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quarta-feira, 23 de março de 2022

Governador da Flórida quer tirar de atleta trans medalha de torneio universitário: 'Perpetuando uma fraude'

O Globo

Lia Thomas venceu prova dos 500m livres na natação

O governador da Flórida, Ron DeSantis, do Partido Republicano, afirmou que pretende pedir a impugnação do resultado da prova que coroou a atleta transgênero Lia Thomas campeã dos 500m estilo livre em um torneio universitário dos Estados Unidos. O político pretende que o título fique com a segunda colocada na prova, Emma Weyant.

Se você olhar para o que a NCAA fez ao permitir basicamente que os homens competissem no atletismo feminino, e neste caso a natação (...) Você tinha a mulher que terminou em primeiro, era de Sarasota (cidade da Flórida), Emma Weyent. Ela ganhou a medalha de prata, mesmo sendo uma superestrela em toda a sua carreira. Precisamos parar de permitir que se perpetuem fraudes para o público disse o político.

Entenda:  Nadadora transexual enfrenta críticas ao quebrar recordes femininos, após três anos competindo entre os homens

DeSantis é do mesmo estado no qual nasceu Emma Weyant. Ela, no entanto, disputou o torneio representando a Universidade da Virgínia, onde estuda, e perdeu a prova de 500 metros estilo livre para Thomas por apenas 1,75 segundo, com o tempo de 4m34s99, o melhor de sua carreira. — Precisamos parar de permitir que organizações como a NCAA perpetuem fraudes. Ela [Emma] ganhou isso. Competir nesse nível é muito difícil. E você não sai da cama e faz isso. Isso exige coragem. Isso exige determinação. Ela teve o tempo mais rápido de qualquer mulher no atletismo universitário — disse DeSantis.

 Competindo pela Universidade da Pensilvânia, Lia se tornou a primeira mulher trans a conquistar um título universitário nos Estados Unidos, vencendo a prova com a marca de 4min33s24. A nadadora já havia sido alvo de críticas em 2021, após quebrar uma série de recordes universitários, por exemplo, ao terminar uma prova 38 segundos à frente da segunda colocada.

A atleta, que é uma mulher transexual, nadou entre os homens por três anos, sob o nome de batismo Will Thomas, e trocou de categoria após um ano de hiato. A USA Swimming, órgão americano que regula o esporte, modificou recentemente as regras para a presença de pessoas transgêneros em suas competições.

[Saiba mais sobre 'homens' que treinam com outros homens,CLIQUE AQUI........ -  ....................fazem a transição e passam a competir com as mulheres que treinam com outras mulheres, OU AQUI.] 

No entanto, a entidade decidiu não implementar as regras já em 2022, considerando que “mudanças adicionais neste momento poderiam ter impactos injustos e potencialmente prejudiciais” para os atletas. Erica Sully, outra rival de Lia na prova da última semana, negou que tenha feito qualquer tipo de protesto no pódio.

Esportes - O Globo

 


domingo, 23 de janeiro de 2022

Dead man walking - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Há um ano na Casa Branca, Joe Biden já conseguiu transformar sua curta Presidência numa longa lista de escândalos, falhas e deslizes  

Joe Biden | Fotos: Montagem Revista Oeste
Joe Biden - Fotos: Montagem Revista Oeste
 
Em 20 de janeiro de 2021, o presidente norte-americano, Joe Biden, estava diante de um Capitólio vazio e sinistro, fazendo o juramento de posse em um momento em que o país enfrentava uma polarização política histórica. Naquele dia, ele prometeu provar que a própria democracia da nação ainda funcionava e que ele poderia restaurar a unidade de um país dividido. Biden declarou que os Estados Unidos poderiam ter fé em seu governo novamente, enquanto diminuiria a temperatura em uma “Washington inflamada” por seu antecessor, Donald Trump.

Há um ano na Casa Branca, ele já conseguiu tornar sua curta Presidência conhecida por uma longa lista de escândalos, falhas, deslizes e previsões tão óbvias que não é preciso ser um expert em história norte-americana ou política para ler o que 2021 seria se o democrata fosse eleito em 2020.

Confesso que está bem difícil restringir a lista a um ou dois principais fracassos neste primeiro aniversário da administração Biden, embora a catastrófica retirada do Afeganistão das tropas norte-americanas possa ser o deslize mais fatal. Mas, no topo da lista, também temos a inflação, com os piores índices dos últimos 40 anos, uma das razões que jogaram no chão os índices de aprovação de Biden nos últimos meses. Embora seus erros sejam muitos, não é difícil listar os que viraram um fantasma para sua administração, tornando-o um presidente já chamado de pato manco (lame duck), mesmo com três anos de Presidência pela frente.

