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sexta-feira, 29 de abril de 2016

A corda e o relógio



Frase do dia
Nunca vi um crime com tanta impressão digital. Estão lá as impressões digitais. Não era possível um delito com tanta prova. Um crime de responsabilidade sem punição, aí sim que é irresponsabilidade, uma forma de golpe, e essa Casa não vai aderir a isso.
Miguel Reale Jr., jurista, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma

A corda e o relógio
A estratégia de José Eduardo Cardozo, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), que defende a presidente Dilma Rousseff contra o impeachment, é esticar a corda o máximo possível e criar uma guerrilha contra o processo. O primeiro passo foi questionar a votação da admissibilidade na Câmara dos Deputados, alegando que as declarações de voto dos parlamentares não condiziam com a natureza do pedido em discussão.

Provavelmente, o pedido vai ser negado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Aliados podem tentar recurso na Comissão de Justiça, mas o objetivo é outro: recorrer da decisão de Cunha e levar a discussão, de novo, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa feita, questionando a validade da votação. Coisa do velho e bom PT, conhecido de todos por causa de sua vocação para defender disparates.

Mesmo que não obtenha sucesso, Cardozo deseja que a discussão atrapalhe ou, quem sabe, paralise o andamento do processo no Senado. Ele conta com a possibilidade de seus recursos caírem em “mãos amigas” e conseguir alguma liminar que provoque debates que, eventualmente, travem o processo. [O ‘garboso’ precisa começar a desconfiar que esse excesso de recursos absurdos, sem fundamento, verdadeiros disparates, tática típica de babaca petista misturado com ‘chicaneiro’, só vai levar a um resultado: antipatia total dos ministros do Supremo, incluindo os sempre gratos Lewandowski e Marco Aurélio;
Este sentimento fará com que todo recurso proveniente da defesa da Dilma seja apreciado com rapidez pelo STF e negado de pronto, tendo em conta a indisfarçável intenção procrastinadora. ]

Outra iniciativa é tentar obter do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mais tempo na tramitação do processo na Casa. Para tal, Cardozo conta com a discreta simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, que presidirá o julgamento, e um irregular apoio do Renan.

Por que ganhar tempo? A presidente Dilma e o ex-presidente Lula esperam criar um clamor internacional (improvável) contra o que chamam de “golpe” contra a democracia. Marco Aurélio TOP TOP  Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, atua intensamente junto aos países bolivarianos do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para forçar uma condenação expressa ao processo no Brasil. [qual o valor de uma condenação de organismos inúteis quanto o Mercosul e a Unasul? ZERO, nada mais que um ZERO à esquerda.]

Até agora, obteve duas declarações de relativo peso: do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, e do deputado kirchnerista Jorge Taiano (Parlasul). No entanto, nenhuma das instituições aprovou ou irá aprovar moções condenando o Brasil. Até mesmo pelo fato de não existir maioria para tal. As escaramuças são dos “executivos” que as gerenciam.

A grita internacional, se ocorresse de forma intensa, poderia alimentar o debate (improvável) sobre a realização de novas eleições gerais no país. Fato que representaria uma grave ruptura e só poderia se concretizar se o Tribunal Superior Eleitoral anulasse a chapa Dilma-Temer (PT). O governo espera (deseja) também que a Operação Lava-Jato venha a atingir o PMDB e, até mesmo, o vice-presidente, Michel Temer. Para o Planalto, essa hipótese poderia “zerar o jogo” no Senado e reabrir as chances de permanência de Dilma no poder. Espera (deseja) ainda que algum fato novo possa reverter a tendência de aprovação em definitivo do impeachment, daqui a dois ou três meses.

Mesmo que não seja uma grande estratégia – já que depende de um STF majoritariamente a favor do andamento do impeachment, das surpresas da Lava-Jato e do acaso , esta é a que resta a Dilma. Porém – e sempre existe um porém —, essa estratégia pode ficar ainda mais fragilizada se Lula e Dilma continuarem atacando a Câmara dos Deputados e demonstrando desprezo pela instituição.

Afinal, caso Dilma se salve, dependerá, para governar, daqueles a quem Lula hoje chama de “quadrilha”. A corda do governo está se rompendo. O tempo está acabando.

