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domingo, 18 de setembro de 2022

A grande mentira da imprensa mundial - Revista Oeste

J. R. Guzzo

A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral

Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

 Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

“Bolsonaro prepara a sua Grande Mentira no Brasil”, acaba de dizer em sua capa, dramaticamente, uma revista inglesa que já teve fama, no passado, de ser um dos mais potentes faróis do melhor jornalismo de linhagem anglo-saxônica — racional, objetivo e fiel, acima de tudo, à religião dos fatos. 
Que tal a declaração acima, como julgamento jornalístico imparcial? 
Este é o título do artigo de fundo; daí para a frente, até o ponto final, só piora. 
Justamente no momento em que mais de 1 milhão de pessoas, ou só Deus sabe lá quantas, vão para as ruas de todo o Brasil dizer, na mais perfeita paz, ordem e respeito à lei, que querem votar em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, a publicação informa que ele prepara um golpe de Estado. 
Já está desenganado pelas pesquisas, afirma o texto e, sabendo que vai perder, levanta acusações “sem provas confiáveis” contra a integridade das apurações, com o objetivo de melar os resultados. “Os brasileiros temem”, segundo a revista, que ele incite uma “insurreição” no estilo da invasão do Capitólio por “seguidores de Donald Trump”, após as últimas eleições americanas, ou coisa “talvez pior”.
Que “brasileiros” com medo seriam esses? Não se informa. E como se faria essa “insurreição, na prática? Segundo diz o artigo, Bolsonaro está dando armas aos seus apoiadores. Com “2 milhões” de armas de fogo nas mãos da população em geral, “bolsonaristas poderiam atacar o tribunal eleitoral caso Lula seja declarado vencedor”; eles estão “mais bem armados do que nunca”, informa o texto. O presidente pode contar também com os “400.000” homens da polícia, gente que “gosta de atirar”; uma das razões para esse apoio é que ele “prometeu imunidade legal” aos policiais que “matarem suspeitos”. Essa polícia, de acordo com a revista, poderia se mostrar mais fiel a Bolsonaro “do que à Constituição”; o Exército também. Na mesma balada, revela-se um fato prodigioso, e até agora inteiramente desconhecido dos brasileiros, ou de quem quer que seja no resto do mundo: “45 políticos foram assassinados nos seis primeiros meses de 2022” no Brasil. É mesmo? 
 
Quem são, exatamente, esses políticos assassinados? O artigo não dá nenhuma informação a respeito; apenas diz, imediatamente antes de mencionar essa onda de homicídios, que o presidente “rotineiramente incita à violência”. Conclusão: por tudo isso, e com a desordem, a insegurança e a matança em massa tomando conta das ruas, Bolsonaro vai invocar “poderes de emergência” para “adiar a transferência do governo” para Lula que é considerado pela revista, é claro, o único ganhador possível e legítimo das eleições que estão aí.

O resto do texto segue na mesma linguagem e com a mesma inteligência de manifesto aprovado em assembleia geral de centro acadêmico estudantil. Bolsonaro é descrito como um possível seguidor do “livro de regras sem princípios” de Donald Trump. Ele “semeia divisão”; o “outro lado”, na sua visão, não é apenas errado — é o “mal”. É um político de “boca suja”, que se elegeu presidente copiando os “truques” de outro homem de “boca suja”, Donald Trump. É “desonesto” no “mau uso” das redes sociais. Constrói uma realidade “paralela”. É uma “ameaça à floresta amazônica”, que estaria sendo destruída a um ritmo “70% mais rápido” do que antes da sua passagem pela presidência. A crítica que Bolsonaro faz a Lula é condenada como sendo “absurda”.  

Lula, por sinal, é definido no artigo como um político “pragmático”, que foi um presidente “razoavelmente bom” entre 2003 e 2010. 
Não há detalhes sobre as sentenças da Justiça que o condenaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nem qualquer menção aos 20 meses que passou na cadeia cumprindo pena; tudo o que se diz a respeito é que ele “nega as acusações” e que o seu caso foi posto de lado pelos tribunais.  
Mais: Lula é um “defensor da democracia” e Bolsonaro não é — “por instinto”. Reconhece-se que ele até pode jogar dentro das regras democráticas, mas vive “procurando meios de evadir” as suas exigências. “Os eleitores brasileiros deveriam resistir à atração de um populista desavergonhado”, conclui a revista.

Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as ilegais

Questão de opinião? Opinião não é isso. Opinião, de qualquer um, só vale alguma coisa se estiver baseada na realidade objetiva dos fatos. Senão é apenas repetição de palavras vadias que não preenchem as condições mínimas para serem qualificadas como pensamento — ou, então, é propaganda de maionese barata com pose de análise política. Não há, em todo o artigo, nenhuma tentativa de se aproximar dos fatos. Não se diz que Bolsonaro foi eleito por quase 58 milhões de eleitores e não por “truques”
Não há a mais vaga menção à recusa permanente de Lula e do PT em tratarem Bolsonaro como um adversário político — ele é chamado publicamente de “genocida”, de fora-da-lei ou de “inimigo”, na definição de um juiz da suprema corte que faz militância declarada contra a sua candidatura.  
Não se menciona, por sinal, a atividade de um STF que usa diariamente a máquina judicial para combater Bolsonaro e seu governo anula as suas decisões, impede que reduza impostos ou construa ferrovias, e exige, de meia em meia hora, que dê as “explicações” mais extravagantes, sobre qualquer coisa. 

Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as claramente ilegais, sem nexo lógico ou de cunho político. Também não desobedeceu a nenhuma decisão do Congresso, nem a qualquer lei ora em vigência do país. 

Não se diz que o Brasil tem presos políticos, todos eles aliados ao presidente; é público que um dos seus principais apoiadores está em prisão domiciliar, e que um deputado federal que o apoia ficou preso durante nove meses, além de ser condenado pelo STF a quase nove anos de cadeia. 
Como, com todos esses fatos, o Brasil de hoje teria um governo autoritário? 
Quem está sendo autoritário aí?
 
O artigo não menciona o inquérito policial aberto pelo STF contra um grupo de empresários pró-Bolsonaro cujo crime foi falar de política num grupo de WhatsApp nem da clara e sistemática violação das leis e da Constituição pelo ministro Alexandre Moraes, há mais de três anos, na sua perseguição política a aliados do presidente. 
 
Não há nenhuma referência à atuação repressora do TSE na atual campanha eleitoral — como, por exemplo, a proibição de se exibirem imagens das manifestações de massa do dia Sete de Setembro. 
Lula, o homem “pragmático” que fez um governo “razoavelmente bom”, comparou as manifestações a uma “reunião da Ku Klux Klan” — mas é só Bolsonaro, e não ele, que busca a “divisão” do país e que define os oponentes como o “mal”. 
O leitor só lê que o presidente destrói a Amazônia. Não é informado que o Brasil reduziu em 25% o total das suas queimadas nos dois últimos anos. Não são números do governo brasileiro; é o que mostra o satélite AQUA M-T da NASA americana, com fotos que estão disponíveis para o público em seu site na internet. 
 Não se diz que o Brasil vai fechar o ano de 2022 com inflação abaixo dos 7%, um dos melhores resultados na área, em qualquer economia do mundo e nem que o crescimento estará entre os primeiros.

