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terça-feira, 28 de março de 2023

Agora ser feminista é ser de ‘extrema direita’? - Revista Oeste

Joanna Williams, da Spiked

De acordo com o grupo Hope Not Hate, defender os direitos das mulheres torna você um extremista perigoso

 Ativistas dos direitos trans | Foto: Foto: Simon Chapman/LNP/Shutterstock

Ativistas dos direitos trans | Foto: Foto: Simon Chapman/LNP/Shutterstock 

Diga “extremismo de direita”, e a maioria das pessoas vai pensar em fascismo. Quem sabe em Hitler, nazismo e suásticas. 
Ou, mais recentemente, no político britânico Enoch Powell e seu infame discurso “Rivers of blood” (“Rios de sangue”, em tradução livre). 
Ou ainda na Frente Nacional britânica dos anos 1970. É bem menos provável virem à mente feministas defendendo os direitos das mulheres. Ou pais preocupados que tenham objeções à sexualização de crianças e a bibliotecas fazendo apresentações de drag queens.

Incrivelmente, ambos os grupos são mencionados em um novo relatório do grupo Hope Not Hate (“Esperança, Não Ódio”). “State of hate 2023: rhetoric, racism and resentment” — ou “Estado do ódio 2023: retórica, racismo e ressentimento”, em tradução livre — é divulgado como “o guia mais abrangente e analítico sobre a extrema direita na Inglaterra hoje”. Abrangente é uma forma de definir o texto. Ele detalha tudo e todo mundo de quem seus autores não gostam, de apresentadores da GB News à feminista crítica da teoria de gênero Kellie-Jay Keen (também conhecida como Posie Parker). O relatório é menos uma pesquisa e mais um chilique muito longo.

O Hope Not Hate destaca protestos contra o projeto Drag Queen Story Hour (Hora da História da Drag Queen, em tradução livre) como um exemplo de “agitação da extrema direita”. 
O relatório enganosamente descreve esses eventos de drag queens apenas como “contações de história para crianças em bibliotecas públicas”. Em seguida, o texto rotula como problemáticas as pessoas que perguntam por que homens com seios falsos e meias arrastão estão tão interessados em ler histórias para crianças pequenas. “A extrema direita enxerga os direitos trans como um desafio fundamental para sua crença nos papéis de gênero tradicionais e nas estruturas familiares”, afirma o Hope Not Hate. Nunca fica claro qual é a relação entre extrema direita e não querer sexualizar as crianças ou defender os valores familiares tradicionais. Se você gritar “extrema direita”, parece que não é preciso explicar mais nada.
O Hope Not Hate afirma que a retórica antitrans está se tornando “cada vez mais escancarada e agressiva na extrema direita”. E, claro, o que o grupo descreve como “retórica antitrans” pode ser qualquer coisa, desde errar o gênero de alguém até defender os direitos das mulheres com base no sexo. 
 É aqui que Kellie-Jay Keen é mencionada, como uma “ativista antitrans” que encontra “cada vez mais apoio nas opiniões da extrema direita e se combina com elas”. Seu famoso pôster “Woman: adult human female” (“Mulher: adulta humana”) e seus eventos “Let women speak” (“Deixe as mulheres falarem”) há tempo atraem ofensas de ativistas trans. “State of hate” confirma o status de Keen como uma “voz de liderança no movimento antitrans”.

Quando destacar a definição do dicionário para “mulher” é o suficiente para uma pessoa ser associada à “extrema direita”, realmente estamos em apuros. O feminismo foi uma das grandes causas das progressistas do século anterior. As antigas campanhas por igualdade econômica, social e política entre os sexos ainda são corretamente celebradas hoje em dia. No entanto, as pessoas que quiserem defender os direitos baseados no sexo, direitos pelos quais as feministas lutaram tão arduamente”, serão menosprezadas como transfóbicas e preconceituosas.

A linguagem muda, mas o sentimento continua o mesmo. Pelo jeito, mulheres que exigem direitos baseados no sexo devem se calar e acatar os homens

Destacar Kellie-Jay Keen também a transforma num alvo. Já sabemos que Keen recebeu uma visita da polícia e foi assediada por manifestantes, em consequência de seu apreço pelos direitos das mulheres. Ao chamar atenção para ela mais uma vez, o Hope Not Hate está contribuindo com sua demonização irrefreada.