Por: Murillo de Aragão – cientista político

José Nêumanne: O carcará e o ratinho



Renan proseia com adversários na guerra de petralhas e petistas para garantir a própria impunidade e tirar proveito político
O sobrenome Calheiros tornou-se notório no noticiário policial dos telejornais no começo dos anos 1980, mercê do conflito sanguinário iniciado com a morte de Henrique Omena, cabo violento da truculenta PM alagoana. O prenome Renan, em homenagem ao grande historiador francês das origens do cristianismo, ganhou mais notoriedade ainda depois que os tiroteios cessaram, talvez, quem sabe, por escassez de vivos a tocaiar.

Tudo isso se passou à sombra do alagoano nascido no Rio de Janeiro Fernando Affonso Collor de Mello, quando este, dito “Carcará Sanguinolento”, foi eleito presidente da República no fim daquele mesmo decênio. Tendo o já então ex-chefe sido deposto, contudo, o antigo faz-tudo estava fora do bando, servindo a outras bandas da política pelas mãos de Zé de Ribamar, dito Sarney, maestro da velha UDN, da Arena da ditadura e do PMDB da resistência. E lá foi Renan ser ministro da Justiça do tucano Fernando Henrique Cardoso e presidente do Senado pelo PMDB, na base de apoio de Lula e Dilma Rousseff, aos quais serviu com astúcia, eficiência e sucesso. Teve de renunciar à presidência do Senado, ao protagonizar escândalo em que foi acusado de receber propina de empreiteira para sustentar uma filha e a mãe dela numa relação fora do casamento.
 
Mas ele voltou por cima e neste momento preside o julgamento do impeachment da quase ex-presidente Dilma, posando de varão de Plutarco, mesmo assentado em nove processos sob a égide do procurador-geral da República, Rodrigo Janot cuja recondução ao cargo foi providenciada por ele no Senado – e do Supremo Tribunal Federal (STF). Não é pouco, mas até agora não lhe causou grande mossa. Afinal, Dilma, alvo do rumoroso processo, ainda hoje trata como inimigo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do mesmo partido de Renan e como ele egresso da base governista. Ainda que a Casa tenha decidido por acachapante votação mandar o processo direto para o colo do solícito anjo da guarda das pretensões de permanência da madama chefona.

Faz tempo que o rebento dos Calheiros, acusados de terem mandado matar o advogado e político Tobias Granja, está a merecer o título de Carcará Sanguinolento. Pois viu o ex-patrão reduzir-se a insignificante ratinho domesticado. De posse da paróquia de São Gregório, por ter consagrado no Congresso a prática de perder mais tempo discutindo prazos do que se inteirando de acusações e provas, fazendo-o vassalo do calendário gregoriano, tornou-se o grande Inquisidor. Em suas mãos repousa o poder de acender a fogueira para incinerar o desastrado desgoverno dilmolulopetiista. Foi assim que o pai do atual governador de Alagoas, chamado de Renan Filho como convém numa oligarquia nordestina, e eleito sob a sombra paterna e em pleno gozo da herança de abundância da água fresca até no sertão, tornou-se o negociador-mor da República. “O diálogo”, diz ele, “fortalece a democracia”. Renan não é definitivamente um fofo?

Em vez de se ater a fatos e a autos, Sua Excelência passeia pelo Eixo Monumental de Brasília a se reunir com gregos e baianos para produzir o consenso da paz dos cemitérios, em que se enterram empregos e negócios, também denominador comum do qual ele espera tirar proveito político. Principalmente uma anistia por serviços prestados em todos os delitos dos quais é acusado. Renan não privilegiou lado algum: conversou com a presidente prestes a ser processada, com o vice-presidente pronto para ser empossado e com o colega do clã de São João del Rey, na Minas histórica, que ora preside o tucanato emplumado. 

E essa empalhada empulhação com cara de conciliação nacional na hora da crise e do pugilato teria de começar por um colega de prontuários. O tribuno que chefia a Mesa do Congresso Nacional trocou afagos públicos com Luiz Inácio Lula da Silva. Este é apontado em nota oficial da força-tarefa da popular e impiedosa Operação Lava Jato como um dos “principais beneficiários” da roubalheira que levou a Petrobras à lona e o Brasil às cordas. Foi o encontro do profeta da fome com o faquir da vontade de comer. Ambos, não por acaso, desejam o mesmo fim inglório para a república de Curitiba, chefiada pelo juiz que virou herói no império capitalista pelas páginas do semanário cujo nome significa o tempo todo: Time.

