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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ativismo LGBT chega aos grupos de escoteiros e propõe ações até para “lobinhos” - Gazeta do Povo

Jocelaine Santos

Militância identitária

Pais criticam ativismo LGBT em atividades de grupos de escoteiros

Uma cartilha sobre visibilidade lésbica não é um material que comumente seria associado ao movimento escoteiro, conhecido mundialmente por incentivar a prática de boas ações, usar uniformes e fazer atividades ao ar livre. Mas no Brasil esse tipo de material tem se tornado mais comum. Pais e associados da União dos Escoteiros do Brasil, maior organização de apoio à prática do escotismo no país, reclamam que a entidade tem adotado uma pauta de militância identitária alheia aos ensinamentos tradicionais do escotismo. Para esses pais, a entidade estaria se desvirtuando nos últimos tempos, e sofrendo influências políticas e partidárias para inclusão de temáticas como a identidade de gênero.

Nas redes sociais, é possível encontrar mostras do engajamento do movimento com questões relacionadas a gênero e feminismo. A página do Facebook “Mundo Melhor - Escoteiros do Brasil”, por exemplo, fez uma série de postagens alusivas ao mês do orgulho LGBT, lembrado em junho. Apenas em 2021, até agora, foram 18 postagens relacionados ao tema, número maior do que qualquer outro assunto. Há explicações sobre o significado da bandeira LGBT, lista de pessoas famosas com essa orientação sexual, símbolos de gênero, bandeira do orgulho transgênero, visibilidade lésbica, entre outros.

Para alguns pais de membros do movimento escoteiro, a insistência nessa temática tem causado desconforto. Uma mãe - que não quis ser identificada - mostra receio em manter sua filha no escotismo. Minha filha tem 13 anos. Estou muito preocupada. Se o escotismo não seguir nossa ética e proporcionar um ambiente diferente do que estamos vendo em vários outros lugares, vamos buscar outra atividade para ela”, afirmou à reportagem.

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“Inclusão” nos escoteiros

A União dos Escoteiros do Brasil (UEB) admite que a temática LGBT faz parte dos temas estimulados pelo grupo. Por meio da assessoria de imprensa, a UEB explicou que em 2016, quando entrou em vigor o Planejamento Estratégico dos Escoteiros do Brasil 2016-2021, a diversidade e a inclusão passaram a ser valores institucionais, bem como um objetivo estratégico do movimento.

Em 2019, a Organização Mundial do Movimento Escoteiro lançou as Diretrizes para Diversidades e Inclusão. No documento, a entidade afirma que todas as associações escoteiras nacionais devem trabalhar no sentido de "garantir que o escotismo seja verdadeiramente aberto e acessível a todos, refletindo melhor a composição de nossas comunidades e das diferentes sociedades nos países onde existimos". Nesse mesmo ano, os Escoteiros do Brasil se tornaram signatários do programa HeforShe da ONU, voltado à igualdade de gênero.

“É possível afirmar que os Escoteiros do Brasil, enquanto instituição educacional, são plurais e acompanham há mais de 10 anos a construção acerca do tema diversidades e inclusão no Movimento Escoteiro. Por definição, entende-se que para construir um mundo melhor, é necessário trabalhar esses assuntos de forma saudável e educativa”,
ressaltou a UEB. A entidade disse ainda que busca demonstrar, por meio de ações e projetos, a importância do respeito mútuo, independente de credo, classe, cor, orientação sexual, gênero e cultura.

Há, inclusive, uma espécie de manual explicando como os materiais sobre diversidade e educação sexual devem ser trabalhados nos grupos de escoteiros. Por meio de perguntas e respostas, o material traz justificativas sobre a inclusão da temática LGBT no movimento e também como lidar na prática com a questão. O material orienta, por exemplo, que jovens homossexuais devem continuar a dividir barracas com colegas do mesmo sexo, já os transexuais passam a dormir junto com colegas do sexo com o qual "se identificam".

