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segunda-feira, 10 de julho de 2023

Incentivo governamental - Ajuda a montadoras é clientelismo fracassado - Gazeta do Povo

  Alexandre Garcia - Vozes


Ajuda a montadoras é clientelismo fracassado  [programa já encerrado, agora o ignorante que preside o Brasil promete o caminhão popular.]


Carros baratos
Nove montadoras aderiram ao programa do governo para vender carros mais baratos.| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo /arquivo

Neste fim de semana, o presidente Lula foi a Leticia, na Colômbia, logo ali na fronteira, depois de Tabatinga.  
Ele se encontrou com o presidente colombiano em uma reunião técnico-científica sobre a Amazônia e fez uma declaração muito estranha: disse que “meu governo vai zerar o desmatamento ilegal até 2030”. 
 E eu pensei que ele tinha sido eleito até 31 de dezembro de 2026. 
Mas ele já se considera presidente até 2030. [em nossa opinião o atual presidente espera um decreto supremo,  prorrogando sua vida até completar, no mínimo, 100 anos de nascido = poluindo o planeta; porém, o  que nos conforta é que DEUS pode até conceder aos que nos tiranizam poderes para nos eliminar, mas não concede aos tiranos poderes para acrescentarem um milionésimo de segundos ao tempo de vida que já marcou. 
Mas, sendo sonhar  um direito de todos, deixemos que o apedeuta sonhe o que sua ambição permitir.]
Interessante, porque neste domingo, 9 de julho, comemora-se o início da Revolução Constitucionalista de São Paulo, que brigou com Getúlio Vargas porque ele não queria dar Constituição nem sair do governogoverno que ele tomou por meio de uma revolução, não por eleição: ele perdeu a eleição e passou por cima dela.

A França em chamas
Falando em Amazônia, vejam só a ironia.
Emmanuel Macron, que está sempre criticando os incêndios na Amazônia, agora está vendo a França incendiada.  

Eles tiveram uma política de laissez-passer, deixar passar, o país se encheu de imigrantes. Mas o francês é muito xenófobo. 
Lembro que, no cinquentenário do Dia D, eu estava na Champs Elisées e a Banda Real do Marrocos abriu o desfile.  
Ouvi as francesas dizendo “cuidado, aí vem esses pieds noirs, ‘pés pretos’, essa noite vamos ter muitos assaltos aqui em Paris”
Isso foi em 1994; imaginem hoje como é para esses imigrantes que chegaram do norte da África, da África Central, do Oriente Médio, como eles são tratados
Aliás, um deles, norte-africano, foi morto pela polícia e isso desencadeou quase uma rebelião nacional, que continua, maior que o Maio de 1968 promovido por estudantes nas ruas de Paris. Que ironia para Macron.

Veja Também:

    O bom e o ruim dos números do Censo


    CPI vai investigar se ONGs que atuam na Amazônia agem contra os interesses do país


    Risíveis planos de Lula: moeda única do Mercosul e o “caminhão popular”

Seguimos despejando dinheiro para montadoras nos entregarem carros ruins
A imprensa áulica, cortesã, está dizendo que este plano para desovar estoques das concessionárias e das montadoras de automóveis com descontos para carros chamados “populares” de até R$ 120 mil foi muito bom. 
Mas o governo parou, e não adiantou nada, basta vocês olharem os pátios das fábricas e concessionárias. 
Desde Juscelino as montadoras vêm sendo beneficiadas com o nosso dinheiro; em vez de recorrerem a soluções de mercado, queriam soluções de clientelismo com o governo brasileiro. E em troca nos empurravam porcarias.  
O Opala, por exemplo, soltava a traseira, perdia a roda, engolia gasolina, entrava água pelo parabrisa traseiro, enferrujava
O Fusca só tinha porta para quem estava na frente; quem sentava atrás não tinha porta – e comprávamos isso! 
Carro com câmbio manual deixou de ser um produto em série nos Estados Unidos em 1952, mas nos empurravam essas coisas velhas. 
A Kombi continuou a ser fabricada aqui, mas havia décadas já não era mais fabricada na Volkswagen da África do Sul, por exemplo. 
Melhorou um pouco, depois que Fernando Collor reclamou, chamou os carros nacionais de “carroças”. 
 Mas até hoje continuamos ajudando as montadoras, que dizem “senão eu vou embora”. Um negócio incrível, não? Pois que vão conquistar mercado e deixem de ficar penduradas no Estado brasileiro.