The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, que tem preguiça de pensar e que obedece a todos os mandamentos do “politicamente correto”

A questão central em tudo isso, obviamente, não são as atribulações atuais da revista The Economist, que publicou o artigo acima. Em quase 180 anos de vida, uma longevidade fora do comum para qualquer publicação deste mundo, o semanário inglês se tornou um monumento ao jornalismo de primeira classe e ao espírito humano. Era o veículo, pelo menos segundo o que sempre se acreditou, dos “tomadores de decisão” mundiais. 
Cada parágrafo dos seus textos trazia um desafio intelectual genuíno para quem escrevia — e uma demonstração de tremendo respeito pela inteligência de quem lia. 
Hoje não há nem uma coisa e nem outra. The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, entre tantas que há por aí, que tem preguiça de pensar e que obedece de olhos fechados a todos os mandamentos do “politicamente correto” — numa visão do mundo neurastênica, parcial e sem sinais de vida inteligente.
Não fica devendo nada, em termos de neurose e resistência à atividade de pensar, aos melhores editoriais do “consórcio nacional de órgãos de comunicação” a que se resume hoje a imprensa brasileira — ou, então, ao jornalismo do padrão CNN, que diz que o lema da bandeira do Brasil é “Independência ou Morte”, e parece se orgulhar disso. Pode ser triste que as coisas tenham se tornando assim — mas cada órgão de imprensa, em qualquer lugar do mundo, é livre para tomar o caminho que quer, ou que lhe é possível nas condições habituais de temperatura e pressão das sociedades de hoje.

O problema real é a descida de boa parte do jornalismo, através de todo o planeta, ao exercício aberto do totalitarismo
Não há preocupação em relatar os fatos; ao contrário, danem-se todos os fatos, como neste texto sobre o Brasil. 
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral. 
Ou você baixa a cabeça para a “linha oficial” ou cai em desgraça. 
É proibido achar, por exemplo, que só as mulheres ficam menstruadas, ou que o progresso social vem da liberdade econômica, ou que cada um tem direito a ter ideias individuais; se achar qualquer coisa dessas, o sujeito é um fascista. 
Exercer a sua liberdade de ser a favor de alguém como Bolsonaro, então, é crime político, social e moral inafiançável. É obrigatório, ao mesmo tempo, achar que o celular, o carro elétrico e a tela Retina 4,5 Apple com “Touch ID” foram trazidos até você por Che Guevara ou pela luta de classes e não pelo capitalismo que os deixa tão indignados. É o mundo da “despiora”, do “descondenado” e, no fim das contas, do “desjornalismo”. 
 É como querer se informar lendo o Pravda da ditadura comunista da Rússia de outros tempos.

Leia também “O Brasil de Bolsonaro foi para a rua”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Lula insulta brasileiros e indica o que fará se vencer as eleições - O Estado de S. Paulo

 Petista trata eleitores que não estão do mesmo lado como inimigos ao associar manifestações do 7 de Setembro à Ku Klux Klan 

 O ex-presidente Lula, que promete todos os dias “devolver” a paz, a concórdia e a alegria ao Brasil, disse que as imensas manifestações de massa em favor do presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, com mais de 1 milhão de pessoas nas ruas de todo o País, foram uma “reunião da Ku Klux Klan, a infame sociedade secreta americana que se transformou em símbolo do racismo mundial. 
Isso mesmo: todo aquele mar de gente, de todas as condições sociais e etnias, que cobriu as cidades brasileiras de verde e amarelo, se resumiu a um encontro de desajustados racistas. 
É possivelmente o pior insulto jamais feito ao povo brasileiro por um político. Havia uma multidão na rua, manifestando em paz e em ordem suas preferências políticas um direito que é assegurado a todos os cidadãos pela Constituição Federal do Brasil. Mas, para Lula, eram todos bandidos.
 
 É esse, exatamente, o julgamento público que Lula faz dos brasileiros que não concordam com elesão marginais, gente indesejável que comete o crime coletivo de sair à rua para exibir as taras políticas do seu racismo e outras deformidades. 
É esse o amor que ele prega em sua campanha eleitoral – e essa a compreensão que tem pelos milhões de brasileiros que não querem votar nele. 
Lula afirma, o tempo todo, que o seu adversário nas eleições presidenciais provoca a “divisão” do povo, prega o ódio e não respeita opiniões contrárias. E ele? Chamar os manifestantes do 7 de Setembro de fanáticos da Ku Klux Klan (ou “Cuscuz Klan”, como disse) seria por acaso um gesto democrático diante de posições diferentes das suas – ou um apelo à união, ou uma mensagem de paz? É claro que não
O candidato do PT, com essa agressão às multidões que levantaram a bandeira do Brasil e as cores nacionais na comemoração dos 200 anos da independência, mostrou o tamanho exato do seu desrespeito pelo eleitorado brasileiro; 
quem não está do mesmo lado é inimigo, e não um ser humano que exerce o seu direito a ter opiniões próprias. 
Parece uma prévia, também, do tratamento que reserva em seu governo, caso vença as eleições, para quem preferiu o outro candidato.
 
 Lula não está sozinho em sua decisão de separar os brasileiros em apenas duas categorias: lulistas de um lado, delinquentes de outro.  
O ministro Luís Roberto Barroso, que como todo o resto do STF não para de falar em democracia, disse que as manifestações do Sete de Setembro seriam úteis para se calcular o número exato de fascistas no Brasil. 
Para ele, o cidadão que exerce o direito de expressar suas convicções indo à praça pública, como ocorreu nas manifestações pró-Bolsonaro, é um amaldiçoado político
- declarar voto num candidato legítimo à presidência da República, na opinião do ministro, é uma demonstração de “sentimento antidemocrático”. É este o tipo de conduta imparcial que se pode esperar hoje da alta justiça brasileira.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

terça-feira, 13 de setembro de 2022

O pior dos desvarios protagonizados pelo TSE até agora - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - VOZES

A justiça eleitoral brasileira se transformou num monstro.  
Deveria ser uma repartição pública que cuida da organização das eleições e garante a honestidade das apurações, unicamente isso – como em qualquer democracia séria do mundo. 
Aqui, por força da invasão da vida política por parte do STF, e da vassalagem que o judiciário impôs aos dois outros poderes, passou a mandar na eleição.  
É uma deformação - os brasileiros foram expulsos do processo eleitoral. 
 
Ato em Brasília no 7 de setembro| Foto: TV Brasil

Quem decide tudo, hoje, são o TSE, os 27 TREs e o resto do brontossauro burocrático que passou a dar ordens aos partidos, aos candidatos e aos eleitores. 
De desvario em desvario, transformaram a campanha eleitoral de 2022 numa eleição de ditadura. 
Seu golpe mais recente foi proibir que o presidente da República mostre em seu programa de televisão as imagens das manifestações-gigante do dia Sete de Setembro em que foram comemorados os 200 anos de independência do Brasil – e nas quais possivelmente mais de 1 milhão de pessoas, em todo o país, foram às ruas prestar apoio à sua candidatura à reeleição.
 
