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sábado, 15 de julho de 2023

Quem fala demais dá bom dia para cavalo - Percival Puggina


Aqueles que gritam, que não colocam argumentos na mesa, isso é o bolsonarismo”, falou Barroso. “Lutei contra a ditadura e contra o bolsonarismo”, continuou. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. (Leia em Poder 360°)

         Isso foi dito , durante o Congresso da UNE (eterno braço do PCB). O ministro estava ao lado de Flávio Dino e do deputado Orlando Silva. Fora confrontado por um protesto de estudantes que reprovavam sua conduta no impeachment da presidente Dilma e em relação ao piso da enfermagem. Barroso elevou o tom para um padrão de discurso e quis valorizar-se perante a militância ali congregada. 
O que disse, vindo do homem do “Perdeu mané!” e que acabou de exaltar aqui em Porto Alegre a ascensão do STF à condição de Poder Político é de cair os butiás do bolso, como se diz aqui no RS para denotar grande estupefação. 
 
Não porque constitua novidade, multidões sabem como os fatos transcorreram e se agudizaram as tensões desde que o militante ministro  atravessou a pequena distância que separa a sede do STF da Câmara dos Deputados para tratar das urnas com impressora
 
 A Comissão de Constituição e Justiça tinha ampla maioria para aprovação de um sistema com votos recontáveis; quando o ministro foi embora, líderes partidários trocaram mais de uma dúzia de membros da comissão, revertendo o resultado. 
A partir daí, o ambiente político e, na sequência, o ambiente eleitoral, desestabilizou-se. E veio a censura que o ministro disse haver combatido e vieram as ameaças e os excessos que assinalaram o processo eleitoral do ano passado.
 
Grave, da maior gravidade, é haver o ministro, agora, espontaneamente, microfone na mão, consignado à nação sua luta pessoal e a luta colegiada contra o bolsonarismo.  
Isso, vindo de quem presidiu o TSE e vai presidir o STF, torna ainda pior o que já estava ruim. 
Acendem-se as luzes no pelourinho da opinião pública. 
No país do discurso do ministro, o que ele disse teria consequências. E no Brasil real?
Percival Puggina - Conservadores e liberais
 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

A reforma tributária fará o brasileiro trocar o álcool por crack e Rivotril? - Bruna Frascolla

Gazeta do Povo - Vozes



Obscurantistas atentam contra a saúde e a moral públicas. -  Foto: Simony Jensen/Domínio público

O tabaco e o álcool são dois alvos históricos do progressismo. 
O tabaco, nativo das Américas, era visto como a vingança do homem vermelho contra o homem branco, pois tal vício adoeceria a raça superior. O álcool, a seu turno, serviu de cavalo de batalha dos puritanos contra inimigos variados: os católicos, os anglicanos tradicionais, os imigrantes pobres dos EUA (italianos e irlandeses), os alemães durante a I Guerra. Católicos, luteranos e anglicanos tradicionais usam vinho na missa. Assim, criminalizar o álcool é um jeito de criminalizar religiões e culturas inteiras. No entanto, isso se faz usando a ciência e a saúde pública como pretexto, transformando em técnico e imparcial o que na verdade é manipulação parcialíssima.
 
Desde o fim da Guerra Fria e da ascensão dos EUA como potência única, o Brasil vem empreendendo campanhas contrárias ao tabaco e ao álcool. O cigarro foi taxadíssimo e acabou se tornando um filão do PCC, que contrabandeia do Paraguai. 
Ainda assim, pode-se supor que a campanha antitabagismo tenha sido benéfica à juventude, que aprendeu desde cedo sobre os malefícios do cigarro e não aderiu ao hábito. 
Mas o álcool, que tem uma importância social histórica, sobreviveu em melhor estado às campanhas politicamente corretas. 
O Brasil perdeu suas famosas propagandas de cerveja na TV, mas os tiozões continuaram lotando botequins nos finais de semana. 
O álcool continua presente entre nós das maneiras mais variadas, que vão desde o vinho caro da ocasião especial à cachaça vagabunda do mendigo alcoólatra. O álcool sem dúvida pode ser um problema grave para alguns indivíduos e famílias; no entanto, tratá-lo como se fosse crack é impossível. O álcool pode ser antissocial, mas pode também ser uma fonte especial de sociabilidade, com direito ao sagrado.

    Álcool, que é lazer, não pode porque “faz mal à saúde”, mas maconha pode, porque é “medicinal”

Há pouco mais de um século, Chesterton vivia no olho do furacão progressista. Vejamos o que ele escrevia sobre a relação da nova cultura dominante com o álcool: “Uma nova moralidade veio ao nosso encontro com certa violência e se relaciona ao problema da bebida alcoólica. Os entusiastas do assunto variam desde o homem que é posto para fora dos pubs meia noite e meia, até a dama que ataca os balcões dos bares com um machado. Em tais discussões, quase sempre sentimos que uma postura moderada e bastante sábia é dizer que o vinho, ou coisas do tipo, devem ser ingeridos como remédio. Atrevo-me a discordar disso com particular veemência. A forma genuinamente perigosa e imoral de tomar vinho é tomá-lo como remédio. E por esta razão: se alguém bebe vinho por prazer, está tentando obter algo excepcional, algo que não espera a qualquer hora do dia, algo que, a menos que seja um tanto louco, não tentará obter a qualquer hora do dia. Mas se alguém bebe vinho para ter saúde, está tentando obter algo natural; ou seja, algo sem o que não deve viver; algo sem o que dificilmente passará sem consumir. […] É fácil não permitir que alguém tenha prazeres; difícil é negar a aquisição da normalidade.” Está em Hereges, capítulo VII.

118 anos depois, neste Brasil em que não se pode fazer propaganda de cerveja, eu abro o Twitter e me aparece propaganda de “maconha medicinal”.  
Álcool, que é lazer, não pode porque “faz mal à saúde”, mas maconha pode, porque é “medicinal”. 
Nada impede, aliás, que nos próximos 100 anos o álcool faça o mesmo percurso que o cânhamo no Brasil: era um hábito de lazer arraigado entre pobres de origem angolana até Vargas ter sucesso em erradicá-lo com base em argumentos eugênicos, para depois voltar como símbolo identitário de universitários, ser considerada inerradicável e, por fim, liberada para fins medicinais. É imoral dizer: “Vou beber um copo ou dar um trago para me distrair”, mas é correto – científico! – dizer: “Vou beber um copo ou dar um trago porque o médico mandou.”
 
Há um fetiche materialista aí que nega o livre arbítrio e que é cego para o caráter social do homem. Nega o livre arbítrio porque o homem, idealmente, deve agir conforme os ditames da Ciência (i. e., da burocracia científica) para ser livre. 
Começa com a restrição ao prazer pautada pela saúde. 
Como nada impede que cada decisão pessoal nossa seja avaliada segundo critérios científicos, nada impede que a Ciência determine tintim por tintim os rumos da vida humana. A Ciência pode perguntar: desde “Quais impactos tem o casamento sobre a saúde de uma pessoa?” até “Qual impacto que o hábito de ouvir Mozart tem sobre a saúde?”. 
O fato de a Ciência mudar de ideia pouco importa. Enquanto se disser que ouvir Mozart faz bem, especialmente às 6 da manhã, você deverá botar um alarme para se lembrar de obedecer a essa recomendação sanitária.
 
