Mesmo assim você precisa se sacrificar.

Você precisa nos ajudar a manter bem altos os lucros dos bancos, porque eles sempre se dão bem, já reparou? Com a ajuda de cortes, câmbio e juros, os grandes tiveram lucros históricos. Você precisa aceitar calado a redução do salário, você precisa cuidar de seu rombo particular. Porque o meu rombo no primeiro semestre foi inédito na história, um deficit de R$ 1,6 bilhão de janeiro a junho. Um rombão, tudo é aumentativo por aqui, mensalão, petrolão, eletrolão.
Sempre bom lembrar que o 'manteiga' foi demitido não só por ser péssimo como ciclista, pedalava mal demais. O motivo principal de sua demissão foi a total incompatibilidade física do seu 'pibinho' com o 'rombão' da chefe. O triste é que o Levy, além de não poder pedalar, está tendo que administrar um rombão crescente ao tempo que o seu 'pibinho' fica menor a cada dia = micropibinho

Você precisa reunir a família, assim como eu reuni os meus parentes próximos e distantes, os governadores dos Estados. Para explicar que a gastança e o desperdício têm de parar. E, claro, eles entenderam que, se eu for atingida, eles vão junto. Como se não bastasse o Brasil perder selo internacional de bom pagador, ganhará o selo de mau gastador.

Você precisa sobretudo comprar nossa “pauta-bomba”, que é a seguinte: cortaremos na carne, na sua carne, entendeu? Não falo de churrasco de fim de semana, esse já era. Falo de cortes mais nobres. Cortes de gastos públicos, que eu e o Levy prometemos. Vamos cortar no sal grosso: no PACo (Programa de Aceleração do Crescimento), na Saúde e na Educação. Morô? Não, esse verbo não, lembra o sobrenome daquele juiz que não larga o meu pé nem o de meus companheiros empreiteiros. Juiz posudo, metido a italiano da gema, com ternos bem cortados e essa obsessão de lavar tudo a jato, como se a água e meu governo fossem acabar amanhã.

Você sabe que tem gordura nos hospitais e nas escolas, não? Gordura no chão, nos corredores, nas salas de cirurgia e de aula. Ah, você deixa esses itens do orçamento doméstico para cortar por último? Você preserva ao máximo a saúde e a educação de sua família e prefere cortar primeiro os supérfluos? Entendi: é porque você valoriza a vida e o futuro deles e a oportunidade real de crescimento digno e sustentável.

Por isso a classe média não vai para a frente, cai no cheque especial, paga juros escorchantes no cartão de crédito. E a gente (nós e os intelectuais do PT) tem ojeriza a esse pessoal conservador, não afeito a riscos, enfim, uma classe média reacionária. Não é uma categoria politizada. Além de ser gigante, difícil de ser manobrada, a classe média cultua a ideologia do bem-estar da família. E ponto.

Você também sabe que a gente gosta de dar esmola aos pobres e de adular os ricos. É a tal governabilidade, uma receita infalível. Posar de mãe de miseráveis e se locupletar com os grandes projetos. Vimos agora que o nuclear entrou na dança premiada. Minha geladeira vive abarrotada de energéticos para aguentar o tranco de nossa House of Cards.

Graças a Deus que lá também, no Congresso, acabou a mamata. E também a proteção que dávamos ao ex-PMDB comportado de Sarney. Agora o Congresso quer me derrubar, prefere o diretor da escola, aquele que parece uma esfinge e não diz nada, você sabe quem é, só espera mais um passo meu em falso. Bota falso nisso. Agosto começou e deveria ser menor. Vou arrumar umas viagens internacionais.

Já nos livramos da Catta Preta, a advogada de delatores que se mudará para Miami por medo. Você também tem medo, não? É a lógica de gangues que impera no país. Viu as cenas no Brás, em São Paulo, com cidadãos, muitos idosos, cercados e roubados por abutres? Você se sente ameaçado por taxas e impostos, por assaltantes, golpistas e policiais, por empresas de serviço, todo mundo tascando um pedacinho seu? Tente um pacto, como eu.

