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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

As origens do atual conflito no Oriente Médio: a situação dos refugiados - Gazeta do Povo

Marcus L. Susskind

Artigo - Parte 2

Parte 1

 Na foto, refugiados palestinos no campo de refugiados de Al Shati, na Faixa de Gaza.

Depois da Síria, de onde vêm mais de seis dos 26 milhões de refugiados atualmente no mundo, o segundo maior grupo são os palestinos. Segundo a ONU, são 5,6 milhões de refugiados palestinos. Na foto, refugiados palestinos no campo de refugiados de Al Shati, na Faixa de Gaza.| Foto: EFE/Mohammad Ibrahim

A Guerra de Independência de Israel, em 1948, gerou um imenso êxodo. Cerca de 750 mil judeus foram expulsos de países árabes onde viviam havia centenas de anos. Por outro lado, pouco menos de 750 mil árabes saíram de Israel, grande parte por vontade própria: respondiam ao apelo dos exércitos árabes invasores que lhes pediam abrir caminho para permitir “jogar os judeus ao mar”.

Os refugiados judeus chegaram a um país recém criado e empobrecido que se esforçou por absorvê-los. Nenhum deles é chamado de refugiado há dezenas de anos todos receberam cidadania e foram integrados no país, com direitos civis integrais, seus filhos galgando altas posições como médicos, engenheiros, especialistas em alta tecnologia, oficiais militares, juízes, enfermeiros, advogados e toda e qualquer profissão.  
Infelizmente o mesmo não ocorreu com os refugiados árabes que chegaram aos países Islâmicos.
 
Os árabes saídos do atual Israel — e que desde 1964 passaram a se designar palestinos — foram colocados em campos de refugiados, sem direitos de cidadania e, na maioria dos países, sem qualquer outro direito. Excetuando-se a então Transjordânia (hoje Jordânia), todos os demais países colocaram drásticas restrições aos refugiados. A Liga Árabe (e a ONU) define como refugiado palestino também seus cônjuges, filhos, netos e bisnetos, independentemente do país de nascimento ou religião
A maioria vive em 68 campos de refugiados espalhados pelo Líbano, Síria, Jordânia, bem como na Faixa de Gaza (que até 1967 pertencia ao Egito) e a Cisjordânia (que foi incorporada pela Transjordânia e conquistada por Israel em 1967). 
A vida nos campos de refugiados gera frustração, angústia e muita raiva. Alguns exemplos:
 
1- Líbano: nenhum palestino tem direito à cidadania — não votam nem podem ser votados, por não serem cidadãos não têm direito aos serviços médicos, educação aposentadoria ou passaporte. Estão proibidos de terem propriedades. 
Qualquer descendente dos refugiados de 1948 é considerado refugiado. Filhos, netos e bisnetos nascidos no Líbano mantêm o status de refugiados, o que explica a existência de cerca de 420 mil palestinos no país. Praticamente qualquer serviço não braçal é proibido aos refugiados. Por serem apátridas não podem sequer abandonar o país, já que não têm documentos.
 
2- Síria: A Síria recebeu de 70 mil a 80 mil palestinos durante a Guerra de Independência. 
Mantém a mesma norma do Líbano e demais países árabes: filhos, netos, bisnetos e até mesmo quem case com um deles é classificado como refugiado. 
Hoje são 454 mil, depois que cerca de 160 mil fugiram da guerra civil que lá se desenrola. 
Na Síria eles têm direito a trabalho e a possuir apenas uma propriedade — comercial ou residencial. 
Os filhos nascidos na Síria de um dos pais palestino não tem direito à nacionalidade — é considerado palestino. 
Não têm direito a voto, a passaporte e são terminantemente proibidos de possuírem terra arável.

Os campos de refugiados na Faixa de Gaza e na Cisjordânia não foram desmantelados, apesar de estarem sob administração palestina.

A situação acima descrita, aliada à corrupção governamental, falta de emprego e de perspectiva e principalmente ao incitamento anti-Israel nas escolas, nas rádios e TVs bem como nas mesquitas e nos discursos das lideranças faz surgir um violento sentimento anti-israelense e antijudaico
A partir do final dos anos 80 a pregação da violência como sendo o único caminho de libertação irá desembocar na criação de inúmeros grupos adeptos do terrorismo como veículo de liberação das frustrações — um conveniente inimigo externo livra as autoridades de críticas internas.

Este é o fertilizante do terror, como veremos no próximo capítulo.

Marcus L. Susskind, colunista - Gazeta do Povo - IDEIAS


segunda-feira, 14 de maio de 2018

Inauguração de Embaixada dos EUA em Jerusalém aumenta clima de tensão



Sob contestação internacional, transferência da de órgão oficial coincide com escalada com Irã



Nesta segunda-feira, quando se comemoram os 70 anos da criação de Israel, os Estados Unidos transferem a sua embaixada no país de Tel Aviv para Jerusalém, atendendo a um pedido histórico dos israelenses e dos religiosos americanos. E a data não é uma coincidência: trata-se de mais um símbolo da proximidade entre os dois países. Mas a festa deve ser restrita, pois a tensão na região está crescente e especialistas afirmam que a possibilidade de uma nova guerra no Oriente Médio fica a cada dia mais próxima.