Bem, não foi por falta de leitura nem de aviso. Tudo era óbvio e o mapa do desastre estava diante dos olhos. Quantos artigos você encontrou aqui em Oeste mostrando o caminho catastrófico que o fraco ex-vice de Obama seguiria nos braços de um Partido Democrata desvirtuado e que perdeu a identidade por completo, entregando-se à extrema esquerda norte-americana?

Logo em janeiro de 2021, assim que entrou no Salão Oval, Biden mostrou que as políticas que eram apenas “teorias conspiratórias” dos republicanos não eram tão irreais assim. Em seu primeiro dia no cargo, o presidente democrata assinou uma lista de ordens executivas de extrema esquerda, incluindo uma exigindo que as escolas ignorassem as diferenças biológicas entre alunos do sexo masculino e femininodos campos de atletismo e quadras esportivas aos banheiros e vestiários se quisessem continuar recebendo recursos federais.

Também nesta primeira semana como presidente da nação mais poderosa do planeta, Biden fez questão de apontar os planos do governo de restabelecer o financiamento federal para clínicas de aborto nos Estados Unidos e em todo o mundo, recurso cortado por Donald Trump; mostrou que reverteria as políticas de imigração que estabeleciam que qualquer pessoa com pedido de asilo deveria aguardar o julgamento em sua cidade de origem; e ajoelhou-se à turba ambientalista, que jamais apresentou relatórios pertinentes, cancelando o oleoduto de Keystone — e ceifando imediatamente mais de 11 mil empregos. Tudo isso você leu aqui em Oeste, assim como a chocante informação de que, nas primeiras 48 horas no cargo, o novo governo lançou 17 ordens executivas — mais do que o primeiro mês das Presidências de Donald Trump, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton combinadas.

Em fevereiro de 2021, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) sob Biden anunciou diretrizes rígidas de reabertura da sociedade. As ordens manteriam muitas escolas e universidades em todo o país fechadas. Segundo a administração que prometeu o impossível, acabar com o vírus, apenas algumas escolas em áreas com transmissão baixa do vírus poderiam reabrir para o aprendizado presencial, desde que o distanciamento físico e o uso de máscaras fossem aplicados. 

Qualquer taxa de transmissão além do que era designado como moderado pelo CDC (até hoje ninguém soube em quais estudos ou pesquisas o governo se embasou para tomar as medidas) estabeleceu áreas que deveriam obedecer às diretrizes de aprendizagem virtual ou frequência reduzida, limitando o número de crianças na sala de aula. Só o tempo nos dirá como essa geração, forçada a usar máscaras até hoje, foi afetada — mental e academicamente. Enquanto pais se esforçavam de maneira histórica entre empregos perdidos e filhos em casa, sindicatos de professores de extrema esquerda arquitetavam e trabalhavam para manter os alunos fora das escolas, demandando mais recursos financeiros para a categoria, em uma lista de exigências que nada tinha a ver com o ensino remoto ou a pandemia.

Após as perdas democratas na Virgínia e em Nova Jersey, James Carville disparou: “O que deu errado foi esse ‘wokeism’ estúpido

No fim de abril, Biden anunciou seu “Plano de Famílias Americanas”, uma lista de prioridades de gastos da extrema esquerda, muitas das quais se tornariam marcas registradas de sua agenda radical. As metas da farra de gastos proposta, de US$ 1,8 trilhão, incluíam estender a educação governamental para a pré-escola e dois anos de faculdade comunitária fornecidos pelo contribuinte. Foi nessa época que a Casa Branca de Biden começou a planejar, junto com algumas corporações, o desenvolvimento de um sistema de “passaporte vacinal”, para forçar os norte-americanos a mostrar o comprovante da vacina contra a covid para participar plenamente da sociedade.

Crise em família
Pouco tempo depois, mais uma “teoria conspiratória” dos republicanos e de articulistas da Revista Oeste se transformou em realidade. Recordemos que, ainda em 2020, o jornal The New York Post publicou informações contundentes recuperadas de um laptop que o filho do presidente norte-americano, Hunter Biden, supostamente havia deixado em uma loja para manutenção. Revelações sobre a caótica vida de Hunter surgiram, aumentando a coleção de comportamentos desagradáveis que poderiam complicar o caminho à Casa Branca do candidato Biden e, posteriormente, do próprio presidente. 
 
