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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Protesto no Eixo Monumental [motorista piratas] congestiona trânsito no Distrito Federal

Dois protestos marcados para esta quarta-feira (21/8) complicam o tráfego nas vias de acesso ao Plano Piloto 

Os motoristas que tentam acessar o Plano Piloto enfrentam congestionamentos na manhã desta quarta-feira (21/8). Protesto organizado por motoristas de transportes alternativos, como ônibus, vans e micro-ônibus, [= importante: transporte alternativo é sinônimo de transporte pirata - defender prática criminosa é crime, seja em um discurso dentro de uma igreja e principalmente em vias públicas, bloqueando o trânsito e crime tem que ser reprimido pela Polícia.]  começou por volta das 9h e provoca engarrafamentos no Distrito Federal. As forças de segurança da capital montaram pontos de bloqueios estratégicos no Eixo Monumental e orientam que os condutores evitem usar a via.  
[O Brasil precisa de um CHOQUE DE ORDEM;  da forma que está é impossível.
Alguns exemplos:
- O presidente da República para demitir um funcionário do 3º ou quarto escalão, ou mesmo transferir, funcionário titular de função da qual é demissível 'ad nutun'  (despesas de transferência e moradia correm por conta da União) tem que praticamente suplicar permissão - a outros funcionários que também são demissíveis nas mesmas condições; 

- transferir um órgão inserido na estrutura do Poder Executivo para um Ministério - por óbvio, também integrante do mesmo Poder - encontra oposição, impune, de servidores do órgão e do Congresso Nacional que nada tem a ver com o assunto;
- a região Central de Brasília,  está  com um engarrafamento monstro, devido protesto de MOTORISTAS de VEÍCULOS PIRATAS,  por conta  de um endurecimento no Código de Trânsito para combater o transporte pirada e  que vai entrar em vigor a partir de outubro próximo.  
2, no máximo 3, dos MOTORISTAS PIRATAS podem até ser considerados pessoas de bem - apesar de qualquer pessoa ainda que de bem, no momento em que comete um ilegalidade perde àquela  condição;
grande parte não possui sequer CNH;
o estado de conservação dos veículos é péssimo - pneus carecas, sem freios, sem faróis, etc;  
alguns motoristas são ex-presidiários, ou mesmo foragidos, é comum a ocorrência de estupros praticados pelo motoristas e 'cobradores'.
Eles simplesmente NÃO ACEITAM, que uma LEI, os sujeite, sujeitos a partir de outubro,  a serem  punidos com uma infração gravíssima e o apreensão do veículo; 
.
Nos tempos em que o BRASIL era uma NAÇÃO ORDEIRA, ser flagrado fazendo transporte pirata implicava em multa para o motorista, apreensão do veículo - que só era liberado após o pagamento de um multas que girava em torno de R$5.000,00 (valores de hoje.)
- para fechar a sequência de alguns exemplos, ainda tem a  Marcha do Movimento Nacional de População de Rua, sem sequer constar o objetivo e para complicar na parte da tarde, com novos engarrafamentos.

Para complicar, na semana passada, teve um engarrafamento monstros, no Eixo Monumental, de uma tal 'marcha das margaridas' protestando pela morte de uma agricultora na década de 80.
Ou o BRASIL tem um CHOQUE DE ORDEM ou se tornará INGOVERNÁVEL.]

Cerca de 300 veículos saíram do estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha e seguem em carreata pelo Eixo Monumental, sentido Esplanada dos Ministérios. Eles seguirão até a Catedral de Brasília, onde retornarão e finalizarão o ato, às 11h, próximo ao Teatro Nacional. Durante o trajeto, vias da N1 e S1 serão parcialmente interditadas. Reflexos do protesto podem ser vistos nas principais vias de acesso ao Plano Piloto. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), há lentidão na BR-060, em Samambaia, sentido Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). Congestionamentos também ocorrem na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), na DF-001, altura do Balão de São Sebastião, e na Estrada Parque Guará (EPGU), sentido Plano Piloto. 

