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quinta-feira, 14 de março de 2019

Críticas a Israel dividem democratas

Um presidente historicamente impopular seria um presente para a oposição. Mas, dois meses depois da posse do Congresso mais etnicamente diverso da história americana, uma velha rusga ocupou as manchetes políticas na capital. Até onde é possível justificar o apoio incondicional a Israel, o país que mais recebeu ajuda financeira americana no pós-guerra?  Entra em cena um elenco de calouros eleitos para a Câmara, na esteira de reação anti-Trump em novembro de 2018. E uma jovem deputada que não teme perturbar a etiqueta dos veteranos – e não conhece bem o vernáculo histórico do antissemitismo nos Estados Unidos.

Falamos de Ilhan Omar, a somaliana que passou quatro anos num campo de refugiados no Quênia até emigrar para os EUA e construir uma carreira política no estado de Minnesota. Eleita deputada em novembro passado, Omar chegou em Washington sob o halo da renovação. Logo atraiu controvérsias com declarações desastradas sobre a influência de Israel na política externa americana.

O problema, argumentam com frequência Israel não é denunciar a influência real de lobbies pró-Israel e sim recorrer a clichês que remontam a marcos do antissemitismo, especialmente o centrado na Europa. Apesar de Omar ter feito outros comentários críticos tanto sobre Israel como sobre direitos humanos na Arábia Saudita, foi  uma declaração no começo de março que despertou a a ira de colegas da bancada democrata. Ilhan Omar respondia uma pergunta sobre o poderoso grupo de lobby AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) uma organização que defende os interesses de Israel e que hoje é politicamente dominada pela direita evangélica americana. A deputada disse ” Eu quero falar sobre a influência política nesta país que tolera a pressão pela lealdade a um país estrangeiro.”

A reação foi imediata e bipartidária, com alguns democratas à esquerda da liderança, como a deputada igualmente caloura Alexandria Ocaso Cortez saindo em defesa da colega. Na quinta-feira, 7, depois de uma semana de turbulência, o Partido Democrata passou uma resolução que não condenou Ilhan Omar nominalmente, mas condenou “antissemitismo e expressões odiosas de intolerância”,  incluindo discriminação contra muçulmanos e qualquer outra minoria.

(...)

O debate sobre Israel ignora com frequência o fato de que a maioria dos judeus americanos não apoia a guinada à direita do estado de Israel sob Benjamin Netanyahu,  um fenômeno acentuado por geração. “Não há duvida de que os americanos mais jovens, entre eles os jovens judeus, têm menos interesse em Israel e dão menos apoio a suas políticas do que os mais velhos,” diz Stephen Walt.

Na eleição presidencial de 2012, 69% dos eleitores judeus votaram em Barack Obama contra 30% que deram o voto ao republicano Mitt Romney. Em 2016, Hillary Clinton recebeu 71% dos votos judeus, Donald Trump ficou com 24%.  No domingo passado, Netanyahu não demonstrou interesse em apaziguar seus críticos americanos com uma declaração explosiva: “Israel é uma nação-estado apenas para os judeus,” disse o primeiro ministro, em resposta a um comentário da atriz israelense Rotem Sela em defesa de igualdade para cidadãos árabes-israelenses. “Acredito que esta declaração revela os verdadeiros sentimentos de Netanyahu e aqueles em sua coalizão de governo,” diz Stephen Walt.Eles consideram os árabes israelenses cidadãos de segunda classe e acreditam que os palestinos vivendo sob seu controle em Gaza e na Cisjordânia não têm direito algum,” conclui.

 MATÉRIA COMPLETA, em VEJA