Além de fotos comprometedoras de Hunter, em orgias sexuais e consumindo drogas, novos e-mails do computador suspeito publicados pelo New York Post (jornal fundado por Alexander Hamilton) mostravam que Joe Biden havia se encontrado com parceiros de negócios da Ucrânia, da Rússia e do Cazaquistão em um jantar em Washington, DC, enquanto ele ainda era vice-presidente de Barack Obama, em abril de 2015. No laptop do filho de Biden, a seguinte mensagem foi encontrada: “Caro Hunter, obrigado por me convidar para DC (Washington) e prover a oportunidade de conhecer seu pai e passar algum tempo juntos”, escreveu o executivo Vadym Pozharskyi, da empresa de energia ucraniana Burisma, em que Hunter fazia parte do conselho sem ter a menor qualificação técnica para o cargo de diretor da empresa. Não custa recordar que a agenda das big techs, cada dia mais óbvia, derrubou o perfil do jornal pouco antes da eleição presidencial norte-americana e censurou todos os perfis nas redes sociais que tentaram publicar, comentar ou questionar a história.

Junho de 2021 chegou, e, em menos de seis meses no cargo, Biden entrava para os livros com uma crise histórica na fronteira sul. Em junho, as apreensões ultrapassaram 1 milhão de pessoas no ano fiscal de 2021. As travessias ilegais bateram os níveis mais altos desde 2006. Somente em maio, 170 mil pessoas foram capturadas, marcando uma alta de 20 anos. Foi em junho também que os norte-americanos viram o Estado fronteiriço do Texas declarar emergência pela crise na fronteira que Biden ajudou a causar ao reverter posições da era Trump, como a política de “Permanecer no México”. À medida que a crise avançava, a vice-presidente, Kamala Harris, elevada ao posto de encarregada da fronteira, não se deu ao trabalho de visitar a linha real EUA–México, retrucando: “Não estive na Europa” — quando os repórteres a pressionaram sobre o assunto e perguntaram se ela não iria ao local. Kamala finalmente cedeu e agendou uma viagem, mas só depois que o ex-presidente Donald Trump anunciou seus planos de ir à região.

Em julho, mês em que os norte-americanos orgulhosamente celebram o 4 de Julho, independência do país declarada sob os pilares da liberdade, o governo Biden gabou-se de conspirar com as big techs para suprimir as perspectivas com as quais o governo discorda. Em uma coletiva de imprensa, Jen Psaki, secretaria de imprensa da Casa Branca, elogiou a política do governo de trabalhar com as big techs em “sinalizar postagens problemáticas para o Facebook que espalham desinformação”. Psaki admitiu que não havia nada “fora da mesa” no esforço para manchar a dissidência como “desinformação” e removê-la das mídias sociais. Ainda no mês de julho, os números projetados para a vacinação na população norte-americana não chegaram perto dos esperados pelo governo, e questões como eficácia, efeitos colaterais e coação para a vacinação entraram de vez no radar dos norte-americanos. As respostas não chegavam, apenas ordens.

O fiasco no Afeganistão
E foi em agosto, então, que o mundo assistiu horrorizado à retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, com imagens de tumulto e violência. O governo tentou apresentar a ação como uma peça estratégica de sucesso, num esforço para retratar o encerramento “positivo e corajoso” da guerra mais longa do país. Mas a série de erros nesse evento foi politicamente prejudicial e devastadora. Seus números de pesquisa ainda não se recuperaram desde que norte-americanos, democratas e republicanos, assistiram atônitos às terríveis imagens vindas do Afeganistão. A retirada desorganizada também deixou 13 militares norte-americanos mortos e milhares de cidadãos norte-americanos e aliados afegãos presos sob o controle do Talibã.
 
A decisão, amplamente criticada no Congresso, mostrou uma série de erros inacreditáveis, como a decisão do governo de desocupar a Base Aérea de Bagram antes de evacuar os norte-americanos do país, até deixar armas e equipamentos parar nas mãos do Talibã. 
Biden ainda teve a falta de sensibilidade de ir à TV proclamar uma vitória que não aconteceu. 
Ainda em agosto, o governo realizou um ataque de drone contra agentes do Estado Islâmico e que matou pelo menos dez civis, entre eles sete crianças.

Os norte-americanos não esquecerão tão cedo as imagens angustiantes de pessoas desesperadas atropelando umas às outras na caótica corrida para o Aeroporto de Cabul, de gente agarrada ao trem de pouso de aeronaves norte-americanas e caindo indefesas do céu, ou de um helicóptero solitário saindo do telhado da embaixada norte-americana. Há sangue nas mãos de Biden, e aliados também não se esquecerão dessas cenas tão cedo.