É a pior agressão imposta até agora pelo TSE à liberdade, à igualdade e à limpeza das eleições de outubro; não há sinais de que seja a última. 
Os novos comissários-gerais da ordem política brasileira, simplesmente, decidiram que o presidente não tem o direito de mostrar, nos programas do horário político, os vídeos de manifestações públicas feitas em seu próprio favor em atenção, mais uma vez, às exigências feitas pelo candidato adversário.[amplamente divulgadas as imagens do candidato e4x-presidiário dando tapinhas no rosto do ministro, que atendendo seu pedido, proibiu a divulgação das imagens do POVO APLAUDINDO O NOSSO PRESIDENTE.]  A alegação é demente: a população foi para a praça pública festejar a independência do Brasil, e as imagens de sua maciça presença nas ruas não podem ser usadas para se fazer “propaganda eleitoral”. 
 Mas as pessoas que saíram de casa no Sete de Setembro, com bandeiras do Brasil e vestidas de verde-amarelo, foram às comemorações com a expressa e óbvia intenção de dizer que vão votar em Jair Bolsonaro para um novo mandato.  
Como, agora, proibir que se mostre isso - algo perfeitamente legal e já visto por milhões de pessoas?  
É direito constitucional dos cidadãos brasileiros votarem em quem quiserem e expressarem publicamente a sua preferência – por que, então, o TSE proíbe a exibição de imagens que comprovam a existência de multidões dispostas a votar no presidente?

Mas as pessoas que saíram de casa no Sete de Setembro, com bandeiras do Brasil e vestidas de verde-amarelo, foram às comemorações com a expressa e óbvia intenção de dizer que vão votar em Jair Bolsonaro para um novo mandato

A mesma justiça eleitoral, no tempo do regime militar, não deixava os candidatos dizerem nada no programa político da televisão; só podiam mostrar um retratinho de si próprios, dentro dos exatos centímetros e milímetros fixados pelas autoridades, mais o seu número e partido, e fim de conversa. 
O povo não tinha nada de ficar sabendo o que o candidato tinha a dizer – como TSE de hoje acha que o povo não tem nada de ficar olhando para imagens que os comissários não gostam. No regime militar, ao menos, havia mais igualdade – o retratinho era igual para todo mundo. 
Hoje só o presidente é proibido de fazer isso e aquilo, e mais isso e mais aquilo; a cada cinco minutos os advogados do seu principal, ou único competidor, exigem que Bolsonaro se cale, enquanto ele próprio continua dizendo e mostrando tudo o que quer, com a plena aprovação do TSE. 
Neste último episódio, lembram os métodos da antiga ditadura comunista da Rússia, que mandava apagar todas as imagens que não aprovava – apagar fisicamente, raspando fotografias e filmes. Agora, estão apagando imagens que todo mundo já viu.

O ex-presidente Lula, num dos mais rancorosos insultos que já dirigiu à toda a população brasileira que não vota nele, disse que as manifestações do Sete de Setembro pareciam uma reunião da Ku Klux Klan, a sociedade secreta que se tornou símbolo mundial do racismo. O ministro Luís Roberto Barroso, por sua vez, disse que a presença do povo na rua serviria para se calcular quantos fascistas existem no Brasil; o apoio ao presidente, para ele, é um crime político.  

Das ofensas, agora, passa-se à pior das hipocrisias. Se tudo não passou de uma reunião racista de fascistas da KKK, porque toda a ânsia enraivecida, então, em proibir que esse fracasso da candidatura Bolsonaro apareça no programa eleitoral? 
Porque esconder algo que, segundo a candidatura Lula, deu errado para o adversário? 
Se deu errado, e é coisa do mal, a manifestação em seu favor teria de ser exibida ao máximo, não é mesmo? É claro que não se trata de nada disso. Lula, que não consegue juntar ninguém a seu favor para uma demonstração de massas, quer esconder o sucesso do presidente no Sete de Setembro – e o TSE, ao aceitar essa nova imposição, parece fazer mais um esforço para dar a impressão de que não vai agir com limpeza na eleição de outubro.
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

sábado, 10 de setembro de 2022

Cuscuz Clã - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Diante do inegável e estrondoso sucesso da manifestação patriótica do 7 de setembro, restou ao ex-presidiário Lula xingar os milhões de brasileiros lá presentes. Para o petista, houve ali uma demonstração típica da Ku Klux Klan, a entidade racista criada por democratas de esquerda nos Estados Unidos.

O presidente Bolsonaro aproveitou para marcar as diferenças, e usando um vídeo que viralizou de um negro que passa uma nota de cinco reais adiante numa grande multidão para comprar uma água, e a água chega sem problemas numa cadeia de honestidade, comentou: Parece que o ex-presidiário se sentiu excluído após esse vídeo. Em resposta, chamou o povo de "cuscuz clã", talvez porque assistiu a milhões de brasileiros vestindo amarelo.

A troça com o sotaque do petista foi geral, e eis que surgiu no Brasil, então, a Cuscuz Clã. Eu mesmo aderi com gosto. Tirei foto com vários negros e pardos em Copacabana. Éramos todos da Cuscuz Clã. O meu eu prefiro com leite condensado...

Salim Mattar identificou a paixão mesquinha que move o esquerdista: "O ex-presidiário Lula comparou as pessoas que estavam nas manifestações de 7 de setembro a membros da Ku Klux Kan. Essa fala demonstra o desrespeito do petista aos milhares de brasileiros que foram às manifestações ordeiras e civilizadas. Ele ficou foi com muita inveja!"

A direita tem rebatido as baboseiras esquerdistas com mais velocidade e muito engajamento orgânico, voluntário. O humor também tem sido uma parte importante disso. Mas é preciso levar a coisa um pouco mais a sério.

Eis que um ex-presidente da República, julgado e condenado por corrupção, que foi preso por isso, resolve acusar milhões de brasileiros, muitos deles pobres e pretos, de racistas e supremacistas brancos!

Não é apenas retórica; é denúncia caluniosa grave, que merece a resposta jurídica também
Não podemos mais aceitar passivamente esses rótulos abjetos que os criminosos de esquerda tentam colar na direita: genocidas, fascistas, racistas etc. É preciso processar os vagabundos! [Bolsonaro já começou - o MD está processando o coroné Ciro Gomes.]
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Bolsonaro ironiza fala de Lula sobre Ku Klux Klan no 7 de Setembro - Sonar

O presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus aliados rebateram em redes sociais nesta sexta-feira a declaração do candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, de que os atos realizados no 7 de Setembro pareciam uma reunião do grupo supremacista branco Ku Klux Klan.

Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter um vídeo em que um homem negro aparece durante a manifestação em favor do presidente realizada em Copacabana. "Parece que o ex-presidiário se sentiu excluído após esse vídeo. Em resposta, chamou o povo de 'cuscuz clã', talvez porque assistiu a milhões de brasileiros vestindo amarelo", escreveu o presidente.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que "chamar os milhões de brasileiros humildes que foram às ruas de assassinos e enforcadores de afrodescendentes, não reconhecer as pessoas comuns que foram ao 7 de Setembro, é a maior manifestação de preconceito e de arrogância contra o povo até agora".

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, publicou um vídeo da fala de Lula acompanhado de um texto dizendo que o ex-presidente "ódio pelo povo que ele não consegue controlar".

A fala de Lula ocorreu durante comício em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na quinta-feira, um dia após o 7 de Setembro. — Foi uma coisa muito engraçada o ato do Bolsonaro. Parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, trabalhador — disparou Lula.

Sonar - O Globo 


quarta-feira, 22 de junho de 2022

A mulher que pode acabar com o direito ao aborto nos EUA

 Holly Honderich - BBC News

A advogada Lynn Fitch pediu à Suprema Corte que revogue a decisão do histórico caso Roe vs. Wade, de 1973

Em setembro de 2021, a procuradora-geral do Estado norte-americano do Mississippi, Lynn Fitch, compareceu a uma entrevista para o programa católico de televisão Pro-Life Weekly, que apresenta ativistas contra o aborto.