Infelizmente, o grupo não é o único que rotula Keen como uma ativista quase de extrema direita. Algumas feministas — até mesmo críticas de teoria de gênero — fizeram o mesmo. Já em 2018, uma organização feminista acusou Keen de racismo, porque ela criticou a prática do uso de véu das jovens muçulmanas. Uma jornalista feminista chegou a chamar Keen de “Marine Le Pen de Brechó” e descreveu uma manifestação organizada por ela como um evento “cooptado por nacionalistas, racistas e misóginos”.

Essas feministas esnobes não fazem ideia de como organizações políticas funcionam. Se você organiza um protesto, não é possível escolher a dedo quem aparece, quem filma a sua fala ou quem compartilha trechos nas redes sociais. Se você quer “deixar as mulheres falarem”, não se pode realizar um exame prévio de pureza política. De forma similar, o Hope Not Hate tenta condenar Keen, ao chamar atenção para elementos secundários que participaram ou transmitiram alguns de seus atos. É uma tática preguiçosa de culpa por associação.

Com toda a conversa ridícula de Kellie-Jay Keen estar de alguma forma aliada à “extrema direita”, na verdade os ativistas são os verdadeiros reacionários aqui. São eles que estão revertendo as conquistas do feminismo e declarando guerra aos direitos das mulheres.

Um século atrás, dizia-se para as mulheres que não era feminino exigir o direito de votar e de frequentar a universidade. As feministas da atualidade ouvem de figuras como o grupo Hope Not Hate que é um comportamento de extrema direita não aceitar homens de vestido em provadores, prisões e alas femininas de hospital. Não feminino, não natural, de extrema direita… A linguagem muda, mas o sentimento continua o mesmo. Pelo jeito, mulheres que exigem direitos baseados no sexo devem se calar e acatar os homens.

O que se torna mais aparente a cada dia é como o ativismo woke na verdade é retrógrado. As mulheres não podem ser detidas em sua defesa por direitos por alarmistas sexistas e politizados. 

Leia também “A arrogante cruzada contra a misoginia”

Joanna Williams é colunista da Spiked e autora de How Woke Won (2022)

 Joanna Williams, da Spiked, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Em pleno 2022, adoradores de Getúlio Vargas acusam bêbado de apologia ao nazismo - Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr.

Purê de hipocrisia 

Tabata Amaral foi eleita deputada pelo PDT. O partido do “grande democrata” Leonel Brizola estava até outro dia exibindo faixas com o rostinho feio de Getúlio Vargas em manifestações “antifascistas”. Não bastasse isso, o PDT da deputada proponente da goebbeliana bolsa-absorvente tem como pré-candidato à Presidência ninguém menos do que Ciro Gomes, cujo projeto político se baseia em três pilares: a retórica “incisiva”, o nacionalismo e (olha só quem veio para jantar!) o socialismo.

O podcaster e ébrio ocasional Monark é vítima de linchamento virtual por parte de quem até outro dia ostentava Getúlio Vargas em manifestações antifascistas.

O podcaster e ébrio ocasional Monark é vítima de linchamento virtual por parte de quem até outro dia ostentava Getúlio Vargas em manifestações antifascistas. - Foto: Reprodução/ Twitter

Pois foram os olhos esbugalhados no rostinho harmonioso de Tabata Amaral que deram origem ao linchamento virtual de Monark, apresentador do podcast Flow. Confessadamente bêbado, o aspirante a comunicador teve seu sonho precocemente interrompido depois de propor uma discussão sobre a liberdade de associação, expressão e manifestação reservada às pessoas mais abjetas da nossa sociedade: os nazistas. Ele ainda tentou pedir desculpas e (absurdo!) compreensão. Mas não foi ouvido pela turba que se sentiu ultrajada.

E, assim, instaurou-se a histeria. “Apologia ao nazismo!”, gritam as vítimas do paulofreirismo que, afogadas em slogans, frases prontas e no pensamento superficialíssimo típico dos que têm alergia a pensar, não estão preparadas para se olhar no espelho e reconhecer o caráter criminoso (por mais que não haja lei) da defesa diária de ideias comunistas. E se regozijam com a possibilidade de mais um linchamento virtual que pode até não ter o cheiro de morte dos campos de concentração, mas cujo efeito – a redução do outro a uma coisa – é o mesmo do pretendido pelos construtores de Auschwitz e do Gulag.