A derrota na Virgínia
Já em setembro, as ações de Biden podem ter causado a perda nas importantes eleições para o governo da Virgínia. Em 29 de setembro, o Conselho Nacional das Associações Escolares (National School Boards Association) enviou uma carta à Casa Branca pedindo a Biden que usasse o FBI e outras autoridades federais para ameaçar pais que ousassem questionar os currículos escolares enfaticamente. Poucos dias depois, em resposta à carta, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, orientou o FBI e procuradores federais a investigar pais e abordar “um aumento perturbador de assédio, intimidação e ameaças de violência contra administradores escolares, membros do conselho, professores e funcionários”.

No entanto, investigações mostraram que o próprio secretário de Educação de Biden, Miguel Cardona, solicitou secretamente a carta ao Conselho Nacional das Associações Escolares (que emitiu um pedido de desculpas posteriormente), para, presumivelmente, usar como pretexto para o esforço do governo em atingir pais insatisfeitos com o fechamento de escolas públicas, mandatos de máscaras e o descontentamento com extremistas com currículos de ideologias de gênero e teoria crítica racial (CRT). A ira dos pais, que temeram que sua autoridade sobre as decisões que afetam seus filhos fosse corroída, tomou conta de muitos Estados. Numa eleição histórica e com a campanha feita na defesa dos pais e de suas opiniões e preocupações curriculares, três republicanos varreram as eleições estaduais no democrata Estado da Virgínia, que elegeu o governador, a vice e o procurador-geral do Estado do partido de oposição ao presidente.

O partido woke
Recentemente, o estrategista democrata de longa data James Carville criticou membros de seu próprio partido sobre a agenda estagnada de Joe Biden, mesmo com maioria em ambas as Casas legislativas. Durante meses, Carville vem alertando os democratas sobre as armadilhas de ser um partido woke (algo como “politicamente correto”), descrevendo-o como “um grande ‘problema’ do qual todos estão cientes”. Ele também advertiu que “as pessoas estão muito mais interessadas em suas vidas e em como melhorá-las do que no pronome de outra pessoa ou algo assim”. Após as perdas democratas na Virgínia e em Nova Jersey (outro Estado que vota com os democratas há anos) em novembro de 2021, bem como os ganhos do Partido Republicano em outros lugares, Carville disparou: “O que deu errado foi esse ‘wokeism’ estúpido. Vocês estão prejudicando o partido”.

Outra democrata, a ex-deputada Tulsi Gabbard, do Havaí, candidata presidencial nas primárias democratas, concordou, dizendo:Acho que o povo norte-americano, como vimos claramente na Virgínia, está dando um sinal claro de que rejeita esse tipo de divisão, a ‘racialização’ de tudo neste país, o fomento da raiva e do ódio, que, infelizmente, estou vendo vir de muitos dos meus colegas democratas. Os norte-americanos estão se levantando e dizendo: ‘Ei, queremos escolher um futuro otimista, um futuro esperançoso, um futuro em que possamos viver de acordo com o sonho de Martin Luther King sobre julgar uns aos outros pelo nosso caráter, não pela cor da nossa pele, respeitando uns aos outros como colegas norte-americanos, democratas e republicanos, realmente se unindo para trabalhar em direção a um objetivo comum’. Essa é a direção que precisamos seguir. E acho que a eleição do governador da Virgínia foi uma indicação de que os eleitores se posicionaram e deixaram suas vozes serem ouvidas através das urnas”.

Mas não pense que o que está ruim não pode piorar. Em meu artigo da semana passada, mostrei em detalhes o que aconteceu com a ordem vacinal tirânica da agência de Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA), braço que o governo usou para tentar emplacar uma ordem inconstitucional. Depois de emitir um comunicado à imprensa, em setembro de 2021, ameaçando um mandato de vacina para empresas privadas com 100 ou mais funcionários, a agência divulgou um boletim temporário de emergência, em 4 de novembro, que exigiria que as empresas cumprissem até 4 de janeiro a ordem ou incorreriam em multas de até US$ 14.000 por violação. Como sabemos, a Suprema Corte Americana derrubou essa ordem na última semana. Obviamente, o governo Biden sabia que a medida era flagrantemente inconstitucional o tempo todo — mas explorar os atrasos do sistema judicial permitiu que o governo intimidasse muitas empresas a cumprir a ordem de qualquer maneira, sem se importar com o fato de que o próprio governo Biden prometeu, durante a campanha, que jamais exigiria a vacina contra a covid.

