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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Presidente usa símbolos militares e dinheiro público em campanha antecipada para 2022 - Míriam Leitão

O Globo

O fim de semana aumentou a intensidade da crise. Não parecia possível, mas os elementos das manifestações a favor do governo intensificaram a tensão e a crise política e institucional. O presidente Jair Bolsonaro novamente usou os símbolos militares em manifestação. Ele usou o helicóptero da Força Aérea, andou em um cavalo da PM. O presidente está fazendo campanha antecipada para 2022 usando dinheiro público. Ele nunca deixou o palanque. Todos os movimentos dele são filmados por servidores públicos para que sejam transmitidos nas redes sociais.   

[símbolos públicos possuem definição específica, não são o que queremos que sejam.
Helicóptero? simbolo militar? a FAB possui um símbolo que em nada lembra um helicóptero.
Cavalo da PM? simbolo militar? o símbolo da PM, do DF ou de qualquer outro estado, é bem diferente.
Dinheiro público? o presidente da República tem direito legal a utilizar meios próprios de transporte.
Não depende de carona e da boa vontade de nenhuma outra autoridade.

No mais, se ainda persiste dúvida sobre a conduta errada do presidente Bolsonaro, denunciem.
 Com certeza a denúncia será recebida e com alegria. nenhum ilícito será provado. 
Talvez o nosso presidente até tenha vontade de cometer algum, prevaricar, mas a marcação cerrada que sofre torna impossível o cometimento de algum crime.

Campanha eleitoral antecipada? para qual eleição? para 2022 ainda está muito cedo - no inicio do ano, ninguém, imaginava que o mundo estaria vivendo o que está sendo vivido.
E para prefeitos, ainda não se sabe se serão adiadas para 2022 - coincidindo os mandato e se economizado recursos públicos, sempre carente, mais agora que estamos vivendo uma pandemia.]

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, estava com o presidente no helicóptero. As Forças Armadas estão destruindo a imagem que construíram nos 30 anos desde a redemocratização. Nesse período, elas adotaram o profissionalismo, se dedicaram a cumprir suas funções dentro da sociedade e assim apagar a deterioração da imagem durante durante a ditadura que impuseram ao país. Os militares do atual governo passam mensagens dúbios a todo momento. É impossível não ver.  

Os oficiais com os quais converso tentam minimizar as falas e atos do presidente. “Ele é assim mesmo”, dizem. “Isso é só retórica”, como se fosse para não se levar a sério o presidente. Em entrevista ao “Valor”, o vice-presidente Hamilton Mourão tratou as falas do presidente e do seu colega general, Augusto Heleno do Gabinete de Segurança Institucional, como “retórica inflamada”. Bolsonaro “se irrita”, disse Mourão, o que seria “uma característica pessoal do presidente”. A fala e as ações de Bolsonaro são muito sérias.   

Um dos problemas é o uso dos recursos públicos por uma pessoa em campanha antecipada para 2022. Outro é que as Forças Armadas estão em simbiose com o governo Bolsonaro, e está sendo impossível separá-las dos recados de ruptura institucional num país que viveu uma ditadura militar por 21 anos. 

Nas manifestações de rua, pode-se tentar separar, dissuadir para que não haja conflito. Mas nas Forças Armadas essa separação não tem sido feita. As Polícias Militares também foram atraídas. Elas foram muito beneficiadas na reforma da Previdência de militares, que na realidade era um plano de carreira e salários para a categoria. [não pode ser esquecido que os militares não eram parte da Previdência a ser reformada.
A Constituição de 88, deixou os militares foram do RGPS e eles não são servidores públicos.
Constituição Federal:
Seção II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
.....
Seção III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
.....
CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS]

O presidente as atraiu concedendo benesses que serão pagas com recursos públicos. Os policiais terão vantagens que não tinham antes. Foi parte da construção desse apoio das polícias ao governo. É para se prestar atenção a todos esses detalhes.   

FIM DE SEMANA  
O grupo que carregou tochas com máscaras brancas era pequeno mas cometeu crime de fazer apologia da Ku Klux Klan, o grupo de criminosos americanos que tinha como objetivo matar negros. Além disso com frequência usam símbolos nazistas.  [O KKK que gerou a infundada associação com a Ku Klux Klan, é apenas o símbolo usado na internet para indicar gargalhada - em tempos de redes sociais, blogs e outros isto é público e notório.]

O dia de ontem foi marcado pela ida de outras vozes para as ruas. [vozes insignificantes em número, qualidade e com motivação absurda - integrantes, alguns, de torcidas organizadas e que quase sempre são manchetes pela prática de crimes.] Desta vez houve também nas ruas atos em defesa da democracia. O ideal seria que ninguém se aglomerasse nesse momento. A sociedade deveria se concentrar no combate à pandemia. 

Se dois grupos se encontram nas ruas num país polarizado sempre há o risco de confronto, mas por isso é fundamental um comportamento neutro das polícias militares. E o risco, neste momento, é que elas não sejam neutras. 

