Pediria ao
leitor que observasse a si mesmo e a sociedade comparando com 2019. Do
que efetivamente sente falta? Sim, meu caro, embora trate-se de algo
maior e de origem anterior, os dois últimos anos foram de aguda perda de
liberdade. A peste deu pretexto a que, com nosso consentimento,
diga-se, parte importante do nosso livre arbítrio fosse amputado e
colocado à disposição do Estado. De tal modo, que seria quase um
desvario dizer que vivemos ainda em uma sociedade livre.
Por que
chegamos a este ponto? Basicamente porque sob ataque ou ameaça, somos
naturalmente inclinados a trocar fatias de liberdade por alguma
segurança e conforto. Eles sabem disso. À medida que cresce a ameaça,
cresce também a nossa disposição a ceder. Ao ponto de entregarmos tudo
e, voluntariamente, oferecermos nossa liberdade. O jovem Étienne de La
Boétie tratou brilhantemente desse tema em seu livro publicado 1563,
chamando-o de servidão voluntária. Algo que muito tempo depois, em 1930,
o pai da psicanálise, Sigmund Freud, constatou: “a maioria das pessoas
não quer realmente liberdade, porque liberdade envolve responsabilidade,
e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade”.
No século
passado, aconteceu profusamente durante a segunda guerra mundial, quando
sob invasão nazista, em vários países, europeus se dividiram em
colaboradores e colaboracionistas. Os primeiros demonstraram uma espécie
de acovardamento simples, de consentimento envergonhado desde que seu
habitual modo de vida fosse minimamente preservado. Intelectuais e
artistas serviram à opressão, fazendo movimentar a indústria cultural.
No livro “Paris – a festa continuou”, (2012), Alan Riding deixa isso
claro.
Os
segundos, encontraram na colaboração ostensiva uma chance de promoção de
suas fraquezas morais às custas da própria nacionalidade e passaram a
exercer, como se dominadores fossem, toda ordem de crueldade,
perseguição, roubo, assassinato, estupro e deportações de judeus e
opositores. Na França, por exemplo, existiram casos em que nacionais
chegaram a postos do oficialato das SS e membros graduados da Gestapo.
Muitos franceses, especialmente policiais e burocratas, atuaram como
agentes do governo nazista que esfolou o país após a rendição covarde do
General Petáin.
Em certa
medida, é como vejo os dias de hoje. Diante do pavor disseminado a
partir da peste chinesa, no Brasil, assim como nos outros países (nisto
não há grande diferença), foram gerados colaboradores e
colaboracionistas. Aqueles que normalizam a realidade cruel e agem
porque não se importam com a perda de liberdade, desde que se sintam
seguros e com baixas taxas de responsabilidade, e aqueles que servem
incisivamente porque lucram e se promovem, seja financeira ou
politicamente. Trocam de bom grado a própria liberdade por um punhado de
poder ou dinheiro que lhes possibilitem os que realmente os possuem.
Algo
necessário e que se impôs neste processo foi a anulação ou minimização
da oportunidade ao dissenso.
Disso cuidou a velha mídia através de um turbilhão incessante de notícias terríveis e da emblematização
pejorativa dos contrários.
Adjetivos do tipo “negacionista”,
“terraplanista” e outros são títulos com que propositalmente encerram a
discussão.
Como uma estrela amarela pregada no peito de um judeu na
Polônia em 1940, o termo fecha as portas ao debate.
Ouvi recentemente de
um deles: “não discuto com eleitor de Bolsonaro, é tudo negacionista”.
Pensei imediatamente que se estivéssemos na França em 1942 ele não
hesitaria em fuzilar-me.
Como alterar pelo argumento lógico uma mente
que se tranca?
Como entrar naquela mente com uma verdade objetiva se
foram eliminadas as condições do diálogo? Cria-se assim, uma sociedade
mouca, cega, escrava e desumana, capaz de tudo.
Ocorre que
liberdade não é uma mera abstração filosófica, um luxo do qual as
pessoas se utilizam ocasionalmente. Ela diz respeito à ação e ao
pensamento. É a forma como você decide sobre a sua vida, com quem se
relaciona, o que faz, o que lê, aonde vai, o que possui. Liberdade são
suas escolhas. Em última instância é o que você pensa, é o que você é.
Entregaremos isso também em troca de uma suposta segurança provida pelos
que criaram a insegurança?
Do meu
canto longínquo, olho o mundo e vejo em todos os lugares fantasmas dos
cães de Pavlov (1849-1936), babando a cada estímulo que recebem, este
determinado de fora pra dentro por interesses globalistas de controle,
aliás, amplamente confessados no Forum Econômico Mundial, nos livros de
Klaus Schwab seu presidente e já experimentados na China. Jornalistas,
articulistas, partidos políticos, juízes, artistas, médicos,
universidades, associações etc., aceitaram vergonhosamente o papel de
colaboracionistas de um sistema que viola frontalmente as nossas
liberdades. Como se houvessem passado por uma lobotomia repetem à
exaustão uma carga de mensagens cuja profundidade não se deram o
trabalho de examinar.
Há,
contudo, os que não se rendem. Independentemente do tamanho do engodo, é
apenas um engodo e, como bem lembrou Étienne de La Boétie, basta não
entregar o que eles querem e cai a tirania.
As inúmeras audiências
públicas havidas em estados, no distrito federal e em muitos municípios,
demonstram que assim como colaboradores e colaboracionistas, nesta
guerra há a resistência. [em algum momento uma ordem será dada e ninguém irá cumpri-la = será a queda deles.]
Refiro-me, por exemplo, a médicos da estirpe da Dra. Maria Emilia Gadelha, Dr. Roberto Zeballos, Dr. José Augusto Nasser, Dra. Roberta Lacerda
e muitos outros contados aos milhares, que abdicando da frondosa árvore
do politicamente correto, vão ao sol, expõem à luz seu entendimento e
suas experiências. Sabem que enquanto a mão direita estende a agulha, a
mão esquerda maneja um bisturi nos amputando a liberdade e instalando o
controle social. Escudados em comitês, os colaboracionistas, muitas
vezes associados e comissionados das big pharmas, se defendem
desqualificando seus opositores, acusando-os de adotarem teorias
conspiratórias.
A propósito, embora (por motivos óbvios) a mídia não propague, o sistema oficial americano VAERS,
comunica que apenas nos EUA foram relatados mais de 1,5 milhões de
efeitos adversos após a vacinação, com 14.817 eventos morte. São dados
investigados e provados. Não, não são, nem serão. Não foram devidamente
investigados. Por lá também o governo está de braços dados com as big
pharmas. Mas deveriam ser suficientes para autorizar que cada cidadão
faça a própria escolha ao invés de ser submetido e submeter suas
crianças à vacinação forçada que, de modo cínico, aparece disfarçada de
mero constrangimento documental.
Considero,
pessoalmente, que ela pode ser adotada, propagada e recomendada
massivamente, se for o caso, porém, em hipótese alguma, sob nenhum
argumento, pode ser imposta direta ou indiretamente, pois nestes termos
sempre constituirá flagrante ataque à liberdade do indivíduo nos termos
da nossa lei maior e tantas outras. Este é o ponto.
Valterlucio Bessa Campelo escreve ensaios, crônicas e contos eventualmente em seu BLOG e é colaborador do site Conservadores e Liberais.