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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Paulo Guedes demite Marcos Cintra da Receita por divergências com nova CPMF - Folha de S. Paulo

Divulgação antecipada de estudos da reforma tributária deflagrou crise 

[nova CPMF demite o primeiro - se necessário, novas demissões ocorrerão.

A demissão de agora tem um bônus: ajuda a enquadrar a Receita e deixa o Guedes em alerta sobre vacilou, dança.

 

Conforme informou o presidente Bolsonaro,  Marcos Cintra foi demitido 'a pedido'.

PARABÉNS presidente, o Brasil das PESSOAS DE BEM que votaram no senhor, continua do seu lado, mas, lembra que recriar a CPMF - sob qualquer nome - é estelionato eleitoral.]

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Ele ocupava o cargo desde o início do governo de Jair Bolsonaro.
O motivo da queda foi a divulgação antecipada de estudos para uma reforma tributária, incluindo a cobrança de uma taxação nos moldes da antiga CPMF.
A decisão de Guedes foi noticiada pelo site O Antagonista e confirmada à Folha por auxiliares do ministro. O auditor fiscal José de Assis Ferraz Neto irá assumir o cargo interinamente.

Como a Folha informou nesta terça-feira (10), o governo planeja em sua proposta de reforma tributária que saques e depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. A cobrança integra a ideia do imposto sobre pagamentos, que vem sendo comparado à antiga CPMF.  Já para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é de 0,2% (para cada lado da operação, pagador e recebedor). A permanência de Cintra no cargo também ficou ameaçada depois de seguidos choques e de tentativas de interferência do governo Jair Bolsonaro sobre a atuação da Receita. A cúpula do órgão resistiu a trocar servidores por determinação do presidente e ficou enfraquecida com a suspeita de que servidores acessaram irregularmente dados fiscais de autoridades.

A informação foi dada por Marcelo de Sousa Silva, secretário especial adjunto da Receita Federal, que  defendeu a contribuição no Fórum Nacional Tributário (promovido pelo sindicato dos auditores fiscais, em Brasília), ao ressaltar que o instrumento substituiria tanto a tributação sobre a folha como o IOF.  Em nota, porém, o Ministério da Economia informou que Cintra pediu exoneração e afirmou ​que não há um projeto finalizado pelo Ministério da Economia.
"A equipe econômica trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento", diz o ministério.

De acordo com o ministério, a proposta de reforma tributária somente será divulgada depois do aval de Guedes e do presidente Bolsonaro.  "O ministro Paulo Guedes agradece ao secretário Marcos Cintra pelos serviços prestados."
Bolsonaro já havia afirmado neste mês à Folha que a recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF deve ser condicionada a uma compensação para a população. "Já falei para o Guedes: para ter nova CPMF, tem de ter uma compensação para as pessoas. Se não, ele vai tomar porrada até de mim", disse o presidente.

Apesar de o governo rechaçar a semelhança com a antiga CPMF, o próprio secretário especial adjunto da Receita acabou fazendo a comparação entre os tributos ao mostrar, durante o fórum sobre tributação, um gráfico com o histórico relativamente estável das alíquotas de CPMF ao longo dos anos em que vigorou, o que  representaria uma previsibilidade para a contribuição.  Cintra é um histórico defensor de um imposto único, na forma de um tributo sobre movimentações financeiras. A medida, porém, enfrenta resistência dentro do próprio governo e entre especialistas. Estudos mostram que esse tipo de tributo reduz o crescimento e perde a eficácia com o tempo.


Avanço difícil no Congresso 

Nesta quarta-feira (11), presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que vê dificuldades para o avanço de uma proposta de imposto nos moldes da antiga CPMF na Câmara.
"Acho muito difícil superar", afirmou após reunião com parlamentares sobre a reforma tributária. "De fato as reações hoje foram muito contundentes da dificuldade da CPMF na Câmara."  Maia afirmou também que o governo deve encaminhar sua proposta de reforma nos próximos dias e que não há problemas de Senado e Câmara trabalharem em propostas paralelas.


