Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador reformas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reformas. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Reformas, por necessidade

Eleitos pela direita desistem das reformas diante de protestos. Os de esquerda ganham dizendo que nada precisa mudar

A coisa mais fácil do mundo é entender a necessidade da reforma da Previdência: as despesas com o pagamento de benefícios crescem mais depressa que as receitas. Logo, o sistema está quebrado. Como os brasileiros já pagam impostos elevados, inclusive para a Previdência, é preciso cortar a expansão das despesas. Isso significa que as pessoas terão que trabalhar mais do que trabalharam os atuais aposentados.

É uma questão universal. Em toda parte, as pessoas vivem mais, logo ficam mais tempo aposentadas e isso custa cada vez mais caro, especialmente para o sistema de repartição — aquele em que os da ativa pagam contribuições com as quais são pagos os aposentados e pensionistas. Em muitos países, governos conseguiram maiorias parlamentares para fazer reformas previdenciárias, sempre com elevação da idade mínima de aposentadoria.

Mas os líderes desses governos não tiveram vida fácil. Nunca, em lugar nenhum, se viu uma passeata de jovens gritando “65 anos já!”. Sim, de jovens, porque são eles os mais interessados em evitar uma quebra futura do sistema. Mas todo mundo já viu manifestação de aposentados ou quase aposentados contra qualquer mudança. Por que os mais jovens não se manifestam? Em parte, porque não pensam no problema. Isso está tão longe.


É uma atitude bem forte por aqui. Dados e pesquisas mostram que o brasileiro médio demora muito tempo para começar a se preocupar com poupança e aposentadoria.
Mas também é universal. No Reino Unido, por exemplo, muitos jovens, favoráveis à permanência na União Europeia, não se animaram a votar. Agora, estão arrependidos, foram às ruas tentar melar a consulta popular, mas já era. Por um bom tempo.

Em muitos países, as sociedades simplesmente não conseguiram fazer reforma alguma. Grécia, por exemplo, com consequências dramáticas. Os aposentados ficaram algum tempo sem receber e, depois, passaram a receber pensões reduzidas. País mais pobre, o dinheiro simplesmente acabou. A França está no clube dos ricos. Produz bastante riqueza, mas sua capacidade de crescer é cada vez menor, e sua competitividade global cai. É lógico: no clube dos desenvolvidos grandes, os franceses trabalham menos horas por semana, se aposentam com idade menor e ganham mais. Também tiram férias mais longas.

Os presidentes eleitos pela direita prometem reformas e acabam desistindo diante das violentas manifestações. Os de esquerda ganham dizendo que não precisa mudar nada — ou porque acreditam nisso ou porque simplesmente mentem. Mas todos percebem que têm de fazer — como entendeu o atual presidente François Hollande —, apresentam umas reformas meio aguadas e também acabam sucumbindo nas ruas.

Já governos que conseguem fazer as reformas com frequência perdem as eleições seguintes. Exemplo clássico: Gerhard Schröder, o social-democrata que governou a Alemanha de 1988 a 2005, e implantou reformas previdenciária, trabalhista e no ambiente de negócios. Foram essas mudanças que permitiram à Alemanha retomar competitividade e capacidade de crescimento — situação que, entretanto, beneficiou o governo de Angela Merkel, eleita pela oposição 11 anos atrás.

De todo modo, Merkel teve a sabedoria de não reverter as reformas, até avançou em outras. Não é por acaso que a Alemanha está hoje melhor que a França e saiu da crise recente com menos danos.  Tudo considerado, qual o prognóstico para o governo Temer? Fará as necessárias reformas para estancar a sangria do déficit das contas públicas?

A dificuldade óbvia é que não foi eleito para isso. Mas há possibilidades. Uma, a melhor coisa que pode acontecer a ele é encerrar a carreira entregando um país melhor em 2018. Não precisa buscar outros mandatos. A segunda vantagem, digamos, é o estado de necessidade em que se encontram as finanças públicas. Em diversos estados, os governos têm que escolher entre pagar ao pessoal ou comprar gasolina para as ambulâncias e carros da polícia.

Isso é uma antecipação do que pode acontecer com o governo federal. Este tem a prerrogativa de emitir dinheiro, de modo que, antes de quebrar, ainda pode destruir as finanças de todo o país gerando uma baita inflação.  As sociedades são como as pessoas, mudam por virtude ou por necessidade. Mas, mesmo na necessidade, é preciso que o governo tenha ideias claras e avance reto. Pregar austeridade para a maioria e salvar vantagens de alguns — isso não pode dar certo.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - O Globo

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

“Firme como um fantasma” e seis notas de Carlos Brickmann



Negar é bobagem: com as investigações sobre o marqueteiro João Santana e suas contas no exterior, com os vínculos que a Operação Lava Jato vê entre essas contas, as propinas do Petrolão e o financiamento da campanha de Dilma, o governo acabou. Pode cair por impeachment (tese preferida do PMDB, que herdaria o trono, ao menos para convocar eleições), pode cair por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, cassando a chapa, pode até continuar ocupando os palácios até o final de 2018. Mas não como governo, e sim como fantasma.

Lula, o braço forte do PT, vem sendo acossado pelas investigações sobre ocultação de patrimônio. Seus dois postes, Dilma e Fernando Haddad, estão ligados a João Santana, o marqueteiro do poder, que cuidou da campanha de ambos. Irregularidades nas contas de campanha de Santana podem atingir os dois.