A verdade sobre a censura no caso da Covid está aparecendo
O prestigiado Wall Street Journal, talvez o jornal número um hoje nos Estados Unidos, publicou um texto dizendo que a censura e a mentira durante a Covid mataram muita gente.  
Eu digo que as mães dos jornalistas que disseram que não havia tratamento deviam se envergonhar de terem posto filho no mundo. 
Eu vi as pessoas serem tratadas e curadas de Covid em poucos dias, sem precisar ir para o hospital
Mas eles diziam que não tinha tratamento e as pessoas iam morrendo, iam sendo internadas, intubadas e enterradas. 
É nojento o que aconteceu, inclusive com os médicos que foram perseguidos porque salvavam vidas. 
Ainda bem que a verdade está chegando mais cedo do que imaginávamos.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 17 de agosto de 2019

Pessoas e pragas - J R Guzzo

Veja - Fatos

Se estivessem pondo "veneno" na comida, você iria ver gente caindo morta na sua frente em cada esquina, todo dia. Em vez disso, a população só aumenta


Publicado na edição impressa de VEJA
Todo mundo sabe o que é um tomate. Ou melhor, falando uma linguagem mais científica: grande parte dos 7 bilhões de habitantes do planeta, talvez a maioria, sabe o que é um tomate. O que bem menos gente sabe é que o tomate é também um dos vegetais que mais recebem defensivos químicos em toda a agricultura mundial — ou “agrotóxicos”, como diz o universo ecológico brasileiro. Não muitos, enfim, sabem que os melhores tomates do mundo são cultivados na área do vulcão Vesúvio, vizinha a Nápoles, na Itália (pelo menos na opinião praticamente unânime dos italianos). O tomate dali é maravilhoso, mas não é mágico. Recebe toneladas de defensivos agrícolas todos os anos, sem falar de fertilizantes, produtos para aumentar o rendimento das culturas e intervenções genéticas de última geração. Os napolitanos não fazem isso porque gostam de gastar dinheiro com “agrotóxicos”, mas porque, se não o fizerem, seus tomates morrerão. E aí: o que seria da pizza? E do molho al sugo? E do ketchup?

O problema não seria só com a pizza de Nápoles e do resto da Itália. Sem tomate iria acabar, do mesmíssimo jeito, a pizza da Mooca, de São José dos Ausentes e da Groenlândia, porque ninguém ainda descobriu como seria possível cultivar tomates, em volume que faça algum sentido, com a ação natural das abelhas, trato de algas marinhas e outras lendas presentes no aparelho mental da população naturalista, orgânica, vegana, e por aí afora. Você decide, então: ou existe tomate do jeito que ele é na vida real, ou não existe tomate. A lógica comum diria que é melhor deixar os tomates quietos, como eles estão — mesmo porque, ao que se sabe, pouquíssima gente morre neste mundo por comer a macarronada da mamma. Mas vá você dizer isso a um combatente a favor da alimentação natural e contra “o veneno na minha comida”. Será acusado de ser um “defensor do agronegócio”, da “indústria química”, da “ganância”, do “lucro” e daí para baixo. Mais: vai ser carimbado como retrógrado, fascista e inimigo da saúde humana em geral.