Interferências

Sob Cintra, a administração da Receita enfrentou pressões do governo Bolsonaro. A gestão do chefe do órgão passou a ser questionada depois que o próprio presidente reclamou de uma suposta atuação política de auditores, como noticiou o Painel, em agosto.
A Receita resistiu a tentativas de troca em postos de comando. Bolsonaro fez pressão por mudanças em cargos no Rio e chegou a dizer que poderia tirar indivíduos que se julgavam "donos do pedaço".  O delegado da alfândega do Porto de Itaguaí (RJ) disse a colegas que havia "forças externas que não coadunam com os objetivos de fiscalização". No dia 19 de agosto, o governo demitiu o número 2 da Receita, João Paulo Ramos Fachada, que se demonstrava contrário às interferências do governo.

O presidente também vinha contestando ações da Receita e de outros órgãos de controle, acusando-os de perseguição a seus parentes, que, segundo ele, sofreram uma "devassa". Outro episódio de tensão foi o cerco a servidores que haviam acessado dados fiscais sigilosos em investigações sobre autoridades, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que a Receita enviasse informações sobre esses acessos, mas o órgão não atendeu a todos os pedidos. O caso provocou irritação no Palácio do Planalto, que cobrou  explicações.

Bruno Boghossian  e Bernardo Caram - Folha de S. Paulo

domingo, 24 de março de 2019

Chefe do Fisco critica Maia e incita sociedade a pressionar parlamentares



O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, entrou na briga que eletrifica as relações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com o governo. Ele não gostou da declaração de Maia segundo a qual a gestão de Jair Bolsonaro é "um deserto de ideias". Cintra retrucou no Twitter: "…Não aceito esta imputação. O Ministério da Economia, sob Paulo Guedes, tem sido um turbilhão renovador no país. Que me desculpe o amigo Rodrigo Maia, mas ficar calado significa aceitar esta injusta afirmação."



O deputado Rodrigo Maia afirma que o governo é um “deserto de ideias”. Não aceito esta imputação. O Ministério da Economia sob Paulo Guedes tem sido um turbilhão renovador no país.
Que me desculpe o amigo Rodrigo Maia, mas ficar calado significa aceitar esta injusta afirmação.


Na contramão de Paulo Guedes, que tenta borrifar água fria na fervura política que ameaça a reforma previdenciária, Cintra jogou lenha no fogo, instilando o eleitorado a pressionar os congressistas. O comandante do Fisco anotou: "Já que os deputados acham que seus pedidos não estão sendo atendidos e não se mostram dispostos a apoiar a nova previdência, que a sociedade se articule para cobrar de seus representantes as razões que justificam eles sacrificarem o país e fazerem o povo pagar a conta." 

Curiosamente, na mesma entrevista em que tratou o governo como um saara intelectual, Rodrigo Maia abriu uma exceção. Referiu-se à pasta da Economia como um oásis. "As pessoas precisam da reforma da Previdência e, também, que o governo volte a funcionar", disse o deputado. "Nós temos uma ilha de governo com o Paulo Guedes. Tirando ali, você tem pouca coisa." Alheio à ressalva de Maia, Cintra realçou em outro post as consequências deletérias que o ringue instalado nas redes sociais exerce sobre o mercado: "A brutal queda na Bolsa ontem de quase 6% mostra que a economia e o povo não suportarão o fracasso nas reformas estruturais como a previdenciária e tributária. Os políticos patriotas devem se unir, superar brigas pessoais e trabalhar pelo Brasil. O povo não vai tolerar fracassos."

Outro auxiliar de Paulo Guedes, o secretário especial de Previdência Rogério Marinho, também se manifestou no Twitter. Sem mencionar Maia, escreveu: "A nova previdência não é pauta apenas do governo, é pauta do país e como tal precisa ser encarada. O Parlamento brasileiro mais uma vez fará sua parte para retomarmos o crescimento e devolvermos o Brasil para os seu legítimo dono: o povo."