Dessa forma, ao exemplificar o caso hipotético de um jovem biologicamente do sexo masculino que agora se apresenta como uma adolescente transexual, o manual diz: "a regra 142 do POR [Princípios, Organização e Regras] afirma que a divisão de barracas de membros juvenis se dá de acordo com o sexo e a jovem não é mais um menino".

Também há orientações sobre como ligar com bullying contra membros LGBTs dentro dos grupos, qual pronome e nome usar ao se referir a transexuais, entre outros temas. Imagens de uma publicação que orienta como usar os materiais sobre diversidade e educação sexual disponibilizados pelos grupos escoteiros. Imagens de uma publicação que orienta como usar os materiais sobre diversidade e educação sexual disponibilizados pelos grupos escoteiros.

Cartilha e ações para "lobinhos"
Um dos materiais feitos e distribuídos sobre essa temática foi idealizado por um grupo de escoteiros do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma cartilha com 19 páginas chamada “Visibilidade Lésbica – Essa luta é de todos nós” e que traz em suas primeiras páginas a explicação de que foi elaborada por várias “mãos”, “todos(as) unidos(as) e engajados(as) pela pauta feminista e LGBT+”. O material apresenta ainda o histórico sobre a visibilidade lésbica, relatos de ativistas e mulheres lésbicas, além de atividades para serem feitas em grupo.

Uma delas é um jogo online, de perguntas e respostas, que deve ser respondido de acordo com a cartilha. O participante é perguntado, por exemplo, se afirmações como “Lésbica é uma mulher que odeia ou se desiludiu com homens” ou "Lésbicas não podem ter filhos" são verdadeiras ou falsas. Outra atividade sugere que os escoteiros assistam ao vídeo “Como é ser lésbica?”, disponível no YouTube, e façam um debate a respeito. Depois, os jovens devem pensar em algum projeto para ser feito em suas comunidades a respeito da visibilidade lésbica.

Para os “lobinhos”, ramo dos escoteiros que engloba crianças entre 6 anos e meio e 10 anos, a atividade proposta é um “caça-palavras”, onde os pequenos devem buscar termos que formam a frase “Consideramos justa toda forma de amor” e/ou “Espalhe o vírus do amor até ele curar o preconceito”. As crianças também são orientadas a fazer desenhos sobre o significado de cada frase. Ao final da atividade, o adulto que monitora a ação é convidado a reforçar a mensagem de que todas as formas de amor são válidas e dignas de respeito. Para isso, são sugeridas perguntas que devem ser feitas para guiar a reflexão das crianças, como “o que você acha que é uma família?”, “vocês já viram uma família com duas mães?” ou “quem você acha de pode demonstrar amor?”.

De acordo com a UEB, a cartilha foi uma iniciativa da equipe regional de Diversidades do RS com o objetivo de “embasar o debate para aqueles jovens e adultos que buscaram aprofundar sobre o tema”. A entidade lembra que a aplicação e uso da cartilha não é obrigatória e que as atividades de reflexão nela propostas são realizadas de acordo com a faixa etária de cada jovem.

O entendimento da UEB é de que ações como essa não seriam nenhum tipo de ativismo, uma vez que há materiais e propostas de atividades sobre diversas temáticas, como religião, saúde, vida em sociedade, história e meio ambiente. “Nosso movimento contempla diversos públicos, não obstante a diversidade existente no Movimento Escoteiro, há algo mais forte que nos une: nossos valores e nossa promessa de cumprir nossos deveres perante Deus, a Pátria e ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”, diz a UEB.

Deus e outros princípios dos escoteiros

Outra polêmica envolve mudanças em relação aos princípios do movimento escoteiro. O primeiro princípio era “Deveres para com Deus” (adesão a princípios espirituais e vivência ou busca da religião que os expresse, respeitando as demais) e agora passou a ser definido como “Compromisso com o aprimoramento da sua espiritualidade, seja ela inspirada em Deus ou em outras convicções”. A alteração foi decidida em uma assembleia online realizada em setembro e que é questionada por alguns membros.

