Indignado
com a quebra inconstitucional de seu sigilo bancário referente ao
período que vai de 2013 e 2017, o presidente Michel Temer anunciou que
tornaria o dito-cujo público. Nota: se fosse o caso de adotar o
procedimento, não se poderia recuar aquém de maio de 2016, quando ele
assumiu a Presidência. Mas Roberto Barroso, ministro do Supremo, não é
do tipo que dá bola para a Constituição.
Compreende-se
a indignação de Temer. Até porque Barroso não tem um miserável indício
que justifique a decisão. O doutor determinou a dita-cuja para ver se
acha alguma coisa. O procedimento é típico de ditaduras. Tornar
público o sigilo corresponde a procurar — e achar — dor de cabeça para o
resto da vida. Até eventuais transferências do presidente para sua
mulher ou para algum parente precisando de ajuda serão alvos de
especulações e maledicências.
Sem contar que é como se o presidente estivesse sendo obrigado a provar inocência em coisas de que nem mesmo é acusado. Convenham,
nas democracias, quem acusa é que tem de provar. Quando nem mesmo a
acusação existe, aí já estamos no território da loucura. De resto, o
presidente pode ficar descansado. Daqui a alguns dias, sem que ele
precise mexer uma palha para isso, o sigilo será vazado por algum
patriota.
Blog do Reinaldo Azevedo