E esse fetiche é cego para o caráter social do homem porque reduz o ato de beber um copo de vinho à atuação química do álcool sobre o cérebro humano. Um alcoólatra e um bêbado ocasional nasceram com um cérebro humano sem vícios e ingerem o mesmo tipo de substância. 
No entanto, as escolhas de cada um determinaram relações diferentes com o álcool, e, no caso do alcoólatra, essa relação foi capaz de alterar o seu próprio organismo a ponto de sofrer de síndrome de abstinência caso fique sem álcool. 
Para se evadir desse tipo de conclusão, a moral atual tende a buscar explicações genéticas – ou seja, materiais – para negar outra vez o livre arbítrio. Fulano não é mais alcoólatra porque fez más escolhas, mas sim porque nasceu predestinado ao alcoolismo por genes ruins.  
Já fizeram isso até com a obesidade para vender Ozempic e acabar com a necessidade de disciplina…

O fato é que cada ser humano é livre para escolher como beber. E, para não pararmos no liberalismo e suas derivações, é preciso acrescentar: o homem é impactado pela cultura dominante. Não é determinado, como pretendem os deterministas sociais, mas é impactado porque nenhum homem é uma ilha e o pensamento comum da sociedade exerce influência sobre o juízo privado de cada um.

Chesterton chegou a dar conselhos sobre o trato com a bebida
: “A regra sadia parece ser a mesma de muitas outras regras saudáveis: um paradoxo. Beba por estar feliz, mas nunca por se sentir extremamente infeliz. Nunca beba quando estiver infeliz por não ter uma bebida, ou irá parecer um triste alcoólatra caído na calçada. Mas beba quando, mesmo sem a bebida, estaria feliz, e isso o tornará parecido com um risonho camponês italiano. Nunca beba por precisar disso, pois tal ato racional é o caminho para a morte e para o inferno. Mas beba por não precisar disso, pois beber irracionalmente é a antiga fonte de saúde do mundo.” 

Há sociedades que prescindem do álcool, como as islâmicas, e que escolhem outros métodos de entorpecimento, tais como comer cânhamo, mascar coca ou beber chá de ayahuasca. Abstraindo, podemos dizer que entorpecer-se irracionalmente é a antiga fonte de saúde no mundo; no caso do Ocidente, fazia-se isto com álcool. Isso só mudou com o advento do calvinismo.

Uma sociedade que infunda nos bebedores esse conselho de Chesterton faz bem aos indivíduos que a compõem. Já uma sociedade que mande se entorpecer por motivos sanitários é uma sociedade que fomenta cracolândias.

E já que chegamos à cracolândia, é a esse lugar que a reforma tributária se empenha em empurrar o bebedor pobre de final de semana
Se o preço da cervejinha, da cachaça, do licor, se tornar proibitivo por causa do “imposto do pecado”, que tipo de coisa que dá barato e não tem imposto se poderá consumir? Crack e maconha, duas drogas de pobre.
 
Nos EUA também há um fenômeno parecido com as cracolândias, a saber: massas de zumbis que ficam vagando pelas ruas das metrópoles.  
Nos EUA, em vez de crack, a droga que causa isso costuma ser fentanil, um opioide analgésico. É interessante que um opioide tenha os mesmos resultados que um derivado de coca. Por outro lado, ao me mudar de uma metrópole para uma cidadezinha do interior, uma dificuldade que tive foi identificar cracudo. Na metrópole, ele se apresenta sob a forma de zumbi ou de “noia”, com um aspecto vidrado. 
Aqui, apresenta-se como um sujeito aéreo demais. 
Hoje, se vejo um tipo desses pular seminu no Rio Paraguaçu e ficar dançando, atirando água pros lados, já sei que é cracudo local; enquanto isso, os turistas de Salvador acham tudo muito bonito e sacam as câmeras para fotografar a cena ao pôr-do-sol. 
Será que na metrópole eles têm acesso a mais droga e isso lhes dá um aspecto de zumbi? 
Será que há algum fator psicossocial inerente às metrópoles que explique uma diferença e uma semelhança inesperadas? 
Não faço ideia, nem tenho condições de averiguar.
 
Mas deixem-me insistir no fentanil. Sabem por que os EUA têm tanto problema com dependência de opioides? Porque lá ninguém toma dipirona; dipirona é proibida. Em vez de dipirona, toma-se opioide. Quanto à história do vício em opioides em geral, recomendo este texto de Paula Schmitt. 
De fato, houve um conluio das farmacêuticas com o governo e a imprensa para destruir a vida do cidadão estadunidense. 
E ainda que não houvesse tamanhas fraudes, o fato é que a dependência de opioides massificada tem exatamente a origem imaginada por Chesterton: mandar as pessoas tomarem para ficarem saudáveis, o que demanda um uso normalizado e, portanto, vicia.
 
Agora, um uso não imaginado por ele é o uso identitário de drogas associadas a transtornos psiquiátricos. O uso identitário de uma droga tem exemplo na maconha a partir da contracultura. A pessoa fuma para ser algo ou alguém; para assumir uma identidade revolucionária. 
Em tempos mais recentes, temos assistido a uma glamorização, seguida por normalização, de doenças mentais.  
As pessoas chegam a pôr “TDAH” nos seus perfis em redes sociais: os diagnósticos do DSM passaram a ser mais ou menos como horóscopo; a pessoa associa um temperamento a um “transtorno” do mesmo jeito que fazia com um signo. Em vez de “sou virginiano”, a pessoa diz “sou autista”. A única diferença (pois a coisa mais fácil do mundo é conseguir um diagnóstico) é que vem um remedinho junto, que a pessoa tem que tomar por razões médicas. 
E, tal como o crack, é possível que as drogas psiquiátricas não tenham muito imposto.  
Sabiam que fentanil é direito humano? 
Fentanil é remédio, saúde é direito humano e a OMS tem uma lista de remédios essenciais que todo país respeitador dos direitos humanos deve dar.

Então é isso: vamos deixar de beber para obedecer ao médico. Nada de vinho. Entorpecimento, agora, só com remedinho, quando o médico mandar.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Bruna Frascolla, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 



domingo, 30 de abril de 2023

“Seja homem”: Rússia exalta masculinidade em campanha de recrutamento militar

Ao que parece, está de volta a estética de Vladimir Putin, no estilo “peito nu montando um cavalo”, como a imagem do presidente russo que supostamente deveria exaltar suas qualidades viris, mas que virou meme e viralizou nas redes sociais. Seja caminhando pelas ruas ou acessando as redes sociais, os russos em idade militar há vários dias não conseguem evitar as propagandas da campanha de recrutamento para se juntarem ao exército do país na ofensiva contra a Ucrânia.