Máquina de imprimir dólares
Dezembro de 2021 chegou e, junto com o último mês do ano, o clímax (até agora) da inflação e da crise da cadeia de suprimentos — duplamente causada pelos gastos radicais do governo, que mantém a impressora de dinheiro ligada 24 horas por dia, e pelos eternos lockdowns dos democratas. Com os norte-americanos enfrentando a escassez de produtos e os atrasos nas remessas durante as compras de Natal, o Departamento de Trabalho divulgou os números de novembro, revelando uma inflação de 6,8% ao ano, ou “o maior aumento de 12 meses desde o período de junho de 1982”. Os números da inflação de dezembro foram ainda maiores, chegando a 7%. O Federal Reserve reconheceu que sua leitura inicial de que a inflação seria transitória se mostrou excessivamente otimista. O Banco Central está a caminho de iniciar um ciclo de aumentos regulares das taxas de juros em sua reunião de março. 
 
O desafio para o Fed será fazer isso sem ser tão agressivo a ponto de causar uma recessão e alimentar o desemprego. Uma pesquisa do Wall Street Journal no mês passado mostrou que os eleitores estavam pessimistas em relação à economia e à condução do país nas mãos dos democratas. Resta saber se Biden vai lidar com as consequências políticas dos eleitores, que culpam o presidente e os democratas pelos preços mais altos antes das eleições de midterms, em novembro.

As gafes, os erros e os tropeços dessa administração já compõem uma vasta lista. Imaginei que, avaliando esse primeiro ano de Joe Biden na Casa Branca, meu artigo ficaria mais longo do que o normal, e nem entramos com detalhes na política internacional do democrata. Os EUA estão lidando com uma Rússia mais agressiva, que está concentrando tropas na fronteira com a Ucrânia, e ameaçou o presidente russo, Vladimir Putin, com extensas sanções se Moscou invadir a Ucrânia. As movimentações são tensas, e os que manipulam os tentáculos bélicos do partido do presidente já torcem por uma intervenção militar norte-americana. Com a China, após uma tensa reunião inicial no Alasca entre seus ministros das Relações Exteriores, os EUA procuraram encontrar áreas para trabalhar com o país, principalmente em mudanças climáticas, mas uma longa lista de diferenças permanece intocada, sobre direitos humanos, comércio e tecnologia. Os norte-americanos não mandarão oficiais para as Olimpíadas de Inverno, agora em fevereiro, em Pequim.

Não podemos deixar de mencionar os piores números dos últimos anos na segurança, principalmente nos crimes cometidos contra policiais
O ano de 2021 registrou o maior índice da história na violência contra forças policiais, e as grandes cidades sob administração democrata sofreram com um combo perigoso: a alta criminalidade aliada às históricas baixas policiais, com números cada vez maiores de renúncia de membros dessas forças. A conta da agenda “defund the police”, iniciada em 2020, chegou.

A cereja do bolo
Para finalizar, o desemprego continua elevado, mesmo com tantos postos de trabalho abertos em 2021; veículos da mídia associados ao Partido Democrata já questionam os muitos erros dessa administração em tão pouco tempo, enquanto republicanos exploram os baixíssimos números de aprovação da dupla Biden/Harris. Para a cereja de um bolo que derrete à luz do dia, em um discurso em 11 de janeiro deste ano, pedindo ao Senado dos EUA que abandone as regras de obstrução, para aprovar uma proposta de federalização radical e inconstitucional das leis eleitorais, o presidente Biden comparou os críticos de sua agenda — que incluem o senador democrata Joe Manchin, de West Virginia, e Kyrsten Sinema, do Arizona — ao ex-governador do Alabama George Wallace e ao líder confederado Jefferson Davis, nomes de segregacionistas da era da Guerra Civil Americana. “Como você quer ser lembrado em momentos importantes da história? Você quer estar ao lado do Dr. King (Martin Luther King) ou de George Wallace? Você quer estar ao lado de Abraham Lincoln ou Jefferson Davis?”, disparou Biden, aos senadores democratas que, diante de uma agenda radical de transformação dos pilares norte-americanos e do absoluto desrespeito à Constituição Americana, se recusaram a votar com o presidente. Uma das medidas no projeto democrata de federalização das eleições nos EUA, ignorando a autonomia dos Estados, é que não seja obrigatória a apresentação de um documento de identidade na hora da votação.

Nesta semana, aqui nos Estados Unidos, é celebrado o feriado que homenageia exatamente Martin Luther King Jr., ícone dos direitos civis e da liberdade. Em umas de suas muitas frases célebres, proclama: “A verdadeira medida de um homem não é vista na forma como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio”.

Administrações ruins passam, embora suas consequências possam perdurar por anos. Mas, pelo menos, enquanto o espírito de MLK estiver em homens e mulheres, como os senadores democratas Manchin e Sinema, que não se aqueceram no aplauso fácil, a liberdade e o respeito às leis sempre antes de tudo respirarão em algum canto do mundo.

