Análise Política
A polêmica, ou inquietação, preferencial das últimas semanas acontece em
torno da linha econômica do futuro governo, que na prática já atua como
governo de transição. [como a transição deles é do NADA para LUGAR NENHUM, que continuem atuando, o que ajuda a reduzir o temor, pavor mesmo, que acometeu as pessoas responsáveis e sensatas quando da leitura do título desta postagem.] O desejo da instituição denominada “mercado” é o
governo do PT adotar políticas que garantam a sustentabilidade da
relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto.
Para reduzir a chance de uma “remontada” inflacionária e permitir uma
trajetória futura benigna da taxa de juros. Pois o Banco Central,
sabe-se, desfruta autonomia. [será que desfruta mesmo?
uma autonomia que resista a uma suprema canetada, monocrática?
a situação atual em que ninguém se opõe ao que a lei não permite mas é aceito, permite suscitar as perguntas.]
O pressuposto dessa visão é que a retomada, ou a continuidade da
retomada, da economia depende essencialmente do estímulo ao investimento
privado.
Que é função, por sua vez, de baixas taxas de juros e altas
taxas de retorno sobre o investimento.
Para o que contribuem
decisivamente não apenas as condições macroeconômicas, mas o contínuo
desenvolvimento de políticas microeconômicas que melhorem o ambiente de
negócios.
Ou seja, o mercado preferiria que, na essência, a política econômica dos
últimos quatro anos não fosse muito alterada.
É um desejo legítimo, mas
enfrenta uma dificuldade.
Pois o governo que implementou e defende essa linha perdeu a eleição.
Ganhou a eleição uma corrente política que vê com desconfiança, para
dizer o mínimo, a subordinação da estabilidade econômica à
responsabilidade fiscal.
Que acredita na necessidade de o investimento
estatal induzir o investimento privado. [afinal, boa parte dos que pretendem ser futuro governo, tem conhecimento, grande parte deles por experiência própria, que é mais fácil roubar uma estatal do que uma empresa privada.]
Que vê na expansão da demanda,
se necessário turbinada pelo gasto público, o motor principal do
crescimento.
E há circunstâncias adicionais, que não chegam a ser inéditas mas
adquiriram certa preeminência no recentemente concluído ciclo eleitoral:
nada disso foi debatido na eleição e, principalmente, ninguém
condicionou o apoio aos que agora se preparam para subir a rampa a
qualquer compromisso de manter qualquer aspecto da atual orientação
econômica.
Diferente de 2002, quando o PT decidiu beijar a cruz para que se abrissem a ele as portas do palácio. No máximo, Luiz Inácio Lula da Silva, recorreu a variantes daquele
bordão publicitário dos anos 90: “La garantia soy yo” (tem no You Tube).
E por que Lula não assumiu nenhum compromisso na economia?
Porque não
precisou. Porque calculou, corretamente, que o antibolsonarismo traria
por gravidade para ele, Lula, apoio suficiente para ganhar a eleição.
Foi por pouco, mas deu certo.
Agora o mercado aguarda o anúncio da equipe econômica do novo governo.
Não se esperam grandes surpresas. E, na última linha da planilha, essas
definições não terão assim tanta importância. Pois, sejam quem forem os
ministros da área, a posição de timoneiro da economia será acumulada
pelo ocupante da cadeira principal do terceiro andar do Palácio do
Planalto. [que convenhamos vai ser uma m ... fazendo mais m ... .
QUE DEUS NOS PROTEJA - com o quadro pintado, o Brasil - que estava se reerguendo sob BOLSONARO, ficará em condições piores do que a soma da Argentina, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte e o que mais não presta no mundo atual; por sorte, confiamos em DEUS, cujos desígnios são insondáveis - O finito não pode definir o INFINITO - e o timoneiro ainda está tentando definir a tripulação do barco.]
Quaisquer que sejam os ministros das pastas econômicas, o superministro
da Economia será Lula. Diferentemente de Jair Bolsonaro, o futuro
presidente será seu próprio Posto Ipiranga. Pelo menos até algo dar bem
errado. Pois as urnas lhe ofereceram essa possibilidade. [pergunta que não resistimos a fazer: e se as urnas fossem auditáveis?]
Eleições,
sabe-se, têm consequências.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político