“Você é um homem. Comporte-se como tal!”, diz uma das ações do exército russo, que têm o objetivo de dar um novo impulso ao alistamento militar – cada vez menor-, sem recorrer a uma nova mobilização forçada, um movimento impopular que o Kremlin adotou em setembro, após vários reveses militares.

Desde então, como forma de apaziguar a opinião pública, o governo lançou a maior campanha publicitária de recrutamento militar voluntário desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.

Em Moscou, propagandas se espalham por outdoors em rodovias, vitrines e pontos de ônibus, todos promovendo um “trabalho honrado e salários decentes”.

Embora as autoridades não tenham anunciado metas numéricas, a imprensa russa relata que o exército espera recrutar centenas de milhares de homens.

No site do município de Moscou, o salário prometido a um soldado enviado à Ucrânia é de 204.000 rublos (ou R$ 12.652 no câmbio atual), mais de 10 vezes o salário mínimo local.

Aos que participarem da ação ofensiva, é prometido ainda um bônus diário de 8.000 rublos (R$ 496) e outros 50.000 rublos (R$ 3.099) por cada quilômetro conquistado em uma brigada de assalto, a formação mais exposta ao fogo inimigo. “Na Rússia, é uma boa quantia para sustentar uma família, incluindo os pais. É lógico: se uma pessoa defende sua pátria, por que não a pagam?”, disse Piotr Lipka, um jovem de 21 anos.

“Alistar-se por contrato é melhor” do que ser mobilizado, acrescentou o estudante de Volgogrado.

“Defender a pátria” 

Nos cartazes não há imagens de combate, o conflito na Ucrânia parece distante. “Nosso trabalho: defender a pátria”, pondera um banner com três soldados sob um céu azul.

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra um taxista, um corretor de seguros e um professor de educação física seguido da frase “esse é realmente o caminho que você queria escolher?”, questionando profissões tradicionais em detrimento da atividade militar.

No final da propaganda, os três homens ficam satisfeitos em optar pelo uniforme do exército e o rifle de assalto, sob o slogan “Você é um homem. Comporte-se como tal”.

Evgeny Krapivine serviu na Chechênia em sua juventude. O homem de 41 anos contou que gostaria de se alistar novamente, mas teme que sua idade seja um problema. “Quando perguntei, eles me responderam: ‘você tem 41 anos, não vamos levar você'”, disse. Posteriormente, o exército reconsiderou sua adesão e o informou que podem entrar em contato com o veterano “a qualquer momento”.

Ao lançar a campanha, o presidente russo, Vladimir Putin, teve uma lei aprovada em apenas dois dias para facilitar uma nova mobilização, o que gerou temores, à medida que a primeira convocação militar “parcial” em setembro fez com que dezenas de milhares de homens fugissem para o exterior.

Com as ações de recrutamento voluntário, o governo quer “evitar um novo susto”, disse Denis Volkov, diretor do centro de estudos independentes Levada, acrescentando que a propaganda deve ter mais força no interior do que nas principais cidades do país.

Em Moscou, os pais idosos dos soldados recrutados recebem assistência domiciliar e seus filhos possuem vagas gratuitas em creches.

Em caso de morte, estes recrutas recebem a promessa de abrigo para suas famílias e uma indenização de vários milhões de rublos.

DefesaNet - (Com AFP)

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Lula se declara "TRANSFÓBICO" e contra outras coisas mais

Confira na imagem e voz do próprio.

Lula mais uma vez age no estilo 'quem fala demais, dá bom dia a cavalo'.

Daniela Alves: “Assessores não poderiam deixar que Lula falasse mais no Flow” - LINHA DE FRENTE

[Afinal, ele atacou os trans, assumiu ser a favor do aborto, acusou Neymar, se manifestou contra plano de governo. Também declarou que queria ser 'dono de bar', desistiu já que beberia todo o estoque - foi presidente da República e roubou todo o estoque.]


domingo, 10 de julho de 2022

Banquete de hipócritas - Raul Jafet

O triste episódio que culminou com a morte de Don e Bruno, nos leva a algumas reflexões e tristes conclusões:

O mundo, com sua habitual hipocrisia, chocado, quis associar o crime com a "devastação " da Amazônia. "Caíram do cavalo" diante dos fatos comprovados.

Tentaram politizar o crime e responsabilizar de alguma forma o Presidente, alegando demora nas providências. " Caíram do cavalo", a eficiência da investigação foi surpreendente.

A Polícia Federalao melhor estilo Sherlock Holmes – solucionou rapidamente o caso, encontrando até o barco utilizado pelas vítimas, em plena (assustadora) imensidão da Amazônia, num ambiente hostil, onde não existem Torres de celular e câmeras espalhadas, para ajudar a identificar os agressores.

Enfim, Don e Bruno não morreram pisoteados por girafas e elefantes em fuga das terríveis queimadas, nem soterrados por centenas de toras, fruto da devastação "incontrolada" da Amazônia. 
Frustração total da mídia esquerdista nacional e internacional, das Gretas e DiCáprios de plantão.

Por outro lado cabe as seguintes e trágicas reflexões: Nas cidades brasileiras, para os cidadãos comuns como eu e você, pouco mais de 5% dos crimes são desvendados. As delegacias mais se prestam a anotar boletins de ocorrência, após os queixosos permanecerem por horas em sala de espera.

Crimes que chocaram o país, como os assassinatos de Celso Daniel, Toninho do PT, Marielle, e a facada no então candidato Bolsonaro, não chegaram aos mandantes, "coisa que o povo quer saber"!

Nossas imensas fronteiras, por onde passam toneladas de drogas, armas dos mais grossos calibres e exclusivas das FFAA, permanecem escancaradas pelo difícil controle, apesar de toda tecnologia vigente. São diversas as "forças ocultas e contrárias" à Declaração de Guerra ao crime organizado e desorganizado, aos Exércitos do Tráfico, ao Garimpo, Desmatamento e Pesca ilegais.

Medo das reações estrangeiras? Das ONGS? Da mídia esquerdista? Dos artistas ativistas? Dos Macrons da vida? Dos Tribunais Nacionais e Internacionais?

Me vem a mente uma música do irreverente compositor Zé Geraldo com o qual fecho esse artigo:

"Banquete de hipócritas,

Banquete de hipócritas,

Comeu, comeu,

comeu, comeu,

Quem sobrou fui eu"

*   Raul Jafet é jornalista e empresário.

 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e ele pagará 700 milhões - Blog Mundialista

O pacote, recorde na Inglaterra, inclui segurança para proteger os filhos da princesa Haya do próprio pai, o emir de Dubai  

Nem os ex-casais russos que eventualmente disputam milhões nos tribunais ingleses conseguiram competir em matéria de revelações escandalosas – ou apenas estonteantes, pelas quantias envolvidas – com o divórcio da princesa Haya e do xeque Mohammed Bin Rashid Al-Makhtoum, que além de reinar sobre Dubai também é primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, a constelação de micro países do Golfo Pérsico movidos a petrodólares.

