De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de trânsito despenca
Nasci em 1940. Sou, portanto, um coroa entrando no nível mais alto do grupo de risco, no ano do meu 80º aniversário. Já estou em casa há duas semanas, e muito feliz, porque a casa da gente é o melhor lugar do mundo. Ligo-me ao mundo exterior pelas modernidades digitais de informação e pelo jornal impresso que me chega pela manhã.
Pelo telefone, recebo as preocupações dos amigos, que me parecem muito
assustados. Queixam-se de suores, taquicardia, falta de apetite; pensam que o
mundo vai acabar, que todos vamos morrer de Covid-19. Parece que estão num
mundo diferente do meu.
Concluo que estão permitindo que os assustem.
Neste artigo eu mostro por que
devemos ter cuidados e, ainda, temos que agradecer a quem permite que fiquemos
em casa protegidos.
De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de
trânsito despenca. Você acreditaria se eu dissesse que a gente está
ganhando em números de mortes no Brasil? Pois estamos. Com essa história de
quarentena, os acidentes de trânsito despencaram, assim como os homicídios. Com todos trabalhando em casa, há menos fluxo no trânsito e menos
oportunidade de haver um acidente com morte. Talvez saiamos dessa aprendendo
que muitas atividades podem ser feitas em casa com maior produtividade e
rapidez.
Outro fator importante é que as pessoas não estão indo para o bar e enchendo a cara de álcool e, por isso, não estão brigando até a morte. É bom pensarmos nisso.
Agentes de saúde
Nós precisamos pensar na proteção dos agentes de saúde. Estamos muito mal protegidos. Os médicos da Coreia do Sul, por exemplo, estão vestidos como se fossem astronautas, e os nossos médicos só usam luvas e máscara.Aqui em Brasília, um médico já foi parar na UTI por conta do coronavírus; ele já teve alta. Além do vírus, ele também era obeso.
" Agora,
pense nos enfermeiros e no pessoal da zeladoria. Como eles fazem ao
chegar em casa? Antes de entrar, passam por um chuveiro desinfetante?
Deveriam encontrar uma forma de alojar essas pessoas para que elas não
tenham que voltar para casa e infectar os familiares."
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As mortes por coronavírus até domingo (29) eram 114 em um mês. Essa é a quantidade de mortos no trânsito em um dia. Então, de certa forma, estamos tendo lucro.
Carreatas
Em muitas cidades do Brasil, houve carreatas pedindo a volta do trabalho e o fim da quarentena. O presidente Bolsonaro foi para Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho para conversar com as pessoas. As pessoas com quem Bolsonaro conversou eram autônomos e estavam na rua para tentar vender mercadoria. Eles precisam trabalhar para poder comer no dia seguinte.
O presidente nunca ouviu tanto a conjugação do verbo trabalhar. Existem pessoas querendo voltar ao trabalho. É preciso que elas trabalhem, mas com muito cuidado.
'Gripezinha' em Brasília
A primeira morte de Covid-19 em Brasília foi a da secretária do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CNSS). Além do coronavírus, ela tinha obesidade mórbida, diabetes, hipertensão não tratada e era fumante. Veio a 'gripezinha' e a derrubou. Quase todos os casos são de pessoas que já têm alguma doença prévia, e são elas que precisam ser altamente protegidas. O vírus não vai parar até não infectar todo mundo.
Cuidados são necessários, mas também é preciso tomar providências para que a economia não pare. A China não vai indenizar nenhum país por ter espalhado esse vírus para o mundo inteiro. A minha família tem uma loja, no Rio Grande do Sul, que vende bolos. Eles não pararam a produção, estão entregando bolo em casa ou para os carros que param na frente da loja.
Eu vejo que as lojas estão funcionando com entregadores. Aliás, os entregadores estão trabalhando e nós estamos em casa na boa, dependendo deles. Você acha que eles estão protegidos?
E nós não podemos nos proteger?
É um desafio para todos nós essa situação, mas tem gente criando soluções para continuar trabalhando. Eu tenho certeza que nós vamos encontrar o caminho e vamos vencer.
Veja Também: O que é o Orçamento de Guerra e qual sua importância no combate ao coronavírus
Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo
[sobre a importância do 'orçamento de guerra' no combate ao coronavírus, podemos dizer que é praticamente nenhuma - exige uma PEC e até ser aprovada a pandemia tem passado.
Algum efeito imediato ele tem para o Maia e Alcolumbre fazer politicagem - de pouco valor, já que em 2022 com o Brasil em processo de recuperação econômica, sob o comando do presidente Bolsonaro, tal orçamento sequer será lembrado.
Destacamos um pequeno trecho da matéria:
"Após ser cobrado quanto à efetivação do pagamento do auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais em entrevista coletiva na terça-feira (31), o ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu a crítica com um desafio ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ): “se Maia aprovar em 24 horas uma PEC de emergência, o dinheiro sai em 24 horas”.
Maia, buscando simular uma resposta ao desafio do ministro, colocou em tramitação uma proposta na própria terça. Só que como é habitual, a previsão agora é para a próxima semana.]