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domingo, 5 de julho de 2015

Jovem chama Dilma de VAGABUNDA e diz que foi uma honra e vai continuar

'Foi uma honra', diz jovem que chamou, cara a cara, Dilma de 'vagabunda'

 Igor Gilly é um jovem orgulhoso por ter se infiltrado na comitiva da presidente Dilma Rousseff nos EUA e ter xingado a presidente de “pilantra” e “vagabunda”. O fato ocorreu na última quarta-feira (1) e foi contado com detalhes por ele em sua conta no Facebook e em vídeo que ele mesmo produziu.O jovem estava acompanhado de dois amigos, que ele mesmo nomeia como Maria Rita e Lucas. Para atingir seu “feito”, o jovem precisou driblar a segurança da presidente, que acreditou que ele e seu amigo eram parte da comitiva. Os xingamentos aconteceram durante passagem de Dilma pela Universidade de Stanford.

“Ela [Dilma] chegou, entrou na portinha, eu estava lá sentado com o Lucas do lado. Quando o segurança viu a gente pegando o celular e a câmera, já começou a desconfiar. Só que já era tarde demais. Ela entrou e a gente começou a falar, falar, falar. Aí é que está, pegou o pessoal todo de surpresa. Todo mundo jurava que éramos da comitiva. Do nada a gente 'sua pilantra, vagabunda', o pessoal ficou espantado. Um guarda pegou o Lucas. Eu segui atrás dela xingando.”, conta ele.

O jovem mostra, após os xingamentos, que não irá parar de seguir a presidente. Para ele, a atitude “foi só o começo” e ele pretende “continuar a luta como um bom patriota faz”. Gilly, porém, não fala em nenhum momento como e quais serão seus próximos passos.

Assista ao vídeo da infiltração e, na sequência, leia o depoimento completo do jovem:

 VÍDEO: Igor Gilly se infiltra na comitiva do PT, nos Estados Unidos 
"Foi uma honra ter falado tudo que estava travado na garganta de tanto brasileiro na cara dela. Mas é claro, tem muitas pessoas que estavam me perguntando como tudo aconteceu, como que consegui me inflitrar na comitiva, que não foi fácil.

Primeiro que eu já estava tentando pegar ela desde o dia anterior, no hotel, desde quando ela chegou, se hospedou no hotel mais luxuoso de São Francisco, pago com nosso dinheiro, claro. Chegando lá, me passei por repórter para tentar buscar informação. O pessoal começou a falar que ela ia passar ali na frente, ia dar entrevista para todo mundo. Fiquei pensando comigo: 'é hoje que ela vai ouvir umas verdades'.

Só que aí, o que tinha acontecido? Eu e mais um pessoal, Maria Rita, Marcos, mais um outro pessoal daqui que está sempre envolvido em política, tinham combinado de ir para lá e combinamos de não levantar suspeita. Mas mesmo assim, a coisa lá no hotel ficou tão lotada de repórter, de gente, que os agentes que estavam lá - tinha gente para todo lado - começaram a desconfiar e coletar informação. Quando desconfiaram que ia ter protesto, que ia ter panelaço - a Maria, por exemplo, estava com o cabo da panela na bolsa dela aparecendo, dava para ver... A Maria se hospedou no hotel para tentar pegar a Dilma.
Quando foi umas 22h30 o povo: 'a Dilma está chegando, a Dilma está chegando' e daí do nada passaram uns 15 minutos, o povo dispersou, saiu o boato de que ela já estava no quarto e não ia dar entrevista, o povo começou a ir embora.

Eu me enfezei e fui de andar em andar no hotel procurando ela. Como eu fiz: eu ia no primeiro andar e colocava o ouvido de porta em porta para ver se eu ouvia a voz dela. E nisso eu acabava ouvindo vozes do pessoal da comitiva dela, falando em português, eu procurando a voz dela. Fui de porta em porta, andar por andar. Imagina, o hotel mais luxuoso de São Francisco é imenso, parece um castelo, e eu fui de porta em porta, todos os quartos, demorei uma hora e meia pelo menos tentando ouvir a voz da Dilma para bater na porta dela e falar o que tem que ser falado. Não consegui achar, acho que foi dormir direto, não sei.

Fui embora, a Maria dormiu lá e de manhã me ligou dizendo que tinha pegado ela no café da manhã e já feito um panelaço. Ela disse que a Dilma ia para Stanford e fomos para lá. Chegamos lá e a gente já estava mais esperto da estratégia dos agentes. Eles enganaram todo mundo, fizeram todo mundo achar que ela ia pela frente quando ela foi por trás. A gente fez uma estratégia diferente, falei pra ela 'vou fingir que sou da comitiva, eu e o Lucas - outro cara que estava com a gente - e nós vamos achar a porta que ela vai entrar.