Lynn Fitch do lado de fora da Suprema Corte 

 Mark Story

Fitch manteve para a entrevista a mesma aparência que exibia em quase todas as suas aparições públicas: cabelos tingidos de loiro, alisados e bem cuidados, joias de bom gosto e terno de uma só cor, desta vez de tom azul-claro.

A procuradora-geral estava ali para celebrar. A Suprema Corte dos Estados Unidos havia acabado de anunciar a data da audiência sobre a contestação do seu Estado ao caso Roe vs. Wade — uma decisão histórica de 1973 que, já há quase 50 anos, garante o acesso ao aborto em todo o país.

A ação atual, Dobbs vs. Jackson Women's Health Organization, baseia-se em uma lei do Mississippi que proibiria o aborto após 15 semanas de gravidez, mesmo em casos de estupro ou incesto. Sob a direção de Fitch, o Estado pediu à Suprema Corte que mantivesse a lei e revogasse a decisão do caso Roe vs. Wade. [o aborto deve ser proibido em qualquer circunstância, inadmissível tirar a vida de um  ser humano, inocente e indefeso, por erro de outros.]

A decisão deve ser anunciada ainda este mês, mas um vazamento indica que é provável que a lei de proibição do Mississippi seja mantida, estabelecendo o caminho para que outros Estados também proíbam o aborto.

Fitch, que não concedeu entrevista, havia argumentado que a reversão do caso Roe vs. Wade mudaria o jogo, "liberando" as mulheres do que ela descreveu como uma falsa escolha entre a família e a carreira. "Cinquenta anos atrás, para as mulheres que trabalhavam, eles queriam que você fizesse uma escolha. Agora, você não precisa", afirmou ela no programa Pro-Life Weekly. "Você tem na vida a opção de realmente atingir seus sonhos, seus objetivos, e pode também ter belos filhos."

Segundo ativistas pró-escolha, se Fitch ganhar a causa e a decisão do caso Roe vs. Wade for revertida, cerca de 40 milhões de mulheres podem perder o acesso ao aborto. [no limite, milhões e milhões de seres humanos inocentes e indefesos estarão livres de serem covarde e cruelmente assassinados.] 
Isso poderá também fazer com que Fitch, que é mãe de três filhos, solteira e trabalha, torne-se uma superstar republicana e garota-propaganda do seu próprio argumento: de que as mulheres modernas não precisam do aborto para terem tudo.

Um manifestante antiaborto tira uma placa do lado de fora da Jackson Womens Health Organization, também conhecida como The Pink House em Jackson, em 7 de junho de 2022
Getty Images
Lynn Fitch em frente à Jackson Women's Health Organization - a única clínica de aborto remanescente no Mississipi

O aborto não foi sempre um tema animador na carreira política de Lynn Fitch. Quando assumiu seu primeiro cargo público — o de tesoureira do Estado do Mississippi, em 2011, ela apoiou uma lei que garantiria a igualdade de salários entre homens e mulheres.  Suas convicções foram moldadas de muitas formas pela sua criação e, especialmente, pela sua experiência como mãe solteira, segundo Hayes Dent, amigo e colega de longa data, que organizou sua primeira campanha política.

Quando Dent encontrou Fitch pela primeira vez, ela havia acabado de ser nomeada diretora-executiva do Quadro de Pessoal do Estado do Mississippi, uma agência estadual, pelo então governador Haley Barbour. Dent ficou imediatamente impressionado. "Conheci quase todas as principais figuras políticas do Mississipi nos últimos 40 anos e podia dizer: ela vai concorrer a um cargo", afirma Dent. "E, quando ela concorrer, será bem sucedida."

Ela só lançaria sua primeira campanha política dois anos depois. E, quando se candidatou a tesoureira estadual em 2011, "era um azarão", segundo Austin Barbour, estrategista nacional do Partido Republicano (ele não é parente do ex-governador Barbour, do Mississippi, que nomeou Fitch para o Quadro de Pessoal do Estado).

Dent, que vinha acompanhando Lynn Fitch, entrou em contato com ela em meio à campanha de 2011 e pediu para colaborar. "Eu disse 'veja, acho que você pode vencer esta campanha'", relembra ele. Fitch aceitou e os dois fizeram uma campanha ambiciosa, chegando a atravessar o Estado em um único dia, com diversas paradas e telefonando para arrecadar fundos entre uma parada e outra. "Sua postura era 'qual é a tarefa de hoje?", segundo Dent. "Seria algo como 'veja, precisamos ir ao festival de mascar fumo'. E ela se saía muito bem! Ela não mascava fumo, mas se saía muito bem."

O único motivo que fazia Fitch faltar a um evento de campanha eram seus filhos. Ela saía mais cedo para assistir a um jogo de basquete na escola ou participar de uma reunião de pais e professores. Ela sabia fazer campanha naturalmente, mas os fundos não acompanhavam, o que levou Dent a pedir ao pai dela uma doação pessoal.

Ativistas antiaborto se reúnem do lado de fora da Suprema Corte dos EUA durante a 49ª March for Life em 21 de janeiro de 2022 em Washington DC
Getty Images
A procuradora-geral Fitch pode tornar-se heroína da direita
O pai da procuradora
Bill Fitch ainda morava em Holly Springs — uma pequena cidade rural perto da fronteira norte do Mississippi, onde Lynn Fitch passou a maior parte da infância.Ele havia herdado terras na região histórica de Galena Plantation e usou a extensa área de cerca de 3,2 mil hectares para restaurar a fazenda da família, transformando-a em um importante local de caça de perdizes. O ex-juiz da Suprema Corte Antonin Scalia e os ex-governadores do Mississippi Haley Barbour e Phil Bryant eram presenças frequentes no local.

Para hospedar os visitantes das Fazendas Fitch, Bill Fitch comprou e transportou para sua propriedade a antiga casa de Nathan Bedford Forrestgeneral do exército confederado na Guerra Civil americana (1861-1865) e primeiro líder da Ku Klux Klan.

Lynn Fitch contou à imprensa local sobre suas lembranças "especiais" de infância na fazenda do pai, andando a cavalo e caçando perdizes. E, quando era adolescente, foi o "protótipo da garota popular", segundo Dent. "Líder, esportiva, líder de torcida... o pacote completo." Mais tarde, ela estudou na Universidade do Mississipi, entrou em uma irmandade e formou-se em administração de empresas — e, depois, em direito.

Quando Hayes Dent visitou a fazenda do pai de Fitch para pedir uma doação para a campanha, ele disse (ao pai) "que se saísse dali com um cheque de alto valor, ela ganharia". Ela ganhou — e ganhou de novo quatro anos depois, garantindo o segundo mandato como tesoureira do Estado.

Durante seu mandato, Fitch cuidou das dívidas do Estado, ampliou o acesso à educação financeira e defendeu leis de pagamento igualitário. Mas o Mississippi ainda é o único Estado que não garante salários iguais para o mesmo trabalho entre homens e mulheres. Fitch também desenvolveu seu dom de se conectar com eleitores, baseado na sua criação em Holly Springs e em uma aparente facilidade de lidar com o público.