Esqueçam minhas pedaladas fiscais, me ajudem a aprovar minhas contas no TCU, não deixem que a Caixa e o Banco do Brasil cobrem de mim mais de R$ 1 bilhão em taxas dos programas sociais. Reclamem menos da inflação de hoje porque ela tende a piorar amanhã. Não critiquem inaugurações de clínicas sem médicos ou fechamento de escolas sem professores. Não somos um governo-bomba.

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época
 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

CATTA PRETA, Como advogada, nota zero. Deveria devolver a carteira da OAB e os honorários dos clientes que ela abandonou sem justa causa.



Advogada CATTA PRETA dá entrevista estranha em que não revela nada
A advogada Beatriz Catta Preta, ao se apresentar no Jornal Nacional
Não se fala em outra coisa. Responsável por firmar nove acordos de delação premiada de réus da Operação Lava Jato, a advogada Beatriz Catta Preta disse ao “Jornal Nacional” que deixou o caso e decidiu abandonar a advocacia porque se sentiu ameaçada.  “Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela minha segurança e dos meus filhos, decidi encerrar minha carreira”, afirmou.

Segundo reportagem da Folha, ela disse que a pressão aumentou após um de seus clientes, o lobista Julio Camargo, mencionar em depoimento que pagou US$ 5 milhões em propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).  “Vamos dizer que [depois do depoimento de Julio Camargo] aumentou essa pressão, essa tentativa de intimidação a mim e à minha família”, disse, se referindo à insistência de a CPI ouvi-la.

AMEAÇAS CIFRADAS?
Mas a advogada não revelou como seriam essas intimidações. “Não recebi ameaças de morte, não recebi ameaças diretas, mas elas vêm de forma velada, elas vêm cifradas.”
Questionada sobre a origem das supostas tentativas de intimidação, Catta Preta respondeu que elas vinham de integrantes da CPI que votaram a favor de sua convocação. Disse também que não podia afirmar se Eduardo Cunha integrava esse grupo.  Acerca do valor de R$ 20 milhões que teria recebido por seus honorários na Lava Jato, Catta Preta afirmou que o número é “absurdo”. “Não chega perto da metade disso”, disse.

A advogada explicou que os pagamentos foram feitos no Brasil por meio de transferência bancária ou em cheque, com emissão de nota fiscal e recolhimento de impostos. A criminalista também negou que tenha cogitado mudar de país. Ela afirmou que passou o último mês nos Estados Unidos de férias com a família.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
Muito estranha esta entrevista da advogada, a ponto de necessitar de tradução simultânea.
1) Não fugiu, foi apenas tirar férias, abandonando os clientes em fase decisiva dos inquéritos.
2) Não diz quem a ameaçou.
3) Não houve ameaças diretas, “mas elas vêm de forma velada, elas vêm cifradas”.
4) Como foram as tais ameaças? Por telefone, por e-mail, por Facebook, redes sociais ou bilhetinhos?
5) Se tirou férias exatamente quando Júlio Camargo deu o depoimento, como pôde ser encontrada para ser “ameaçada”?
6) Por que não denunciou as ameaças?
7) Não pode atribuir a Eduardo Cunha as ameaças.
8)Tem medo de quê, de quem?

Sinceramente, a fraqueza da entrevista-denúncia de Beatriz Catta Preta diminui sua importância como advogada. Imaginem se todo advogado for se curvar a esse tipo de ameaça cifrada, que se resume na verdade apenas a uma convocação para prestar depoimento, em que ela nem precisaria dizer nada. Como advogada, nota zero. Deveria devolver a carteira da OAB e os honorários dos clientes que ela abandonou sem justa causa.

Fonte: Tribuna da Internet - Carlos Newton