Outros pontos com retenção são o Eixão Sul, L4 Sul, próximo à Vila Telebrasília, e o ponto de acesso à Ponte JK. Segundo o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), condutores que tentam sair de Ceilândia e acessar Taguatinga também enfrentam lentidão no trânsito nas avenidas Hélio Prates e Elmo Serejo. 
Aplicativos de smartphones de geolocalização, como o Waze, mostram intensos congestionamentos no Eixo Monumental, na Estrada Parque Indústrias Gráficas (EPIG) e no Setor Policial Sul. De acordo com a ferramenta, a velocidade média nas vias é de 17km/h.  
Mais um protesto 
Durante o período da tarde, mais um protesto está marcado na área central de Brasília. Participantes da Marcha do Movimento Nacional de População de Rua se reunirão no Museu da República às 13h e ocuparão o Eixo Monumental às 14h. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os manifestantes usarão duas faixas da via S1 para o movimento, que permanecerão bloqueadas durante o ato. Esse trecho permanecerá bloqueado até a altura do Museu. 

Correio Braziliense 

 

 

sábado, 3 de agosto de 2019

Constituição ruim vai gerar crises piores

Edição do Alerta Total
 
O que acontece quando poderes e poderosos sem controle, sem limites delimitados pela sociedade, resolvem guerrear entre si, sem parar? Acontece exatamente o que estamos vendo hoje no Brasil: uma guerra de todos contra todos os poderes. O resultado é a mais grave crise institucional nunca antes vista na História deste País. Quem reclama já perdeu... Todo mundo briga, e pouco importa quem tem razão. A próxima vítima pode ser qualquer um... Os poderosos só não querem, ou fingem não admitir, que tamanha crise é a conseqüência maléfica da péssima Constituição Federal de 1988 – que esgotou-se e tem de ser substituída por outra – que a sociedade brasileira comete o pecado mortal de não debater. Nesta omissão ou incompetência cidadã mora o perigo. A maior desgraça do Brasil é a insegurança do Direito. Não temos Democracia de verdade. O Crime Institucionalizado impõe sua ditadura com respaldo constitucional.

As fraturas institucionais ficaram expostas com o episódio criminoso no qual hackers, com clara motivação e patrocínio político, invadiram smartphones de “autoridades” de todos os poderes da República de Bruzundanga. A quantidade de “vítimas” da hackeagem causou pavor generalizado. Imagina se vem a público parte ou todo de algumas conversas e informações obtidas ilegalmente? A inconfidência teria potencial de assassinar a reputação de muita gente nos três poderes e na extrema-imprensa que também entra na dança. A briga de maior potencial destrutivo foi magistralmente descrita em uma entrevista rapidinha do gênio genioso Gilmar Mendes: “Esta é a maior crise que se abateu sobre o aparato judicial do Brasil desde a redemocratização. É a maior crise com o envolvimento de dois eixos chaves: a Justiça Federal, que está com seu prestígio muito abalado, e a PGR, que, na sua inteireza, está com o prestígio muito abalado. Ninguém quer saudar hackeamentos e iniciativas desse tipo, mas as revelações são extremamente graves”.

O constitucionalista Gilmar descreveu, direitinho, o caos. Fora de controle, os aparelhos repressivos do Estado-Ladrão tupiniquim estão se comendo vivos. As críticas dos envolvidos nas pancadarias ajudam a entender o cerne do problema. O Sindifisco nacional repudiou a decisão “arbitrária e inédita” do ministro Alexandre de Moraes de suspender todos os procedimentos investigatórios que atinjam autoridades (no caso, os supremos magistrados Gilmar Mendes, José Dias Toffoli e as esposas de ambos). O Sindifisco reclamou que Moraesocupa ilegalmente a dupla função de Ministério Público e de magistrado e que se trata de um verdadeiro tribunal de exceção, com objetivo claro de transformar poderosas autoridades públicas em contribuintes intocáveis”.