Não adiantou a cara feia: Al-Makhtoum tentou, mas não conseguiu escapar de um divórcio à inglesa Ali Haider/EFE

A decisão já saiu: o xeque vai ter que participar com 700 milhões de dólares para manter o padrão de vida de Haya e dos dois filhos menores, Jalila, de 14 anos, e Zayed, de nove. E que padrão. Um exemplo: durante umas férias em que as coisas ainda corriam bem, o casal gastou o equivalente a 2,6 milhões de dólares só em morangos.

Entre outros pertences, Haya, que é filha do falecido rei Hussein da Jordânia e deu um salto quântico em matéria de status financeiro quando se tornou a sexta mulher concomitante do xeque, pediu a devolução de suas roupas de alta costura avaliadas em 85 milhões de dólares. As joias são mais modestas: só 25 milhões de dólares. Empregados para servir mãe e filhos, 80. Mesada das crianças, 13 milhões de dólares por ano.

Haya saiu escondida de Dubai em 2019 e se instalou em seu palacete em Londres, dizendo temer o marido, acusado de mandar sequestrar duas de suas próprias filhas para impedir que escapassem de sua esfera de influência. Na época, o xeque, que faz poesia pela internet, insinuou deslealdades. Muito possivelmente já sabia que Haya havia tido um caso com um segurança da equipe inglesa, Russell Flowers, um ex-militar bonitão.Durante o processo, vieram à tona detalhes dolorosos. Haya foi chantageada pelos seguranças para que não revelassem o romance.

 “Amigos” de Flowers dizem que não foi exatamente assim: ele assinou um contrato de confidencialidade, equivalente a 1,6 milhão de dólares, para não falar sobre o assunto até o fim da vida.

O xeque, que é dono da maior rede de haras do mundo e através do mundo das corridas de cavalo se aproximou da família real inglesa, não ficou sentando, quietinho, enquanto corria o processo, obviamente com os mais caros advogados do mercado londrino. Mandou espionar, justamente, a chefe da equipe contratada por Haya, Fiona Shakleton, que é membro da Câmara dos Lordes. Seus agentes usaram tecnologia vendida pelo NSO Group, empresa israelense já enrolada na espionagem do saudita Jamal Khashoggi, morto e esquartejado no consulado em Istambul.

Os advogados do xeque tentaram evitar reiteradamente que a espionagem fosse revelada, invocando inclusive a condição de governante estrangeiro de Al-Makhtoum. Perderam. A própria NSO, através de seus representantes, informou ao tribunal que havia detectado um uso “não contratual” do Pegasus, o incrível software que invade qualquer celular no mundo e é vendido para combater terrorismo e outras ameaças à segurança de estado.

Outra revelação de derrubar o queixo: o emir de Dubai tentou comprar um palacete vizinho ao da ex-mulher só para espioná-la melhor. Por causa dessas manobras, Al-Makhtoum foi considerado uma ameaça aos próprios filhos e a enorme quantia destinada a segurança na sentença de divórcio visa a protegê-los do próprio pai.  O juiz Philip Moor disse que, de maneira “única”, a “maior ameaça” à princesa e às crianças provém do próprio xeque e “não de fontes externas”.

As varas de família são extremamente favoráveis às mulheres em processos de divórcio, em especial no que diz respeito à divisão meio a meio do patrimônio e à manutenção do padrão de vida que desfrutavam durante o casamento. Por isso, estrangeiras com residência no país recorrem às cortes de Sua Majestade. Existe até uma expressão, “turismo de divórcio”.

As esposas de oligarcas russos e milionários árabes pegam carona nesse sistema. No processo que era recorde até o de Haya, a mulher do magnata russo do gás Farkhad Arkhmedov, Tatiana, ganhou exatamente 41,5% do seu patrimônio de 1,3 bilhão de dólares. Ele não pagou e a mãe processou o próprio filho, Timur, por conspirar com o pai para esconder a fortuna, um caso de descrer na espécie humana, como tantos outros dessa esfera.

A fortuna pessoal de Al-Makhtoum é calculada em quatro bilhões de dólares, mas obviamente ele e a numerosa família desfrutam também das benesses de estado. O emir, um título equivalente ao de príncipe e comandante, construiu uma cidade-estado cheia de atrações turísticas mirabolantes e vantagens para empresas estrangeiras, um modelo afetado pela pandemia, mas que mira no longo prazo, num mundo pós-combustíveis fósseis.

A modernidade de Dubai convive com o estilo de vida bem tradicional dos muçulmanos mais conservadores, com estrita separação entre os sexos fora da família e mulheres cobertas por um manto negro da cabeça aos pés quando saem à rua. Nos velhos tempos, Haya poderia sofrer a pena capital reservada às mulheres infiéis. Se tivesse continuado em Dubai, provavelmente seria confinada em algum palácio sem nenhum acesso ao mundo exterior – como aconteceu com as filhas rebeldes do xeque, agora aparentemente “reformadas”.

Em Londres, estará livre para desfrutar o dinheiro que o ex-marido, muito contra a vontade, terá que dar. O pacote é vitalício e inclui até 7 milhões de dólares para que a princesa jordaniana, que já foi amazona competitiva, compre e mantenha cavalos de raça. Também vai dar para pagar os morangos, embora seja difícil imaginar como um ser humano gasta mais de dois milhões de dólares nisso numa temporada de férias.

Vilma Gryzinski - Blog Mundialista - VEJA

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

O autor confessa - Percival Puggina

A quem interessar possa, confesso que sou portador de um pacote de anomalias que me fazem ser a favor da instituição familiar e contra os que a depreciam, a favor da liberdade e contra arreganhos totalitários, a favor da sociedade e contra a bandidagem. Podem me olhar de cara feia, mas é assim que sou.

Também sou pobre de mimcontra a miséria e, por isso, a favor do desenvolvimento econômico. Podem me chamar de porco capitalista, mas me sinto mal ao ver um miserável papeleiro fazendo tração animal, puxando carroça, porque o município não lhe proporciona outro modo de recolher papéis pela cidade, tendo preferindo zelar pelo cavalo e não pelo papeleiro. [um pequeno adendo: muitos dos que usavam animais para puxar carroças, maltratavam em demasia os animais e grande parte t economizava na manutenção do animal, reduzindo a comida. Sem contar os espancamentos para forçar os animais famintos, doentes, alguns já no final da vida, a puxarem com rapidez uma  carroça sobrecarregada em longas jornadas.

Pior é se ver em plena Capital da República, seres humanos - filhos de DEUS - revidando latas e sacos de lixo para colher alimentos estragados para se alimentar e aos seus familiares.]  Podem me chamar de direitista – não de fascista porque, como se sabe, fascista é a mãe de quem chama –,  no entanto, não consigo discutir sobre política com quem vive no mundo da lua.

A propósito, outro dia, disse-me alguém que a discussão entre esquerda e direita não define rigorosamente o quadro político brasileiro porque existe uma esquerda democrática e uma direita democrática e as duas posições são igualmente legítimas.  Aí já comecei a vislumbrar o cidadão sentado à borda de uma cratera lunar, balançando os pés e olhando a Terra azul. No mundo real, disse a ele, não existe esquerda e direita ideal. Existe uma direita real e uma esquerda real. Esta última, a que existe no Brasil, a que vai às urnas, a que faz voto e disputa o poder, é representada por dois ou três partidos que se definem como adversários da democracia liberal, representativa, que chamam “burguesa”, e querem promover mudanças para a, assim dita, “democracia popular”. Com esse mesmo rótulo, aliás, foram comercializados os regimes totalitários no leste da Europa e da Ásia, durante décadas, a partir de 1948.