Por definição, os princípios expressam os valores do movimento escoteiro e são fundamentais para direcionar ações do grupo. Eles são um marco de referência ética que representa o ideal escoteiro e orienta a conduta de seus membros. Também houve mudança em relação ao segundo princípio. Antes era descrito como “Deveres para com o próximo” (lealdade ao nosso País, em harmonia com a promoção da paz, compreensão e cooperação local, nacional e internacional, exercitadas pela Fraternidade Escoteira. Participação no desenvolvimento da sociedade com reconhecimento e respeito à dignidade do ser humano e ao equilíbrio do meio ambiente) e agora foi reduzido a “Compromisso de cooperação com os outros e de respeito com a natureza, para a construção de um mundo melhor”. Ou seja, houve a exclusão das referências às virtudes e aos valores cívicos.

De acordo com um participante da assembleia, o processo não foi transparente. Segundo ele, o movimento discutiu uma determinada proposta de mudança durante dois anos. Na votação em assembleia, essa proposta acabou rejeitada, mas outra foi apresentada na última hora e acabou aprovada - sem ter sido discutida anteriormente.

A UEB nega as acusações e diz que decisão foi legal e democrática, pois foi aprovada por dois terços dos integrantes da assembleia. “A atualização do programa educativo [do qual os princípios fazem parte] teve como objetivo principal garantir que toda criança, jovem ou adulto, pertencente ao Movimento Escoteiro ou não, se sentisse incluído”, justificou a UEB.

Histórico do escotismo
Em síntese, o escotismo é um método educativo sintetizado pelo general britânico Robert Baden-Powell. Voltado inicialmente para despertar o interesse dos jovens pela exploração e atividade militar, Baden-Powel usou sua grande experiência em incursões militares na Índia e África entre povos nativos para dar forma ao escotismo. Em 1907, ele promoveu o primeiro “acampamento escoteiro”, com jovens de 12 a 17 anos, e ensinou técnicas como observação, segurança, orientação em meio à natureza. A partir disso, ele passou a escrever uma obra chamada “Escotismo para rapazes”, que deu origem ao movimento.

A ideia era buscar o desenvolvimento integral dos jovens, a partir de um sistema de valores baseados em princípios bem delimitados, e a prática de atividades ao ar livre e trabalho em equipe. Embora seja mais atuante em outros países, o movimento está presente no Brasil desde 1910. Em 1914, foi fundada a Associação Brasileira de Escoteiros e, em 1924, a União dos Escoteiros do Brasil, que está em atividade até hoje.

Atualmente, o movimento está presente em 216 países, congregando cerca de 30 milhões de participantes. No Brasil, estima-se que envolva cerca de 100 mil jovens. [Baden-Powell quando fundo0u o MOVIMENTO ESCOTEIRO não imaginava que iria se transformar nisso que é o escotismo de agora.]

Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

HOMENS, MULHERES, ETC. - Percival Puggina

Em 13 de outubro, a Gazeta do Povo publicou matéria do Daily Signal sobre a ONU Mulheres, uma organização das Nações Unidas. Como se diz cá no Rio Grande do Sul em situações de grande espanto: “Me caíram os butiás do bolso!”.

Imagine, leitor, que a ONU Mulheres, uma espécie de albergue internacional do movimento feminista, decidiu que em vez de cuidar dos direitos das mulheres passaria a tratar da igualdade de todos os gêneros. Segundo a organização, “termos como masculino e feminino, mulheres e homens, excluem pessoas não binárias e intersexuais que não se enquadram em nenhuma dessas categorias”. E recomenda que em vez de senhores e senhoras, sejam adotados vocativos de gênero neutro, como “Pessoal!”, “Crianças!”, “Vocês aí!”. Gente, é sério.

Recomendo fortemente a leitura da matéria em questão. O texto me fez pensar que, seguindo por essa mesma linha de raciocínio, a própria organização não deveria se chamar ONU Mulheres porque a palavra mulheres tem um sentido não inclusivo, ou diretamente excludente do sexo masculino e isso não fica bem para uma entidade que se pretende inclusiva. Talvez pudesse mudar o nome para ONU, simplesmente, encerrando-se as atividades da matriz que custa muito e faz pouco.