Especificamente sobre a “hackeagem” sofrida pelo coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros membros do Ministério Público Federal, a Associação Nacional dos Procuradores da República também protestou que as decisões judiciais adotadas pelo ministro Moraes com base no inquérito número 4.781 colocam em xeque a isenção e a imparcialidade do Poder Judiciário e produzirão elementos nulos em qualquer processo. A entidade também advertiu que o Supremo Tribunal Federal não poderia requerer mensagens cujos “respectivos dados foram obtidos de forma criminosa, por meio de captação ilícita, violando os postulados do estado democrático de direito”. O fogo contra fogo entre STF e PGR escancara o problema estrutural: quem controla quem? Ministros do Supremo não podem ser investigados por procuradores da primeira instância federal, como Dallagnol e os demais integrantes da força-tarefa. Só podem ser investigados com autorização do próprio Supremo e pelo procurador-geral da República (aquele cargo que o Presidente Jair Bolsonaro não tem o direito de errar na escolha, porque seu ocupante tem o poder de ser o “processador” ou o “engavetador” de investigações, inquéritos e processos contra os superpoderosos).

No meio do quebra-pau com a PGR, alguns no Supremo ainda aproveitam para guerrear contra o Presidente Jair Bolsonaro. O ministro Celso de Mello aproveitou a vacilada na edição de uma mesma medida provisória sobre assunto idêntico na mesma legislatura (no caso da demarcação de reservas indígenas) para detonar:
“O comportamento do atual senhor presidente da República, revelado na reedição de medida provisória, clara e expressamente rejeitada pelo Congresso Nacional no curso da mesma sessão legislativa, traduz uma inaceitável transgressão à autoridade suprema da Constituição Federal, e representa uma inadmissível e perigosa transgressão ao princípio fundamental da separação de poderes, consagrada, como sabemos, no artigo 2º da lei fundamental da República. É sempre preciso advertir, senhor presidente, que o regime de governo e as liberdades da sociedade civil muitas vezes expõem-se a um processo de quase imperceptível erosão, destruindo-se lenta e progressivamente pela ação ousada e atrevida, quando não usurpadora, dos poderes estatais".

Felizmente, no meio da pancadaria, aparece uma voz de lucidez. Aproveitando uma palestra pública no interior de São Paulo, o ministro Luís Roberto Barroso produziu a crítica mais sensata sobre a “hackeagem” em meio à guerra de todos contra todos e no combate da sociedade brasileira contra a corrupção sistêmica e o Crime Institucionalizado:
“É preciso estar atento porque parte da agenda brasileira hoje foi sequestrada por criminosos. É muito impressionante a quantidade de gente que está eufórica com os hackeadores, celebrando o crime e, na minha percepção, há mais fofocas do que fatos relevantes, apesar do esforço de se maximizarem esses fatos. Com um detalhe - e se tiver coisa errada, o que é certo é certo, o que errado é errado - porém, há um detalhe importante aqui. É que, apesar de todo estardalhaço que está sendo feito, nada encobre o fato de que a Petrobras foi devastada pela corrupção. Não importa o que saia nas gravações. A Petrobras precisou fazer um acordo de US$ 3 bilhões em Nova York com investidores estrangeiros, ou então o Judiciário americano faz parte da conspiração. Teve que fazer um acordo de mais de US$ 800 bilhões com o Departamento de Justiça americano, que certamente não fará parte de nenhuma conspiração. Portanto, nada encobre a corrupção sistêmica, estrutural e institucionalizada que houve no Brasil. É difícil entender a euforia que tomou muitos setores da sociedade diante dessa fofocada produzida por criminosos”.
  