Não se trata de uma questão só de tomates. O trigo e a soja, o arroz e o feijão, o milho e a batata, e todos os alimentos produzidos em massa na face da Terra têm de receber hoje montanhas de produtos químicos para sobreviver — ou é assim ou desaparecem. O problemão, nesse caso, é como alimentar na prática os 7 bilhões de cidadãos citados acima. Não apareceu até agora uma única resposta coerente para isso. O que existe mesmo, no mundo das realidades, é a seguinte opção: ou você alimenta as pessoas ou alimenta as pragas. Pior ainda, quem vai levar na cabeça são os mais pobres, pois a maioria da população global é constituída de pobres — e, por eles serem muitos, criam o incômodo de consumir mais comida que todas as classes médias, altas ou altíssimas do mundo somadas. São eles os que vão comer menos — até porque não têm dinheiro para comprar sua janta nas lojas “biô”, orgânicas ou naturalistas do Leblon.

Nunca houve tanto agronegócio no mundo. Nunca se consumiram tanta carne, frango e outras proteínas básicas. Nunca houve tanto alimento para o homem — e nunca se produziu e vendeu tanto produto artificial para o campo. Ao mesmo tempo, jamais a população do planeta foi tão grande como hoje. Nem tão bem alimentada, até por questões legais — uma Volkswagen, por exemplo, é obrigada por lei a oferecer pelo menos dois tipos de proteína em seus refeitórios, no almoço e no jantar, todos os dias. Só consegue cumprir a lei se acha frango e boi em quantidade suficiente — e para isso frangos e bois têm de engordar cada vez mais depressa, o que é impossível sem hormônios, rações com componentes químicos, vacinas. Milhares de outras empresas brasileiras precisam, por lei, fazer exatamente a mesma coisa — ou os fiscais vão lhes socar em cima uma quantidade de multas capaz de levar até o Google à falência.

Como fica, então? Se estivessem pondo “veneno” na comida, você iria ver gente caindo morta na sua frente em cada esquina, todo dia. Em vez disso, a população só aumenta. É óbvio que o uso da química, biogenética e outras tecnologias na agricultura é uma questão de doses certas, produtos de qualidade, mais segurança quanto aos seus danos potenciais à saúde, mais competência no manejo. Mas nunca, também, houve progressos tão espetaculares na melhoria científica dos adubos, pesticidas, transgênicos e tudo o mais que se põe nas lavouras. São os fatos. A alternativa é voltar à Idade da Pedra, quando a alimentação era 100% natural — e o sujeito precisava ter uma sorte do cão para chegar vivo aos 30 anos de idade.

J R Guzzo - Blog Fatos - Veja

 

domingo, 30 de julho de 2017

Dunquerque, a vitória da civilização

‘Dunkirk' é um grande filme e conta o resgate do exército inglês, encurralado na praia francesa de Dunquerque em maio de 1940

“Dunkirk” é um grande filme e conta o resgate do exército inglês, encurralado na praia francesa de Dunquerque em maio de 1940. Barra pesada, mostra com maestria a angustia da operação.  O filme restringe sua narrativa ao que acontecia na praia, no ar e no mar. Vale a pena por si, mas está nas livrarias “Cinco Dias em Londres", do historiador John Lukacs, publicado em 2001. Juntos, são um presente para a alma. Naqueles dias, tudo parecia perdido. Hitler dobrara a França e era senhor da Europa. O povo inglês ainda não sabia, mas 250 mil soldados estavam cercados na praia de Dunquerque. O colapso dessa tropa seria o prelúdio de uma invasão da ilha.

Winston Churchill ainda não completara duas semanas como primeiro-ministro. Era um político mal visto, falastrão e pouco confiável. Seu rival no partido conservador era o ministro das relações exteriores, Lord Halifax, um inglês de anúncio de roupa, amigo do rei. Halifax queria explorar o caminho de uma paz com Hitler, usando os bons ofícios do embaixador italiano em Londres.  “Cinco Dias em Londres" conta o embate desses dois patriotas. Churchill não queria ceder e costurou sua posição no ministério, até que prevaleceu, depois de uma conversa no jardim com Halifax. (Nenhum dos dois escreveu uma só linha a respeito desse passeio.) Churchill achava que só tiraria 50 mil soldados de Dunquerque. No dia 6 de junho, a Marinha e os pequenos barcos ingleses que atravessaram o canal da Mancha resgataram 338 mil soldados, inclusive 125 mil franceses.