Em toda democracia, mas de modo muito especial numa sociedade pluralista e de escassos consensos como a nossa, é preciso, sim, haver uma esquerda e uma direita democráticas. Acontece que a esquerda que governou o Brasil fez o que se sabe e o que se sabe é apenas parte do que fez. Por todos os modos tentou criar sua “democracia popular”, aparelhou toda a máquina pública com seus sovietes (conselhos), tomou conta das universidades, semeou discórdia onde havia união etc., etc., etc.. Não fez diferente no Rio Grande do Sul nas duas ocasiões em que governou o Estado causando catástrofes econômicas, fiscais e sociais.

Tenho 76 anos e nem um único minuto desse tempo todo estive em cima do muro.  Não me parece sensato instalar-me sobre  ele, como se a política fosse um jogo em que eu, neutro como uma biruta de aeroporto, me movimentaria segundo o vento das circunstâncias. Sou culpado? Quem sabe? Nesta terra, disparate é a sensatez. E vice-versa.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 4 de agosto de 2020

A conquista do Nordeste - Andrea Jubé

Valor Econômico



Para o senador Ciro Nogueira, Bolsonaro vai tomar o eleitor de Lula [lula e o perda total = pt, acabaram.]
O eleitor nordestino ganhou fama de clientelista, [lamentavelmente, não é fama e sim fato.] de quem troca voto por benefícios sociais, como o Bolsa Família. Na verdade, entretanto, políticos experientes sabem que o eleitor nordestino é cabra astuto, que cobra explicação de quem de repente muda de lado. Pois o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT no Piauí por quase 20 anos, teve de se justificar depois de ciceronear Jair Bolsonaro no périplo nordestino na quinta-feira.

Um dia depois das agendas com Bolsonaro no Piauí e na Bahia, Ciro publicou em sua conta no Twitter: “Há um velho provérbio chinês de muita sabedoria: o sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca”. 
Na postagem mais lúdica, o senador apelou para o cearense Belchior: “Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer. O que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer”.

Com Bolsonaro, Ciro “rejuvenesceu” politicamente mais uma vez, porque antes de se tornar aliado de Lula, integrou os quadros do ex-PFL, hoje DEM, na era Fernando Henrique Cardoso. O senador, que é presidente nacional do PP, afirmou à coluna não ter dúvidas de que Bolsonaro conquistará o eleitorado de Lula no Nordeste. Quando esgotar o auxílio emergencial de R$ 600 na pandemia, que catapultou a popularidade de Bolsonaro na região, Ciro acredita que o futuro Renda Brasil impedirá a debandada deste novo eleitor, porque será maior que o Bolsa Família, embora inferior aos atuais R$ 600.

O líder do PSD, senador Otto Alencar, que faz política na Bahia há 40 anos, e integra a base de apoio ao PT no Estado, discorda do colega de parlamento. Os votos da região, que representa quase 27% do eleitorado, decidem eleições. Os nordestinos deram votação recorde ao PT no segundo turno em 2018: 20,2 milhões do total de 47,4 milhões dos votos de Fernando Haddad. [curioso: tão importante o Nordeste em termos de apoiar o perda total = pt, e Bolsonaro ganhou as eleições 2018. Imagine, se não fosse importante.] No Piauí de Ciro Nogueira, Haddad obteve 77% dos votos válidos. “Só porque ele montou a cavalo, colocou um chapéu de vaqueiro, e distribui um auxílio que vai acabar ele vai ser o rei do Nordeste?”, questionou Alencar à coluna.

O líder do PSD ainda tripudiou, observando que Bolsonaro colocou o chapéu de vaqueiro, que ganhou do presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, ao contrário. O deputado João Roma (Republicanos-BA), que integrou a comitiva de Bolsonaro na visita a Campo Alegre de Lourdes, na divisa da Bahia com o Piauí, minimizou: “ali no meio da confusão não deu para o presidente vestir o chapéu com tranquilidade”.

Alencar observa que Bolsonaro foi a Campo Alegre de Lourdes inaugurar uma nova etapa de um sistema de abastecimento de água, que o governador Rui Costa, do PT, havia inaugurado há dois anos. Acrescenta que as outras obras que Bolsonaro inaugurou na região - um trecho da Transposição do Rio São Francisco, no Ceará, e o aeroporto de Vitória da Conquista, na Bahia - foram iniciadas nos governos do PT. [fica claro que esse Alencar, conseguiu algumas linhas em uma coluna de um jornal importante = feito que nunca conseguido antes de aderir ao vício dos inimigos do Brasil: falar mal do presidente.]

Otto Alencar duvida que Bolsonaro expanda sua força eleitoral na região sem o apoio dos governadores, que ataca dia e noite. Mesmo na pandemia, com o fechamento do comércio e das fábricas, a popularidade dos governadores continua alta. Pesquisas internas do PT mostram o governador Rui Costa com até 80% de aprovação popular em algumas regiões. Contudo, as mesmas sondagens indicam o aumento da popularidade de Bolsonaro no interior, principalmente após o início do pagamento do auxílio.

Os R$ 600, sobretudo em cidades do sertão nordestino, representam uma pequena fortuna nas casas de quem ficava dias sem comer. E embora esta quantia tenha sido definida pelo Congresso, é Bolsonaro quem leva a fama de benfeitor. [o presidente Bolsonaro teve a ideia de criar o auxílio, em valor menor, só que o ex-primeiro ministro Maia, quis pegar carona na ideia presidencial e ao mesmo tempo boicotar o governo federal - elevando gastos em plena pandemia - propôs um valor inferior a 500 reais, tendo o Poder Executivo batido o martelo em R$ 600,00.
A única coisa errada com o auxílio emergencial - resultado de rolos da CEF e do Cidadania - são os atrasos, que, no Nordeste foram pequenos, visto a grande predominância de beneficiários do Bolsa Família.]Reportagem do Valor mostrou que a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza nunca foi tão baixa em pelo menos 40 anos, desde o começo do pagamento do auxílio em junho, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas.

Otto Alencar rechaça a imagem de clientelismo do eleitor nordestino. “Isso [o auxílio] é pouco diante do que Lula fez na Bahia, como cinco universidades federais, 30 escolas técnicas, dezenas de obras de abastecimento de água no interior, mais de 560 mil ligações elétricas domiciliares no interior”, enumerou. “Essa renda mínima de cinco, seis meses vai apagar isso tudo?” O deputado João Roma associa o crescimento da popularidade de Bolsonaro na região ao pagamento do auxílio. Mas ponderou que isso virou um “dilema”, porque o governo não poderá arcar com essa quantia por muito tempo. É incerto o destino deste eleitor após o fim do auxílio.