Chegamos lá, cumprimentamos todo mundo. A espera durou mais de duas horas. Quando do nada ela chegou, entrou na portinha, eu estava lá sentado com o Lucas do lado. Quando o segurança viu a gente pegando o celular e a câmera já começou a desconfiar. Só que já era tarde demais, ela entrou e a gente começou a falar, falar, falar. Aí é que está, pegou o pessoal todo de surpresa. Todo mundo jurava que éramos da comitiva. Do nada a gente 'sua pilantra, vagabunda', o pessoal ficou espantado. Um guarda pegou o Lucas, por isso o vídeo dele é curtinho. Eu segui atrás dela xingando e aí chegou o engraçadinho do Jacques Wagner, não perde uma piada, mas se ferrou. Eu tinha entendido na hora: 'você está com dinheiro no bolso para papar?', algo assim. Depois que fui ver que ele tinha falado: 'você está com dinheiro do papai?'.

A grande maioria dos brasileiros aqui é contra o PT, é oposição. Você consegue encontrar petistas aqui, por incrível que pareça. Engraçado, o que os petistas estão fazendo aqui? Num emprego capitalista?

Depois que fui expulso do local, o segurança perguntou para mim e pro Lucas se éramos repórteres porque ele estava com medo que saísse na mídia. E aconteceu exatamente o que eles não querem, sair na mídia.

Isso é só o começo. Gostaria de agradecer todos os brasileiros que estão me dando apoio, estou recebendo a cada segundo milhares de mensagens, prometo que vou responder todo mundo, vou demorar, mas vou responder. Obrigado pelo carinho do pessoal por falarem que representei o povo brasileiro, realmente foi uma honra representar o povo brasileiro.
Pretendo e vou continuar agindo pelo Brasil, como um bom patriota faz. Vamos à luta, não vamos nos dispersar. Precisamos focar em pequenas lutas para ganhar a guerra. É claro que não precisa ganhar todas as batalhas para ganhar uma guerra, mas é uma guerra a longo prazo e só ganharemos essa guerra se lutarmos de pouquinho em pouquinho. Não podemos ficar parados, temos que continuar aumentando essa onda conservadora, temos que continuar aumentando essa onda da direita, e vamos juntos que nós só somos fortes unidos."

Fonte: Yahoo! Notícias

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Congresso aceita chantagem e libera manobra fiscal de Dilma - a oposição perdeu ganhando

Congresso aceita chantagem e libera manobra fiscal de Dilma

Texto principal da medida foi aprovado após 18 horas de sessão. Análise da última emenda ao projeto, no entanto, impediu que votação fosse concluída

O Congresso Nacional aprovou na madrugada desta quinta-feira a manobra fiscal do governo para maquiar o descumprimento da meta do superávit primário. Depois de dezoito horas de uma sessão conturbada, o texto principal do Projeto de Lei do Congresso (PLN) 36/2014, que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), recebeu o aval dos parlamentares – que, com isso, receberão ao todo 444 milhões de reais em emendas. Na Câmara, o placar foi de 240 votos a favor, 60 contra e 9 abstenções. No Senado, o texto obteve 39 votos a favor e 1 contra.


Manifestantes em protesto contra a votação da mudanças feitas pelo governo federal na LDO tentam entrar no Congresso Nacional e são barrados pela segurança da Casa - Fernando Bezerra Jr./EFE  

O efeito prático da medida é a redução da meta de superávit para 2014: de 116,1 bilhões para 49,1 bilhões de reais. A meta de superávit é a economia feita pelo governo para o pagamento dos juros da dívida. Diante do aumento dos gastos públicos em 2014, sem que houvesse também a elevação da arrecadação, o governo se encontrava em uma encruzilhada: se não mudasse a LDO, não conseguiria fechar as contas.

Emenda – A votação, entretanto, ainda não foi encerrada. Faltou quórum para a análise da última emenda ao texto: de autoria do PSDB, a proposta altera o projeto e inclui uma limitação nas despesas discricionárias, de forma que o governo só possa gastar o mesmo montante executado no orçamento do ano anterior. Às 4h57, o presidente Renan Calheiros encerrou os trabalhos. Com isso, a redação final do PLN 36 não foi aprovada e a votação terá de ser concluída na próxima terça, em sessão marcada para o meio-dia. São nulas, entretanto, as chances de a emenda do PSDB ser aprovada. 


Maratona – Por meio da apresentação de emendas, de questões de ordem e de pedidos de verificação de quórum, os parlamentares da oposição conseguiram prolongar os trabalhos até a madrugada. Com isso, o plenário foi se esvaziando. Por volta de 1h30 da madrugada, o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), pedia aos líderes aliados que telefonassem aos parlamentares ausentes para pedir a presença deles em plenário. Na última votação nominal, perto das 4 horas, o quórum entre os senadores foi de 41, exatamente o mínimo necessário para impedir a derrubada da sessão.

A sessão do Congresso teve início pouco depois das 10h de quarta. Antes de apreciar o texto, era preciso analisar dois vetos presidenciais e um projeto que concede crédito adicional a aposentados do Instituto Aerus de Seguridade Social. Foi o que os parlamentares fizeram em meio a longas e extenuantes sessões. Enquanto isso, as galerias estavam vazias porque o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) ordenou que a segurança barrasse qualquer manifestante.

