Segundo laudo, balas recolhidas no local do crime foram mal preservadas
Impressões digitais encontradas em cápsulas recolhidas no dia do crime teriam sido apagadas durante análise da Polícia Civil do Rio
[provas corrompidas, por adulteração ou manuseio inadequado, perdem o valor.]
Caso Marielle: falha na investigação pode ter danificado prova, diz PF
Mais de um ano após as execuções da vereadora Marielle
Franco (PSol) e de seu motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal diz
que a perícia da Polícia Civil do Rio de Janeiro pode ter danificado
digitais em cápsulas de munição usadas no crime. O que poderia ser uma
prova importante contra os autores dos disparos foi perdida.
Um documento da Polícia Federal detalha que cápsulas recolhidas no
local do crime, em 14 de março do ano passado, não foram tratadas com
cuidado. A investigação era comandada pela PCRJ. As informações foram
reveladas nesta segunda-feira (15/04/19) pela GloboNews. O relatório
pontua ao menos duas falhas. A Polícia Federal concluiu ser possível que fragmentos das digitais
identificadas tenham sido contaminados por fatores externos, de forma
que a conclusão do exame fosse alterada. Das nove cápsulas periciadas,
os policiais encontraram fragmentos de impressões digitais em apenas
uma, segundo a reportagem.
Os estojos – local que armazena pólvora – foram examinados pela
Polícia Civil do Rio e receberam marcações com caneta verde para indicar
o código de lote. O exame do estojo em que foi encontrado um fragmento
de impressão digital “revela ausência de cristais papilares nos locais
marcados com caneta”. Isso, de acordo com a Polícia Federal, indica que a
caneta verde “apagou” uma parte do fragmento. Para a Polícia Federal, “a própria forma de manipulação dos
estojos, se não for feita com extremo cuidado a partir do uso de pinças,
poderia danificar ou apagar as digitais”. O documento destaca que o
armazenamento dos cartuchos em um saco também contribuiu para prejudicar
a preservação das evidências durante o transporte por causa do “atrito
entre os estojos”.
O relatório diz, ainda, que a impressão digital não necessariamente
pertence a quem fez os disparos que mataram Marielle e Anderson, e que a
marca pode ter sido produzida por uma falha na hora de recolher a prova
ou, até, por manipulação nas cápsulas. Questionada pela GloboNews sobre possíveis erros na investigação, a
Polícia Civil disse que mantém o sigilo do inquérito referente ao caso
das mortes de Marielle e Anderson a fim de preservar as investigações.
Perseguição e morte
Dois acusados de participarem da execução acabaram presos. Contudo, a família ainda quer saber quem mandou matar a vereadora.
Dois acusados de participarem da execução acabaram presos. Contudo, a família ainda quer saber quem mandou matar a vereadora.
[volta a caber também a pergunta: quem matou a vereadora e seu motorista?]
Segundo a
polícia, o crime foi planejado. Quando a vereadora saiu de um debate com
mulheres negras na Lapa, região central do Rio de Janeiro, o carro com
os criminosos a bordo já estava de tocaia, e os bandidos, preparados
para matá-la.
Marielle entrou no veículo conduzido pelo motorista e acomodou-se
no banco de trás do carona. Foi atingida por quatro disparos na cabeça.
Anderson levou três tiros nas costas. A assessora que estava sentada ao
lado da vereadora, Fernanda Chaves, saiu ilesa.