Andrea Jubé, jornalista - Valor Econômico


quarta-feira, 15 de julho de 2020

Foi o STF que tirou gerência da pandemia de Bolsonaro - Coluna Alexandre Garcia

''Ironicamente, foi o Supremo, com o voto de Gilmar, que tirou do presidente a administração da pandemia, atribuindo-a aos governadores e prefeitos. Se houvesse, pois, o 'genocídio', teria sido gerado nos estados e municípios, não em nível federal''

Não lembro de ter lido nota mais dura de militares do que essa resposta ao ministro Gilmar Mendes. Ou “senhor Gilmar Mendes” a nota nem sequer lhe dá o tratamento de ministro ou excelência, para mostrar que não vincula a reação ao Supremo. Numa live, Gilmar Mendes comentou que há militares e um general na Saúde, como ministro interino, e acrescentou que “o Exército está se associando a esse genocídio”. A Defesa responde que o comentário está afastado dos fatos e causa indignação; que é uma acusação grave, infundada, irresponsável e leviana. A resposta é assinada pelo ministro da Defesa, com o reforço das significativas assinaturas dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Os militares registram que na lei brasileira genocídio é definido como “a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. Pelo jeito, o ministro Gilmar aderiu à “narrativa”. Como sabemos, a palavra narrativa, que significa a maneira de narrar, hoje quer dizer versão de um fato. A menção “esse genocídio” é a “narrativa” com que um gabinete de ódio procura carimbar o presidente.

Ironicamente, foi o Supremo, com o voto de Gilmar, que tirou do presidente a administração da pandemia, atribuindo-a aos governadores e prefeitos. Se houvesse, pois, o “genocídio”, teria sido gerado nos estados e municípios, não em nível federal. O ministro Gilmar desconheceu os milhares de militares das três forças que estão trabalhando para aliviar os efeitos da covid-19, desde o voo pioneiro que resgatou brasileiros em Wuhan, no início de fevereiro. Além disso, como jurista, deve saber o significado de genocídio.

O ministro Gilmar também adere à narrativa sobre militares no governo. Como homem de leis, deve saber que não há preconceitos legais na ocupação de cargos por civis ou militares. O engenheiro João Pandiá Calógeras foi um poderoso ministro da guerra no governo do presidente Epitácio Pessoa; José Serra foi um bom ministro da Saúde sem ser médico. E o general Pazuello realiza um trabalho com eficiência que ouvi ser elogiada por prefeitos; o governador de Brasília chegou a afirmar no Estadão que o general vai ser o melhor ministro da Saúde que já existiu
 Militares têm formação de planejamento estratégico, patriotismo, obediência às leis, princípios éticos e sentido de missão. 
Declarações de juízes fora de tribunais são perigosas, porque eles podem ter que julgar questões sobre as quais já emitiram opinião. De Portugal, Gilmar tentou se explicar, mas sua nota ficou parecendo um pronunciamento. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo.

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense





quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Lá se vão os peões - Nas entrelinhas

A política de terra arrasada na montagem da equipe do  governo Bolsonaro promoveu muita gente inexperiente a posições estratégicas, apenas por serem capazes de agradar o chefe


O governo começa a perder seus peões, a tropa de choque escalada pelo presidente Jair Bolsonaro para fustigar os adversários ou servir como linha de defesa do governo. No jogo de xadrez, os peões são oito de cada lado. Funcionam como soldados nas batalhas, ou seja, se sacrificam para salvar as peças mais valiosas, atrair o inimigo para uma armadilha ou possibilitar um ataque de surpresa. Podem ser importantes para fazer pressão e até protagonizar situações de xeque-mate no rei adversário.
 
O peão não tem direito de recuar, só pode andar para a frente, sendo duas casas se for o primeiro lance, ou na diagonal, se for capturar uma peça adversária. Quando na quinta fileira, pode capturar en passant o peão adversário na coluna adjacente que avançar duas casas em seu primeiro movimento. E ao atingir a oitava linha, transforma-se em qualquer outra peça, excluindo o rei, movimento chamado de coroação ou promoção. Nesse caso, é trocado imediatamente por outra peça: cavalo, bispo, torre ou a poderosa rainha.
 
Depois da demissão de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura, um peão que jogava avançado, ontem foram mais dois os dispensados. Pela manhã, o secretário executivo da Casa Civil, Vicente Santini, que gastou R$ 700 mil do orçamento da FAB ao usar um jatinho para ir de Davos, na Suíça, a Nova Delhi, a capital da Índia, substituindo o ministro Onyx Lorenzoni, que está de férias. Quando soube do ocorrido, Bolsonaro demitiu-o sem falar com o titular da pasta, que já anda desprestigiado, mas não pode pedir para sair por esse motivo. Santini chega hoje pela manhã a Brasília, com Martha Seillier, secretária do PPI, e Bertha Gadelha, assessora internacional do PPI, no mesmo jatinho da FAB.
 
O outro demitido foi o presidente do INSS, Renato Vieira, pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Leonardo Rolim é o substituto. Finalmente, caiu a ficha de que era melhor colocar alguém mais experiente para lidar com o problema das enormes filas no INSS, nas quais 2,6 milhões de pessoas aguardam o recebimento de aposentadorias e benefícios .
 
Burro operante
Bolsonaro começa a se dar conta de que existe uma burocracia competente no governo federal e que caberia a ela tocar a máquina do governo, não aos correligionários. A política de terra arrasada na montagem de sua equipe promoveu muita gente inexperiente a posições estratégicas, apenas por serem capazes de agradar o chefe com uma narrativa ideológica que soa como música aos seus ouvidos. O problema é que a gestão pública lida com problemas objetivos, não lida apenas com ideias fora do lugar. Num país com dimensões continentais, quando o administrador erra no conceito, vira o “burro operante”, isto é, quanto maior a audácia, combatividade, criatividade, disciplina, firmeza, atributos que enchem os olhos do presidente da República, maior o desastre.
 
A tese do “burro operante” faz parte do anedotário do executivo Antonio Maciel Neto, que reestruturou empresas como Cecrisa, Grupo Itamarati, Ford, Suzano Papel e Celulose e Caoa Hyundai, destacando-se por sua capacidade de montar e desenvolver equipes de alta performance, habilidade nas negociações e bons resultados no cumprimento de metas. Não faltam, nos segundo e terceiro escalões do governo, os candidatos a “burro operante”, não somente entre os bagrinhos. Peças mais nobres do tabuleiro — bispos, torres, cavalos —, estão tropeçando nas próprias pernas, ou se enroscando com a língua. No jargão militar, tropa de assalto não é treinada para ocupação.
 
Ontem, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, liberou a divulgação dos resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e os próximos passos do processo seletivo com base no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, que estavam suspensos por causa dos erros na correção das provas. Com a decisão de Noronha, o governo poderá divulgar o resultado do Sisu e definir novas datas para o ProUni. A disputa judicial começou depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Inep, Alexandre Lopes, admitiram que houve “inconsistência” na correção dos gabaritos das provas aplicadas em 3 e 10 de novembro do ano passado.
 