LEIA TAMBÉM:  O stalinista, o vereador e você, no futuro, ao se dar conta de como foi perdendo a liberdade

A situação é de um absurdo tamanho que teve até ministro do Supremo Tribunal Federal que reinstituiu o crime de opinião no Brasil se manifestando. Sim, Alexandre de Moraes, ele próprio, lustrou a calva sempre muito vaidosa para se pronunciar sobre o assunto. “A Constituição consagra o binômio: liberdade e responsabilidade. O direito fundamental à liberdade de expressão não autoriza a abominável e criminosa apologia ao nazismo”, escreveu ele, quero crer em tom de piada. Mas não foi só. Lembram daquela milícia digital que age como soldadinhos da Gestapo cancelando virtualmente seus inimigos ideológicos? 
Pois até esses pulhas que não perdem a oportunidade para defender o fim do Estado de Israel correram para sinalizar virtude e se dizerem contra o nazismo. Oh!

 O que me traz àquele que era para ser o parágrafo inicial deste texto. Isto é, se Tabata Amaral não tivesse se intrometido, com a hipocrisia típica dos esquerdistas. Nele, apelaria para a bobagem de dizer que fui visitado recentemente pelo meu eu-velho, que empreendeu uma viagem no tempo só para me avisar que, em breve (isto é, hoje), eu escreveria sobre um podcaster bêbado com nome de marca de bicicleta. E que cometeu a temeridade de dizer, ou melhor, tentar dizer que prefere que os canalhas possam usar suásticas e foices-e-martelos à vontade, a fim de que sejam reconhecidos pelo que são: canalhas, canalhas, canalhas.

 Agora estão todos tentando tirar uma casquinha da desgraça de Monark. Que, por embriaguez, imaturidade, burrice ou uma combinação de todos esses ingredientes acreditou que a multidão seria capaz de compreender e refletir sobre uma questão muito cara aos defensores da liberdade: pessoas que odeiam uma etnia (nazistas) e pessoas que odeiam uma classe (comunistas) deveriam ter o direito de se associarem em partidos, a fim de terem representação política?

Mais do que legítima, diria que é uma questão fundamental para o nosso tempo, contaminado por ideias claramente nazistas e comunistas, mas que não ousam se revelar assim. Do passaporte vacinal aos muitos privilégios dos funcionários públicos, da ciência se sobrepondo à liberdade de ir até a esquina tomar um Chicabon à defesa dos “campeões nacionais”, das prisões de dissidentes políticos em nome da “defesa da democracia” à já mencionada exaltação de líderes como Getúlio Vargas e Brizola, vivemos permeados pelo nacional-socialismo enrustido, defendido sobriamente por pessoas cheias de boas intenções que vestem camisetas do Che e que despudoradamente prestam homenagem ao homenzinho de bigode ridículo que controla a Venezuela, por exemplo.

 Aliás, e num adendo que é quase um PS a este texto, a controvérsia toda me surpreendeu no meio da leitura do ótimo “March Violets”, de Philip Kerr. É um livro policial que se passa depois da ascensão de Hitler e antes da invasão da Polônia. E, por se tratar de ficção, o livro tem a capacidade de nos colocar no meio das discussões cotidianas sobre o que acontecia na Alemanha daquele tempo. 
Um país que, a rigor, não estava nem aí para os crimes cometidos contra os judeus e outras minorias. Para o alemão não-judeu, não-cigano, não-homossexual e não-deficiente, o que importava era a prosperidade econômica e os avanços da ciência
E não, neste caso qualquer semelhança com os dias atuais infelizmente não é mera coincidência.
Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 9 de março de 2019

