Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Ação do BC contra inflação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ação do BC contra inflação. Mostrar todas as postagens

sábado, 11 de dezembro de 2021

Ação do BC contra inflação começa a surtir efeito - Editorial

O Globo

Em meio à inflação galopante, é um alento que a mão firme do Banco Central (BC) venha sendo sentida pelos agentes econômicos. As altas recentes nos juros a última delas na quarta-feira — e, sobretudo, a mensagem de que o aperto monetário continuará começam a surtir efeito num dos fatores responsáveis pela espiral ascendente dos preços: as expectativas. Pela primeira vez desde junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial de inflação, ficou abaixo da expectativa do mercado (em novembro, 0,95% ante 1,07%, segundo o BC).

Como todos percebem quando vão a postos de gasolina, supermercados ou pagam por serviços, a alta dos preços nos últimos 12 meses continua acima do razoável (10,74%). Mas os olhos do BC estão no futuro. A autoridade monetária planeja chegar ao final de 2022 e 2023 com a inflação abaixo do teto da meta (5% no ano que vem e 4,75% no seguinte). Domar as expectativas agora é chave para atingir o objetivo.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, elevou a taxa de juros que serve de referência para o mercado, a Selic, de 7,75% a 9,25% ao ano. É o maior patamar desde julho de 2017
Em janeiro, a Selic estava em 2%, o piso histórico. O salto de 7,25 pontos percentuais é o maior ciclo de alta desde 2002, quando investidores temeram a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a adoção de políticas populistas. A alta desta vez nada tem a ver com o pré-candidato do PT à Presidência.

É resultado de dois fatores. O principal é interno: as barbeiragens do governo, incluindo aí o Executivo de Jair Bolsonaro e o Legislativo de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Todo o esforço do presidente e dos líderes do Centrão em romper o teto de gastos para poder dispor de recursos antes das eleições do ano que vem provocou estrago gigantesco na credibilidade da política fiscal e da capacidade do Estado em honrar suas dívidas. A irresponsabilidade não saiu de graça. O aumento da incerteza fez o câmbio depreciar, aumentando o valor dos produtos importados e alimentando a inflação.

O segundo fator é externo: a recuperação global depois da pandemia exerceu pressão nos preços em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, a inflação registrou alta de 6,8% nos últimos 12 meses, maior valor desde 1982. Isso afeta as cotações de todos os produtos básicos, como petróleo e soja, definidos pelo mercado internacional.

Em comunicado, o Copom deixou claro que manterá a estratégia conservadora.  
É provável que a Selic suba mais 1,5 ponto percentual na próxima reunião, em fevereiro. 
Os juros altos impõem um freio ao consumo, por isso tiram o ímpeto de fabricantes de produtos e fornecedores de serviços de elevar preços.  
Verdade que, por aqui, esse mecanismo tende a surtir menos efeito diante do hiato persistente entre a demanda e a capacidade de produção. Mas, ao anunciar que pretende seguir elevando a Selic, o BC tenta “ancorar” as expectativas, induzindo os agentes a não repassar custos diante do risco da demanda reprimida adiante, com juros ainda maiores no futuro.

Infelizmente, o BC está sozinho na tarefa. Na verdade, é pior: Bolsonaro trabalha contra. Preocupado apenas em aumentar suas chances na eleição do ano que vem, o presidente insiste na estratégia desajuizada de jogar álcool na fogueira inflacionária. [se adotar medidas para reduzir,  ainda que apenas um pouco, a miséria de mais de 17.000.000 de famílias - além de famintas, estão desprovidas do básico do básico - for jogar fogo na fogueira inflacionária, tragam mais álcool. = VIDAS DE BRASILEIROS FAMINTOS IMPORTAM.]

Editorial - O Globo