Resumindo a salada de declarações polêmicas: a guerra de todos contra todos vai longe... Toda pancadaria é o resultado direto de uma Constituição Federal que precisa ser mais “interpretada” do que efetivamente “cumprida”. Esta Constituição Vilã não deixa claro quais são os limites investigatórios dos aparelhos repressivos estatais. Os abusos de autoridade acontecem e se repetem porque a Carta Magna permite que os poderosos controlem a sociedade, mas não o contrário: que a sociedade tenha controle direto sobre os poderes e seus agentes. Enquanto tal debate não for efetivamente realizado, a guerra de todos contra todos só vai aumentar, produzindo mais vítimas, de forma justa ou injusta. Os cidadão precisam ter a capacidade, prevista constitucionalmente, de fiscalizar e controlar, diretamente, todos os poderes da República. Sem o Controle Social Preventivo, nossas variadas “gestapos” estatais continuarão hegemônicas, promovendo “rigor seletivo” ou “impunidade conveniente” (duas facetas da falta de efetiva Democracia).

Quem sabe as coisas não começam a mudar mais depressa, agora que o Supremo Tribunal Federal também constatou que seus “deuses” também são alvos fáceis da falta de Democracia? Resumindo, novamente: Ou discutimos e desenhamos um Projeto Estratégico de Nação, com uma Constituição fácil de ser cumprida objetivamente, sem tantas interpretações supremas, ou seguiremos na guerra de todos contra tolos, sob domínio do Crime Institucionalizado...  
Por Jorge Serrão - transcrito Edição do Alerta Total 

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Há vida além das curtidas - O Globo

Quando uma imagem faz sucesso, ela tende a ser repetida ao infinito. A criatividade acaba sendo a vítima mais visível do sistema

É possível viver numa rede social sem curtidas? É isso que os usuários mais jovens do Instagram estão começando a descobrir desde a semana passada, quando a empresa varreu os likes das telas dos smartphones. Quem posta ainda vê quantas curtidas recebeu, mas já não vê quantas receberam os demais. Afinal, o parâmetro é bom para saber se o seu público prefere fotos de gatos ou peixes, mas pode gerar muita angústia em quem vê nas redes um permanente concurso de popularidade, ou seja - praticamente todos que lá estamos.  A medida, anunciada pelo Instagram como um teste, e aplicada com cautela num número reduzido de países, causou comoção, e rendeu até um tuíte do 03, no seu português peculiar, como sempre se achando alvo de perseguição: "Confere que o Instagram não mostra mais o número de curtidas numa postagem? Empresa privada, ok. Se isso for real saiba que o intuito é barrar o crescimento dos que pensam de forma independente, ou seja, aqueles que estão rompendo o sistema. Quem raciocina sabe o q isso significa."

Na verdade, quem raciocina sabe que, há tempos, o número de curtidas no Instagram passou a ser mais importante do que o conteúdo postado. Qualquer clique bobo de subcelebridade rende mais curtidas em alguns minutos do que todo o trabalho de um usuário esforçado, porém desconhecido, durante anos. É difícil lidar com isso.  Os que estão na internet há mais tempo sabem que nem sempre a vida online foi pautada por likes . No Fotolog, primeira rede social para compartilhamento de fotos, criada em 2002, não existiam curtidas - e, ainda assim (ou talvez por isso mesmo), nunca houve experiência mais divertida para quem de fato gostava de produzir e de ver imagens. O Fotolog tinha uma interface limpa, não tinha anúncios, permitia a postagem de uma foto por dia e limitava o número de comentários. Quem achasse pouco podia virar assinante ("Gold Camera"): com isso, o limite passava para seis fotos diárias, e o espaço para comentários permitia 200 em vez de 20.

Estava mais do que bom, e assim poderia ter continuado para sempre, mas a rede foi vítima do próprio sucesso, e não conseguiu superar nem as dificuldades técnicas que vieram com a explosão do número de usuários, nem o desgosto da turma mais antiga diante das hordas de adolescentes que não postavam nada além de selfies. Isso foi na época da internet a vapor, bem no momento em que as fotos digitais deixaram de ser feitas em câmeras e passaram a vir de smartphones.

Outros tempos.
Pessoalmente, aprovo a mudança no Instagram. A cultura dos likes, polarizadora em redes de opinião - onde quanto mais radical o pensamento, mais popular - é homogeneizante em redes de forte apelo visual: quando uma imagem faz sucesso, ela tende a ser repetida ao infinito. A criatividade acaba sendo a vítima mais visível do sistema, acima até de egos feridos e frustração geral.  É claro que influenciadores brasileiros já estão dando o seu jeitinho: eles têm fotografado as próprias páginas, e postado para os seus seguidores. Mas aí, além do número de curtidas, o ridículo também fica visível.


