Existem as
culpas indiscutíveis. A culpa dos que, no juízo das “maiorias de
circunstâncias” (palavras indignadas de Joaquim Barbosa), extinguiram o
cumprimento de penas após condenação em 2ª instância, acabaram com a
colaboração premiada e sepultaram a Lava Jato.
Quatro mil e novecentas
rolhas de espumantes espoucaram nos presídios do Brasil!
Há a culpa dos
ministros que, passados três anos, num instante de arrebatamento
“iluminista”, mudaram o endereço dos processos em que Lula et caterva
foram condenados. E a não esquecer: há a culpa dos ministros que – com
criminosa informação de um hacker – exigiram de Sérgio Moro a isenção
que alguns deles costumam deixar em casa quando a pauta do STF é de
interesse político – porque os manés têm que perder, porque missão dada é
missão cumprida, porque poder a gente toma e porque um tapinha
carinhoso no rosto é o reconhecimento facial dos justos...
A estas,
somam-se as imensas culpas das duas casas do Congresso Nacional,
colegiados da representação política onde a falta de virtude prende aos
próprios vícios o bem do povo brasileiro.
E há a culpa dessa coisa
horrorosa em que se transformou nossa “imprensa tradicional”, verdadeira
massaroca de fatos, versões, narrativas, ocultações explícitas e fins
implícitos.
O objeto real
das discussões que acompanhei, porém, era outro. Envolvia possíveis
responsabilidades das Forças Armadas e do próprio presidente Bolsonaro.
Vejo essas altercações como uma armadilha criada por nós mesmos para nos
capturar e dividir quando tanto iremos precisar de unidade.
Há muito
trabalho pela frente! Objetivos a alcançar, tanto para frear os abusos
de que temos sido vítimas quanto para sustar as ameaças e planos
sinistros anunciados e já acionados por ministros do STF e pelo governo
por instalar-se na virada da folhinha.
Há um imenso dever de casa que
nunca foi feito!
2018 foi o ano em que conservadores e liberais,
ceguinhos e descuidados, acharam um vintém.
Só por milagre, cegos acham
vinténs. Há que vencer em 2026 por méritos, não por sorte ou milagre.
A
presidência de Bolsonaro mostrou-nos um quadriênio em que o bem
realizado foi extraído a fórceps, de contexto adversário, que a toda
hora quebrava regras e comandava o jogo.
O tema desta
crônica, no entanto, era a busca de responsáveis pelo desastre de amanhã
nos bate-papos de ontem nas redes sociais.
Neles
não li uma única palavra sobre a responsabilidade por omissão dos 31
milhões de eleitores que ficaram em casa num dia como o 30 de outubro de
2022! Nem sobre outros quase 6 milhões que compareceram, mas votaram
branco ou nulo!
Se um em cada
dez desses cidadãos tivesse um pingo de juízo, o resultado da eleição
seria outro. Sim, porque eleitores petistas, eleitores de esquerda,
gente que acredita em mentiroso, que vai esperar o vale-picanha com
cervejada, que precisava, por essas e outras, “trazer os criminosos de
volta ao local do crime” (se o Alckmin pode, eu também posso), foram
ávida e esperançosamente para a fila da seção eleitoral.
Uma pequena
fração do bloco dos omissos daria ao Brasil outro 1º de janeiro. Enorme
responsabilidade cabe, sim, à turma de “nojinhos” e comodistas a quem
tanto escrevi e com quem tanto debati sempre que apareceu a
oportunidade. Cidadãos que só votarão quando surgir candidato tão
perfeito quanto eles mesmos;
- então, sobre as ruínas de sua omissão,
comparecerão, vaidosos de si mesmos, às sessões eleitorais.
Cidadãos que
não gostam dos modos de Bolsonaro e com esse elevado critério
viabilizaram números que “deram” vitória aos “modos” de Lula e seus
comparsas. Quanta tristeza!
Bastaria que pequena fração desse enorme
contingente tivesse usado a consciência e a cabeça para que não
estivéssemos, agora, às portas do nosso inferno astral, prometido pelo
petismo e jurado por Xandão.
Com o que vem
por aí, esse imenso grupo e os futuros congressistas são nosso campo
prioritário de trabalho e conscientização cívica.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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