Da conversa de investigados pela polícia e pela Justiça escapoliram cochichos inconfidentes, como a de que Lula flertou com o desvio da Constituição representado pela antecipação de eleições. Mas foi lá mesmo para se alistar como voluntário na empreitada pacificadora de nosso moderno Bernardo de Vasconcelos no interregno entre Primeiro e Segundo Impérios, além de herdeiro de Tancredo Neves, fundador da Nova República, no enterro da ditadura militar. Pouco importa, se no dia anterior àquele em que o ex-líder sindical fumou com ele o cachimbo da paz, o ex-presidente tinha chamado os deputados federais de quadrilheiros que formaram um pelotão de fuzilamento para estraçalhar a tiros de fuzil a Constituição da República. 

Ensurdecido pelas balas cruzadas entre Omenas e Calheiros ou pela guerra sem quartel de coxinhas contra petralhas, o julgador-mor do destino da Nação no crítico momento presente só tem ouvidos para o bem. Só por isso não percebeu que o interlocutor e sua afilhada, objeto principal do julgamento que comanda, há muito abandonaram tolas veleidades da madureza na defesa da velha e boa democracia burguesa, sob cujo governo o Estado Democrático de Direito se mantém hígido, embora enxovalhado em nossa velha Pindorama de guerra.  

O xará do grande biógrafo de Saulo de Tarso já garantiu que vai antecipar a presença do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, seu parceiro no sindicato dos solícitos dos poderosos que estão sendo destronados, para garantir segurança jurídica à decisão a ser tomada pelos 81 senadores. O pior de tudo é que não dá sequer para desconfiar se esta é uma boa providência ou apenas um jeito de o filho de Murici, onde aprendeu muito bem a não deixar que os outros saibam de si, entregar o trapézio a um partner que desperta tanta credibilidade quanto ele próprio. E vai em frente o espetáculo mambembe em que a plateia é atraída pelo cuspe do ator global Zé de Abreu e pela abundância muscular dos glúteos e do silicone que segura as glândulas mamárias da Miss Bumbum da EsplanadaE Rainha da Xepa do desgoverno que desmancha no ar podre sem nunca ter sido sólido antes.

Publicado no blog de José Nêumanne

Como Dilma se prepara para deixar o poder



E o Aero-Lula? O poderoso e confortável avião presidencial, comprado para servir ao primeiro operário a se tornar inquilino do Palácio do Planalto, continuará servindo a Dilma depois que ela se afastar do cargo de servidora pública número um do país por decisão do Senado? Ou o avião só servirá doravante a Temer, o vice-presidente no exercício da presidência da República até que o Senado julgue Dilma em definitivo? Além do Palácio da Alvorada, onde além de morar passará a despachar, Dilma terá direito de desfrutar também da Granja do Torto, outro endereço residencial do presidente em Brasília?

E a quantos assessores ela terá direito? Seu salário, já se sabe, será reduzido à metade. E no Palácio do Planalto ela não poderá mais pôr os pés, a não ser se convidada por Temer. Não haverá convite. Certa de que o Senado, até meados de maio próximo, aceitará julgá-la por crime de responsabilidade, Dilma coleciona dúvidas e prepara desde já a sua mudança.

Começou a transferir do Planalto para o Alvorada caixas e mais caixas de documentos. E pergunta a quem julga bem informado sobre direitos e deveres de uma presidente afastada, mas ainda assim presidente. Alterna momentos de silêncio com momentos de irritação. 

Alimenta a esperança que seus principais auxiliares não compartilham: a de que acabaráquem sabe?absolvida pelo Senado até o fim do ano e devolvida ao poder.
É por isso que já tomou uma série de decisões. Por exemplo: dificultar a transição do seu atual governo para o governo em formação do vice. Nada de facilitar a vida de Temer, pelo contrário. As informações que ele precisa para começar a governar lhe serão negadas. 

Ora, pois... Ele que assuma e que mande os novos ministros correrem atrás delas. Dilma não chama Temer de conspirador? Não lhe atribui parte da culpa por sua queda? E então...

Nada de deixar projetos importantes para que Temer possa aproveitá-los. Os projetos de fato importantes serão anunciados por ela no restinho de tempo que lhe sobra como presidente em exercício. Projetos apenas esboçados, principalmente os que poderiam fazer a felicidade dos chamados movimentos sociais, toda a pressa com eles! A digital de Dilma deve marcá-los, para desprazer do conspirador.

E ela faz questão de empunhar a tocha das Olimpíadas em cerimônia prevista para acontecer no dia 10 de maio. Deverá ser a última do seu período de cinco anos e quase seis meses como presidente da República do Brasil.

Fonte: Blog do Noblat