Os governistas repetiam a tese de que o PLN 36 era importante para reorganizar as finanças públicas. E acusavam a oposição de oportunismo: "Tem setores da oposição flertando com o golpismo. Estão se vestindo da roupagem da velha política golpista da UDN", disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Em resposta, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lembrou o passado de cara-pintada do petista e respondeu chamando Lindbergh de "chapa-branca".

Antes, o tucano já havia afirmado que o governo estabeleceu um preço para cada parlamentar: 748.000 reais, o valor que será liberado a cada um agora que a manobra foi aprovada. Mesmo integrantes de partidos aliados se queixaram da chantagem. "Estamos tornando o mais explícito possível o escambo, o troca-troca, o toma-lá-dá-cá que a República vivenciou nos últimos anos", disse o deputado Esperidião Amim (PP-SC).

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que a maioria dos parlamentares agiu como cúmplices. "Os senhores vão pagar caro por esse voto desastroso para a economia do Brasil. As consequências serão dramáticas", disse ele.

Dilma – A aprovação da manobra é essencial para que a presidente escape de um possível processo por crime de responsabilidade. No esforço para obter ajuda do Congresso, Dilma se reuniu com líderes da base aliada na segunda e pediu o apoio deles na votação. No mesmo dia, veio à tona um decreto em que ela libera 748.000 reais em emendas parlamentares para cada deputado e senador. Com uma condição: desde que o PLN 36 seja aprovado. Por oficializar o balcão de negócios, a proposta constrangeu os aliados e teve o efeito contrário em alguns casos: deputados e senadores temiam que, dando uma vitória fácil ao governo logo após a chantagem, estariam admitindo que têm um preço.

O texto chegou ao Congresso no dia 11 de novembro e tramitou sob fortes críticas da oposição. O debate sobre o PLN elevou a tensão no Congresso. Na terça, a votação não teve início por causa de um tumulto na galeria do plenário. Um grupo de pessoas que estava no local passou a protestar. Um dos gritos "Vai para Cuba" foi ouvido como "vagabunda" pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que pediu a Renan que liberasse as galerias. Os agentes da Polícia Legislativa chegaram a usar uma arma de choques elétricos. Após uma hora com a sessão parada, Renan Calheiros encerrou os trabalhos, que foram retomados na manhã desta quarta


Governo venceu perdendo. Ou: Vitória de Pirro. Ou: Oposição perdeu ganhando


Mais de 18 horas! Esse foi o tempo que durou a sessão do Congresso que debateu, votou e aprovou o projeto de lei do governo federal que, na prática, elimina as metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, numa clara ofensa ao Artigo 165 da Constituição. Acabou a sessão: 4h58. A oposição tentou aprovar alguns destaques. Como dizia o poeta, “debalde!”. O governo conseguiu, como dizer?, unir a base. Dilma, que deve estar dormindo a esta hora, tomará o café da manhã convicta de que a sua base tem um preço. E ninguém poderá condená-la por fazer esse mau juízo dos seus companheiros, não é mesmo?

Como vocês devem se lembrar, decreto presidencial eleva em R$ 748 mil o valor das emendas individuais de deputados e senadores, mas condicionando essa elevação à aprovação do texto escandaloso. Na Câmara, o texto principal foi aprovado por 240 votos a favor e 60 contrários não custa lembrar que a Casa tem 513 deputados. Vá lá: 40% não foram reeleitos e talvez já tenham deixado Brasília, mas a adesão ao projeto, ainda assim, é baixa. No Senado, o texto contou com 40 votos a favor e um contra. Foi na trave. Como o quórum mínimo era de 41 senadores, Renan Calheiros, que presidia a sessão do Congresso — as duas Casas unidas —, computou o seu voto, o que não é usual.

A oposição foi derrotada no mérito? Foi, sim! Mas fez um belo papel. Esse é o caminho. O projeto do governo foi esmiuçado, detalhado, exposto com todos seus descalabros e despropósitos. A canseira foi grande. Também devem se considerar vitoriosas as pessoas que se mobilizaram para protestar em Brasília, obrigando Renan Calheiros a recorrer à truculência para esvaziar as galerias. Era certo que o governo venceria, mas foi, sim, uma vitória de Pirro, conseguida a um custo alto — inclusive o moral. 

E o Congresso que vem por aí no ano que vem é menos servil do que esse.

A oposição, finalmente, dá sinais de como é que se devem fazer as coisas. Isso é o que se espera dela. Essa é a cobrança de pelo menos 51 milhões de eleitores — hoje, talvez sejam mais. Essa é a oposição que presta contas a quem a escolheu para enfrentar o governo, não aquela que endossou, de maneira preguiçosa e impensada, o nome de Vital do Rêgo para o TCU.

E, é claro, se a oposição quiser, a questão tem de ser levada ao Supremo Tribunal Federal. A Constituição foi violada.
 
Por Reinaldo Azevedo Revista Veja