Christopher Nolan fez seu serviço de cineasta e é o vermute. John Lukacs, como historiador, é o gin. Quem junta os dois faz o martini e revisita uma semana que ajudou a salvar a civilização. No dia 6 de junho, Churchill, terminado o resgate, fez seu famoso discurso do “nós nunca nos renderemos". Cinco anos depois, a Alemanha rendeu-se.
Lukacs sustenta que o nazismo foi vencido em Stalingrado e no Dia-D, com o desembarque dos Aliados, mas foi em Dunquerque que Hitler perdeu a sua guerra. Ele, e muita gente boa, inclusive no Brasil, achavam que os ingleses negociariam uma paz, nos termos de Berlim.

No dia 21 de maio, Getúlio Vargas escreveu em seu diário:
“As notícias da guerra são de uma verdadeira derrocada para os Aliados. O povo, por instinto, teme a vitória alemã; os germanófilos exaltam-se. Mas o que ressalta evidente é a imprevidência das chamadas democracias liberais...”

Entre os patos de 1972 estavam os militares
Um documentário de Stefanie Dodt e Thomas Aders mostrou ao público alemão as relações promíscuas da Volkswagen com o aparelho repressivo da ditadura brasileira. A Volks não foi a única empresa a denunciar trabalhadores, mas é a única que está sendo cobrada no seu país. O problema da Volks era pedir desculpas. Agora surgiu outro: ter que se desculpar por não ter se desculpado.

Essa questão mostra a saudável relação da sociedade alemã com suas grandes empresas. Nada parecido acontece em Pindorama. A Federação das Indústrias de São Paulo, a Fiesp do pato amarelo, jamais pediu desculpas por ter organizado o caixa dois da guarnição militar de São Paulo. [não é necessário, sequer conveniente, pedir desculpas por ter sido PATRIOTA.
Vale o mesmo entendimento em relação a Volkswagen que colaborou, dentro das suas possibilidades, apoiando o combate aos porcos traidores comunistas que pretendiam fazer do Brasil uma outra Cuba.]

Uma carta do embaixador americano William Rountree ao Departamento de Estado mostra que, no início de 1972, os empresários que vinham sendo arrebanhados pela Fiesp tiveram medo de abandonar o esquema. Eles fizeram saber ao embaixador que “tinham ido muito longe para poderem recuar e achavam que se o fizessem prejudicariam seriamente suas relações com a Federação das Indústrias". Afinal era ela quem coletava o dinheiro.
A Fiesp financiou a repressão e bajulou os militares até que os ventos mudaram e criaram-se outras caixas, umas coletivas, outras individuais.

Números e grifes
O repórter Filipe Coutinho revelou que, entre 2015 e 2016, a empresa de consultoria do ministro Henrique Meirelles faturou R$ 217 milhões, ou cerca de US$ 60 milhões. Em nota, o ministro informou que nesses ganhos estavam incluídos serviços prestados ao longo de quatro anos.  Em 2011, o mundo veio abaixo quando revelou-se que Antonio Palocci faturara R$ 20 milhões com sua empresa de consultoria, num só ano. [o parágrafo abaixo destacado explica as razões do sucesso da firma do ministro Henrique Meirelles - seu sucesso no Bank of Boston, é apenas um dos fatores.
Já o presidiário Palocci um médico incompetente, um ex-prefeito medíocre, não tinha, e continua não tendo, nada que justifique o seu sucesso como consultor, sendo sua situação exatamente igual a do sentenciado Lula da Silva, um incompetente, falastrão e analfabeto.]

No vida pública, Palocci fora ministro da Fazenda de 2003 a 2006. Sua experiência anterior era a de prefeito de Ribeirão Preto.

Meirelles foi presidente do Banco Central de 2003 a 2011. Ao contrário de Palocci, fez invejável carreira na iniciativa privada, tendo presidido o Banco de Boston.

