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domingo, 1 de janeiro de 2023

Memorial dos culpados desconhecidos - Percival Puggina

Passei o dia de ontem, 30 de dezembro, lendo discussões nas redes sociais entre cidadãos cujas opiniões se dividiam sobre a quem atribuir responsabilidades e culpas pelos acontecimentos que sobreviverão à posse de Lula e seu séquito de malfeitores.
 
Existem as culpas indiscutíveis. A culpa dos que, no juízo das “maiorias de circunstâncias” (palavras indignadas de Joaquim Barbosa), extinguiram o cumprimento de penas após condenação em 2ª instância, acabaram com a colaboração premiada e sepultaram a Lava Jato.  
Quatro mil e novecentas rolhas de espumantes espoucaram nos presídios do Brasil! 
Há a culpa dos ministros que, passados três anos, num instante de arrebatamento “iluminista”, mudaram o endereço dos processos em que Lula et caterva foram condenados. E a não esquecer: há a culpa dos ministros que com criminosa informação de um hacker – exigiram de Sérgio Moro a isenção que alguns deles costumam deixar em casa quando a pauta do STF é de interesse políticoporque os manés têm que perder, porque missão dada é missão cumprida, porque poder a gente toma e porque um tapinha carinhoso no rosto é o reconhecimento facial dos justos...
 
A estas, somam-se as imensas culpas das duas casas do Congresso Nacional, colegiados da representação política onde a falta de virtude prende aos próprios vícios o bem do povo brasileiro. 
E há a culpa dessa coisa horrorosa em que se transformou nossa “imprensa tradicional”, verdadeira massaroca de fatos, versões, narrativas, ocultações explícitas e fins implícitos.

O objeto real das discussões que acompanhei, porém, era outro. Envolvia possíveis responsabilidades das Forças Armadas e do próprio presidente Bolsonaro. Vejo essas altercações como uma armadilha criada por nós mesmos para nos capturar e dividir quando tanto iremos precisar de unidade.

Há muito trabalho pela frente! Objetivos a alcançar, tanto para frear os abusos de que temos sido vítimas quanto para sustar as ameaças e planos sinistros anunciados e já acionados por ministros do STF e pelo governo por instalar-se na virada da folhinha.  
Há um imenso dever de casa que nunca foi feito! 
2018 foi o ano em que conservadores e liberais, ceguinhos e descuidados, acharam um vintém. 
Só por milagre, cegos acham vinténs. Há que vencer em 2026 por méritos, não por sorte ou milagre. 
A presidência de Bolsonaro mostrou-nos um quadriênio em que o bem realizado foi extraído a fórceps, de contexto adversário, que a toda hora quebrava regras e comandava o jogo.

O tema desta crônica, no entanto, era a busca de responsáveis pelo desastre de amanhã nos bate-papos de ontem nas redes sociais.

Neles não li uma única palavra sobre a responsabilidade por omissão dos 31 milhões de eleitores que ficaram em casa num dia como o 30 de outubro de 2022! Nem sobre outros quase 6 milhões que compareceram, mas votaram branco ou nulo!

Se um em cada dez desses cidadãos tivesse um pingo de juízo, o resultado da eleição seria outro. Sim, porque eleitores petistas, eleitores de esquerda, gente que acredita em mentiroso, que vai esperar o vale-picanha com cervejada, que precisava, por essas e outras, “trazer os criminosos de volta ao local do crime” (se o Alckmin pode, eu também posso), foram ávida e esperançosamente para a fila da seção eleitoral.

Uma pequena fração do bloco dos omissos daria ao Brasil outro 1º de janeiro. Enorme responsabilidade cabe, sim, à turma de “nojinhos” e comodistas a quem tanto escrevi e com quem tanto debati sempre que apareceu a oportunidade. Cidadãos que só votarão quando surgir candidato tão perfeito quanto eles mesmos; 
- então, sobre as ruínas de sua omissão, comparecerão, vaidosos de si mesmos, às sessões eleitorais. 
Cidadãos que não gostam dos modos de Bolsonaro e com esse elevado critério viabilizaram números que “deram” vitória aos “modos” de Lula e seus comparsas. Quanta tristeza! 
Bastaria que pequena fração desse enorme contingente tivesse usado a consciência e a cabeça para que não estivéssemos, agora, às portas do nosso inferno astral, prometido pelo petismo e jurado por Xandão.

Com o que vem por aí, esse imenso grupo e os futuros congressistas são nosso campo prioritário de trabalho e conscientização cívica.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Bolsonaro e os Militares -Banda podre da polícia quer a cabeça de coronel - O Estado de S. Paulo


domingo, 27 de dezembro de 2020

Cacaso previu a ‘nova política’- Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo
 

Wilson Witzel e Marcelo Crivella foram novos na empulhação

Um perdeu o mandato e batalha pela liberdade; o outro está preso em casa

Dois anos depois da eleição de Wilson Witzel para o governo do Estado do Rio e passados quatro da vitória de Marcelo Crivella para a prefeitura da cidade, a “nova política” mostrou seu verdadeiro rosto

(.........) 

Ibaneis com Picciani
Ibaneis Rocha, governador de Brasília e empresário bem-sucedido, com um patrimônio declarado de R$ 94 milhões é também um destemido.

Em agosto ele arrendou a fazenda Monteverde, em Uberaba (MG), de propriedade do notável Jorge Picciani. O simples fato de fazer negócio com o ex-presidente da Assembleia do Rio indicaria um empresário audacioso. Como Picciani foi condenado a 21 anos de prisão e rala sua pena em prisão domiciliar, fazer negócio nesse mundo é coisa de gente muito corajosa. Ibaneis e Picciani pertencem ao mesmo partido, o MDB.