Míriam Leitão, jornalista - O Globo


terça-feira, 15 de agosto de 2017

FBI alertou governo Trump sobre racistas

FBI alertou governo Trump sobre racistas em maio: 'Mataram mais que qualquer grupo extremista doméstico nos últimos 16 anos'

A tragédia do fim de semana em Charlottesville não pegou de surpresa o FBI (polícia federal americana) e o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.  Em maio, um relatório assinado pelos dois órgãos informou o governo dos Estados Unidos que os supremacistas e grupos de extrema-direita americana são responsáveis por mais mortes do que qualquer outro grupo extremista doméstico do país nos últimos 16 anos.
"Extremismo supremacista branco impõe ameaça persistente de violência letal" é o título do informe.
"Eles provavelmente continuarão a representar uma ameaça de violência letal durante o próximo ano", informava o documento, revelado nesta segunda-feira pela revista Foreign Policy.

Ainda de acordo com o relatório apresentado pela inteligência americana, os supremacistas foram responsáveis por 49 homicídios em 26 ataques contabilizados no período. O boletim conjunto foi entregue ao governo Donald Trump há pouco mais de três meses com "o objetivo de oferecer novos dados sobre os alvos dos supremacistas e extremistas brancos e a situação da violência praticada por estes grupos nos EUA".  O relatório pretendia ainda servir como base para investigadores federais, estaduais e locais contra o terrorismo, além de polícias e agências de segurança privada, "na contenção, prevenção ou combate a ataques terroristas nos EUA

 Segundo o relatório, a maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo(Reuters)

'Unir a Direita'
Supremacistas, neonazistas e nacionalistas radicais organizaram marchas e protestos neste fim de semana na cidade de Charlottesville, no Estado americano da Virgínia. O "Unite the Right" (ou "Unir a Direita") resultou em pelo menos 19 feridos e três mortos. A violência registrada nos protestos foi tamanha que o governo da Virgínia declarou estado de emergência para permitir a mobilização de mais forças de segurança, incluindo tanques e helicópteros.

Carregando escudos, usando capacetes e ostentando suásticas e símbolos nazistas, os manifestantes de extrema-direita protestavam contra os planos da cidade de remover a estátua do General Robert E. Lee, um militar comandou as forças dos Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana (também conhecida como Guerra de Secessão) entre 1861-1865.

Na sexta-feira, em uma marcha que não foi autorizada pela polícia e a prefeitura da cidade, supremacistas brancos acenderam tochas - em uma clara referência ao grupo Ku Klux Klan - e gritaram palavras de ordem como "Vidas Brancas importam" e "Vocês não vão nos substituir" ao marchar pela Universidade da Virgínia, que fica na pequena cidade de 50 mil habitantes.

No sábado, quando o protesto parecia controlado, um homem de 20 anos avançou de carro contra uma multidão e matou Heather Heyer, uma advogada de 32 anos. Nesta segunda-feira, James Alex Fields Jr. teve um pedido de pagamento de fiança para aguardar julgamento em liberdade negado pela justiça local.

Ataques
Só em 2016, segundo o relatório da inteligência americana, grupos supremacistas e extremistas brancos cometeram um ataque letal e outros cinco com potencial de mortes. Todos tinham como alvo minorias relogiosas ou raciais, "incluindo latinos, afro-americanos, um estudante chinês e uma pessoa identificada como judia".  A maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo - em seguida vieram os ataques com facas.

Uma estudante chinesa foi atacada com uma machadinha enquanto tirava fotos para um trabalho universitário, em fevereiro de 2016. Segundo o tribunal local que julga o caso, o suspeito teria se auto-identificado como um supremacista e dito que queria matar a estudante por sua "raça".  Dez dias depois, em Los Angeles, três homens pertencentes a um grupo racista foram presos após atacar um grupo de latinos. Eles teriam gritado ofensas raciais antes de avançar sobre os homens e atualmente aguardam julgamento. 

Há um ano, em 21 de agosto de 2016, um homem que também se declarou como supremacista foi preso como suspeito de matar um homem negro com uma faca no Estado de Indiana, também motivado por ódio racial. 

O relatório oficial entregue ao governo americano inclui outros casos e também citava membros da Ku Klux Klan como potenciais mobilizadores de ataques contra minorias. Desde 2000, as minorias raciais são o principal alvo de ataques realizados por extremistas brancos nos EUA. Em seguida vêm brancos moradores de rua, traficantes, estupradores e outros supremacistas brancos "identificados como desleais ao movimento".


Agências
Procurado pela revista Foreing Policy, um porta-voz do FBI disse que a agência não pode comentar relatórios específicos de inteligência. "O FBI compartilha rotineiramente informações sobre potenciais ameaças para melhor habilitar a aplicação da lei para proteger as comunidades", disse a corporação.

Já o Departamento de Segurança Interna, que também assina o relatório conjunto, preferiu comentar apenas o episódio de Charlottesville. "O pessoal do DHS tem mantido contato com o estado da Virgínia e com as autoridades policiais locais para oferecer qualquer assistência necessária para lidar com o incidente violento horrível registrado em Charlottesville", afirmou o órgão, em nota.
A Casa Branca ainda não comentou publicamente os dados do relatório.

Fonte: BBC Brasil