Durante entrevistas e em vídeos para a campanha, Fitch parece inabalável. Ela mantém facilmente o contato visual, sua fala é lenta e tranquila e ela agradece com frequência a Deus e à sua família pela oportunidade de servir ao seu Estado. "As raízes rurais são importantes para os eleitores deste Estado", segundo Austin Barbour, o estrategista. "E ela é simplesmente muito agradável."

Fitch também reforçou suas credenciais conservadoras com seu apoio ao então candidato à presidência Donald Trump, como líder da coalizão Mulheres por Trump do Mississippi, em 2016. Quando Trump esteve na cidade de Jackson para um comício de campanha, ela se sentou na primeira fila.

Dois anos depois, Fitch anunciou que se candidataria a procuradora-geral do Mississippi — um cargo que nunca havia sido ocupado por uma mulher. Mas ela já não era um azarão e venceu a eleição em novembro de 2019, com cerca de 60% dos votos. Sua promessa era de manter "os valores e princípios conservadores".

Lynn Fitch, de branco à direita de Donald Trump, em 2016
Getty Images
Lynn Fitch, de branco à direita de Trump, liderou a coalizão Mulheres por Trump do Mississippi na eleição presidencial de 2016
O aborto e o caso Roe vs. Wade
Como republicana dedicada em um Estado solidamente republicano, a posição de Fitch sobre o aborto era tida como certa, mesmo se ela não a defendesse abertamente. Nos Estados Unidos, cerca de 60% das pessoas defendem que o aborto deveria ser legal em todos ou na maior parte dos casos, segundo dados do think tank (centro de pesquisa e debates) norte-americano Pew Research Center. Mas, entre os republicanos do Mississippi, cerca de 70% acreditam que o aborto deveria ser proibido em todos ou na maioria dos casos."Você não concorre no Mississippi, você não concorre nos Estados rurais conservadores se não quiser ver [o caso] Roe vs. Wade revertido", afirma Austin Barbour. "Isso está simplesmente arraigado."

A proibição do aborto ante a Suprema Corte foi aprovada pelo legislativo estadual do Mississippi em 2018, dois anos antes da posse de Lynn Fitch com procuradora-geral. A lei, que proíbe totalmente o aborto após 15 semanas de gestação, foi imediatamente contestada judicialmente em nome da Jackson Women's Health Organization, a última clínica de aborto remanescente no Mississippi. Um tribunal federal do distrito derrubou a lei alegando inconstitucionalidade e um tribunal superior ratificou a decisão em 2019.

Mas, em junho de 2020, com cinco meses no cargo, a procuradora-geral Fitch ingressou com uma petição junto à Suprema Corte dos Estados Unidos para rever a proibição após 15 semanas. A corte, que tem maioria conservadora (6 a 3), aceitou e ouviu o caso em dezembro de 2021. Com isso, Fitch é agora conhecida nacionalmente como a advogada que espera derrubar o caso Roe vs. Wade.

Lynn Fitch às vezes afirma que seu Estado está apenas defendendo o estado de direito, ao pedir à Suprema Corte que delegue aos Estados o poder de legislar sobre o aborto. Mas ela afirma com mais frequência que é uma questão de empoderamento das mulheres. Ela afirmou que a decisão do caso Roe vs. Wade fez com que as mulheres acreditassem que precisavam escolher entre a família e a carreira, e não ter ambos. "A justiça colocou as mulheres contra as nossas crianças e as mulheres contra outras mulheres", escreveu ela em um artigo de opinião no jornal The Washington Post.

Fitch argumenta que essa escolha é enganosa e paternalista. É uma posição aparentemente retirada da sua própria vida: mãe solteira que ascendeu aos mais altos níveis públicos do seu Estado, permanecendo dedicada aos seus filhos e netos. "Ser mãe solteira tem meio que dominado seu processo de pensamento e sua experiência de vida", afirma Dent. "Acho que é uma das razões das suas opiniões tão fortes sobre isso."

Durante uma entrevista para a televisão em 2021, Fitch afirmou que, em um mundo sem o caso Roe vs. Wade, "bebês seriam salvos" e as mães "teriam uma chance de realmente redirecionar as suas vidas. Elas têm todas essas oportunidades novas e diferentes que não tinham 50 anos atrás."

Os ativistas contra a proibição do aborto acusaram Fitch de usar linguagem feminista para ocultar uma política inerentemente antifeminista. Seus argumentos baseiam-se "em grande parte, em afirmações falsas de que estão 'empoderando as mulheres'", segundo Dina Montemarano, diretora de pesquisa da organização NARAL Pro-Choice America. Ela afirma que esta tática é usada com frequência por ativistas antiaborto para impor o controle sobre o corpo das mulheres e violar suas liberdades fundamentais. [o controle de um ser humano sobre o seu corpo não pode permitir que ele tenha o controle sobre decretar a vida ou a morte de um ser humano totalmente inocente e indefesos, e também o pretexto de evitar a violação de liberdades fundamentais não pode ser usado para retirar o direito à vida,especialmente de um inocente e indefeso humano, que se encontra abrigado no que deveria ser totalmente seguro para ele = a barriga da mãe = mas é violado quando a mãe decide ser uma assassina covarde, cruel e hedionda do ser que carrega em sua barriga.]

Mas, se o caso Roe vs. Wade for realmente derrubado, Fitch voltará ao Mississippi como heroína conservadora.  "Tenho 99% de certeza de que ela concorrerá novamente à procuradoria-geral", afirma Dent. "E, considerando os acontecimentos dos últimos três anos, é difícil para mim imaginar que ela enfrente qualquer oposição dos republicanos desta vez."

Existem também rumores iniciais de que ela possa, um dia, concorrer para governadora. Fitch ainda não comentou sobre essas especulações. Mas, se vencer, ela será a primeira mulher governadora na história do Mississippi.

Clique aqui e saiba mais sobre o caso Roe x Wade o ativismo judicial e a barbárie.

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 BBC

Holly Honderich - BBC News

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Get up, stand up - Verso e reverso: você conhece alguém a favor do racismO? - Gazeta do Povo

 Paulo Polzonoff Jr

No mundo civilizado, não há um só líder minimamente relevante que defenda abertamente a superioridade de uma raça sobre a outra. Tampouco há qualquer líder atraindo multidões com a promessa de eliminar determinada raça. Simplesmente não há. Pode haver um ou outro maluco, assim como pode haver muito racista enrustido. Mas racismo assim declarado, explícito, usado como plataforma de governo não existe.



Marcus Garvey: admirador de Hitler e de Mussolini que virou guru de Bob Marley e do reggae jamaicano.| Foto: Reprodução/ Wikipedia

Todo mundo é contra o racismo. Todo mundo. Até aquelas pessoas que insistem no comentário racista. Na piadinha racista. Até aquela pessoa que acha que sua empresa não deve contratar pessoas “de cor”. Até quem usa expressões como “de cor”. Até quem fala “criado mudo”, “nas coxas” e “denegrir”. Eu o desafio a dar uma voltinha pelo quarteirão e encontrar uma só pessoa que seja a favor do racismo. Tente. Vá lá. Eu espero. (Mas tem que ser na vida real, e não na Internet, onde os racistas covardes se sentem protegidos pra exporem o lado mais vil de seu vil caráter).

