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terça-feira, 21 de maio de 2019

Hora decisiva da Revolução Cidadã

Está chegando, se é que já não chegou, o momento decisivo da Revolução Cidadã iniciada em março de 2015. As grandes manifestações de rua, a pressão das massas e a eleição de 2018 mostraram que a nação não suporta mais as lideranças carcomidas dos Poderes Legislativo e Judiciário, tendo mudado radicalmente a do Executivo, na esperança de concretizar o discurso de mudanças de Jair Bolsonaro.

Esses cinco meses comprovaram a forte reação às transformações sonhadas. Ela emana de conhecidos ministros do STF e de um numeroso grupo político, todos aliados e comprometidos com a velha política e com a desacreditada (in)justiça do alto escalão, ambas extensamente patrimonialistas, fisiológicas e corrompidas. Essa nefasta aliança de "vampiros e chacais" domina e consome a seiva da nação, que deveria suprir as necessidades da sociedade.

Hoje, o "Centrão", que nunca foi um centro democrático, o tal "Democratas", outras infelizes legendas políticas, até mesmo, vários traidores do PSL e da aliança, que navegou no capital político de Bolsonaro para chegar ao Congresso Nacional, vêm impondo derrotas ao governo e jogando por terra a esperança de mudanças que a nação exige. O STF não fica atrás, mas instâncias inferiores em Porto Alegre, Curitiba e no Rio de Janeiro têm demonstrado que, por aí, o caminho não será tão fácil.
 
Não adianta renovar a representação política se os novos não tiverem coragem de enfrentar as antigas lideranças do tipo Renan e Rodrigo Maia ou se elevarem a esse nível seus pupilos como, por exemplo, Alcolumbre - mais do mesmo. Está faltando a muitos políticos novos, com quem tanto contávamos, a pegada firme demonstrada por outros recém-eleitos como Hatten, Joyce Hasselman e Kim Kataguiri. Não se substituirá a velha liderança sem o combate firme, corajoso e permanente. Saiam de suas trincheiras e deixem pra depois as medidas de grande necessidade, pois um "valor mais alto se alevanta" e, se ele não for alcançado, de nada adiantarão belas ideias e inciativas. A hora é de combater!

E ao Presidente, concito manter seus sonhos, mas saber a quem ouvir. Olavo de Carvalho foi importante para destruir intelectualmente a esquerda radical, mas não contribuirá para pacificar e unir a nação. Radicalismo de cá não se justifica, pois ele não conquista corações e mentes, sendo também, mais do mesmo apenas com o "sinal trocado".

É PELO CENTRO ONDE ESTÃO PRINCÍPIOS E VALORES, QUE SE UNIRÁ A NAÇÃO. OS RADICAIS CONTINUARÃO EM SUA GUERRA IDIOTA E AUTODESTRUTIVA, MAS, EMBORA SEJAM MINORIAS, PODERÃO PARALISAR O GOVERNO. NÃO SE JUNTE A NENHUM DESSES DOIS LADOS CORROSIVOS, PRESIDENTE. O SENHOR ESTÁ SENDO ENGOLIDO POR RADICAIS DITOS DE DIREITA. NÃO FORAM ELES QUE O ELEGERAM E SIM A MAIORIA DE CENTRO E DE BOM SENSO. SER DE CENTRO NÃO SIGNIFICA FICAR EM CIMA DO MURO, POIS SE FOR NECESSÁRIO DEFENDER NOSSOS PRINCÍPIOS E VALORES, IREMOS PARA AS RUAS E, NUMA ESCALDA DE VIOLÊNCIAS, ESTAREMOS DISPOSTOS A PEGAR EM ARMAS PARA DEFENDER A LIBERDADE E A JUSTIÇA.

É chegada a hora do Presidente ir a público, inclusive na mídia tradicional, para esclarecer sobre as manobras do submundo de nossa política. Diga o que eles pedem em troca de seus votos pútridos, cobre o apoio dos políticos, ditos aliados e inexplicavelmente calados. Que eles mostrem quem são os deputados que estão "negociando" seus votos. Entrem em choque com as lideranças corruptas e fisiológicas.

Chegou o momento de o senhor mesmo liderar o povo nas ruas para, disciplinada e pacificamente, mas com toda a firmeza exigir: 
a reforma da previdência sem os cortes que a desfigurem; 
o pacote anticorrupção e antiviolência de Moro; 
a desideologização do ensino e o desmonte da carapaça marxista que empolga a estrutura do Estado. 
 
O Presidente está fazendo o possível para governar com o Legislativo e o Judiciário, mas a resposta de suas lideranças tem sido no sentido de enfraquecer, desmoralizar e mesmo desestabilizar o governo, na esperança de manterem seus privilégios e posições.

Bolsonaro não precisa ser um estadista. Basta valorizar sua assessoria de alto nível e, de acordo com sua reconhecida intuição e visão política decidir por si próprio. Porém, é preciso ter a humildade dos líderes iluminados, que identificam, entre os que os cercam, quem defende os interesses da nação e abdicam de posições pessoais ou grupais. É a hora do povo mostrar o que quer e a quem quer ver na sua liderança. Só a nação poderá salvar-se a si mesma, demolindo a "Bastilha" da política e da (in)justiça, ambas pútridas, que ainda a dominam e farão o possível para se manter.