Como funcionam as coisas no mundo político? Boa parte dos parlamentares tem dois órgãos extremamente sensíveis: o bolso (o que inclui nomeações, postos de poder, diretoria que fura poços) e o ─ digamos, senso de sobrevivência política. Reeleger-se apoiando um governo manchado fica bem mais difícil. Repetindo a antiga analogia, os ratos sabem a hora de abandonar um navio.

Se, com toda a famosa base aliada, Dilma passou o ano sem conseguir aprovar um orçamento no prazo, e não foi por falta de favores e nomeações, agora terá ainda mais dificuldades para mover-se. Reformas, como a da Previdência? Dilma parece que se convenceu ─ mas cadê o poder político para governar?

Adeus, promessas
Governar é algo que Dilma não faz há tempo. Lembra da redução de 10% nos salários do primeiro escalão, inclusive o dela? Não saiu ainda. O fechamento de 3 mil cargos comissionados (preenchidos sem concurso)? Não saiu ainda. Teto de gastos para água, luz, telefone, diárias e passagens aéreas? Não saiu ainda.
Quanto à transparência de gastos nos cartões corporativos, nem prometida foi.

Xô! 
A entrada de João Santana na Acarajé irritou muitos marqueteiros: a própria atividade, consideram, é atingida. Chico Santa Rita, pioneiro do ramo (fez as campanhas vitoriosas de Quércia, Fleury, do presidencialismo), abre fogo: “Não se julgue o trabalho mundialmente reconhecido dos consultores em marketing político pelas estripulias de Duda Mendonça, João Santana & Cia. Em 40 anos de atividade, várias vezes tive de optar entre dormir tranquilo ou ter o Japonês da Federal na minha porta. Está tudo contado nos meus quatro livros. Assim como é pública a vida de quem exerce funções públicas, também a vida do marqueteiro político é pública. O problema não está na atividade; está nas pessoas”.

Nada a ver (e nem sabiam) 
O não sabia de nada achou um substituto: o nada a ver. O presidente do PT, Rui Falcão, diz que o partido não tem nada a ver com depósitos em favor de João Santana. A presidente Dilma diz que está tranquila, porque as investigações não têm nada a ver com sua campanha. O prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, cuja campanha, comandada por João Santana, deixou dívidas superiores a R$ 20 milhões, disse que desde que se elegeu prefeito o assunto nada tem a ver com ele.
Nada a ver ─, mas pelo menos já sabem. De certa forma, é um avanço.

O fundo do poço… 
Os panelaços contra o PT, as investigações sobre Lula, a inflação em alta, a deterioração econômica, as pedaladas (sim, são crime de responsabilidade), os problemas de financiamento da campanha de Dilma, tudo tende a levar à retomada do impeachment. PSDB, DEM, PPS, Solidariedade, parte do PMDB e PSB já se reúnem com movimentos de rua (MBL, Vem pra Rua), para coordenar as ações. No dia 13, deve haver manifestações de rua, com os lemas Fora Dilma, Fora PT. As manifestações tendem a crescer com as revelações da Acarajé. E seu crescimento contribui, por sua vez, para enfraquecer ainda mais o governo.

…com terra por cima
A inflação oficial, calculada pelo IBGE, deve chegar a 1,42% em fevereiro ─ que, embora com dois dias a menos, deve superar em quase 50% a de janeiro. A alta se concentra em alimentos, e é bom combustível para manifestações. Mas, caso o caro leitor queira ver Dilma fora, lembre-se: se ela for impedida, o vice Michel Temer assume para convocar eleições, mas sob ameaça de cair também, já que malfeitos na campanha atingem a chapa inteira, e não só a presidente. [caso Dilma seja impedida Temer assume  e convoca eleições, mas, não será atingido pelo processo de impeachment, que tem como alvo apenas Dilma, que é também a única acusada da prática de crimes de responsabilidade.
Temer pode ser derrubado se a chapa de Dilma for cassada pelo TSE – por crimes na campanha eleitoral.
Para sobreviver neste caso é preciso que reste claro que Temer não teve nenhuma participação nos atos criminosos praticados por Dilma.]

Se Temer não assumir, sobe Eduardo Cunha. Se Cunha não estiver disponível, o seguinte é Renan Calheiros. E, na impossibilidade de Renan, assume o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski.
Terá o caro leitor alguma restrição a eles? [claro; nenhum deles tem condições morais, éticas e mesmo legais de assumir.
Todos estão sujos.
Neste caso, se forma uma Junta Militar, formada pelos comandantes das três Forças Singulares que convoca novas eleições e conduz os destinos do Brasil até que haja condições de entrega do Poder Executivo aos políticos.]

Aeroporto explica avião sumido
A concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos esclarece o caso do avião, ex-Vasp, que estava por lá e não está mais. Diz que o avião foi retirado, com base em decisão do juiz da 1ª Vara de Falências da Capital, com a concordância do representante do Ministério Público e do administrador da massa falida da Vasp. A decisão autorizou a Concessionária a dar o destino que melhor conviesse à aeronave abandonada no aeroporto.


Fonte: Coluna do Carlos Brickmann – www.brickmann.com.br