Uma das mais famosas firmas de consultoria de grife do mundo, a do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, não revela seus números. Em 1986, quando ele ainda estava no auge da forma e da fama, soube-se que ela faturou US$ 5 milhões.  A empresa de Kissinger tem a sua grife, mas nela estiveram craques como Timothy Geithner, o celebrado secretário do Tesouro de Obama durante a crise financeira mundial.

Cargo vago
Estão no mercado dois dos empregos mais prestigiosos do mundo, a presidência da Universidade Harvard e a diretoria do Museu Metropolitan de Nova York.  A escolha do museu é feita num mercado restrito, mas Harvard circulou um pedido de indicações. Não é nada, não é nada, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, poderia se oferecer para indicar os nomes de alguns deputados da base governista.

Barco fujão
O beato Joesley Batista tem toda razão quando reclama das calúnias que são lançadas sobre sua imaculada pessoa. Ele diz que “mentiram que eu teria fugido com meu barco".
Tem toda razão. O iate Leonardo 100 fugiu sozinho, enquanto ele negociava o seu perdão com o doutor Rodrigo Janot. O barco saiu de uma marina em Itajaí e foi para Miami. A peça está avaliada em US$ 100 milhões.

(...)


Cármen Lúcia
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, não tem simpatia pelo aumento de 16,74% pleiteado pelos procuradores.
O pessoal do Ministério Público acha que pode tudo, mas deve se respeitar as leis da aritmética.
Se a ministra endossar o aumento, entrega a biografia.

Gleisi de Calcutá
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, solidarizou-se com o golpe bolivariano de Nicolás Maduro.
Se o seu discurso em defesa dos pobres e dos oprimidos fosse sério, a comissária faria alguma coisa em favor dos vinte mil refugiados venezuelanos que refugiaram-se em Roraima e vivem em condições precárias de moradia e alimentação.
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Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo 

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Fazer o diabo antes, durante e depois da eleição



Pois não é que a presidente Dilma vetou a iniciativa? Um impressionante veto ao voto impresso! Logo ela, cuja eleição se deu rodeada por uma ciranda de suspeitas.

Este POST deve ser lido após a leitura do intitulado  AVolkswagen e os softwares fraudulentos

Há muitos anos o TSE vem tratando com desdém todas as manifestações de desconfiança em relação às urnas eletrônicas. Verdade seja dita: Dias Toffoli não foi o primeiro a adotar essa atitude. Ela se prolonga no tempo e é mais uma evidência de que boa parte dos membros dos poderes de Estado simplesmente está se lixando. A brisa é suave, o uísque é bom, a vida sorri. E o resto que se dane. Atrás desses muros é que vivem.
Eleitores bem informados não confiam no sistema de votação. Suas vulnerabilidades já foram apontadas por diversos peritos. Nenhum outro país adota esse tipo de urna

Mas os doutos ministros do TSE empinam o nariz com ar de enfado quando o assunto lhes é apresentado. Convenhamos, isso tem nome na lista das infrações aos deveres do cargo. A eleição da presidente Dilma deu-se em circunstâncias misteriosas. Os votos foram contados como naquelas mágicas em que o prestidigitador medíocre, para facilitar a vida, encobre com um pano preto o trabalho de suas mãos. A inconfiabilidade das urnas e a sigilosa contagem ajudaram – e muito! – a criar severas incertezas sobre a correção do pleito. Absolutamente natural, portanto, que o Congresso Nacional, ao deliberar sobre alguns itens de reforma política, incluísse preceito para que as urnas passem a imprimir os votos, permitindo que os eleitores, sem contato físico, os confiram e confirmem antes de a máquina depositá-los em urna onde permanecerão para eventual verificação manual.
Pois não é que a presidente Dilma vetou a iniciativa?
 
Um impressionante veto ao voto impresso! Logo ela, cuja eleição se deu rodeada por uma ciranda de suspeitas; logo ela, que quebrou o país para se eleger; logo ela dos gastos sigilosos e milionários com cartões corporativos; logo ela, das comitivas nababescas e dos hotéis suntuosos; logo ela resolveu implicar com o custo envolvido em algo tão indispensável à credibilidade dos mandatos presidenciais quanto a mudança das urnas eletrônicas.
 