Estradas em Jerusalém recebem enfeites para inauguração de embaixada americana - AHMAD GHARABLI / AFP


O local da nova representação americana em Israel, anunciado em dezembro, escancarou o apoio incondicional de Washington ao governo de Benjamin Netanyahu, dificultando a retomada de negociações de paz entre israelenses e palestinos. Ao mudar a embaixada para Jerusalém sem fazer nenhum outro gesto aos palestinos, que reclamam o setor oriental da cidade como sua capital, o governo de Donald Trump deixa de ser visto como mediador do conflito. Em consequência, a data chamada pelos palestinos de Nakba (dia da catástrofe e do êxodo) — não por coincidência 15 de maio, dia seguinte à criação de Israel — deverá registrar recordes de protestos.

“Mover nossa embaixada não é um desvio do nosso forte compromisso de facilitar um acordo de paz duradouro; pelo contrário, é uma condição necessária para isso”, afirmou, em nota, o Departamento de Estado americano.

A medida reforça a ligação entre o presidente Donald Trump e Netanyahu, um dos líderes estrangeiros mais próximos do republicano. Especialistas afirmam que essa aproximação entre os dois é a mais intensa desde os anos 1990, quando Bill Clinton e Yitzhak Rabin compartilhavam um profundo vínculo de amizade e uma visão estratégica que os levou à primeira tentativa de um acordo entre os israelenses e palestinos baseado na premissa da troca de terras por paz.

DESCOMPASSO COM EUROPA
Além disso, outros dois fatores contribuem para a escalada de tensão. A mudança da embaixada ocorrerá seis dias após os Estados Unidos deixarem o acordo nuclear com o Irã, grande inimigo de Israel na região. Logo em seguida, Israel atacou bases iranianas na Síria, no que afirmou ser uma retaliação contra o lançamento de foguetes contra suas forças nas Colinas de Golã — território sírio cuja conquista por Israel em 1967 não é reconhecida internacionalmente. Esses fatos se relacionam e ampliam a possibilidade de novos confrontos.  — O conflito entre israelenses e palestinos está envolto em camadas de significado simbólico, e esses dois dias (aniversário de Israel e Nakba) são especialmente poderosos — disse ao GLOBO David N. Myers, professor de História Judaica e diretor do Centro Luskin de História e Política da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), referindo-se à data escolhida por Trump para a inauguração da nova embaixada. — E os fatos no Oriente Médio são dinâmicos. A decisão americana de se retirar do acordo nuclear com o Irã terá repercussões em toda a região. E são particularmente preocupantes as crescentes tensões na fronteira norte de Israel com o Líbano e a Síria, em especial a “guerra por procuração” entre o Irã e Israel (no front da guerra civil síria).

Até agora poucos países — a maior parte sem expressão diplomática relevante — seguiram o exemplo e transferiram embaixadas. Na semana passada, foi o Paraguai, por exemplo. Já os europeus criticam a decisão dos EUA, pois defendem seguir as resoluções da ONU segundo as quais o status definitivo de Jerusalém deve ser determinado em negociações. Americanos e europeus também ficaram em posições contrárias no caso do acordo iraniano, levando Angela Merkel, chanceler alemã, a afirmar que o Velho Continente não pode mais “confiar” nos EUA.

Por outro lado, o governo Trump tenta — talvez sem uma estratégia muito clara — repetir com os palestinos o que fez com os norte-coreanos: tensionar a relação para buscar um acordo. Mas no Oriente Médio a situação é menos clara do que na Península Coreana, e o risco de errar na dose, fazendo eclodir um novo confronto, parece ser maior, segundo especialistas.
— A mudança da embaixada sinaliza um afastamento de uma política de 30 anos que tentava uma solução para o conflito dentro da visão de dois Estados. É uma indicação de que os EUA não pretendem ser um intermediário honesto, mas sim um aliado de Israel — disse Myers. — Receio que estejamos caminhando para um período de crescente tensão. Quando há percepção de estagnação e falta de progresso, surge a perspectiva de violência.

Desde que ficou claro o apoio incondicional de Trump a suas políticas, o governo de Netanyahu tem se preocupado menos com a pressão internacional na questão dos assentamentos em territórios ocupados — são cerca de 600 mil israelenses vivendo na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Dan Arbell, pesquisador do Centro de Estudos sobre Israel da American University, na capital americana, acredita que essa mudança da embaixada é historicamente errada”:
— Os Estados Unidos atenderam a um dos mais importantes pedidos de Israel sem pedir nada em troca, sem utilizar isso como moeda de negociação em um acordo de paz com os palestinos. Perderam uma oportunidade.

A cerimônia de inauguração contará com a presença de Ivanka Trump e Jared Kushner, a filha e o genro do presidente americano, que tem sido um intermediário nos contatos com Israel. A embaixada começará a funcionar com ao menos 50 funcionários. São esperados 800 convidados na cerimônia — nenhuma autoridade palestina.
Essa mudança também serve como uma luva para as pretensões internas de Trump, pois parte da base evangélica dos republicanos defende que Israel tem direito à “terra prometida”.
— A love story entre Trump e Netanyahu deve continuar — disse Arbell. — A questão será quando os democratas voltarem ao poder. Acredito que, neste momento, os israelenses terão grandes problemas.


[Clique aqui e conheça mais sobre a 'manobra suja' feita por um brasileiro quando presidiu parte da Assembleia Geral da ONU, que permitiu a criação de Israel, usando território pertencente ao Povo Palestino e invadido por Israel. ]