 
Artigo no Alerta Totalwww.alertatotal.net
 

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vampiros no banco de sangue





O diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar, não pode ser acusado de esconder o jogo. Em entrevista ao GLOBO, ele defendeu a cobrança extra aos pacientes e informou que a agêncianão é um órgão de defesa do consumidor”. Quem ousaria pensar o contrário?  A fala não revela apenas desprezo pelos clientes, que já penavam para pagar as mensalidades antes da nova regra. Também escancara a captura das agências reguladoras por grandes grupos econômicos. No caso da ANS, quem dá as ordens são os planos de saúde. [além da defesa escancarada que Rodrigo faz  dos 'planos de saúde' é bom lembrar que  Rogério Scarabel Barbosa, outro diretor da ANS,  era advogado deseguradoras antes de ganhar uma vaga na agência que deveria fiscalizá-las.]

A autarquia não é o Procon, mas foi criada para fiscalizar as empresas e impedir que o mercado atropele os consumidores. Não se trata de uma opinião. Basta ler a lei que criou a agência, no governo FH.  O texto afirma que a finalidade institucional do órgão é “promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde”. Entre suas principais atribuições, fixa a de “articular-se com os órgãos de defesa do consumidor visando à eficácia da proteção e à defesa do consumidor de serviços privados”.

Na segunda-feira, a ministra Cármen Lúcia suspendeu a resolução da ANS que permitiu a cobrança extra de até 40% sobre consultas e exames. Na decisão, ela anotou: “Saúde não é mercadoria. Vida não é negócio. Dignidade não é lucro”.  O diretor da agência não entendeu ou não quis entender o recado. Na entrevista a Luciana Casemiro, ele desdenhou de quem questiona a submissão da ANS aos planos. Reduziu as críticas a “fala repetida” e “retórica de falar mal das agências”.

O lobby da saúde sempre foi influente em Brasília. A novidade é que a turma perdeu o pudor e passou a operar às claras. O presidente Michel Temer entregou o ministério a Ricardo Barros, um deputado do PP que teve a campanha patrocinada pelo setor. Ele avisou logo que não fiscalizaria a qualidade dos planos. “Ninguém é obrigado a contratar”, justificou.  A ANS é feudo do MDB. O relatório que avalizou a indicação de Rodrigo Aguiar foi assinado pelo senador Valdir Raupp, réu na Lava-Jato. Um observador do que ocorre na agência diz que seria impreciso falar em raposas cuidando do galinheiro. Neste caso, ele prefere a imagem de vampiros no banco de sangue.


 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O silêncio cúmplice da repressão na Venezuela

Prisão do prefeito de Caracas se soma a de outros membros da oposição e empresários, numa escalada repressora proporcional ao descontentamento geral


A prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, um dos principais líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro, revela, no recrudescimento da crise venezuelana, a escalada da ação truculenta do Estado. Ledezma foi preso na quinta-feira por cerca de 50 agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) que invadiram seu gabinete e o levaram para um centro militar, acusando-o de conspirar para derrubar o regime. Segundo a mulher do prefeito, Mitzy, a prisão foi realizada aos empurrões e com disparos de arma de fogo, numa ação em que Ledezma foi agredido. 

Como fez Hugo Chávez, seu mentor, Maduro recorre a tramas conspiratórias e ações subversivas para justificar atos de violência institucional. Em cadeia de TV após a prisão, ele acusou Ledezma de fomentar um golpe de Estado. “Chega de vampiros conspirando contra a paz”, disse o presidente venezuelano, referindo-se ao apelido com o qual se refere ao prefeito. Maduro também voltou a acusar o governo americano de ingerência nos assuntos internos do país. Este mês, Washington apresentou sanções contra altos funcionários do governo venezuelano, acusados de reprimir violentamente os protestos do ano passado, que deixaram 45 mortos. Além disso, investiga militares venezuelanos acusados de participar do cartel Los Soles, responsável pelo transporte, no país, de drogas da Colômbia para os EUA.

Não é por acaso que o prefeito de Caracas se une a uma longa lista de opositores presos, entre os quais Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, detido há um ano, durante os protestos; Enzo Scarano, ex-prefeito da cidade de San Diego, um dos epicentros dos protestos; e Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal. Além destes, María Corina Machado foi cassada da Assembleia Nacional após denunciar na OEA a repressão do regime nos protestos; o governo venezuelano também prendeu empresários, acusados de estocar alimentos, e jovens do movimento estudantil. 

A repressão cresce à proporção que a popularidade de Maduro despenca, inclusive em redutos bolivarianos, sob o peso de uma economia em crise aguda, com graves sequelas sociais. A queda dos preços do petróleo e uma política econômica populista geraram uma inflação acima de 60%, a queda do PIB, a desvalorização do bolívar e a escassez de produtos de primeira necessidade. Associada a altos índices de criminalidade, essa situação motivou os protestos do ano passado. [o quadro venezuelano lembra a situação atual do Brasil - exceto na escassez de produtos, que AINDA não ocorre no Brasil.]

Acuado, o regime se torna cada vez mais intolerante a qualquer situação que possa gerar manifestações. Recentemente, por exemplo, o Parlamento autorizou o uso de armas letais em protestos. A subsecretária de Estado americana para a América Latina, Roberta Jacobson, disse que os EUA estão “profundamente preocupados” com o aumento da repressão. Em contraste, a reação de Unasul, OEA e até do Brasil, tem sido, até agora, desproporcional à escalada da violência do regime. Tal silêncio, se perdurar, corre o risco de transformar esses atores, de mediadores a cúmplices. [sempre deixamos claro o entendimento que a Unasul nada mais é do que uma tentativa de reviver a URSS - União Soviética - na América do Sul.]

Fonte: Editorial - O Globo