Cora Ronai - O Globo


 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Volkswagen e os softwares fraudulentos



A Internet das Coisas está chegando. Muitas indústrias estão se movimentando para colocar computadores em seus dispositivos e isso dará aos fabricantes novas oportunidades para praticarem fraudes.
Durante os seis últimos anos, a Volkswagen fraudou testes de emissão de poluentes dos seus carros movidos a diesel. Os computadores dos veículos conseguiam detectar quando estavam sob teste e alteravam temporariamente o comportamento dos motores para que parecessem muito menos poluentes do que realmente eram. Quando não estavam sob análise, vomitavam 40 vezes mais poluentes. O CEO da Volkswagen renunciou e a empresa enfrentará um recall caro, multas enormes e coisa pior.

Fraudes de testes regulatórios têm um longo histórico na América corporativa. Isso acontece regularmente no controle de emissões dos automóveis e em outras situações. O que é importante no caso VW é que a fraude estava pré-programada no algoritmo que controlava as emissões dos carros.

Computadores permitem às pessoas fraudar de modo inédito. Como a fraude fica encapsulada no software, as ações maliciosas podem ocorrer muito longe do teste em si. Como o software é “inteligente” de um modo que outros objetos não são, a fraude pode ser mais sútil e mais difícil de detectar.

Nós já tivemos exemplos de fabricantes de smartphones fraudando testes de benchmark de processadores: detectavam quando estavam sob análise e aumentavam artificialmente o desempenho. Logo veremos isso em outros ramos da indústria. (NT: benchmark é um ponto de referência em relação ao qual computadores ou programas podem ser medidos em testes de comparação de desempenho, confiabilidade etc.)

A Internet das Coisas está chegando. Muitas indústrias estão se movimentando para colocar computadores em seus dispositivos e isso dará aos fabricantes novas oportunidades para praticarem fraudes. Lâmpadas poderão burlar os padrões regulatórios parecendo ter mais eficiência energética do que realmente têm. Sensores de temperatura poderão enganar os compradores fazendo-os acreditar que a comida está acondicionada em uma temperatura mais segura do que a real. Urnas eletrônicas poderão parecer funcionar perfeitamente – exceto durante a primeira terça-feira de novembro quando imperceptivelmente transferirão uma pequena porcentagem de votos de um candidato para outro. (NT: a primeira terça-feira de novembro é a data das eleições nacionais americanas – Congresso a cada 2 anos e Presidente a cada 4 anos.)

A minha preocupação é que alguns executivos não interpretarão o episódio da VW como um aviso envolvendo penas justas para um grande erro, mas, ao contrário, o verão como uma demonstração de que você pode conseguir fazer uma coisa dessas por seis anos.  E eles trapacearão com mais esperteza. Para todos os envolvidos na ousadia, a fraude da VW era óbvia caso as pessoas soubessem procurá-la. Mais inteligente teria sido fazer a fraude parecer um acidente. A qualidade geral dos softwares é tão ruim que produtos são entregues com milhares de erros de programação.

Muitos deles não afetam as operações normais, motivo pelo qual o software da sua máquina geralmente funciona relativamente bem. Alguns desses erros, entretanto, afetam as operações, e por isso o software ocasionalmente falha e requer atualizações constantes. Ao fazer um software fraudulento parecer conter um erro de programação, a fraude parece um acidente. E, infelizmente, este tipo de fraude que se pode negar é mais comum do que se pensa.