Segundo o Inep, o erro ocorreu na gráfica onde foi impresso o caderno de questões do candidato, que é identificado com um código de barras do aluno. Depois, imprime-se o cartão de respostas (gabarito), que também tem um código. Outra máquina une esses dois documentos. O erro ocorreu na geração do código de barras. O resultado foi que candidatos que fizeram a prova de uma cor tiveram o gabarito corrigido como se fosse de outra cor. Com a associação de respostas erradas, houve candidato que perdeu até 454 pontos. Uma trapalhada tremenda.
 
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
 
 

domingo, 8 de setembro de 2019

Bolsonaro é operado em São Paulo - Quarta cirurgia de Bolsonaro tem início em São Paulo

A operação é a “céu aberto”, não por laparoscopia, e busca corrigir complicação originada no local das cirurgias anteriores


O problema é resultado do enfraquecimento natural da parede abdominal depois de sucessivos procedimentos invasivos. Esta é a quarta intervenção à qual Bolsonaro se submete desde a facada sofrida durante a campanha eleitoral no ano passado.

Infecções ou excesso de esforço físico podem contribuir para dificultar a cicatrização — Bolsonaro, lembre-se, desfilou montado em um cavalo quarto de milha, galopando, durante evento em Barretos, interior de São Paulo.
A operação é considerada de médio porte e será a “céu aberto” — não por laparoscopia. O cirurgião devolve o órgão que está saindo e fecha a abertura. Durante o procedimento, o médico pode optar por usar uma prótese, uma espécie de tela, para reforçar o local.
Bolsonaro deverá manter uma dieta totalmente líquida nas primeiras 24 horas após a cirurgia. E nos dois dias seguintes consumir alimentos pastosos.

Quarta cirurgia de Bolsonaro tem início em São Paulo

Equipe médica do presidente corrige hérnia incisional; procedimento é de média complexidade e baixo risco
O presidente Jair Bolsonaro passa neste domingo por cirurgia no hospital Vila Nova Star em São Paulo. A operação estava prevista para às 7h, mas começou às 7h35. Trata-se do quarto procedimento cirúrgico ao qual o presidente é submetido desde o atentado sofrido há um ano de dois dias, em 6 de setembro de 2018, antes do primeiro turno da eleição.

A cirurgia servirá para corrigir uma hérnia incisional e deve durar cerca de duas horas. Segundo especialistas, o procedimento é de média complexidade e baixo risco ao paciente. No caso da hérnia incisional, o problema é causado pelo enfraquecimento muscular da região que foi operada. Quanto mais cirurgias na mesma área, maior é a chance de surgimento dessa condição.

O cirurgião Antonio Luiz de Macedo e o cardiologista Leandro Echenique, médicos que atendem o presidente, chegaram ao local às 6h40. Essa é a primeira operação de Bolsonaro no hospital — as outras cirurgias foram realizadas no Hospital Albert Einstein. Em maio, Antônio Luiz Macedo foi contratado pela Rede D'Or e passou a atender no hospital. A unidade de luxo conta com cinco salas de cirurgia. Na sala onde Bolsonaro está sendo operado, existe a possibilidade de que a família do presidente acompanhe o procedimento.

No fim da noite de sábado, por volta das 23h, Bolsonaro publicou em uma rede social estar confiante para a cirurgia. Ele havia dado entrada no hospital às 20h. Um grande dia hoje! Vi nos olhos dos brasileiros o renascer da esperança de um futuro melhor para o Brasil. Com a permissão de Deus, inspirados nesse sentimento, buscaremos juntos este objetivo! Sigo confiante para a próxima cirurgia. Que Deus nos abençoe escreveu o presidente.

O vice-presidente Hamilton Mourão irá assumir a Presidência pelos próximos cinco dias. A expectativa é que Bolsonaro fique internado por até dez dias, mas seus médicos admitem que o presidente pode deixar o hospital antes dessa estimativa.

Veja e O Globo


sexta-feira, 23 de agosto de 2019

'O bom do silêncio” e outras notas de Carlos Brickmann

Abraham Lincoln disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida



Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Bolsonaro disse que não adianta exigir dele a postura de estadista porque não é estadista. Ele tem razão — e nem precisava ter dito. Aliás, há muita coisa que não precisava ter dito. Não precisava fazer brincadeira com motosserra, aludindo à questão do desmatamento. No duro mundo dos negócios, em que agricultores europeus menos eficientes que os brasileiros adorariam proibir as importações de carne e grãos “produzidos em áreas desmatadas da Amazônia”, a brincadeira se transforma em coisa séria. O agronegócio brasileiro não tem nada a ver com o pessoal que desmata a Amazônia, garimpeiros e madeireiros ilegais. Mas vá explicar esse fato a quem está feliz com a oportunidade de recuperar seu mercado perdido.

A imprensa europeia já chamou Bolsonaro de Borat, já disse que os brasileiros querem cultivar pastos e soja na Amazônia desmatada, já pediu sanções contra o Brasil (no grupo está a maior revista alemã, Der Spiegel), já obteve a suspensão das doações alemãs e norueguesas à preservação da floresta (“por que doar dinheiro para conservar as matas a um Governo que não quer preservá-las?”). Bolsonaro já ignorou o chanceler francês, acusou a Noruega de matar baleias por meios cruéis (é verdade mas, se eles não têm autoridade moral, têm influência política), sugeriu que os alemães reflorestem seu país o que eles já fizeram faz tempo. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. O pior é que nós é que pagamos a conta.

Questão de imagem
Bolsonaro passou a impressão de que seu Governo não se importa com o meio-ambiente e não gosta de índios. Resultado: exatamente aquelas ONGs europeias de que ele não gosta ganharam espaço para divulgar suas versões (exageradas) sobre desmatamento. De acordo com o Banco Mundial, 94% da Amazônia estão intactos. Mas em negócios o que vale é a versão — no caso, a de que a floresta tropical já está em agonia. E o que se disser sobre maus-tratos a índios vai valer como verdade. Há pouco tempo, informou-se que garimpeiros tinham invadido a terra dos índios wajãpi, no Amapá, e assassinado seu cacique Emyra. Líderes internacionais protestaram. Só que não há nenhum sinal de invasão na terra wajãpi. O cacique morreu, mas não há indício de assassínio.
Aldo Rebelo, ex-PCdoB, ministro de Lula e Dilma, adverte para as falsas acusações ao Brasil. O mundo como ele é.

A voz da América
Abraham Lincoln, notável presidente americano (e republicano, como Trump, ídolo de Bolsonaro), disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.

A dança das cadeiras
Não leve a sério as corporações que ameaçam se rebelar se Bolsonaro escolher um procurador-geral da República ou um diretor regional da Polícia Federal que não aprovem. Não vão se rebelar, não. As modificações vão ocorrer e já estão ocorrendo. O subsecretário-geral da Receita, José Paulo Fachada, foi exonerado, numa tentativa do secretário da Receita, Marcos Cintra, de manter o cargo. Mas não deve durar, apesar de ter demitido seu subsecretário. [não vai durar muito - sua obsessão pela volta da CPMF o abaterá.] E Paulo Guedes não se moverá para segurá-lo.
Com a passagem do Coaf para o Banco Central, seu presidente Roberto Leonel, escolhido pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, deve sair. Guedes disse que iria mantê-lo; mas, como o Coaf saiu da Economia, tudo mudou.