A expulsão do tenista Novak Djokovic da Austrália gerou uma crise diplomática entre os governos do país e da Sérvia                             Djokovic e a briga retórica entre Sérvia e Austrália

Não encontrou, né? Eu disse! Na pior das hipóteses, se você mora perto de uma universidade federal, é possível que tenha encontrado um ou outro maluco pregando a superioridade racial dos negros sobre os brancos, quando não a necessidade de extermínio dos branquelos a fim de que haja reparação histórica. Mas são apenas uns jovens lunáticos cheios de gogó e que não abdicam da mesada do papai. O bom é que esse tipo de discurso é como acne e desaparece com a idade.

Veja bem: não estou dizendo que o racismo (verso & reverso) não exista. Pelo contrário. Há muita gente que ainda acredita que há diferenças relevantes entre brancos e negros a ponto de justificar o subjugo de uma raça por outra.  
Mas ninguém em sã consciência jamais teria coragem de expor essa ideia ao escrutínio público. E não porque seja contra a lei, como certamente pensam os positivistas que me leem neste momento. Ninguém mais bate no peito para se dizer racista porque fazer isso é social e moralmente inaceitável.

Mas a esquerda progressista identitária, sabemos, não é conhecida pela capacidade de reconhecer avanços de quaisquer tipos. Definitivamente "gratidão" não é uma palavra que faça parte do vocabulário dela. Pelo contrário. Quanto mais ressentimento houver, melhor para essas pessoas que vivem do rancor e do desejo de vingança. Daí porque em vez de ressaltar as mudanças positivas pelas quais o mundo passou nos últimos cem anos (um negro presidiu os Estados Unidos da América, cara!), a esquerda progressista identitária prefere chafurdar no passado, a fim de reparar um dado para o qual simplesmente não há reparo.

Pior: para a esquerda progressista identitária esse desejo de vingança mal-disfarçada de reparação só pode se dar por meio das (um Engov antes) políticas públicas (um Engov depois). Isto é, por meio da ação abrangente do Estado. Mas não um Estado qualquer. Estamos falando, aqui, de um Estado policialesco que se considera capaz de entrar na cabecinha dos racistas residuais, isto é, dos ignorantes, malcriados e mau-caracteres (a Internet ensina que este é o plural correto e quem sou eu para discordar?).

Aliás, aproveitando o assunto que eu mesmo levantei, são muitas as (justas) pautas da esquerda progressista identitária que avançaram no último século, sem que essa mesma esquerda progressista identitária tenha sido capaz de reconhecer tais avanços. No mundo civilizado, ninguém mais prega que mulheres fiquem em casa ou que não tenham direito a voto ou a salários iguais aos dos homens. Ninguém mais defende a prisão ou a pena de morte para homossexuais. Até travestis têm direito a mudar de nome.

A gritaria, porém, continua. E tem que continuar. Afinal, se não houver gritaria é porque o mundo lentamente vai tentando encontrar algum tipo de equilíbrio natural. E isso é inadmissível para a esquerda progressista identitária, que quer tudo “pra ontem” e da forma mais artificial e violenta possível. De preferência sob as ordens de um “déspota de bom coração” que vai mandar aquele seu tio que usou os pronomes errados para se referir a um trans negro gordo para um campo de reeducação – de onde ele sairá, oh, transformado. Com sorte, transformado justamente no trans negro gordo e anão que até outro dia mesmo feria de morte ao chamá-le de “ele”. Veja só.

No mais, quero encerrar este texto fazendo uma referência a Antônio Risério e seu artigo “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo” – uma obra-prima da provocação jornalística. No texto, que tem gerado histeria entre a esquerda progressista identitária, Risério faz referência a “Marcus Garvey admirador de Hitler (seu antissemitismo chegou a levá-lo a procurar uma parceria desconcertante com a Ku Klux Klan) e de Mussolini—, que virou guru de Bob Marley e do reggae jamaicano, fiéis do culto ao ditador Hailé Selassié, o Rás Tafari, suposto herdeiro do Rei Salomão e da Rainha de Sabá”.

Um negro antissemita que deu origem a um culto que idealizava um ditador que se dizia herdeiro do rei Salomão.
Uau! Como não há nenhum filme ou série (de comédia, claro) sobre esse personagem abjeto, mas fascinante e, na boa, completamente maluco? Aí é que está: em se tratando de racismo, verso e reverso, a história nos brinda com esses personagens para que aprendamos com os erros deles – e não para que repitamos os mesmos erros. Mas há quem prefira derrubar estátuas.

 Paulo Polzonoff Jr, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Tudo é proibido!!! qual crime o professor cometeu ao usar, em um desfile de fantaias, roupa que remete à KKK?

Vídeo: Professor usa roupa que remete à Ku Klux Klan em escola de São Paulo e causa revolta 


Docente foi afastado do cargo; Segundo alunos, vestimenta foi usada durante desfile de fantasias organizado na Escola Estadual Amaral Wagner, em Santo André

Professor é afastado após usar roupa que remete à Ku Klux Klan em escola de São Paulo Foto: Reprodução
Professor é afastado após usar roupa que remete à Ku Klux Klan em escola de São Paulo Foto: Reprodução
O vídeo de um professor vestido com uma roupa que remete à Ku Klux Klan (KKK) — grupo extremista que defende a supremacia branca — caminhando no pátio de uma escola pública de Santo André, São Paulo, viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira. Segundo os alunos, a cena foi registrada na Escola Estadual Amaral Wagner no dia 8 de dezembro, quando estudantes do terceiro ano do Ensino Médio organizaram um desfile de fantasias no local. O docente foi afastado.

Ofensas contra negros, judeus e mulheres: UFRGS cria comissão de combate ao racismo que analisará expulsão de doutorando indiciado

Em nota publicada nas redes sociais, o Grêmio Estudantil e a Atlética da instituição informaram que o homem fantasiado era um professor de História que foi vaiado, retirado da quadra pelos estudantes e encaminhado para a direção, onde prestou esclarecimentos sobre o ocorrido. Os grupos discentes ressaltaram que não compactuam com a atitude do docente e repudiam qualquer tipo de preconceito. "O caso foi registrado na unidade escolar e encaminhado a diretoria de ensino, órgão responsável por cuidar de casos ocorridos nas escolas estaduais e que pode tomar medidas a respeito do ocorrido. Afirmamos que tanto a escola quanto o Grêmio e a Atlética tomaram todas as medidas que estavam ao seu alcance, incluindo, conforme dito anteriormente, prestar esclarecimentos e se retratar com os alunos presentes no dia através de seus representantes de classe", informa o comunicado.

No Twitter, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), disse que já acionou autoridades sobre o caso. “Inaceitável! Estou acionando a Seduc e a Diretoria de Ensino de Santo André contra essa cena racista e deplorável de um professor fantasiado com a roupa da Ku Klux Klan, dentro da EE Amaral Vagner. Racistas, não Passarão!”, escreveu.

Na redes sociais, há convocação de um protesto a ser realizado na frente da escola na tarde de quarta-feira, cobrando punição para o envolvido no caso. Em nota, a  Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP)  informou que "abriu apuração preliminar e afastou imediatamente o professor envolvido, que é efetivo, até o término da apuração". O texto diz ainda que a Diretoria de Ensino de Santo André formou uma "comissão interracial para averiguar os fatos". A Pasta ressaltou que "não admite qualquer forma de discriminação e injúria racial".

Brasil - O Globo 


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Zen-fascismo - Apartheid nas escolas: solução da patrulha para acabar com o racismo - Gazeta do Povo

Madeleine Lackso

Militantes antirracistas dos EUA criam espaços e eventos para “pessoas de cor”, como na era da segregação racial.