Leia também “O preço do radicalismo”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 17 de setembro de 2019

MILÍCIAS VIRTUAIS - A política da intimidação - Bernardo Mello Franco

O Globo

[antes do atentado contra a inocência das nossas crianças, poucas pessoas conheciam ou tinham ouvido falar do youtuber  objeto da presente matéria. 

Ter muitos acessos no canal, não significa ser conhecido. Com o atentado se tornou comentado e nada melhor para manter os holofotes do que se declarar ameaçado - com isso consegue chamar atenção para a sua plataforma e também para sua própria pessoa.]

(...) 
Ontem ele cancelou a palestra por razões de segurança. Em comunicado, relatou “ameaças que atentam contra a sua vida e de sua família”.

(... )

Nos últimos tempos, ele reduziu o besteirol em favor das mensagens educativas. Também conquistou desafetos ao se insurgir contra os discursos de ódio e a homofobia. Há dez dias, o youtuber peitou o prefeito Marcelo Crivella, que tentava ressuscitar a censura na Bienal do Livro. Em reação ao ['bispo'] , comprou e distribuiu gratuitamente 14 mil volumes com temática LGBT. Marquetagem à parte, a ação enfureceu as milícias virtuais. Felipe virou alvo de uma campanha difamatória, impulsionada por robôs e liderada por blogueiros governistas e deputados do PSL. “É estarrecedor que no Brasil, em 2019, um indivíduo seja impossibilitado de se manifestar e lutar contra qualquer tipo de censura e opressão sem ser ameaçado”, ele escreveu ontem. Não se trata de um caso isolado. A mesma fórmula tem sido usada para silenciar pesquisadores, jornalistas, políticos e artistas que ousam contestar o poder.

Todo governo lida mal com críticas. Os últimos três presidentes também viveram às turras com a imprensa. No entanto, nenhum deles mostrou tanto empenho quanto o atual para sufocar o contraditório e calar as vozes divergentes. Há método por trás da política da intimidação. Em vídeo divulgado no domingo, o ideólogo Olavo de Carvalho incitou governo e militância bolsonarista a se unirem contra quem ele vê como inimigos.  “É contra essa gente que o presidente tem que se voltar. Não na base do xingamento, que não adianta nada. Tem que agir contra essas pessoas. Mas ele só pode fazer isso se tiver apoio de uma militância organizada”, receitou o autoproclamado filósofo.

Só faltou explicar o que ele entende por “agir”. [fácil de entender e sem maiores explicações.

O 'agir' contra os que compõem o que o guru de Virginia chama, acertadamente, de essa gente, tem que ser rigorosamente dentro da lei.
Tarefa que não será dificil, já que a maior dessa gente, age à margem da lei na defesa dos seus interesses quase sempre escusos.]

Bernardo Mello Franco - Publicado em O Globo

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O que aconteceu com culpados depois de grandes atentados?




Todo atentado contra figuras políticas é uma falha de segurança e os serviços de proteção tiram lições importantes; culpar a vítima não é uma delas


O homem que não matou Ronald Reagan por uma distância de apenas dois centímetros entre a bala alojada no pulmão e o coração -, está livre e solto, morando no casarão da mãe.

O que explodiu uma bomba no quarto de hotel um andar acima de onde estava Margaret Thatcher, em 12 de outubro de 1984, matando cinco pessoas, saiu da cadeia com o acordo de pacificação da Irlanda do Norte e vive sem grandes preocupações.
(A primeira-ministra, claro, escapou, mandou todos os que podiam andar comprar ternos novos para prosseguir com a convenção do Partido Conservador e escreveu um bilhete pessoalmente para cancelar o cabeleireiro naquele dia, mas agradecendo pelo penteado que aguentou tão bem os infaustos acontecimentos. Não é qualquer uma que pode ser chamada de Dama de Ferro).

Yigal Amir, o assassino de Yitzhak Rabin, continua preso, mas conseguiu romper o isolamento total em que passou quinze anos. Casou-se na prisão com uma escritora russa emigrada para Israel, seguidora da corrente ortodoxa do judaísmo.
Ela largou o marido, com quem tinha quatro filhos, para ficar com o assassino que continua a ser idolatrado por uma minoria de religiosos ultrarradicais para quem Rabin estava traindo Israel. Conseguiu direito a visitas conjugais e, em 2007, teve um filho com Amir.
Todos estes atentados foram produto de “falhas colossais” de segurança, como foi determinado no caso de Reagan.

Aconteceram nos países com os melhores serviços de proteção do planeta, cada qual no seu estilo. Inevitavelmente, provocaram inquéritos rigorosos e mudanças nos métodos usados.  Sem contar a enorme frustração entre os responsáveis pelos esquemas furados – além de choro, sentimentos de culpa e pedidos de demissão.