Pensando com meus botões, percebo que a própria palavra “casal”, opressoramente excludente como se sabe, poderia ser substituída por um coletivo, como “nós” ou “vocês”, ainda que vocês, por não serem nós, acabem também excluídos. Não se diga diferente de “família”, que além das incorretas questões de ordem sexista, reforça a exclusão com a presença de relações afetivas e – coisa terrível de consanguinidade.

E se todos os pronomes possessivos pudessem ser apagados na linguagem humana? 
Já pensou, leitor, num mundo sem meu nem teu, sem cercas nem muros, sem portas nem fechaduras, sem bens privados? 
Já pensou na fraternidade dos desprovidos e dos filhos de ninguém? 
Nem meu corpo, nem minhas regras, companheir@? (Não, isso não!). [Clique aqui e saiba um pouco mais sobre a estúpida linguagem neutra - Transcrito da Revista Oeste]

É incrível, mas ideias assim, que parecem cozidas numa enlouquecida babel linguística, são apresentadas como trunfos de superioridade moral. E o mais incrível ainda é que se propaguem e avancem, sem cessar, em direção aos objetivos propostos. A cada passo dado, mais remota vai ficando a pura e simples dignidade humana.

Aprendi, cedo, que advertir é um ato de amor.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Caso da esquartejadora é reaberto

Funcionário de veterinária e caseiro são suspeitos de ajudar Elize Matsunaga a esquartejar o marido

Com base em revelações feitas por Istoé de que um homem esteve presente na cena do crime, Ministério Público retomou investigação e novo inquérito foi aberto pela Polícia Civil mais de três anos após o assassinato, que ficou conhecido como o Caso Yoki

O Ministério Público de São Paulo confirmou na segunda-feira 15 que a Polícia Civil já investiga diretamente um suspeito de ter participado, em 2012, do esquartejamento do corpo e da ocultação do cadáver do empresário Marcos Kitano Matsunaga, dono da marca Yoki.


Matsunaga foi assassinado em maio daquele ano por sua mulher, Elize Araújo Matsunaga, que aguarda julgamento pelo Tribunal do Júri (ela está presa na penitenciária feminina da cidade paulista de Tremembé). Elize o matou com um tiro a queima-roupa na cabeça. Apesar de o inquérito estar sendo mantido em sigilo, sabe-se que uma clínica veterinária e um caseiro da região de Cotia, onde Elize jogou as partes do corpo, estão sendo investigados.

Elize reiterou diversas vezes à polícia e também em juízo que esquartejou e ocultou o corpo sozinha. Em agosto de 2012, no entanto, ISTOÉ teve acesso com exclusividade ao laudo oficial da perícia feita no apartamento onde o crime ocorreu. Esse laudo, segundo a reportagem de ISTOÉ revelou na época  aponta a presença de outra pessoa na cena do crime.

O laudo faz referência a “um perfil genético compatível com uma mistura de material genético de no mínimo dois indivíduos, sendo ao menos um deles do sexo masculino (...). Nesses perfis, não foi observada relação de verossimilhança dos alelos neles presentes e os alelos presentes no perfil genético obtido do sangue da vítima, Marcos Kitano Matsunaga, estando esse excluído como possível gerador dessas amostras”. Ou seja: um homem ajudou Elize no esquartejamento.

O laudo se refere ao chão da suíte na qual Elize começou a esquartejar o marido que ela assassinara (a mesma em que, durante certo período, o casal manteve uma jiboia). A perícia deixa claro assim que outro homem esteve presente no esquartejamento. A partir da revelação de ISTOÉ, um segundo inquérito foi aberto pela polícia.

Há um outro complicador nessa macabra história. Segundo o Ministério Público, há um vídeo desaparecido, feito em 2012 no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, com imagem e som registrando a confissão de Elize. Fica a pergunta, feita pelo próprio Ministério Público: tal vídeo, que é um documento público, onde está? Segundo o MP, ela matou o marido para se apossar de sua fortuna. Elize afirma que o motivo do assassinato foi passional, uma vez que Marcos a estaria traindo com uma garota de programa.
 

 (leia matéria completa aqui),

 Fonte: Revista IstoÉ