                                      Foto: Facebook

Imagine se o reverendo Martin Luther King voltasse hoje ao mundo e tivesse uma aula de "letramento racial" com a galera da seita zen-fascista? Esqueçam "I have a dream", o pessoal já sambou em cima desse sonho. "I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their caracter", é a frase mais conhecida do gigante na luta pelos direitos civis dos negros americanos. "Eu tenho o sonho de que um dia meus quatro filhos pequenos viverão em uma nação na qual eles não serão julgados pela cor da sua pela, mas pelo conteúdo do seu caráter". Vai ficar sonhando.

A patrulha identitária inventou agora o Apartheid do Bem. Como funciona? É a mesma coisa que o Apartheid, mas é feito pela turminha do zen-fascismo, então passa a ser super correto, antirracista e ter uma justificativa linda e pacífica. Não sei se a moda já chegou aqui no Brasil. (Se souber de algo, mande para o pessoal do atendimento ao leitor me repassar.) Nos Estados Unidos, programas e áreas exclusivas para "estudantes de cor" são a nova realidade antirracista.

O jornalista norte-americano Christopher Rufo, que é tão amado quanto eu pela bancada da lacração, tem catalogado casos concretos em que escolas públicas do país dele propõem eventos com segregação racial. Ele busca as explicações para esse tipo de atrocidade. Seria cômico se não fosse trágico.

Na imagem que ilustra este artigo, a proposta é uma excursão só para "estudantes de cor" levados só por "professores de cor". Gente, mais isso não é meio parecido com Apartheid? Não, se for do bem. Daí trata-se de "providenciar a oportunidade para que estudantes de cor estejam com um grupo de professores que se parece com ele e tem experiências de vida parecidas". Infelizmente, não é um caso isolado. Pelos comentários no tweet você vai ver que muita gente já acha que segregação racial é uma boa coisa.

Esse é o caso de uma escola pública em Denver e acabou repercutindo na imprensa internacional. Botaram um letreiro gigante promovendo a noite familiar do playground do Apartheid. Ninguém percebe? É um evento mensal em uma escola pública no país que pouco tempo atrás teve um movimento enorme para garantir que fosse banida toda forma de segregação racial. Não pode fazer segregação racial em escola. Quer dizer, se for do bem, pode sim.

Para as autoridades educacionais, o espaço exclusivo para "famílias de cor" não é segregação racial. “Os líderes da escola da Centennial receberam um pedido específico das famílias para criar um espaço de pertencimento. A Centennial atendeu ao pedido. Apoiamos esforços como este, pois fornecem conexões, apoio e inspiração para famílias que compartilham experiências semelhantes e vêm de origens semelhantes.”, disse o departamento de escolas públicas de Denver.

As pessoas que hoje promovem o Apartheid do bem têm familiares que lutaram contra a segregação racial nos Estados Unidos, que viveram esse inferno. Como é possível não perceber que estão fazendo exatamente a mesma coisa? Há uma parte da humanidade que resolveu abdicar da realidade. Tem gente que cancela por racismo quem fala criado-mudo porque inventaram uma origem para a palavra e, ao mesmo tempo, apóia segregação racial. E faz sucesso, viu?

Ainda não vi isso em escolas no Brasil, vejo em novelas, no jornalismo e demais nas redes sociais. Talvez você já tenha ouvido a expressão "palmitagem". É uma acusação que se faz à pessoa negra que pretende ter filhos com uma pessoa branca. Na lógica do zen-fascismo, seria um processo opressor de branqueamento da raça para que os negros sejam eliminados.

Gente, eu já tinha ouvido isso em algum lugar. Sim, o pessoal do White Power fala exatamente a mesma coisa. Eles acham que existe uma conspiração mundial para acabar com a raça branca e por isso são contra misturas étnicas, a favor da segregação. Como vai dar certo um movimento antirracista que, na prática, 
propõe a mesma medida que a Ku Klux Klan?
Cancelando quem discordar, igual a KKK também.
Mas agora é tudo pelo bem.

Quem embarca nas piores barbáries autoritárias nunca vai te dizer que é sangue ruim mesmo e gosta de ver o sofrimento alheio. Se você é meu leitor frequente já peço desculpas antecipadamente pela frase repetida. Repito sempre algo que aprendi no universo da psicologia e é fundamental nesses tempos de Cidadania Digital, grupos polarizados e decisões rápidas: a tétrade sombria (narcisistas, sádicos, psicopatas/sociopatas e maquiavélicos) sempre terá justificativa moral para praticar as barbáries com que se deleita e arrumará apoio entre os que acreditarão.

Mais importante do que a justificativa da pessoa ou o discurso são as ações e os frutos. É difícil para nós, já que ter razão é uma delícia e ver gente ruim se dar mal é melhor ainda. Ocorre que a gente pode ficar tão hipnotizado com isso que não percebe ter sido enganado ou ter ajudado na vitória de gente ainda pior. Quem propõe segregação racial quer um único resultado, jamais foi bom para a humanidade.

Termino citando uma escritora que sempre me inspira, Hannah Arendt, em sua obra de 1951, Origens do Totalitarismo: "O sujeito ideal do governo totalitário não é o nazista convicto ou o comunista convicto, mas as pessoas para as quais a distinção entre fato e ficção e a distinção entre verdadeiro e falso não existe mais". Preste atenção em quem tem muitas certezas, em quem se preocupa mais com o que acha do que com o que sabe, em quem jamais admite não saber.

Ligar os pontos entre fatos por meio de pensamento mágico é algo que nosso cérebro faz com prazer. A desconexão dos problemas da realidade, sobretudo quando feita em grupo, é acolhedora. Somos gregários e queremos acreditar que somos bons. É dessa autoindulgência que nasce a barbárie. Só a humildade salva. Aprender sempre, ouvir para entender e não para rebater, ter em mente que todos erramos e eu posso estar errada agora são práticas para jamais deixar de lado nesses tempos bicudos.

Madeleine Lackso, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 27 de novembro de 2021

OS FASCISTAS, TODOS NÓS SABEMOS QUEM SÃO - Pedro Henrique Alves

Sabe o que é mais chato ao mundo político contemporâneo? A divisão ideológica e o avanço político sobre a vida comum; hoje não conseguimos mais nem comprar uma lata de leite condensado sem nos lembrarmos de Brasília ou das redações soviéticas que imperam em nosso mainstream. Semana passada, após escrever um texto para a Gazeta do Povo, um crítico perguntou-me qual era a minha qualificação para criticar Atila “Tamarindo”, o biólogo que clamou por um Autoritarismo necessário”. Vendo que eu não era doutor de nada a não ser em Call of Duty, cuspiu em todo o meu texto e me disse: “nem intelectual esse rapaz é, ignoremos”. Fica o aprendizado; realmente não sabia que era preciso solicitar a permissão do MEC para criticar tiranetes.

Há dois anos eu escolhi ser pai e, após isso, ser intelectual é uma das últimas prioridades em minha vida, depois, por exemplo, de comprar um sofá novo para minha esposa, criar meu filho e enteado, além, é claro, de comprar uma garrafa térmica Stanley Hydration para levar à academia.