Se o Congresso acolher o veto, a próxima eleição estará sujeita ao mesmo descrédito a que foi conduzido seu próprio mandato. O nome disso é fazer o diabo antes, durante e depois da eleição.



A Volkswagen e os softwares fraudulentos



A Internet das Coisas está chegando. Muitas indústrias estão se movimentando para colocar computadores em seus dispositivos e isso dará aos fabricantes novas oportunidades para praticarem fraudes.
Durante os seis últimos anos, a Volkswagen fraudou testes de emissão de poluentes dos seus carros movidos a diesel. Os computadores dos veículos conseguiam detectar quando estavam sob teste e alteravam temporariamente o comportamento dos motores para que parecessem muito menos poluentes do que realmente eram. Quando não estavam sob análise, vomitavam 40 vezes mais poluentes. O CEO da Volkswagen renunciou e a empresa enfrentará um recall caro, multas enormes e coisa pior.

Fraudes de testes regulatórios têm um longo histórico na América corporativa. Isso acontece regularmente no controle de emissões dos automóveis e em outras situações. O que é importante no caso VW é que a fraude estava pré-programada no algoritmo que controlava as emissões dos carros.

Computadores permitem às pessoas fraudar de modo inédito. Como a fraude fica encapsulada no software, as ações maliciosas podem ocorrer muito longe do teste em si. Como o software é “inteligente” de um modo que outros objetos não são, a fraude pode ser mais sútil e mais difícil de detectar.

Nós já tivemos exemplos de fabricantes de smartphones fraudando testes de benchmark de processadores: detectavam quando estavam sob análise e aumentavam artificialmente o desempenho. Logo veremos isso em outros ramos da indústria. (NT: benchmark é um ponto de referência em relação ao qual computadores ou programas podem ser medidos em testes de comparação de desempenho, confiabilidade etc.)

A Internet das Coisas está chegando. Muitas indústrias estão se movimentando para colocar computadores em seus dispositivos e isso dará aos fabricantes novas oportunidades para praticarem fraudes. Lâmpadas poderão burlar os padrões regulatórios parecendo ter mais eficiência energética do que realmente têm. Sensores de temperatura poderão enganar os compradores fazendo-os acreditar que a comida está acondicionada em uma temperatura mais segura do que a real. Urnas eletrônicas poderão parecer funcionar perfeitamente – exceto durante a primeira terça-feira de novembro quando imperceptivelmente transferirão uma pequena porcentagem de votos de um candidato para outro. (NT: a primeira terça-feira de novembro é a data das eleições nacionais americanas – Congresso a cada 2 anos e Presidente a cada 4 anos.)

A minha preocupação é que alguns executivos não interpretarão o episódio da VW como um aviso envolvendo penas justas para um grande erro, mas, ao contrário, o verão como uma demonstração de que você pode conseguir fazer uma coisa dessas por seis anos.  E eles trapacearão com mais esperteza. Para todos os envolvidos na ousadia, a fraude da VW era óbvia caso as pessoas soubessem procurá-la. Mais inteligente teria sido fazer a fraude parecer um acidente. A qualidade geral dos softwares é tão ruim que produtos são entregues com milhares de erros de programação.

Muitos deles não afetam as operações normais, motivo pelo qual o software da sua máquina geralmente funciona relativamente bem. Alguns desses erros, entretanto, afetam as operações, e por isso o software ocasionalmente falha e requer atualizações constantes. Ao fazer um software fraudulento parecer conter um erro de programação, a fraude parece um acidente. E, infelizmente, este tipo de fraude que se pode negar é mais comum do que se pensa.