Os bens do poderoso Picciani estão bloqueados pela Justiça que lhe cobra R$ 91 milhões. Onze em cada dez empresários correriam de um negócio desse tipo como o Tinhoso corre da cruz.

A Carta de Capistrano
A Fiocruz deu uma lição de Justiça aos ministros do Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça (o da Cidadania). Ambos pediram reservas de vacinas para seus doutores, funcionários e colaboradores. O STF queria sete mil doses só para ele e para a turma do Conselho Nacional de Justiça.

O pedido foi feito sem que os ministros dos dois tribunais fossem consultados. [altamente improvável que o diretor-geral do STF e seu ilustre par do STJ,  efetuassem uma solicitação dessa natureza - repleta de implicações políticas - sem o aval de alguns ministros ou, no mínimo, do presidente ou vice. 

Tanto que continuam em seus cargos - quando a exoneração sumária seria um excelente pedido de desculpas e a punição adequada.] Promotores do Ministério Público de São Paulo haviam tentado o mesmo golpe há algumas semanas. A centenária instituição de defesa da saúde pública nacional respondeu aos doutores informando que não lhe cabe “atender a qualquer demanda específica por vacinas”.

Foram educados. O historiador Capistrano de Abreu, num lance indelicado e agressivo, defendeu uma revisão constitucional, pela qual a Carta teria apenas dois artigos:

Artigo 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.

Artigo 2º - Revogam-se as disposições em contrário.

(............) 

Alcolumbre tonto
O senador Davi Alcolumbre convenceu-se de que seu inferno astral foi produzido pelos acertos que supunha ter feito no Supremo Tribunal Federal. É exagero. Se Macapá ficou sem energia e seu irmão perdeu a prefeitura, o Supremo nada teve a ver com isso.

No fundo, ele esperava que o Tribunal declarasse inconstitucional um dispositivo da Constituição. Na forma, Alcolumbre e seus aliados tinham feito as contas. No conteúdo, a dose era cavalar e a receita desandou.

Na mosca
Não importa o motivo que levou os ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes a anunciar que continuarão trabalhando durante o recesso que vai até 6 de janeiro. Eles miraram no que viam e acertaram o que não viram.

Com as sessões virtuais, esse recesso é um mimo anacrônico. A crônica dos litígios que aguardavam o recesso para cair no colo generoso do presidente-plantonista registra incríveis acrobacias às quais os quatro mosqueteiros podem ter dado um fim.

Salto alto
As administrações do governador João Doria e do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, subiram em saltos altos.

Há algumas semanas um dos hierarcas de Doria disse numa entrevista que se a CoronaVac tivesse 50% de eficácia, estaria tudo bem. Quem entende do assunto sentiu cheiro de queimado. Passaram-se os dias e o grau de eficácia dessa vacina está no tabuleiro. Jogo jogado, pois tudo poderia estar sendo feito com a melhor das intenções.

Eis que nisso o governador quis tirar férias em Miami. Já o prefeito Bruno Covas, aumentou seu próprio salário e tungou a gratuidade no transporte público para idosos (nesse lance, em parceria com Doria). Tucano quando sobe em salto alto é incapaz de descer dele até na hora do banho.

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo (MATÉRIA COMPLETA) Elio Gaspari, jornalista

terça-feira, 26 de maio de 2020

CONFESSA VÍDEO! CONFESSA! - Percival Puggina

Não é difícil entender o que se passa nos grandes veículos de comunicação. É compreensível seu desalento face sucessivas frustrações que os fazem migrar permanentemente de uma pauta para outra, com esperanças saltitantes em busca de alegrias incertas. Os eventos pelos quais passeavam ansiosas suas manchetes vinham, sempre, acompanhados do adjetivo “devastador!” porque ali adiante derrubaria o governo e silenciaria a voz na garganta daqueles chatos afeiçoados à bandeira do Brasil. A unanimidade monocromática dos grandes veículos era pouco convincente e seu objetivo... devastador.

Na manhã do dia 24 de abril, quando Moro proferiu seu epílogo como ministro da Justiça, essa mídia bebeu à última gota a taça da vitória. A nação, tanto pelo sim quanto pelo não, quase foi, inteira, para o respirador artificial. E ali ficou até o fim da tarde, quando o presidente expôs sua versão dos mesmos fatos e milhões de brasileiros voltaram a respirar por meios naturais. A mídia, porém, não se deu por achada e desviou sua atenção para o delegado Valeixo, que seria a vítima das soturnas intenções de Bolsonaro. Não funcionou, Valeixo disse que nunca foi pressionado. De Valeixo, os veículos pularam para o inquérito solicitado por Aras e autorizado por Celso de Mello. Os depoimentos, tornados públicos, deram em nada. Mudaram-se para uma presumível reação militar ante a forma como foram tratados os três generais convocados a depor. Mais uma vez, nada. Da soma dos depoimentos, nem Celso de Mello achou algo que proporcionasse alento ao tal efeito devastador.

Restava o vídeo. Ali, na íntegra, toda a reunião, face to face, haveria de emergir a devastadora verdade. E foi o que se viu. Até Janaína concluiu que Bolsonaro saiu reeleito daquela absurda sessão de cinema. Assim, a partir do dia 22 de maio, o dólar caiu, a bolsa subiu e a saltitante mídia disfarça seu inferno astral esquartejando o vídeo e submetendo-o, frase por frase, a um pau de arara analítico, exigindo-lhes a confissão do que elas se recusam a contar.

Com quanto orgulho se dizem comprometidos com a verdade, enquanto assim procedem! No entanto, não é a verdade que buscam, mas uma confirmação da narrativa – devastadora! – que já fizeram e que sumiu dos acontecimentos sob os olhos atentos do seu próprio público.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.