Dólar
volta a subir e atinge R$ 4,14, apesar de intervenção do BC
Moeda
sobe após atingir maior cotação desde a criação do real, com crise política e
risco de novo rebaixamento da nota de crédito
Depois de deixar o dólar inaugurar o patamar de R$
4 e fechar no preço mais alto do Plano Real, o Banco Central resolveu adotar uma ação mais
contundente. Mas foi insuficiente para
impedir a quinta valorização consecutiva, renovando o maior nível desde a criação do
Plano Real, em 1994. A moeda norte-americana terminou o dia em alta
de 2,28%, a R$
4,146 na venda.
O dólar até abriu a sessão em queda e
recuou até a mínima de R$ 4,015 (-0,86%),
na esteira da votação, entre ontem e hoje, dos vetos da presidente Dilma
Rousseff a medidas que poderiam criar um gasto extra de R$ 127,9 bilhões aos cofres públicos até 2019. Os parlamentares
mantiveram 26 dos 32 vetos e os oito
restantes, entre eles o que impede o aumento de até 78% dos salários do
Judiciário, ainda serão apreciados. É aí que começou a desconfiança: há ainda temor de que a conta chegue, caso o governo não
reúna votos necessários para manter mais esses vetos.
Somado a esse temor, há ainda a preocupação com a perda
de rating por mais uma agência, na esteira da Standard & Poor's (S&P). Vale destacar que uma equipe da Fitch está no Brasil, mas há esperança
de que o corte dessa agência, quando vier, seja de apenas um degrau, mantendo o
investment grade do País. Na hora do
almoço, o Banco Central chamou dois
leilões de linha e ainda um novo de swap para amanhã. Terminados os dois
leilões, convocou outros dois leilões de linha para ainda hoje, mas nem isso
impediu a moeda de subir.
A trajetória altista do dólar foi um dos principais
componentes para a elevação das taxas de juros futuras para perto das máximas,
evolução que também ocorreu em meio à percepção de que o quadro doméstico está
bastante deteriorado. Assim como ocorreu no câmbio, nos juros o Tesouro
Nacional também anunciou, para amanhã, operações extraordinárias de venda e
compra de NTN-F para tentar atenuar a pressão nas taxas, mas a notícia teve
impacto pontual de contenção sobre as taxas.
Em meio à trajetória altista da moeda
norte-americana e com os investidores em juros preocupados com a evolução do ajuste
fiscal, depois que vetos a medidas importantes de aumento de gastos
não foram apreciados no Congresso, o Tesouro divulgou comunicado que fará um
leilão extraordinário amanhã. Trata-se de compra e venda de NTN-F, em
substituição ao leilão de venda tradicional de LTN previsto para o dia 24 de
setembro. Segundo a portaria, serão leilões simultâneos, sendo a oferta de
compra de até 1 milhão de papéis para seis vencimentos e a de venda, de até
150, também para seis vencimentos. Dos vetos ainda a
serem apreciados, o do reajuste do
Judiciário pode criar uma fatura de R$ 36,2 bilhões até 2019. A
sessão foi interrompida por falta de quórum e não há prazo previsto para
apreciação.
A Bovespa, que passou a tarde sem
muita oscilação, estressou há instantes e batia a mínima, em queda de 1,87%, aos 45.397 pontos. As siderúrgicas,
com enfoque para o tombo de 18,75% de CSN e de 13,55% de Usiminas, são destaque de perdas hoje.
Fonte: Isto É – On Line