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sexta-feira, 25 de março de 2022

A vaga em disputa - Alon Feuerwerker

Análise Política

As possibilidades eleitorais de Jair Bolsonaro estão bastante vinculadas à sensibilidade popular sobre a economia.  
Qual é risco principal para o presidente? 
Um repique inflacionário provocado pelos efeitos globais da crise russo-ucraniana. 
Isso levaria o Banco Central a um reaperto na política monetária e chegaríamos às eleições com a atividade em provável retração ou estagnação.

E com a possibilidade real de uma combinação momentânea de pasmaceira econômica e forte pressão nos preços. Um cenário ideal para quem está na oposição e representa a mudança. [mudança??? a quase totalidade dos vermes que pensam ter alguma chance de vencerem as eleições presidenciais de outubro próximo, representam o pior que há no que não presta para o Brasil = começando pelo maior ladrão, o descondenado luladrão.]

Seria menos complicado para Bolsonaro se ele tivesse gordura eleitoral para queimar. Não é o caso. Hoje, quem pode se dar ao luxo é Luiz Inácio Lula da Silva, cujo principal oxigênio é o “no tempo dele eu vivia melhor”. O que tampouco teria o mesmo impacto caso o atual presidente estivesse mais bem apetrechado para argumentar que enfrentou, e ainda vem enfrentando, mais de dois anos de pandemia e agora uma guerra na Europa com repercussão planetária. [DEUS é brasileiro e não abrirá espaço para os ateus que ousam pretender substituir o nosso presidente;  FATOS dispensam apetrechos para sustentar argumentos =  a pandemia está indo embora e as vacinas (continuamos favoráveis às vacinas e graças a elas muitos dos nossos, maioria do século passado, segunda metade, se livraram de várias doenças) continuam sendo essenciais para  que a imunidade de rebanho, defendida desde sempre pelo nosso presidente, se estabeleça e sepulte de vez a peste maldita = VOTOS para BOLSONARO;
A guerra na Europa - apesar dos malefícios que causa aos diretamente envolvidos, especialmente os que padecem da péssima condução do Zelensky, pelo menos até agora, apesar dos desejos dos inimigos do presidente = corja do establishment + adeptos do quanto pior melhor = inimigos do Brasil, tem sido favorável à economia brasileira = dólar em queda, maiores facilidade para abertura de jazidas de potássio em áreas que logo serão disponibilizadas para exploração, tudo = (+) VOTOS para Bolsonaro.
O mais importante é que no segundo mandato o capitão vai realizar o que está pendente deste o inicio do em curso = melhoras para o Brasil e milhões de brasileiros.]

Perto disso a crise de 2008/09 foi, agora sim, uma marolinha.

Bolsonaro está até o momento contido no eleitorado mais fiel, suficiente para levá-lo ao segundo turno mas não para ganhar. Um eleitor oscilante, que certo dia votou no PT e em 2018 mudou de ideia, anda aparentemente tentado a fazer o caminho de volta. A dúvida é o que levaria esse voto a reverter a tendência momentânea e reafirmar a opção adotada em 2018. É a pergunta, como se diz, de um milhão.

Se Bolsonaro deixar a pressão dos preços dos combustíveis correr livre, com a óbvia repercussão inflacionária, estará concretando a estrada para Lula. Verdade que as pesquisas mostram um eleitor dividido quanto à responsabilidade pela alta na gasolina e no diesel, mas não importa: governos existem para resolver problemas, os criados por ele próprio ou por terceiros. Se o time tem dificuldades, a culpa será sempre do treinador.

Vamos ver como o presidente se sai. Lula continua tentando abocanhar ex-adversários e trazer de volta quem um dia foi aliado e deixou de ser. A favor da tática, as dificuldades do incumbente. Mas, como este não está fora da disputa e ainda por cima detém o governo, não é tão simples assim. Os profissionais da política, inclusive o próprio Lula, têm plena consciência de um jogo ainda sendo jogado.

E os demais? Continuam presos à armadilha de acreditar que há um largo contingente de votos “nem Lula, nem Bolsonaro”. Todas as pesquisas mostram que essa fatia gira em torno de 15%, mas quando a fé é forte os fatos objetivos enfrentam alguma dificuldade para prevalecer. O resultado prático é que a terceira via, ao insistir na tática, deixa aberto para o presidente o caminho de apresentar-se como o único e autêntico “anti-Lula”.

Pois a vaga em disputa para ir ao segundo turno não é a do “nem-nem”, é a dos que não querem a volta do ex-presidente. A chance de um terceiro está em provar que se sairá melhor que Bolsonaro no mano a mano com Lula.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

Publicado na revista Veja de 30 de março de 2022, edição nº 2.782