Especialistas em segurança computacional acreditam que as agências de inteligência têm feito este tipo de coisa por anos, com o consentimento dos desenvolvedores de software e de maneira secreta. Esse problema não será resolvido por meio da segurança computacional como normalmente a entendemos. A segurança computacional convencional é projetada para impedir a invasão de computadores e redes por hackers. A analogia com carros seria uma segurança de software que impedisse que o dono pudesse adaptar o motor do seu veículo para correr mais, gerando, por outro lado, uma maior emissão de poluentes. O que precisamos combater é uma ameaça bem diferente: um comportamento condenável programado na fase de projeto. Nós já sabemos como proteger a nós mesmos contra o comportamento condenável das corporações. Ronald Reagan uma vez disse “confie, mas verifique” falando sobre a dissimulação da União Soviética nos tratados nucleares. Precisamos ter a capacidade de verificar o software que controla as nossas vidas.

A verificação de software tem duas partes: transparência e supervisão. Transparência significa disponibilizar o código-fonte para análise. A necessidade disso é óbvia; é muito mais fácil esconder um software fraudulento se o fabricante puder esconder o código. Mas a transparência não diminui a fraude nem melhora a qualidade do software magicamente, como qualquer pessoa que usa software de código aberto sabe. É apenas o primeiro passo. O código precisa ser analisado. E, como software é tão complicado, essa análise não pode ficar limitada a um teste governamental de vez em quando. Precisamos também de uma análise privada.

Foram pesquisadores de laboratórios privados nos Estados Unidos e na Alemanha que enquadraram a Volkswagen. Assim, transparência não significa tornar o código disponível apenas para o governo e seus representantes; transparência significa tornar o código disponível para todos.

Transparência e supervisão estão sob ameaça no mundo do software. As empresas normalmente lutam contra tornar o seu código público e tentam calar os pesquisadores de segurança que encontram problemas, citando a natureza proprietária do software. (NT: software proprietário é aquele em que o código-fonte não é disponibilizado.) É uma queixa válida, mas o interesse público de exatidão e segurança precisa se sobrepor aos interesses dos negócios.

Cada vez mais, software proprietário está sendo usado em aplicações críticas: urnas eletrônicas, dispositivos médicos, bafômetros, distribuição de energia elétrica, sistemas que decidem se alguém pode ou não embarcar num avião. Estamos cedendo mais controle das nossas vidas a softwares e algoritmos. Transparência é a única forma de verificar se eles não estão nos enganando.

Não faltam executivos dispostos a mentir e a fraudar em sua caminhada em direção aos lucros. Vimos outro exemplo semana passada: Stewart Parnell, ex-CEO da agora extinta Peanut Corporation of America, foi condenado a 28 anos de prisão por comercializar deliberadamente produtos contaminados por salmonela. Pode parecer excessivo, mas nove pessoas morreram e muitos mais adoeceram devido à sua fraude.

Software somente tornará uma má conduta como essa mais fácil de perpetrar e mais difícil de provar. Menos gente precisará saber sobre a conspiração. Isso pode ser feito de antemão, longe do local ou da ocasião do teste. E, se o software permanecer escondido por um tempo longo o suficiente, facilmente pode ser o caso de que ninguém na companhia se lembre de que ele está lá. Precisamos de uma melhor verificação dos softwares que controlam as nossas vidas e isso significa mais – e mais pública – transparência.

Este ensaio foi publicado originalmente na CNN.com
Tradução feita a partir do post Volkswagen and Cheating Software.

Bruce Schneier
é especialista em tecnologia internacionalmente renomado, chamado de “guru da segurança” pelo The Economist. É autor de 13 livros – incluindo Data and Goliath: The Hidden Battles to Collect Your Data and Control Your World – e centenas de artigos, ensaios e dissertações acadêmicas. Prestou declarações ao Congresso, é presença frequente em programas de rádio e tv, tem servido em diversos comitês governamentais e é citado regularmente na imprensa. A sua newsletter Crypto-Gram e o seu blog Schneier on Security são lidos por mais de 250 mil pessoas. É fellow do Berkman Center for Internet and Society na Harward Law School, do Open Technology Institute da New America Foundation, membro da Electronic Frontier Foundation, do Electronic Privacy Information Center e é Chief Technology Officer da Resilient Systems, Inc.

Tradução:
Ricardo R Hashimoto