Especialistas em segurança computacional acreditam que as agências de inteligência têm feito este tipo de coisa por anos, com o consentimento dos desenvolvedores de software e de maneira secreta. Esse problema não será resolvido por meio da segurança computacional como normalmente a entendemos. A segurança computacional convencional é projetada para impedir a invasão de computadores e redes por hackers. A analogia com carros seria uma segurança de software que impedisse que o dono pudesse adaptar o motor do seu veículo para correr mais, gerando, por outro lado, uma maior emissão de poluentes. O que precisamos combater é uma ameaça bem diferente: um comportamento condenável programado na fase de projeto. Nós já sabemos como proteger a nós mesmos contra o comportamento condenável das corporações. Ronald Reagan uma vez disse “confie, mas verifique” falando sobre a dissimulação da União Soviética nos tratados nucleares. Precisamos ter a capacidade de verificar o software que controla as nossas vidas.

A verificação de software tem duas partes: transparência e supervisão. Transparência significa disponibilizar o código-fonte para análise. A necessidade disso é óbvia; é muito mais fácil esconder um software fraudulento se o fabricante puder esconder o código. Mas a transparência não diminui a fraude nem melhora a qualidade do software magicamente, como qualquer pessoa que usa software de código aberto sabe. É apenas o primeiro passo. O código precisa ser analisado. E, como software é tão complicado, essa análise não pode ficar limitada a um teste governamental de vez em quando. Precisamos também de uma análise privada.

Foram pesquisadores de laboratórios privados nos Estados Unidos e na Alemanha que enquadraram a Volkswagen. Assim, transparência não significa tornar o código disponível apenas para o governo e seus representantes; transparência significa tornar o código disponível para todos.

Transparência e supervisão estão sob ameaça no mundo do software. As empresas normalmente lutam contra tornar o seu código público e tentam calar os pesquisadores de segurança que encontram problemas, citando a natureza proprietária do software. (NT: software proprietário é aquele em que o código-fonte não é disponibilizado.) É uma queixa válida, mas o interesse público de exatidão e segurança precisa se sobrepor aos interesses dos negócios.

Cada vez mais, software proprietário está sendo usado em aplicações críticas: urnas eletrônicas, dispositivos médicos, bafômetros, distribuição de energia elétrica, sistemas que decidem se alguém pode ou não embarcar num avião. Estamos cedendo mais controle das nossas vidas a softwares e algoritmos. Transparência é a única forma de verificar se eles não estão nos enganando.

Não faltam executivos dispostos a mentir e a fraudar em sua caminhada em direção aos lucros. Vimos outro exemplo semana passada: Stewart Parnell, ex-CEO da agora extinta Peanut Corporation of America, foi condenado a 28 anos de prisão por comercializar deliberadamente produtos contaminados por salmonela. Pode parecer excessivo, mas nove pessoas morreram e muitos mais adoeceram devido à sua fraude.

Software somente tornará uma má conduta como essa mais fácil de perpetrar e mais difícil de provar. Menos gente precisará saber sobre a conspiração. Isso pode ser feito de antemão, longe do local ou da ocasião do teste. E, se o software permanecer escondido por um tempo longo o suficiente, facilmente pode ser o caso de que ninguém na companhia se lembre de que ele está lá. Precisamos de uma melhor verificação dos softwares que controlam as nossas vidas e isso significa mais – e mais pública – transparência.

Este ensaio foi publicado originalmente na CNN.com
Tradução feita a partir do post Volkswagen and Cheating Software.

Bruce Schneier
é especialista em tecnologia internacionalmente renomado, chamado de “guru da segurança” pelo The Economist. É autor de 13 livros – incluindo Data and Goliath: The Hidden Battles to Collect Your Data and Control Your World – e centenas de artigos, ensaios e dissertações acadêmicas. Prestou declarações ao Congresso, é presença frequente em programas de rádio e tv, tem servido em diversos comitês governamentais e é citado regularmente na imprensa. A sua newsletter Crypto-Gram e o seu blog Schneier on Security são lidos por mais de 250 mil pessoas. É fellow do Berkman Center for Internet and Society na Harward Law School, do Open Technology Institute da New America Foundation, membro da Electronic Frontier Foundation, do Electronic Privacy Information Center e é Chief Technology Officer da Resilient Systems, Inc.

Tradução:
Ricardo R Hashimoto