As pessoas extrapolam em suas paixões, as turbas exageraram na ânsia de serem progressistas ou conformistas, facilmente se lambuzaram na retórica oportunista de posição ou oposição e acabam, por fim, deitadas de conchinha com suas cartilhas ideológicas. Enquanto isso, os sãos tentam entender a realidade através de seus olhos e não a partir dos diversos “ministérios da verdade” que pululam por aí. É exatamente aqui que começa a “treta”: quando a realidade não se adequa à narrativa oficial da mídia e do mainstream em geral, como num passe de mágica
ou como numa cirurgia de resignação sexual ?, você se torna um fascista oficial sem direito de defesa, um bolsonarista “passador de pano” abjeto, um “trumpista” da Ku Klux Klan e/ou um adorador de Hitler… tudo por tabela, sem demais análises ou debates.

Mas, vem cá, o progressismo consegue sempre ir além, né? Não demora muito e eles dão pinta de suas intenções, suas veias autoritárias saltam mesmo estando atrás de um sorriso sereno de “inclusão” amorosa. Logo eles dobram e guardam suas faces de “Teletubbies social” para assumir aquela feição de Stálin. Em um ano, relembremos, a turba que pede lockdown eterno conseguiu defender, justificar e aplaudir tudo aquilo que é danoso a uma sociedade sadia. Atualmente o progressismo sobrevive sob dois adjetivos determinantes: mediocridade moral e disposição tirânica. Da censura a conservadores, inquéritos de exceção contra jornalistas que não integram o mainstream tradicional, prisões de transeuntes em praças, restaurantes e praias, ao clamor por uma “ditadura necessária”, o pessoal que ama a humanidade conseguiu criar um sistema despótico de submissão àqueles que não concordavam com eles… tudo isso em meio a uma pandemia global. Olha, de certa maneira, é de admirar…

Se você guarda aquela mínima visão independente perante a realidade, não há como não perceber quem são aqueles que mais se afastam de uma visão liberal de existência social; já não está mais disfarçado quem são os que mais ameaçam a democracia ocidental. Pensem o seguinte, visualizando todo o panorama político atual: se homens como Adam Smith, Alexis de Tocqueville, Ludwig von Mises, Friedrich von Hayek, etc., se todos ainda vivessem, estariam mais assustados com Trump no poder ou com Biden? Se todos se encontrassem numa taverna qualquer nesse instante, eles estariam fortemente preocupados com a inclusão de transexuais nos esportes olímpicos, com a cor de pele de qualquer assistente do governo a fim de agradar o Black Lives Matter, ou com a censura descarada do Twitter aos que pensam diferente do establishment?

O pêndulo da liberdade e da dignidade individual que outrora Voltaire e Burke, apesar das premissas e ideias diferentes, defenderam e se ombrearam no intento de resguardar a todo custo, parece agora girar em seu eixo e parar na posição extremista de libertinagem no despotismo. Tem até “novos liberais” endossando essa velha cartilha despótica. Acreditam?  Nossa era parece aceitar com extrema parcimônia a ideia de que haja Big Tech’s que tenham, a um click de seus teclados, o poder de emudecer milhões de pessoas que não se adequam ou concordam com suas posições partidárias ou diretrizes ideológicas.

Como cético que sou, sempre estou pronto para que o feijão azede um pouco mais. A jornalista Maria Laura Assis denunciou que no estado de Formosa, na Argentina, há verdadeiros “campos de concentração” para infectados e suspeitos-de-estarem-infectados pelo coronavírus. Uma bizarrice que beira a sátira de South Park. Porém, é real. Pesquisando mais a fundo, não foi nada difícil encontrar vídeos, imagens e até coberturas jornalísticas de mídias mais independentes daquele país que mostram uma realidade bizarra, macabra, que não só lembra o nazismo, como o copia com certa lealdade.

No melhor estilo soviético denunciado por Alexander Soljenítsin em Arquipélago Gulag, as dezenas de denunciantes desse absurdo afirmam que os policiais argentinos invadiram as suas casas dizendo que os indivíduos e suas famílias teriam que acompanhá-los para os campos de isolamento forçado pois, ou estavam infectados, ou tiveram contato com infectados. Aqueles que se negam a ir por bem são levados à força.

Calma, tem como azedar mais. O canal argentino identificado com as letras “TN” entrevistou uma mãe, Monica, que foi presa nesse campo com sua filha de 4 anos. Isso mesmo, 4 anos. Ela relata o terror do confinamento, estando os campos em espaços ermos, os supostos médicos apenas mediam suas temperaturas e nada mais, sem se deixarem identificar de modo algum. As denúncias chegam ao patamar do absurdo quando se nota a precariedade dos locais; banheiros sujos, pessoas deitadas em colchões podres, ratos, cobras, janelas gradeadas.

Se um desavisado começar a leitura do parágrafo acima, poderia facilmente deduzir que estamos falando da Alemanha nazista e não da Argentina socialista de Alberto Fernández.

Na Saxôniarelatos da imprensa local acenam para a possibilidade de criar espaços para isolar à força infectados que se recusam a seguir a quarentena; isso, a meu ver, é errado em todo o mundo, mas na Alemanha soa ainda pior. E não, não estou “passando pano” para Bolsonaro ao dizer tudo isso; eu pouco me importo com governos, na realidade. Importo-me mais com a minha biblioteca e meu gato do que com Bolsonaro; ou até mesmo com a sua opinião sobre mim, ou com o sexo frágil de Fiuk e a militância da “Carol com K”.

Você pode estar de nariz torcido nesse instante, pensando: “por que estou lendo um texto desse?” Tá bom, já vou finalizar; mas antes entremos num campo da completa sinceridade. Fechamos este pacto aqui, sem ninguém ver.

Depois de um bom banho, no final de um dia estressante de trabalho, sentado na poltrona mais gostosa de sua casa, com um jazz de fundo e uma taça de vinho na mão, ali é, enfim, permitido sermos sinceros de verdade ante à realidade. Ninguém nos vê, ninguém nos escuta. Não precisamos mais fazer média para os grupos a que pertencemos; não precisamos nos portar galantes na frente da moça ou rapaz com que flertamos, e nem fingir que nos importamos com qualquer inclusão social ou com as girafas da Amazônia.

Ali, na poltrona da franqueza, está liberado falar e pensar asneiras ridículas, xingar a mãe, a ex e o Papa, podemos até assistir ao BBB para depois dizer que quem assiste é idiota útil. Ninguém julgará. Naquela poltrona, vertidos na sinceridade de um estado de natureza, afastados dos compromissos sociais, ideológicos e das amarras psicológicas, podemos então admitir o que todos nós sabemos: não são os ditos “conservadores” as reais ameaças às liberdades no Brasil e no Mundo. Não são os tios do zap os fascistas, nem o agora aleijado Oswaldo Eustáquio. O Tião e a Neide, o Joaquim e Chica, que compartilham vídeos do Bolsonaro levantando a lata de Leite Moça, não estão mancomunados numa rede subalterna de neonazistas de Jacareí ou de Osasco, definitivamente não estão programando um atentado a bomba aos sacrossantos juízes do STF.

Isso é narrativa midiática vadia, nós sabemos, todos sabemos; esse fascismo apregoado nos conservadores brasileiros é mentiroso. Hoje a ameaça ao modelo liberal de vida, duramente construído e maturado no Ocidente, é só uma: o progressismo. É ele que clama por um “autoritarismo necessário”, um fascismo de arco-íris e pôneis transexuais, uma ditadura psicopata pintada de marshmallows rosa. Podem me xingar nos comentários; me escrachem nos grupelhos de lacração; mas nós sabemos.

Artigo publicado originalmente no site do IL em 12/02/2021.

O autor é filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.