No caso do diretor do Shin Bet, o serviço de inteligência interna que faz a segurança dos líderes israleneses, o pedido foi aceito um ano depois, para não passar recibo.  Em nenhum desses casos as vítimas foram responsabilizadas. Os diferentes destinos dos criminosos que os praticaram mostram o funcionamento do estado de direito de acordo com a tradição de cada país e as condições específicas de cada caso.

MALUCO RACIONAL
O de John Hinckley, por exemplo, continua a provocar uma discussão eterna: por que a justiça aceita a alegação de insanidade em relação a criminosos que “não rasgam dinheiro”. Ou seja, operam com racionalidade na execução de suas tramas perversas, sem sinais do comportamento claramente desequilibrado dos doentes mentais.

De boné, agasalho esportivo e um sorriso difícil de esconder, John Hinckley já superou esta fase do debate. Anda tranquilo pelas ruas arborizadas de Williamsburg, na Virginia, pertinho de Washington.
O presidente Ronald Reagan, que ele mirou com um quase ridículo revólver calibre .22 , uma arma tosca do tipo “saturday night special”, deixou o mundo depois de um longo inverno de senilidade, em 2004, e de uma presidência bem sucedida e popular.
James Brady, o secretário de Imprensa que foi o mais gravemente ferido das quatro vítimas atingidas pelas seis balas disparadas por Hinckley no dia 30 de março de 1981, morreu depois de 30 anos em cadeira de rodas, com grave comprometimento das funções cerebrais.
Sua morte foi considerada um homicídio, devido às sequelas do tiro na cabeça.
A decisão teve efeito zero sobre Hinckley, considerado inimputável por transtorno de personalidade esquizóide e depressão. Internado em hospital psiquiátrico, em 2016 finalmente conseguiu que um juiz endossasse uma avaliação psiquiátrica favorável.
Como a maioria dos americanos na sua faixa etária – 63 anos -, está acima do peso. Trabalha com venda de livros pela Amazon.

Não tem problema de dinheiro. Os pais eram ricos e se mudaram para ficar perto dele durante a internação. A mãe ainda está viva e cuida da casa grande, ao estilo americano.
Em várias tentativas anteriores de conseguir a liberação, Hinckley se deu mal. Em seu quarto sempre eram encontrados materiais referentes a Jodie Foster. A obsessão doentia pela atriz, que era uma adolescente na época, foi a causa que moveu a mão do assassino.
A tara nasceu com o filme Taxi Driver, em que Jodie é uma prostituta infantil protegida pelo motorista de táxi antologicamente interpretado por Robert De Niro, que tenta matar um senador que se candidata a presidente.
“Existe a possibilidade de que seu seja morto na minha tentativa de pegar Reagan”, escreveu ele à atriz pouco antes de sair para ficar à espreita na calçada do Hilton de Washington. “Jodie, eu abandonaria essa ideia de pegar Reagan num segundo se pudesse conquistar seu coração e viver o resto da vida com você”.
As tentativas anteriores de entrar em contato com Jodie tinham sido repassadas à direção de Yale, onde ela cursava literatura. Hinckley, obviamente, ignorava que Jodie nem gostava de homem, muito menos de um maníaco desconhecido. Enviadas às autoridades devidas, as cartas chegaram ao Serviço Secreto, que falhou miseravelmente em investigar melhor. O legendário serviço de proteção aos presidentes americanos também deixou buracos absurdos no dia do atentado.

CÍRCULOS FURADOS
O trajeto de apenas nove metros entre a limusine presidencial, afetuosamente conhecida como A Fera, e a entrada lateral do Hilton, um corredor feito para proteger presidentes, foi liberado para pessoas do público que não passaram pela checagem de segurança.
Hinckley furou dois dos três círculos concêntricos que formam o esquema clássico de proteção e praticamente atirou a queima-roupa.

Nem Reagan nem os guarda-costas usavam coletes a prova de balas, um equipamento pesado e inevitavelmente desconfortável. O dos guarda-costas nem sequer segura uma bala: é feito apenas para que não sejam traspassados por tiros que atinjam o presidente.
O corpo usado como armadura, estendido com os braços abertos para aumentar a cobertura, foi exatamente o que fez o agente Tim McCarthy, que levou um tiro no abdômen ao se colocar na frente de Reagan quando Hinckley começou a atirar – ao todo, ao longo da história, só quatro membros do Serviço Secreto americano fizeram isso.