Abusos, sim
O Ministério Público e o ministro Sergio Moro pedem que Bolsonaro vete vários artigos da lei que pune abusos de autoridade. Devem ter razão em alguns pedidos, mas há pontos óbvios exigindo punição. Por exemplo, alguém, sem ser intimado, vê na porta de sua casa um forte aparato policial, que o detém e leva para depor, sem advogado — sendo que, por lei, poderia se recusar a fazê-lo. Ou quando as acusações vazam do inquérito para os meios de comunicação. [um exemplo, entre dezenas: caso das investigações do Coaf sobre as movimentações do Queiroz.]

Um bom exemplo: Eduardo Jorge, que foi secretário-geral do Governo Fernando Henrique, sofreu perseguição por parte de procuradores, que o acusaram de corrupção e vazaram as acusações para a imprensa. Ele abriu processo. Levou 17 anos, mas a União foi condenada a indenizá-lo em R$ 100 mil. E os procuradores que, agora comprovadamente, o perseguiram? Não vão pagar nada. Julgados por seus pares, um foi suspenso e um advertido. Ou seja, eles perseguiram e nós vamos pagar a conta da perseguição, com nossos impostos.

Os jatinhos do BNDES
Há certa confusão no ar: quem comprou jatos da Embraer com financiamento do BNDES (a juros baixíssimos) não cometeu ilegalidade, nem está na “caixa preta”. A Embraer teve apoio do BNDES para financiar suas vendas. Foram financiados 134 aviões em cinco anos.



Coluna de Carlos Brickmann -

Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja


terça-feira, 23 de julho de 2019

O Brasil lava mais branco - Blog do Gabeira

Estou em Cananeia, que foi, ao lado de São Vicente, ali pelos anos 30 do século XVI, uma das primeiras cidades do Brasil. Seu fundador chamava-se Cosme Fernandes, mas era conhecido como Bacharel da Cananeia. Era um degredado, juntou-se com uma índia, tornou-se poderoso, não respeitava a Coroa. Um fora da lei. Esperando a balsa em Itapitangui, soube que o ministro Toffoli proibiu investigações com dados do Coaf, sem autorização judicial. Pensei: um frêmito de alegria deve estar animando os fora da lei do Brasil. Sobretudo os que fazem lavagem de dinheiro. Como pedir uma autorização judicial sem os dados do Coaf que a fundamentam? [a fundamentação pode ser a apresentação de índicios sustentada que os dados poderão transformar aqueles indícios em provas de ato criminoso. Demora um pouquinho, mais, nada que atrapalhe.] Lembrei-me de um poema de Vinicius: “Filhos, melhor não tê-los/ Mas se não os temos, como sabê-los?” 

A propósito, a última semana foi dominada pelos filhos do Capitão. A decisão de Toffoli partiu de um pedido de Flávio Bolsonaro para deter as investigações, que, aliás, se estendem a vários deputados do Rio de Janeiro.  Isso significa, em primeiro lugar, que o caso Queiroz volta para a gaveta; o esqueleto volta para o armário. Mas revela também uma contradição no discurso de Bolsonaro. Ele se coloca ao lado da Lavo-Jato nas investigações contra o PT, mas, no momento em que elas rondam sua família, o estado de direito precisa ser salvo. Nesse caso, surge uma convergência entre os Bolsonaro e um ministro historicamente ligado ao PT porque os objetivos são comuns. [prioritariamente, cabe o registro que que a decisão de Toffoli foi provocada por  pedido da defesa de Flávio Bolsonaro, cujo advogado foi hábil e bastantes para fazer referência a uma causa pendente no STF, ref. a situação análoga, movida por um posto de gasolina contra a Receita Federal em 2003. 
Fica claro que em data bem anterior ao rolo Queiroz x senador Bolsonaro x Coaf e o tal p0rocesso estava com Toffoli desde meados de 2018 - bem antes do caso Queiroz vir a tona.
Ou por ser filho de Bolsonaro não pode contratar um advogado competente? Tem que se limitar a um Zanin - apesar desse ter sido esperto o bastante para não dar muita importância ao produto da disenteria do intercePTação.] 
 
Essa imagem de esqueleto no armário para mim é importante porque tem uma influência decisiva nos grupos partidários. Ela enfraquece as afinidades políticas e fortalece o sentido de cumplicidade. Partilham-se menos as ideias, mais os segredos.
Espantoso escrever sobre a família do presidente como se ainda estivéssemos numa monarquia. Foi esse também o impacto que me trouxe a notícia de que Eduardo Bolsonaro seria indicado para embaixador nos Estados Unidos. Alguns entusiastas do progresso afirmam sempre que estamos muitos melhores do que nos tempos remotos da humanidade. É indiscutível. Nesse viés otimista poderia, por exemplo, consolar-me com os romanos que comentavam Calígula e seu cavalo Incitatus, nomeado senador. 

Mas se o viés for saudosista, ficaria melancólico ao lembrar que o primeiro embaixador do Brasil nos Estados Unidos foi Joaquim Nabuco, uma das figuras mais importantes de nossa história política. O pressuposto da indicação agora é a proximidade com Trump. Acontece que uma tarefa dessas implica uma relação também com instituições, forças políticas, grupos empresariais. Dificilmente numa república seria indicado o filho de um presidente para tal cargo. A tendência republicana é buscar um nome experiente e capaz, dada a importância da tarefa.
Nos Estados Unidos, há uma prática mais comum de indicar embaixadores sem tradição diplomática. De um modo geral, são empresários apontados pelo próprio presidente. 

Trump tem utilizado muito esse recurso, que não surgiu com ele. Mas os embaixadores que apontou têm provocado polêmicas em várias partes do mundo: Alemanha, Holanda, Israel, com uma atuação política agressiva e algumas gafes. Talvez seja inspirado em Trump e também na atuação da filha do presidente americano Ivanka que Bolsonaro pensa em dar esse passo. Ivanka acompanha o pai, sob críticas na imprensa, em alguns encontros internacionais.Não conheço bastante o Senado de hoje para cravar uma previsão. Sei apenas que será algo difícil manter essa escolha, e ela dará margem a um grande psicodrama político. A quantidade de memes e piadas mostra que o tema caiu no universo do humor. Dispensa grandes considerações teóricas, pois grande parte das pessoas compreende o que se passa e o expressa de uma forma muito mais criativa. 

A tarefa dos senadores será considerar se esta é uma boa escolha e funcionar como um contrapeso ao poder do presidente. Aqui no extremo meridional paulista, na histórica Cananeia, busco o consolo no passado. Estamos melhor que Roma Antiga nas nomeações e chegamos ao estágio da Suíça. Mas a Suíça do tempo em que era famosa por lavar mais branco. 

Blog do Gabeira - Artigo publicado no jornal O Globo