Um carnaval em Aalst

O levante contra o 'globalismo' reativa o paradigma antissemita

O grupo "não tinha intenções ofensivas", assegurou o prefeito de Aalst, Cristoph D'Haese, do partido nacionalista N-VA, que busca a independência da região belga de Flandres. "Carnaval é apenas um festival de caricaturas", disse um integrante do grupo. O carro alegórico que detonou a polêmica exibia bonecos representando judeus hassídicos, narizes aduncos, as mãos estendidas pedindo doações, um rato sobre suas malas de dinheiro. Num artigo para a The Atlantic, Eliot A. Cohen traçou paralelos com alegorias similares que apareceram no carnaval de Marburg (Alemanha), em 1936. Hitler não nos espreita na esquina, mas o antissemitismo retorna como discurso socialmente admitido.
De carro, menos de uma hora separa Aalst do Parlamento Europeu. A nova onda de aversão aos judeus faz seu caminho pelo Velho Mundo, escorrendo por veredas de direita e de esquerda. Os bonecos carnavalescos são sintoma do "espírito do tempo". Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán pinta o financista George Soros como o lendário "judeu sem pátria" que dirige um complô destinado a afogar a "Europa cristã" num mar de imigrantes muçulmanos. No Reino Unido, o líder trabalhista Jeremy Corbyn atribui um atentado jihadista no Egito à "mão de Israel", autorizando tacitamente os discursos antissemitas que engolfaram seu partido numa crise moral. Os foliões pertencem às elites políticas e seus gestos cumprem funções estratégicas.
O antissemitismo clássico deita raízes na direita, especificamente no catolicismo tradicional e no nacionalismo autoritário. Nos EUA, como no Brasil, a direita nacionalista represou seus impulsos antijudaicos para atender à base evangélica, que enxerga em Israel o sinal das profecias do Livro do Apocalipse. Na Europa, de modo geral, a gramática do discurso ultranacionalista substitui os judeus pelos muçulmanos no papel de quinta-coluna infiltrada nas sociedades nacionais. Aí, a islamofobia explícita funciona como veículo de um antissemitismo implícito. Mas o ovo está lá, como evidenciam Orbán e inúmeras correntes extremistas que adquirem crescente peso eleitoral.

"O antissemitismo é o socialismo dos idiotas", na frase corrente entre os social-democratas alemães no anoitecer do século 19. O alerta, porém, apagou-se no passado desde que o terceiro-mundismo contaminou o pensamento de esquerda. As eclosões antijudaicas na ala esquerdista do Partido Trabalhista britânico, assim como entre tantas correntes da esquerda latino-americana, cobrem-se com o conveniente disfarce do antissionismo. Mas, sob o manto da crítica legítima ao governo israelense, o novo "socialismo dos idiotas" traça paralelos repugnantes entre Israel e a Alemanha nazista para negar o direito à existência do Estado judeu.
O molde do antissemitismo moderno, fabricado pela polícia política russa, é uma célebre falsificação publicada em 1903: Os protocolos dos Sábios do Sião. Na história da conspiração judaica internacional, financistas, magnatas, jornalistas e comunistas judeus coordenam suas ações para controlar os bancos, a mídia e os governos, com o objetivo final de dominar o mundo. Magnatas e comunistas, ambos sem pátria, operando juntos, formam uma tecla quente para o nacionalismo de direita. Já a associação entre bancos, mídia e governo toca num nervo sensível da esquerda anti-imperialista. Numa ponta e na outra, o levante contra o "globalismo" reativa o paradigma antissemita que inspira a alegoria de Aalst.
O pátio de encontro antissemita da direita e da esquerda saltou da teoria à prática pelas mãos do movimento dos coletes amarelos. Na França, pela primeira vez, correntes extremistas antagônicas colaboram ativamente numa revolta contra o "sistema". O fruto da aliança são suásticas e frases de ódio aos judeus que emporcalham cemitérios e sinagogas. Cinzas na quarta-feira.
Demétrio Magnoli, sociólogo,  doutor em geografia humana pela USP.
 
 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

FBI alertou governo Trump sobre racistas

FBI alertou governo Trump sobre racistas em maio: 'Mataram mais que qualquer grupo extremista doméstico nos últimos 16 anos'

A tragédia do fim de semana em Charlottesville não pegou de surpresa o FBI (polícia federal americana) e o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.  Em maio, um relatório assinado pelos dois órgãos informou o governo dos Estados Unidos que os supremacistas e grupos de extrema-direita americana são responsáveis por mais mortes do que qualquer outro grupo extremista doméstico do país nos últimos 16 anos.
"Extremismo supremacista branco impõe ameaça persistente de violência letal" é o título do informe.
"Eles provavelmente continuarão a representar uma ameaça de violência letal durante o próximo ano", informava o documento, revelado nesta segunda-feira pela revista Foreign Policy.