Jerry Parr já havia empurrado Reagan para a limusine com blindagem de quase dois palmos. Calmamente, os agentes discutiram o percurso a ser seguido. Jogado sobre o presidente, Parr começou a checar seu corpo com as mãos.
Não encontrava nenhum sinal de ferimento. Quando Reagan começou a jorrar sangue pela boca, mandou o motorista mudar o trajeto e seguir para o hospital mais próximo da Casa Branca. Ainda não sabia que uma bala ricocheteada na blindagem da limusine havia entrado pela axila do presidente, chegando ao pulmão. “Espero que sejam todos republicanos aqui”, brincou Reagan com a equipe de traumatologia do hospital da Universidade George Washington. “Hoje somos todos republicanos, presidente”, respondeu o chefe da equipe, Joseph Giordano, filiado ao Partido Democrata.

Reagan estava em choque, com pressão a 60 e sofreu perda de quase 50% do volume total de sangue. A bala no pulmão, com a consequente inundação do tórax pela hemorragia, só foi localizada depois de uma extensa incisão no peito. A operação durou 105 minutos.  Outra semelhança com o caso de Jair Bolsonaro: Reagan foi salvo pela proximidade do hospital e a destreza dos médicos – e claro, os tais dois centímetros que faltaram para a bala atingir o coração.

Em 1881, quando o presidente James Garfield levou dois tiros, um no braço e outro nas costas, disparados por um advogado inconformado por não conseguir um emprego no governo, o tratamento médico que recebeu foi simplesmente pavoroso.  Indiferente ao que a medicina já sabia sobre assepsia, o médico Willard Bliss passou a escavar regularmente o buraco nas costas, com as mãos nuas, tentando localizar a bala alojada no abdômen.
Antes de morrer por infecção generalizada, Garfield ficou com o corpo inchado por pus, com o abscesso cada vez pior e a escavação cada vez mais profunda. Apodrecia, literalmente. Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, tentou localizar a bala com uma espécie de detector. A tortura durou dois meses. Quando morreu, o presidente pesava 59 quilos.
A defesa do assassino tentou, alegar insanidade pela primeira vez num caso de enorme repercussão. Charles Guiteau, o assassino, colaborou com um comportamento bizarro e declarações do tipo “os médicos mataram Garfiled, eu só dei o tiro”. Não colou. Foi enforcado em 1882, um ano depois do atentado.

‘CRIME É CRIME”
Patrick Magee, o militante do Exército Republicano Irlandês que instalou uma bomba no banheiro do quarto de hotel um andar acima de onde Margaret Thatcher estava hospedada para a convenção conservadora, cumpriu 15 anos de cadeia.
Foi beneficiado pelo acordo que encerrou o longo conflito entre a minoria católica da província da Irlanda do Norte e a maioria protestante, com intervenção do exército britânico, repressão violenta, atentados terroristas, execuções, prisões em massa e outras barbaridades cometidas pelos dois lados que ficaram conhecidas, eufemisticamente, como Trouxestes, os “problemas”.

Com o nome falso de Roy Walsh, ele se hospedou um mês antes no hotel de Brighton onde haveria a convenção. No banheiro do quarto 629, escondeu a bomba que seria detonada à distância, na madrugada de 12 de outubro de 1984, para matar o maior número possível de pessoas. Era uma vingança pela morte em greve de fome de dez presos do IRA que exigiam ser reconhecidos como presos políticos, mas foram recebidos com a resposta inflexível dela: “Crime é crime, não é política.”

E, principalmente, Margaret Thatcher. Três andares do hotel desabaram, mas ela escapou por segundos: tinha acabado de sair do banheiro que virou uma panqueca com a explosão exatamente acima dele. Fez um discurso histórico no mesmo dia.  O IRA lamentou não ter acertado a primeiro-ministra e prometeu fazer melhor da próxima vez.  O “Acordo da Sexta-Feira Santa”, em 1990, tirou Magee da cadeia, onde cumpria oito penas sucessivas de prisão perpétua.

Apesar do acordo, atualmente, ainda estão sendo investigados oficiais britânicos que participaram de atos de repressão com mortes durante a década de setenta. Todos têm idade avançada. A ideia, evidentemente abominada pelos militares, é esclarecer casos históricos.  Quando Reuven Rivlin, o presidente de Israel, foi inquirido sobre a possibilidade de indultar Yiigal Amir, o homem que acertou dois tiros em Yitzhak Rabin na saída para um estacionamento da prefeitura de Telavive, deu uma resposta contundente.
“Enquanto eu for o presidente do estado de Israel, o assassino do primeiro-ministro não será libertado.”
Hagai Amir, irmão e, segundo muitos acreditam, cúmplice, respondeu pelo Face: “Somente Deus pode decidir sobre isso. Assim como Deus decidiu pela morte de Rabin.”
Os lugares mudam, as pessoas – e as desculpas – são as mesmas.