Ainda de acordo com o relatório apresentado pela inteligência americana, os supremacistas foram responsáveis por 49 homicídios em 26 ataques contabilizados no período. O boletim conjunto foi entregue ao governo Donald Trump há pouco mais de três meses com "o objetivo de oferecer novos dados sobre os alvos dos supremacistas e extremistas brancos e a situação da violência praticada por estes grupos nos EUA".  O relatório pretendia ainda servir como base para investigadores federais, estaduais e locais contra o terrorismo, além de polícias e agências de segurança privada, "na contenção, prevenção ou combate a ataques terroristas nos EUA

 Segundo o relatório, a maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo(Reuters)

'Unir a Direita'
Supremacistas, neonazistas e nacionalistas radicais organizaram marchas e protestos neste fim de semana na cidade de Charlottesville, no Estado americano da Virgínia. O "Unite the Right" (ou "Unir a Direita") resultou em pelo menos 19 feridos e três mortos. A violência registrada nos protestos foi tamanha que o governo da Virgínia declarou estado de emergência para permitir a mobilização de mais forças de segurança, incluindo tanques e helicópteros.

Carregando escudos, usando capacetes e ostentando suásticas e símbolos nazistas, os manifestantes de extrema-direita protestavam contra os planos da cidade de remover a estátua do General Robert E. Lee, um militar comandou as forças dos Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana (também conhecida como Guerra de Secessão) entre 1861-1865.

Na sexta-feira, em uma marcha que não foi autorizada pela polícia e a prefeitura da cidade, supremacistas brancos acenderam tochas - em uma clara referência ao grupo Ku Klux Klan - e gritaram palavras de ordem como "Vidas Brancas importam" e "Vocês não vão nos substituir" ao marchar pela Universidade da Virgínia, que fica na pequena cidade de 50 mil habitantes.

No sábado, quando o protesto parecia controlado, um homem de 20 anos avançou de carro contra uma multidão e matou Heather Heyer, uma advogada de 32 anos. Nesta segunda-feira, James Alex Fields Jr. teve um pedido de pagamento de fiança para aguardar julgamento em liberdade negado pela justiça local.

Ataques
Só em 2016, segundo o relatório da inteligência americana, grupos supremacistas e extremistas brancos cometeram um ataque letal e outros cinco com potencial de mortes. Todos tinham como alvo minorias relogiosas ou raciais, "incluindo latinos, afro-americanos, um estudante chinês e uma pessoa identificada como judia".  A maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo - em seguida vieram os ataques com facas.

Uma estudante chinesa foi atacada com uma machadinha enquanto tirava fotos para um trabalho universitário, em fevereiro de 2016. Segundo o tribunal local que julga o caso, o suspeito teria se auto-identificado como um supremacista e dito que queria matar a estudante por sua "raça".  Dez dias depois, em Los Angeles, três homens pertencentes a um grupo racista foram presos após atacar um grupo de latinos. Eles teriam gritado ofensas raciais antes de avançar sobre os homens e atualmente aguardam julgamento. 

Há um ano, em 21 de agosto de 2016, um homem que também se declarou como supremacista foi preso como suspeito de matar um homem negro com uma faca no Estado de Indiana, também motivado por ódio racial. 

O relatório oficial entregue ao governo americano inclui outros casos e também citava membros da Ku Klux Klan como potenciais mobilizadores de ataques contra minorias. Desde 2000, as minorias raciais são o principal alvo de ataques realizados por extremistas brancos nos EUA. Em seguida vêm brancos moradores de rua, traficantes, estupradores e outros supremacistas brancos "identificados como desleais ao movimento".


Agências
Procurado pela revista Foreing Policy, um porta-voz do FBI disse que a agência não pode comentar relatórios específicos de inteligência. "O FBI compartilha rotineiramente informações sobre potenciais ameaças para melhor habilitar a aplicação da lei para proteger as comunidades", disse a corporação.

Já o Departamento de Segurança Interna, que também assina o relatório conjunto, preferiu comentar apenas o episódio de Charlottesville. "O pessoal do DHS tem mantido contato com o estado da Virgínia e com as autoridades policiais locais para oferecer qualquer assistência necessária para lidar com o incidente violento horrível registrado em Charlottesville", afirmou o órgão, em nota.
A Casa Branca ainda não comentou publicamente os dados do relatório.

Fonte: BBC Brasil